A IRMANDADE DO MANTO
A IRMANDADE DO MANTO
A bíblia ensina que o inimigo vem para roubar, matar e destruir (João 10.10), que o adversário de nossas almas pode se transformar em anjo de luz (2 Coríntios 11.14) e mais sábio que o Profeta Daniel (Ezequiel 28.3), e que através de cilada pode enganar até os escolhidos (Mateus 24.24).
Infelizmente nossas igrejas não ministram palestras sobre sexualidade para adolescentes e jovens, deixando-os à mercê dos falsos mestres.
As relações sexuais masculinas são tabus ou ritos de passagem da infância até a mocidade, culturas citam o “troca-troca” ou “meinha”, casos homo afetivos entre outras atitudes envolvem o relacionamento entre indivíduos do mesmo sexo.
As personagens são identificadas pela profissão relativo ao nome de batismo.
1)Causas remotas: A ausência dos pais; Abuso sexual na infância; Possessão demoníaca; Cilada na doutrina; Opressão espiritual; Pendor genético.
2)Consequências: Traumas Psicológicos; Traumas físicos; Abalo familiar; Escândalo na igreja; Casamentos desfeitos;
Inimizades.
Um certo malfeitor infiltrado na igreja de Cristo ensinava acordes musicais aos garotos que manifestassem interesse nesse ministério. As aulas aconteciam na igreja em um horário determinado e no final de semana o professor escolhia um aluno para complementar os estudos em sua residência. Ele morava sozinho na periferia da cidade, tanto os pais quanto os alunos depositavam plena confiança no irmão que além de maestro formado, também integrava a banda da Polícia Militar do lugar. O Maestro tinha preferência pelo General, um garoto franzino e tímido que se destacava nas aulas teóricas e morava bem próximo a sua casa. O General, agora com catorze anos confidenciou ao Maestro que aos oito anos de idade fora abusado sexualmente pelo Pioneiro, um adolescente da vizinhança, a partir de então eles desenvolveram uma parceira diferente.
O General era filho de um mestre de música, sua mãe era do círculo de oração da igreja pentecostal, ele era o terceiro filho de um grupo de quatro irmãos. Depois que foi deflorado o General passou a assistir aulas particulares de música com o Maestro na proteção daquela casa, no mês seguinte o Maestro o induziu a crer que poderiam ficar desnudo devido ao calor excessivo do verão. Estudavam, brincavam e se tocavam suavemente sem pudor, até que o General aceitou o convite para se sentar no colo do Maestro que segurava o falo ereto. Essa atitude passou a ser rotineira nos dias de aula particular sem que nenhuma anormalidade fosse notada pelo General, um garoto que frequentava a igreja, lia a Bíblia diariamente, acreditava estar fazendo o correto com o Maestro, um homem considerado de Deus aos olhos inocentes.
O Maestro orientou ao General para persuadir o Cavaleiro, um garoto de dez anos, da orquestra da igreja, morador do mesmo bairro, foi convidado a participar das aulas teóricas particulares juntamente com ele. Os amigos faziam a oração inicial, cantavam três louvores, liam um capítulo da Bíblia, estudavam a teoria musical completamente sem roupas e no final praticavam a sodomia. Os amigos denominaram esse encontro semanal pelo codinome de “Irmandade do Manto” que os libertava dos pensamentos impuros, do desejo de fornicar com mulheres e da masturbação. A Irmandade do Manto foi instituída posteriormente para a noite de segunda-feira, um ato solene, uma cerimônia secreta cuja falta era imperdoável, a Irmandade do Manto preteria qualquer evento da igreja, família ou sociedade.
O General investiu no irmão mais novo do Cavaleiro, o Santo com nove anos de idade, inocentemente foi iniciado no grupo de sodomia crendo que seu irmão, seu amigo e o professor estavam fazendo a coisa certa. Assim como o General, o Cavaleiro e o Santo eram filhos de um pastor pentecostal e a mãe dirigente de círculo de oração, eles cresceram em meio a quatro irmãs que os preparavam para o contato mais apurado com o sexo oposto, nenhum deles se importava com as garotas da escola ou da igreja, pois foram instruídos para evitar a contaminação da carne.
Em paralelo o Trovador de 10 anos sofria abuso sexual a poucas quadras dali ele era exímio cantor e instrumentista que cresceu tocando nos bares da vida, usava brincos e experimentou drogas leves, até que aos 18 anos converteu-se ao evangelho que sua mãe pregava, porém sem entender por que os pais viviam em quartos separados na casa da avó, onde também sua irmã mais velha coabitava com outra mulher. O Trovador não aceitava que o Deus que ele servia não conseguia tirar o seu pai do vício do alcoolismo.
Vítimas de uma cilada bíblica e cultural os jovens foram ensinados pelo Maestro que a homossexualidade era o espinho na carne que o Apostolo Paulo citou em (2 Coríntios 12.7), algumas dúvidas surgiram na caminhada do grupo, mas nunca houve uma chance de conversar sobre o assunto com o ministério da igreja composto por homens de opiniões rígidas e de pouca abertura para o diálogo. Nesse período o General já contava com dezessete anos de idade, não deixou de frequentar o ensino médio para dedicar somente ao ministério eclesiástico, ele tocava seis instrumentos, já era professor de música dos iniciantes, cantor afinado e exímio pregador do evangelho que impressionava multidão com o linguajar apurado do professor da escola bíblica que saltitava falando em línguas estranhas. A idoneidade do General era inquestionável, certamente a pessoa mais importante e influente da congregação depois dos dirigentes nomeados, ele era a carta na manga para resolver qualquer falha no roteiro do culto ou na agenda pastoral.
Secretamente Querubina, uma garota negra, cantora e irmã de pregadores conhecidos, contava com 17 anos de idade e desde os 10 anos lutava contra o lesbianismo, ela vivia com a mãe hipocondríaca e somática depois que o pai abandonou o lar devido as crises existenciais da esposa. O Mestre, pai do General, abandonou o lar depois que descobriu que a mãe encobria a situação do filho, paralelamente o Pastor, pai do Cavaleiro e do Santo abandonou a igreja e o lar por não suportar as exigências da esposa fanática. Temeroso de retaliação o Maestro migrou para outra igreja em outro bairro, então a irmandade do Manto ficou sob a liderança do General que recrutaria outros seguidores. Sem perda de tempo o General iniciou seu vizinho Goleiro, depois aliciou o Alquimista, um jovem da igreja filho de pais separados, divorciado e tinha um filho de 6 anos.
O General sofreu um ataque depressivo pela ausência do pai e decidiu ir ao seu encontro em outra cidade, a decepção de não encontrar o genitor, nem os familiares e a falta de dinheiro para a passagem de volta pioraram a situação. O General percorreu mais de 100 km de rodovias até chegar em casa, foi um período de meditação e reflexão sobre os acontecimentos. O General passou a circular o anel viário da cidade partindo de sua casa até a igreja distante uns 5 km, porém ele percorria solitário cerca 30 km por fora da cidade meditando em sua dúvida até alcançar a igreja.
Certo domingo a Imperatriz, uma senhora da orquestra da igreja, divorciada e mãe de duas jovens, ela aproximou-se do General com a cilada de entregar uma mensagem de Deus, aproveitou a carência do rapaz e o seduziu para frequentar a residência dela situada na rua da igreja. Ele se sentia amado e feliz naquela casa com as três mulheres lhe paparicando, almoçava, lanchava e as vezes pernoitava. Até que certa noite a Princesa abaixou sua calça para praticar a felação bem demorada, o General se sentiu um verdadeiro homem. Esse fato acontecia em dias alternados com a Duquesa, a Princesa e a Imperatriz. O General pernoitava em uma rede de casal no quarto de visita quando a corte imperial entrou para uma noite de orgia santa, a Imperatriz fazia a leitura da bíblia, orava, cantava louvores, as três tocavam juntas seus instrumentos musicais antes de começar o bacanal familiar. A Imperatriz deixava o jovem confuso quando dizia que Deus a enviara para impedir que ele fosse tragado para o homossexualismo, por isso ela se deixava possuir junto com as filhas nesse propósito divino. O General era levado ao prazer de todas as formas com o trio de mulheres que na igreja eram irrepreensíveis, mas na segunda feira ele liderava o culto na Irmandade do Manto.
Em uma reunião para definir planos de ação da nova direção da igreja Namra, um recém-chegado, percebeu os trejeitos femininos do General e alertou a liderança para evitar que ele ensinasse na classe das senhoras. O alvoroço foi grande por parte da oposição que queria permanecer daquela forma, então o novo dirigente não teve força para substituí-lo. Nesse período o Namra foi rechaçado quando sugeriu a ministração de uma palestra sobre sexualidade cristã aos adolescentes e jovens da igreja, cujos fundamentos doutrinários estavam no século XIX.
No final do ano Namra criou um grupo para pregar o evangelho nas áreas perigosa da cidade, A equipe percorria pontos noturnos onde cada segmento se reunia para “trabalhar”, travestis, homossexuais, alcoólatras, drogados, apostadores, jogadores, prostitutas e traficantes. Com a adesão total da mocidade, Namra percebeu que o ponto dos homossexuais ficava tranquilo e aceitava a pregação do General, havia uma conexão espiritual entre eles. Em alguns deslocamentos motorizados Namra observava o General se esgueirando nos solavancos da camioneta para apalpar as genitálias ou sentar-se sobre o colo dos homens da equipe.
No início do ano seguinte o General iniciou o Pintor, um jovem com uma trajetória estranha: ele passou um bom tempo na prisão, chegou a ser pai de santo, o que o levou ao homossexualismo, depois ao travestismo, situação na qual ele concorreu as eleições para o cargo de vereador com visual feminino. O Pintor chegou esforçado na equipe de evangelismo, porém ainda estava preso na Irmandade do Manto que tinha planos de expansão entre o grupo de adolescentes, a mocidade e algum adulto desgarrado na igreja.
O pessoal da Irmandade do Manto investiu no Namra com a cilada de um campeonato para medir com régua o tamanho do pênis ereto, eles tentaram essa tática por algum tempo sem obter êxito, então convidaram Namra para um luau com comidas, músicas e violão em torno da fogueira no quintal do General, com uma ressalva: não levar a esposa nem filhos. Um grupo grande de irmãos seguiu para aquela residência: o pastor dirigente, dois casais e Namra com sua família completa. Com o avançar das horas as pessoas foram saindo devagar, as 21 horas a família do Namra seguiu na frente e ele permaneceu arrumando a bagunça como de costume, então se viu cercado por olhos matreiros e famintos, mas ele sem conversa escapou daquela armadilha. Namra alertou o Roqueiro, o Sacerdote e o Pink do grupo de adolescente para não aceitar convite algum desses irmãos. Diante de todos esses acontecimentos o General solicitou uma conversa particular com Namra para esclarecer dúvidas, eles se sentaram na garagem sozinhos:
- Não tive coragem de perguntar ao pastor sobre o ato de troca-troca. Explanou.
- O senhor já praticou isso na mocidade? Indagou o General.
- Minha educação roceira não aceita essa desonra, filho. Respondeu Namra.
- Sempre ouvi falar em vários lugares, mas não sou adepto e não condeno que pratica.
- O senhor é tipo judeu (sem prepúcio) ou muçulmano (com prepúcio)? Questionou.
- Somos cinco irmãos homens e apenas um é “judeu”. Respondeu o Namra.
O General tentou explicar sua demanda sem encontrar palavras e muito coragem para falar claramente e assim ele foi embora insatisfeito. Ele seguiu para a casa da irmã Caritosa, cinquentona solteira, com cara de menina, trabalhava com fantoches para as crianças da igreja e contribuía generosamente com as finanças da igreja. Sua dor era não ser correspondida pelo Cavaleiro em seu amor platônico, ela sempre promovia uma reunião com a mocidade para ter alguns minutos a sós com seu escolhido, mal sabia a Caritosa que o Cavaleiro gostava de outra fruta. Os integrantes da Irmandade do Manto imitavam os cavaleiros templários, porém não na guerra, nem na castidade e sim por deslocar três de uma vez montados em uma moto. O Alquimista contraiu segundo matrimônio com uma jovem da igreja, mas não se desligou da Irmandade do Manto, assim se passou um ano de dupla personalidade.
No ano seguinte o novo dirigente apadrinhou o General dando-lhe carta branca para qualquer ação, a intenção do pastor era afastar a mocidade do grupo de evangelismo para formar outra equipe sob seu controle. O General reuniu as crianças e adolescentes em uma sala para ministrar a sexualidade clara sem consentimento dos pais, inclusive com utilização de bonecos masculinos e femininos. Essa atividade ocorreu durante um culto comemorativo onde o pastor orientou o Arqueiro, um jovem que assediava e fornicava com algumas meninas da mocidade, para dar cobertura na escadaria da sala das crianças, para evitar o acesso de algum pai desavisado.
Certa noite uma irmã teve uma visão de um monte de cinzas sobre o púlpito com faíscas voando ao vento e nessa noite a Caritosa sonhou com o Cavaleiro ferido, tinha os pés e as mãos bastante ensanguentados devido a perfurações de pregos. Orientada pelo dirigente a Irmandade do Manto boicotou uma viagem missionária para uma cidade do interior, depois o dirigente empregou os rapazes para desfazer a arrumação dos bancos da igreja, preparada para a comemoração de mais um ano de existência do evangelismo. A família do Namra se mudou de igreja depois de um ano de perseguição constante, deixou para trás todo o legado de quatro anos de missão, porém o dirigente iria pagar caro por essa investida contra a obra de Deus, pois seu filho mais velho postava fotos com as meninas da igreja na cama do próprio pai e este não tomava providência, nesse tempo o General passou a frequentar a casa pastoral com intensidade e não demorou para vazar uma foto dele agarrado com o Aprendiz, o filho adolescente do pastor omisso. Namra vinha a algum tempo observando os dois que se sentavam sempre juntos, colocavam coxa sobre coxa e dedilhavam as orelhas durante as reuniões e cultos. A irmandade planejou uma expedição pela zona rural da cidade onde havia uma mata rala, diversos afloramentos rochosos com inscrições rupestres, uma grande área natural cortada por pequenos riachos. Nessa viagem o Aprendiz, o mais novo da turma, seria a oferenda para purificar a irmandade, ele seria possuído por alguns e teria a oportunidade de possuir outros e vice-versa.
A Implosão da Irmandade do Manto
O Santo se aproximou de sua chefe no trabalho, eles passavam boa parte do dia juntos e a noite saiam para lanchar ou ir à igreja, por esse motivo ele foi se afastando das pessoas, da igreja, do evangelismo e da Irmandade do Manto. O General entrou em ação para não perder seu membro favorito, ele tentou descontruir a pessoa da namorada do amigo, espalhava notícias falsas para denegrir sua imagem. Isso não funcionou então o General com ciúmes convocou o Pintor, ex-babalorixá, para fazer um trabalho espiritual com a finalidade de afastar o casal. O Pintor que gozava de liberdade condicional, tinha medo de ser recolhido novamente caso o processo fosse reaberto, por isso sempre pedia a Namra para orar por sua libertação. Certa noite a equipe retornava de um evangelismo quando a Soprano tomou postura de pessoa possuída por algo espiritual, os irmãos oravam quando o Pintor invocou a entidade para sair do corpo dela e entrar nele, pois sabia que esse espírito o procurava. Depois disso o Pintor desapareceu sem deixar notícias.
O Santo se casou com sua chefe e por providência divina o casal foi selecionado para trabalhar em uma filial da empresa, mais precisamente na cidade para onde Namra havia se mudado havia alguns meses. O Pintor retornou ao evangelho mais forte espiritualmente, depois de um retiro espiritual com um parente pastor que mora no sertão seco. Desta vez ele veio disposto a desmascarar a sociedade secreta que enganavam a muitos. Ele gravou uma conversa telefônica com o General, horas de confissões e comentários sobre os cultos de purificação, a beleza física dos integrantes, inclusive com detalhes íntimos e nomes de todos os participantes. O Pintor entregou a gravação ao pastor setorial que convocou todos para uma reunião em que receberam uma disciplina por tempo ilimitado. O dirigente local conseguiu tirar o nome de seu filho adolescente da lista, mas o áudio já rodava em todos os telefones celulares da comunidade.
Os integrantes da Irmandade do Manto não se abalaram, eles desfizeram a amizade temporariamente e o General alegou estar sofrendo de doença psíquica, em menos de um ano eles estavam de volta na igreja. Muitos membros se afastaram da igreja e da fé cristã depois desse episódio que abalou a congregação e criou inimizade entre as famílias dos jovens da Irmandade do Manto, conhecida como “O Manto do Inimigo”.
Muitos crentes antigos declararam a impossibilidade de perdoar o erro dos jovens, outros evitavam dialogar, dividir o mesmo banco na igreja, até mesmo o contato visual com os integrantes da irmandade. Esses que ganharam almas pregando o evangelho nas ruas, caminhavam para sua própria condenação.