Krakenburgo
O polvo se estendia por milhares de quilômetros, habitado por gente aos milhões, com rodovias, estradas, ruas e ferrovias pelos seus tentáculos. Nas ventosas, havia um transporte público mais rápido, que ia por dentro, saindo por outra ventosa. Na cabeça ficavam os prédios e as casas, escritórios, teatros, shoppings, cinemas, residências, casas noturnas. Tudo parecia ir às mil maravilhas! No entanto, na estação chuvosa, o mar transbordava e a besta despertava de seu longo sono, agitando seus tentáculos, destruindo as vias, derrubando prédios e casas e inundando suas ventosas, provocando a cada ocasião centenas de afogados e soterrados. Os trens ficavam encharcados e alguns enferrujavam. Era preciso aguardar o fim da tempestade, quando o gigante voltava a dormir, para que os sobreviventes dessem início à reconstrução.
Já na estação seca, o calor era tão forte que as águas embaixo evaporavam e o polvo se esparramava preguiçosamente pela areia, deixando a poeira subir. Tiveram que construir filtros e telhas, o que mesmo assim não adiantava muito. O pior que, durante um período prolongado de seca, o grande molusco morreu.
Muitos comemoraram, inconsequentes e ingênuos, pois acreditaram que afinal haveria tranquilidade com a chegada das águas, porém o polvo, morto, na verdade não tinha mais como resistir.
Foi, portanto, tragado pelo dilúvio, junto com aqueles que o parasitavam