Fuga...
Ele acelerava a moto. O coração também. A respiração cada vez mais ofegante. Acelerava tudo que podia. As paisagens corriam na mesma velocidade. Nem mesmo dava para percebê-las. Ele sabia que estava entre Coqueiros e a mata Atlântica, simplesmente, porque viajara muitos anos por ali. Mas agora não dava tempo de curtir. Estava sendo perseguido. E se eles o alcançassem seria o fim.
Perigo. Quem seriam eles? Ele não sabia. O instinto lhe dizia: não pare!
Curva em cima de curva. Era a famosa estrada Rio Santos. Linda - A beira mar, ligando são Paulo ao Rio de Janeiro, e vice-versa.
Só sabia que precisava chegar em São Paulo. Lá ele estaria em casa. Protegido...
Horas e horas de perseguição. Seus punhos doíam. Suas costas também. O coração estava implodindo-se. Mas não podia parar. Sentia. Uma voz interior dizia: não desista. As ultrapassagens ficavam cada vez mais perigosas. E se furasse um pneu? E se na próxima curva houvesse areia – óleo. Certamente a moto derraparia. Não havia alternativa. Resolveu acelerar mais e mais... O entardecer abria espaço para o anoitecer. Eles estavam se aproximando. Ouviu tiros e mais tiros...
Misturados com o ronco do motor de sua moto. Um animal cruzou a pista: desviou por um triz...
Mais tiros. Mais tiros...e o silêncio tomou conta do cenário. A paisagem, antes verde e linda, agora estava toda avermelhada...