A luta das quebradeiras de coco babaçu
Era o ano de 2024, e no dia 15 de julho, às 09:00 horas da manhã, o radialista Dj Elson Pedra falava da maior voz do reggae da Jamaica, através de sua filosofia de viver juntamente com o reggae. Naturalmente era o dia 15 de julho o dia do nascimento do maior regueiro, e todo o estrelado da música jamaicana pairava na sombra de Isaacs.
Ele era na verdade, a voz mais rica do reggae em todo o mundo, apesar de ter uns altos e baixos na sua vida de cantor. Gregory Anthony Isaacs lutava por uma boa verdade em prol de seus esforços frente as resistências que não desapareciam dos seus olhares.
Ressalta-se que Kingston, jamais imaginou que aquela criança Isaacs poderia trazer ao universo de todas épocas as melhores canções já ouvidas e dançadas nos salões. Por um lado muito dolorido, Isaacs não esqueceu de falar em suas canções sobre o lado injusto da sociedade e as posições inadequadas das pessoas.
Sem demora, Dona Maria, com cinquenta anos de idade, exercendo ainda a arte de quebrar coco, indaga ao filho César:
-César, porque esse reggae está tocando direto no radio?
O rapaz sentado em frente ao rádio, responde;
-Mãe, hoje é o aniversário do regueiro Gregory Isaacs, por isso o locutor Dj Elson Pedra não esquece com esta melodia de luta.
-Muito bem e que Deus lhe dê muitos anos de vida. Essa música tem uma mensagem linda, mas eu não sei inglês. Olha filho! Eu nasci e me criei aqui no meio dos cocais entre as palmeiras de babaçu, olhando o vento balançar nas folhas verdes.
César diz:
-Mãe, o homem que diz que comprou os 1.500 hectares de terras das fazendas cocais nos deu o prazo até o dia 18 de julho de 2024 para sairmos das suas terras. E proibiu nós de pegar o coco das palmeiras. Isso é injusto e muito cruel, eu sofro com isto.
Dona Maria, insatisfeita com tal notícia, diz:
-Eu não vou sair daqui. Meu lugar é aqui junto com as palmeiras de babaçu. Há cinquenta anos eu moro nesta terra e ninguém nunca me expulsou dela por qualquer motivo. Eu vivo como uma mulher quebradeira de coco babaçu. Afinal de contas, somos mais de 500 mil mulheres trabalhadoras rurais no Maranhão. Eu não vou sair daqui de jeito nenhum. Minha função é extrair o óleo babaçu das mais importantes palmeiras do meu babaçu.
-E quantas pessoas moram na comunidade Cocais?
Indagou César.
-Meu filho são mais de 80 famílias que vivem aqui. Todas as famílias vivem de pegar o coco debaixo das palmeiras, o babaçu é livre, não há cerca nas palmeiras para 1.500 hectares. A nossa circulação é livre para a coleta de coco. Não existe aqui há mais de 60 anos criação de gado ou áreas de pastos.
Intranquilo, Cesar perquire:
-Dia 18 de julho está chegando, e aquele homem na picape Toyota me parece ser muito zangado, enfurecido e mau humorista. Ele não quer conversar e nem paz. Ele saiu dizendo para nós sair e que ele vai trazer oito motores serras para derrubarem as palmeiras.
-Por mim, ele pode trazer até cem motores. E também não tenho medo dos capangas dele. A mesma arma que sai chumbo na dele, na minha também sai chumbo grosso. Aqui são 1.500 hectares onde se perde na vista ao observar as matas dos cocais. Como ele se atreve a fazer isso. Para mim, ele é um criminoso em derrubar as árvores que nada fizeram com ele.
-Mãe, a nossa luta, a nossa batalha é diferente. Eu estou escrevendo uma carta para o DJ Elson Pedra, lá de Buriticupu para ele me ajudar, lendo a minha carta em seu programa. Eu vou contar toda a nossa história nos Cocais. E vou pedir para colocar a nossa música de fundo “Sign of the times” de Harry Styles, no ritmo de reggae remix 2022. Daqui a dois dias minha carta vai ao ar.
Não demorou muito, chegaram na porta da casa, as quebradeiras de coco babaçu, senhora Luíza, Raimundinha, dona Chaguinha, dona Lurdes, Conceição, Das Neves, Felismina, Luciana, Digé, Maria do Carmo, Rosário, Antonia, Nazaré, Carminha, dona Tereza e tantas outras com seus respectivos maridos. A senhora Luíza fala sobre a expulsão das terras dos Cocais.
-Tudo isso é muito triste. Nenhuma autoridade vem para os Cocais ver o que este homem deseja dos moradores. Ele tem dinheiro pensa ser o dono de tudo. Deus é por nós!
Dona Lurdes completa, afirmando o seguinte:
-Ele disse na porta lá de casa, no terreiro. Que ninguém empata ele de realizar seus negócios. E que os pecuaristas, fazendeiros e donos de empresas agropecuárias, estão todos do seu lado. E ainda disse mais, que a delegacia de polícia, Ibama, Vara do Trabalho, Governo municipal, estadual e federal estão do seu lado. E todos dizem que não é para demorar a jogar fora esse lixo humano dos Cocais. Eu fico pensando. Como eu vou viver daqui para frente? Quem será por mim nesta batalha? Minha gente, eu só vivo do coco babaçu, toda a minha renda só vem do babaçu. Jesus Cristo tem que nos ajudar nesta hora amarga. Que Deus nos proteja.
Antonia, esfregando a mão direita nos olhos, começou a chorar, dizendo:
-Meu Deus! Tenha compaixão de nós! Eu não tenho dinheiro para pagar um aluguel na cidade. Imagine minhas coisas sendo jogadas no meio do terreiro! Para onde nós iremos? O governo deveria nos ajudar nesta resistência. Nossa atividade é essencial para vida de muitas pessoas.
Raimundinha condoída com a situação, pronuncia:
-Não chora mulher, a maior dor do mundo você já chorou. Se você chorar, isso vai me doer a cada minuto mais. Lá vem seu marido das vendas de azeite. Limpe esse rosto, mulher.
Dona Digé, lamentando diz:
-É o fim dos tempos tudo isso. Vocês sabem que eu vivo do coco babaçu, é ele que sustenta nossa família e mantém nós unidos. Ele fala em cortar todas as palmeiras que existem em 1.500 hectares. Minha gente, esse homem é um criminoso, um fora da lei. Por ele ter dinheiro, ele se acha o todo poderoso. Olhem, com as palhas da palmeira, eu faço o cesto para vender, a casca do coco, eu faço o carvão para cozinhar e com a castanha, eu faço o azeite para vender e o sabão para lavar nossas roupas. Eu dependo do babaçu. Babaçu é a minha vida.
A senhora Rosário diz:
-Vamos lutar mulheres! Vamos erguer nossos braços! Vamos fazer como as mulheres de Lago do Junco, aprovaram em 1997, a Lei do Babaçu Livre. Essa lei protege as quebradeiras de coco, garantindo a elas o direito de livre acesso e uso comum das palmeiras de babaçu e atribuiu restrições às derrubadas de árvores. Vamos à luta! Não vamos baixar a cabeça. Não aceitaremos nas terras dos Cocais o desmatamento.
Carminha complementou:
-Isso aconteceu na região do Médio Mearim, reuniram-se as famílias e comunidades do Ludovico, Centrinho do Acrísio e São Miguel do Lago do Junco e conquistaram a Lei do Babaçu Livre, área para morar e produzir. Olhem! Essa luta é nossa e devemos nos reunir para mobilizar nossa situação. Não podemos ficar calados.
Dona Maria, mãe de César diz:
-Não vamos sair daqui minha gente. Vamos lutar com nossas vidas, é a única arma que temos. Deus mandará um anjo cedo ou tarde, esse anjo vem. A nossa luta não pode nos vencer. O som que toca lá encima da casa vai ficar aí por muito tempo. É a nossa música de defesa. Se vocês pensam, eu já chorei demais debaixo dos pés de palmeira de babaçu. Pois, é difícil perder tudo sem nada jogar. Deus vai me livrar desse capeta que me deseja fora da comunidade.
Antônia preocupada, articula:
-Não dar tempo para mobilizar nada, dia 18 esta encima. Que Deus nos proteja sempre.
César diz,
-Meu povo! Eu vou colocar som no capote de nossa casa em nossa defesa. É a nossa música - “Sign of the times” de Harry Styles, no ritmo de reggae remix 2022. Vamos lutar, batalhar e combater o inimigo com as nossas mãos vazias. Acreditem! Deus vai nos dar esta terra de presente e todos terão uma casa e um lugar para trabalhar.
Já entrava a noite, e o som no alto da casa continuava simbolizando a luta daquela comunidade com a música de Harry Styles, quando repentinamente, um carro parou no terreiro da casa de César. Sua mãe e seu pai foram saber de que se tratava. Os homens desceram do automóvel cada um com uma pistola 380 e atiraram sem dó, sem clemência vários balaços nos dois camponeses. Enquanto isso, ao ouvir os estrondos, César corre em direção aos pais caídos no chão, onde uma grande lagoa de sangue se formava. Chorando, ele articulou:
-Vocês mataram meus pais. Assassinos... Hom...
César não terminou de falar a frase, quando recebe doze balas em todo o seu corpo. Cambaleando sem sentido, César cai ao lado de seus pais, abraçando pela última vez.
Buritucupu
Não tardou muito, a carta de César chega nas mãos do DJ Elson Pedra, no horário da programação. Ele diz:
-Hoje, 17 de julho de 2024, acabo de receber uma cartinha do nosso seguidor e regueiro Cesar, lá das terras dos Cocais. Como vai você César? É uma carta muito triste, mas eu vou ter respiração para ler e ar nos meus pulmões. Aqui no clímax da sequência com o Dj Elson Pedra, agente detona a música de fundo solicitada por César. “Sign of the times” de Harry Styles, no ritmo de reggae remix 2022.Toca...Linda pedrada! Chega bonito, balança, eu sou do clima, temos 120 seguidores nesta sequência. Buriticupu invadindo seu espaço e mandando só as boas. A carta de Cesar, eu vou ler para vocês, agora.
“Caro amigo Dj Elson Pedra
É sempre um prazer poder escrever esta carta para você e demais amigos que estão assistindo. Eu sou César, nasci e me criei aqui nos Cocais dentro de 1.500 hectares de terras de babaçu. Estas terras pertencem a José Fran, que faleceu e não deixou herdeiros, apenas os moradores nesta localidade. Apareceu aqui, um senhor chamado de Manoel de Sousa, vindo em uma Toyota. Entrou nas terras dos Cocais armado e ameaçou todos os moradores desta comunidade, proibindo nós de fazer coleta de cocos nas palmeiras.
Ele ameaçou de cortar todas as palmeiras com motor serra, expulsou nós sem qualquer direito, e deu prazo até o dia 18 de julho de 2024 para sairmos das terras. Gostaria que o amigo Dj Elson Pedra me ajudasse para não sermos expulsos da nossa terra, é o único espaço que temos, é o único lugar onde moramos. Eu sou pobre, minha casa é coberta de palha com paredes de taipa com barro. Meus pais precisam desse local, eles já estão velhos, não tem para onde ir. Eu me preocupo com meus pais, mas, eu posso dormir nas ruas da cidade, no alto de uma palmeira ou até mesmo vender um jornal, lavar um carro, vigiar, limpar um quintal ou fazer qualquer coisa. Eu só não posso é ver meus pais sofrerem. Ajudem meus pais e toda a comunidade Cocais! Meu emprego é vender azeite produzido por minha mãe. Nós não temos emprego, nem casa em outro lugar. Ajude-me Dj Elson Pedra. Eu lhe peço pelo sangue que derramou o homem mais justo do mundo, faça alguma coisa por nós. A massa regueira precisa me ajudar, e todas as pessoas de bem.
Aqui encerro muito abatido com minhas lágrimas nas mãos. Ouvindo nossa música de defesa “Sign of the times” de Harry Styles, em reggae remix 2022
Cocais, César – o regueiro”
O Dj Elson Pedra bastante nervoso com o acontecimento, diz:
-Meus amigos, é muito infeliz esta situação vivida por um seguidor e nosso requeiro. Informo aos seguidores que estamos com a marca de 1.400 mil ouvintes e seguidores. Há muitos telefonemas aqui de todo o Brasil. Todos querendo ajudar a comunidade Cocais.
No outro dia, representantes do Ibama, fiscais, Polícia Militar e outras pessoas importantes foram dar apoio à comunidade Cocais, chegando naquele local todos viram os corpos crivados de balas e os três lançados no chão. A casa ateada de fogo não restou nenhuma palha, apenas no alto da casa tocava a música do menino regueiro Cesar. “Sign of the times” de Harry Styles, no ritmo de reggae remix 2022, tocava sem parar e sua letra traduzida, era assim:
Apenas pare de chorar
Just stop your crying
É um sinal dos tempos
It's a sign of the times
Bem-vindo ao último show
Welcome to the final show
Espero que você esteja vestindo suas melhores roupas
Hope you're wearing your best clothes
Você não pode subornar a porta em seu caminho para o céu
You can't bribe the door on your way to the sky
Você parece muito bem aqui embaixo
You look pretty good down here
Mas você não é realmente bom
But you ain't really good
Se nunca aprendemos, já estivemos aqui antes
If we never learn, we been here before
Por que estamos sempre presos e fugindo
Why are we always stuck and running from
As balas?
The bullets?
As balas
The bullets
Nós nunca aprendemos, já estivemos aqui antes
We never learn, we been here before
Por que estamos sempre presos e fugindo
Why are we always stuck and running from
As balas?
The bullets?
As balas
The bullets
Apenas pare de chorar
Just stop your crying
É um sinal dos tempos
It's a sign of the times
Temos que fugir daqui
We gotta get away from here
Temos que fugir daqui
We gotta get away from here
Apenas pare de chorar
Just stop your crying
Vai ficar tudo bem
It'll be alright
Eles me disseram que o fim está próximo
They told me that the end is near
Temos que fugir daqui
We gotta get away from here
Apenas pare de chorar
Just stop your crying
Tenha o tempo de sua vida
Have the time of your life
Rompendo a atmosfera
Breaking through the atmosphere
E as coisas estão muito boas a partir daqui
And things are pretty good from here
Lembre-se que tudo vai ficar bem
Remember everything will be alright
Podemos nos encontrar novamente em algum lugar
We can meet again somewhere
Em algum lugar longe daqui
Somewhere far away from here
Nós nunca aprendemos, já estivemos aqui antes
We never learn, we been here before
Por que estamos sempre presos e fugindo
Why are we always stuck and running from
As balas?
The bullets?
As balas
The bullets
Nós nunca aprendemos, já estivemos aqui antes
We never learn, we been here before
Por que estamos sempre presos e fugindo
Why are we always stuck and running from
As balas?
The bullets?
As balas
The bullets
Apenas pare de chorar
Just stop your crying
É um sinal dos tempos
It's a sign of the times
Temos que fugir daqui
We gotta get away from here
Temos que fugir daqui
We gotta get away from here
Pare de chorar
Stop your crying
Querida, vai ficar tudo bem
Baby, it'll be alright
Eles me disseram que o fim está próximo
They told me that the end is near
Temos que fugir daqui
We gotta get away from here
Nós nunca aprendemos, já estivemos aqui antes
We never learn, we been here before
Por que estamos sempre presos e fugindo
Why are we always stuck and running from
As balas?
The bullets?
As balas
The bullets
Nós nunca aprendemos, já estivemos aqui antes
We never learn, we been here before
Por que estamos sempre presos e fugindo
Why are we always stuck and running from
As balas?
The bullets?
As balas
The bullets
Nós não falamos o suficiente
We don't talk enough
Devemos abrir
We should open up
Antes que tudo seja demais
Before it's all too much
Será que algum dia aprenderemos?
Will we ever learn?
Já estivemos aqui antes
We've been here before
É apenas o que sabemos
It's just what we know
Pare de chorar, baby
Stop your crying, baby
É um sinal dos tempos
It's a sign of the times
Temos que fugir
We gotta get away
Temos que fugir
We got to get away
Temos que fugir
We got to get away
Temos que fugir
We got to get away
Temos que fugir
We got to get away
Temos que, temos que, longe
We got to, we got to, away
Temos que, temos que, longe
We got to, we got to, away
Temos que, temos que, longe
We got to, we got to, away