A Maldição de Hollow Creek
Hollow Creek era uma cidade isolada, perdida nas montanhas, onde o sol raramente conseguia penetrar a densa neblina que a envolvia. Por gerações, os habitantes viveram sob uma sombra sinistra: uma maldição que ninguém conseguia explicar. As noites eram assombradas por sussurros, e aqueles que ousavam ficar acordados até tarde juravam ver sombras movendo-se por conta própria. Alguns desapareceram sem deixar vestígios, e outros foram encontrados em estados de loucura, balbuciando palavras incompreensíveis.
A maldição havia atraído espiritualistas e ocultistas de todos os cantos do mundo, cada um convencido de que poderia libertar Hollow Creek de seu tormento. No entanto, cada tentativa terminava em desastre. Os mais poderosos magos, médiuns e exorcistas pereceram, suas forças drenadas pela entidade sombria que dominava a cidade.
Foi então que um jovem, desesperado, escreveu uma carta para seu avô. Seu nome era Daniel, e ele era um dos poucos que ainda tinham esperança. O avô de Daniel era um homem recluso e misterioso, conhecido apenas como Elias. Embora fosse raro falar de seu passado, havia rumores de que ele possuía conhecimentos antigos, habilidades que iam além das de qualquer outro espiritualista.
Elias chegou à cidade em uma noite fria e silenciosa, sem alarde. Vestido com um manto simples e carregando uma pequena maleta de couro, ele parecia um homem comum, mas havia algo em seus olhos – uma calma profunda, quase sobrenatural.
Os habitantes, céticos, o observaram à distância. Haviam visto muitos como ele antes, e todos haviam falhado. Mas Daniel estava determinado a ajudar seu avô, levando-o até o centro da cidade, onde a presença da maldição era mais forte.
"Por que veio aqui, avô?" perguntou Daniel, a voz trêmula.
Elias olhou para seu neto e sorriu levemente. "Porque esta cidade precisa de paz, e porque você pediu."
Enquanto caminhavam, a neblina parecia se abrir para Elias, como se reconhecesse algo nele. Chegaram a uma antiga igreja em ruínas, onde a maioria dos outros espiritualistas havia encontrado seu fim. Ali, a escuridão era palpável, e a entidade que assombrava Hollow Creek observava, esperando o momento certo para atacar.
Elias se ajoelhou no centro do salão destruído, abriu sua maleta e tirou um pequeno livro, com páginas amareladas e uma capa gasta. Ele começou a ler em voz baixa, palavras em uma língua esquecida, enquanto Daniel observava em silêncio.
A entidade, uma força de pura malevolência, começou a se manifestar. Primeiro como um vento gelado, depois como uma sombra que engolia toda a luz ao redor. Sua presença era opressiva, sufocante, e Daniel sentiu seu coração acelerar, mas Elias permaneceu imperturbável.
"Você foi criada pelo medo e alimentada pelo desespero," disse Elias, suas palavras firmes e claras, cortando a escuridão como uma lâmina. "Mas eu conheço seu nome verdadeiro. E conhecendo seu nome, conheço seu poder."
A sombra se contorceu, tentando atacar, mas Elias ergueu a mão, e a entidade recuou, como se uma força invisível a estivesse segurando. O livro nas mãos de Elias começou a brilhar, e as palavras que ele pronunciava ecoavam pelo salão, ganhando força.
"Volte para as profundezas de onde veio," ordenou Elias. "Você não tem poder aqui, não mais."
Com um grito que parecia vir de todos os lados, a entidade se dissolveu, deixando para trás apenas silêncio. A neblina começou a se dissipar, e a luz da lua iluminou a igreja. Pela primeira vez em décadas, Hollow Creek parecia respirar aliviada.
Elias fechou o livro, guardou-o na maleta e se levantou, cansado, mas vitorioso. Daniel correu até ele, com os olhos brilhando de gratidão e alívio.
"Você conseguiu, avô," disse Daniel, emocionado.
Elias sorriu. "A cidade agora está livre. Mas lembre-se, Daniel, o verdadeiro poder não está nas palavras ou nos rituais, mas na compreensão do que estamos enfrentando e na coragem de encará-lo."
Com essas palavras, Elias e Daniel deixaram a igreja em ruínas, agora apenas um monumento do passado sombrio de Hollow Creek. A maldição havia sido quebrada, e a cidade poderia finalmente seguir em frente.