Acordes das Trevas
Desde pequeno, o som das guitarras distorcidas e os vocais rasgados do rock e do heavy metal despertavam algo profundo dentro de Diego. Nascido em uma família que nunca entendeu seu fascínio por músicas intensas e sombrias, ele cresceu cercado por discos, pôsteres e livros sobre o gênero. Sua vida era o rock, e o rock era sua vida. As melodias caóticas e as letras que falavam de dor, escuridão e revolta eram seu único refúgio.
Com o passar dos anos, Diego se tornou um conhecedor do heavy metal. Sabia tudo sobre as bandas, os subgêneros e as histórias por trás das canções. Mas essa dedicação ao metal o afastou do mundo. Frequentava os points de rock da cidade e festas sozinho, sempre imerso em sua própria escuridão interior. Mal sabia ele que, nas sombras, havia algo que o observava com interesse maligno.
Certa noite, Diego foi a um bar de rock underground que ele costumava frequentar. A música alta preenchia o ambiente, e ele se perdeu nas batidas das músicas, como sempre fazia. No meio da multidão, uma mulher chamou sua atenção. Ela era diferente de qualquer outra que ele já havia visto: cabelos negros como a noite, olhos tão profundos quanto o abismo, e um sorriso que misturava mistério e perigo. Sem que ele percebesse, ela se aproximou, e logo estavam conversando sobre suas bandas favoritas e discutindo álbuns clássicos.
Diego nunca tinha se sentido tão conectado com alguém. A noite passou voando enquanto eles bebiam, riam e curtiam as músicas. No final da festa, já quase de manhã, a mulher o convidou para ir à sua casa. "Quer passar a noite comigo?" ela perguntou, a voz suave e cheia de promessas sombrias.
Diego, sem pensar duas vezes, aceitou. Quando estavam prestes a sair, ela parou e disse, com um brilho sinistro nos olhos: "Em troca, quero a sua alma."
Ele riu, acreditando que era uma brincadeira. "Pode levar. Se eu tiver uma alma, ela não vale nada mesmo!", respondeu, com o sarcasmo que o heavy metal havia lhe ensinado a carregar.
Eles foram para o apartamento dela, e a noite continuou em uma espiral de prazer e escuridão. Mas, ao amanhecer, Diego acordou sozinho. O quarto estava vazio, e a atmosfera era opressiva. No travesseiro ao lado, ele encontrou um bilhete. As palavras estavam escritas em tinta vermelha, quase como se fosse sangue: "Obrigado por vir definitivamente para as trevas!"
Um arrepio percorreu a espinha de Diego enquanto ele terminava de ler. Sentiu o ar faltar, o coração disparar e, em questão de segundos, sua visão escureceu. Naquele instante, compreendeu o verdadeiro significado do que havia feito. Não havia como voltar atrás. Ele expirou seu último suspiro, sabendo que sua alma estava perdida para sempre, destinada a vagar pelas profundezas das trevas