O Prenúncio dos Seres Desconhecidos

Na penumbra das primeiras horas da madrugada, o bairro outrora vibrante parecia envolto por uma névoa densa, quase palpável. As luzes dos postes piscavam erraticamente, lançando sombras alongadas nas paredes dos prédios. O silêncio era opressivo, como se o próprio ar carregasse um peso insuportável.

 

O personagem principal, cujo nome se perdera nas brumas do sonho, caminhava lentamente pelas ruas desertas. Cada passo ecoava com uma estranheza fantasmagórica, como se a cidade estivesse morta, mas ainda assim, observando. Algo em seu interior sabia que aquilo não era real, mas a sensação de pavor o envolvia como uma segunda pele, impossibilitando-o de acordar.

 

Conforme avançava, ele avistou algo ao longe, uma figura indefinida de um tamanho colossais. Aproximando-se, o horror tomou forma. Na calçada, estendido sobre as pedras frias, jazia um ser impossível, algo que o mundo jamais havia catalogado. Sua pele, branca como o mármore, estava salpicada por manchas escuras, como se estivesse apodrecendo por dentro. A criatura se assemelhava a uma baleia, mas não a um espécime marinho comum. Era algo alienígena, uma monstruosidade encalhada em um lugar onde nunca deveria estar.

 

Feridas abertas adornavam seu corpo, expelindo larvas grotescas, tão grandes quanto ratos, que se retorciam ao cair no chão, produzindo um som nauseante. O personagem tentou recuar, mas seus pés pareciam colados ao chão. Ele estava condenado a assistir.

 

Essas criaturas, esses seres agonizantes, estavam espalhados por todo o bairro. Havia mais deles, alguns ainda respirando com dificuldade, emitindo sons baixos e angustiados, como lamentos de uma dor impossível de descrever. As ruas estavam infestadas com essas aberrações, todas em diferentes estados de decomposição.

 

Ao virar uma esquina, ele se deparou com um grupo de pessoas. Mas não havia alívio em vê-los. Estavam imóveis, encarando os corpos mutilados, os olhos vazios e sem vida. Eram apenas vultos, sombras de uma humanidade perdida, talvez vítimas futuras do que estava por vir.

 

Finalmente, ao se aproximar de um velho parque no centro do bairro, ele viu algo que o fez parar bruscamente. Uma figura encapuzada, em pé, no meio de uma clareira de árvores mortas, observava-o fixamente. O capuz ocultava seu rosto, mas o personagem sabia que o ser olhava diretamente para ele. Em um movimento lento, a figura ergueu a mão e apontou para ele. No mesmo instante, ele sentiu um frio gélido correr por sua espinha.

 

O céu, até então coberto por nuvens negras, começou a abrir. Mas em vez da luz do sol, um manto carmesim começou a tomar conta, como se o céu estivesse sangrando. A figura encapuzada deixou escapar um som rouco, como um sussurro de morte, que se espalhou pelo ar, fazendo os seres nas ruas gemerem em agonia.

 

Foi então que ele acordou, suando e ofegante, o coração disparado. Olhou ao redor e percebeu que estava em seu quarto, a luz suave do amanhecer começando a invadir o ambiente. Mas o alívio foi breve, pois algo em seu interior dizia que aquilo não havia sido apenas um pesadelo. Era uma premonição, um aviso do que estava por vir. O ar no quarto estava pesado, carregado com um prenúncio de morte, e ele sabia, com uma certeza cruel, que aquela pandemia ainda não havia começado.

DengosoRock
Enviado por DengosoRock em 22/08/2024
Código do texto: T8134627
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