MEU NASCIMENTO

Passava defronte a um hospital maternidade quando senti algo estranho, minha mente ficou confusa e uma tontura se abateu sobre mim, não cheguei a desmaiar ou coisa parecida, foi apenas um pequeno mal estar, coisa que jamais tive. Me restabeleci rapidamente e acho que ninguém percebeu, mas por questão de segurança me sentei em um banco ali próximo e aguardei alguns minutos para poder seguir o meu trajeto. Olhei em direção ao estabelecimento médico, foi ali que vim ao mundo, senti um pouco de emoção, mesmo já tendo se passado mais de quarenta anos do meu nascimento. Algo me induziu a continuar ali, tive uma ligeira impressão de que alguma coisa iria acontecer. Instintivamente me levantei e me dirigi para o hospital maternidade, era como se estivesse atendendo a um pedido. Mesmo me sentindo estranho adentrei aquele local, a atendente da recepção nem me olhou, o vigilante ignorou a minha presença como se me autorizasse a entrada. Em questão de minutos estava em uma ala não autorizada para visitantes e uma névoa me envolveu completamente.

O que passo a narrar agora é inacreditável, nem eu quiz aceitar como verdadeiro. Me vi dentro de uma espécie de "bolha" envolvido por uma substância gosmenta, o que me causou um certo constrangimento, afinal eu estava consciente de que havia adentrado aquele local médico e não sabia o que estava acontecendo. Uma espécie de paz me acalmou o coração e deixei tudo acontecer. De repente uma abertura se formou e eu vi ferros vindo em minha direção manipulados por mãos cuidadosas. Aquela "bolha" se rompeu e eu fui puxado para fora, chorei tal qual uma criança, momento em que percebi que estava entrando em um mundo diferente daquele onde me encontrava. Na verdade eu estava nascendo, pois vi médicos me segurarem e cortarem algo que me ligava a minha mãe, só que eu não a via. Me desesperei e comecei a chorar convulsivamente. Nesse exato momento me dei conta de que algumas pessoas me amparavam, eu estava sentado em um banco de praça e uma dessas criaturas bondosas me acalmou e perguntou se eu estava me sentindo bem. Perguntou se eu queria ir até o hospital que ficava logo ali. Respondi que não precisava, que já estava recuperado. Agradeci e segui meu rumo.