O Vendedor de Ilusões
Em um mundo onde a pobreza e o desespero reinam soberanos, há uma figura que emerge nas sombras, oferecendo esperança onde não há. Ele é conhecido por vários povos e tribos como: O Vendedor de Ilusões. Um homem cuja presença em cidades e vilarejos significa promessas de riqueza e transformação, mas cujo legado é sempre marcado por morte e desolação.
Nas noites mais escuras, quando a esperança parece ser apenas uma lenda antiga, ele aparece. Sua chegada é sempre precedida por rumores, sussurros entre os desesperados, que falam de um homem com poderes espirituais extraordinários. Ele oferece milagres aos que acreditarem, promessas de riqueza e prosperidade, de uma vida sem fome e sem sofrimento. E para provar seu poder, ele opera feitos impossíveis: Faz chover em terras áridas, cura doenças incuráveis e transforma miseráveis em senhores de terras.
Mas há um preço a ser pago, um preço que ele pede com a suavidade de uma serpente. "Entreguem-me suas filhas", ele diz, "e elas gerarão os Filhos da Prosperidade, crianças que trarão boa sorte e bênçãos a todos." As famílias, cegas pelo brilho de suas promessas, entregam suas meninas, apenas em datas específicas cobradas pelo homem, acreditando que estão selando um futuro glorioso.
As crianças nascem sob auspícios estranhos, sempre em noites de lua cheia, cercadas por uma atmosfera de mistério e encantamento. À primeira vista, são normais, até belas, com um brilho incomum nos olhos e uma aura que encanta a todos ao redor. As cidades que antes estavam à beira do colapso começam a prosperar; colheitas abundantes, comércios que florescem, e uma onda de sorte e prosperidade parece invadir cada lar.
Mas essa prosperidade é efêmera. À medida que os "Filhos da Prosperidade" crescem, algo estranho começa a acontecer. Seus olhos, outrora cheios de brilho, começam a escurecer, e suas vozes ganham um tom sombrio. Aos poucos, suas naturezas revelam-se: Seres que transcendem o material e o espiritual, existindo em ambos os mundos, mas não pertencendo a nenhum.
Então, começam as tragédias. A prosperidade rapidamente dá lugar ao caos. As crianças, que agora têm poucos anos de idade, tornam-se as fontes de pesadelos vivos. Casas pegam fogo sem explicação, rebanhos, cães, pássaros locais, todos os animais morrem, poços secam, e doenças desconhecidas assolam a população. Mas o pior está por vir.
Numa noite, quando as cidades estão em seu auge de prosperidade, os "Filhos da Prosperidade" desaparecem de suas camas. Encontram-nos vagando nas ruas, com os olhos vazios e um sorriso macabro. A partir desse momento, a morte varre a cidade. Pessoas morrem misteriosamente, e aqueles que sobrevivem relatam visões de sombras e figuras espectrais rondando suas casas com gargalhadas demoníacas, fazendo-os abandonarem seus lares desesperados, sem ter quem os ajudem.
Em poucos dias, a cidade que outrora florescia está reduzida a ruínas. As poucas almas que restam fogem, espalhando histórias de terror sobre o homem que trouxe o mal consigo. Mas quando tentam voltar, encontram apenas desolação – cidades fantasmas, amaldiçoadas e eternamente assombradas pelas almas daqueles que foram destruídos. Nos locais de cultos e adorações locais é notório ver um ser tenebroso passar pelas janelas e corredores da mesma como quem as dominasse, batendo nas paredes fazendo grande tremor e barulhos terríveis; gargalhando e gritando: Venham tolos, adorem o seu Deus!
E o Vendedor de Ilusões? Ele desaparece tão misteriosamente quanto chegou, movendo-se para a próxima cidade, onde o desespero novamente será sua arma. Em cada nova cidade, o ciclo se repete: ele oferece esperança, cobra um preço terrível, e deixa um rastro de destruição e maldição em seu caminho.
Ninguém sabe de onde ele veio ou para onde vai. Não há como detê-lo, pois ele não é apenas um homem – ele é a personificação do engano e da maldade, uma entidade que se alimenta do desespero e da credulidade. E assim, de cidade em cidade, ele propaga sua maldição, transformando a esperança em ruína e espalhando a destruição por onde passa.
As cidades amaldiçoadas permanecem como monumentos ao poder do Vendedor de Ilusões. Não há heróis para derrotá-lo, nem justiça para alcançar. Apenas o silêncio das ruínas e o sussurro do vento entre as pedras sobre pedras, madeiras sobre madeiras, esqueletos, objetos e utensílios gerais, agora inúteis, lembram a todos que ali, onde a esperança floresceu, agora só existe o vazio e o eco de um passado destruído.