Dançante na Estrada

Havia um grande problema no município. No município inteiro não, na região em que Alessandro morava. Havia um homem bizarro dançando no meio da estrada, incessantemente, sem música audível.

Todos os cinco que moravam na região estavam incomodados. Era Alessandro, o mágico sem nome e as três Anas: Ana Luiza, Ana Maria e Ana Manuela, todas primas de Alessandro.

Primeiramente Alessandro foi até o homem dançante e pediu educadamente:

— Poderia sair do caminho? Está atrapalhando todo mundo.

O homem continuou dançando sem dar atenção.

— Não vai sair? Então você está fodido.

Continuou dançando. As três Anas estavam ali por perto, e perguntaram o que o dançante disse. Alessandro respondeu:

— Nada, absolutamente nada.

Enquanto voltavam para casa foi possível ver um ser humanoide todo de preto, com um guarda-chuva também preto. Quando as Ana foram se aproveitar do galã vampírico ele desapareceu.

Alessandro então teve que recorrer ao mágico. Bateu em sua porta clamando por ajuda. O mágico abriu a porta na maior tranquilidade.

— Então, senhor mágico sem nome esquisito e duvidoso, poderia ajudar a tirar o homem dançante da estrada?

O mágico se espreguiçou, pensou um pouco enquanto com os braços erguidos e então respondeu:

— Meu caro, posso fazer com que ele fique invisível, ou sei lá, posso invadir o corpo dele e fazer andar para longe.

— Invada o corpo dele, faça ele sair do meio da estrada.

O mágico assentiu e se levantou da poltrona de couro. Seguiu Alessandro até o dançante. As três Anas já estavam de olho, esperançosas e curiosas.

O mágico chegou até o dançante e tentou entrar em sua mente. O forró tocava muito alto, ao ponto de ser possível escutar o mágico entrando na mente dele. As três Anas, esgueirando nos arbustos olhavam atentas. O vampiro de preto estava do outro lado da estrada, porém sem se esconder, mas se camuflando na mata densa.

Até que por fim o mágico entrou na mente do homem. Fez com que ele andasse até o meio do mato e então saiu da mente dele. As Anas ficaram maravilhadas, Alessandro relaxado e o vampiro indiferente.

Após o mágico virar de costas para ir embora a Ana Luiza gritou:

— Ele está voltando para a estrada! O que vamos fazer?

Alessandro bufou, o mágico também e as três Anas cochicharam entre si. O mágico chegou à conclusão que precisaria apelar.

Os dois foram para casa de Alessandro, e o mágico afirmou:

— Precisamos de uma espingarda, pegue a sua e leve. Quando eu grunhir você atira.

Alessandro não entendeu o que o mágico quis dizer com grunhir, mas foi pegar a espingarda velha no sótão. Enquanto isso o mágico foi para a sua casa pegar um pergaminho que comprou de um druida e nunca imaginou que usaria.

Alessandro e o mágico se encontraram no caminho, e logo o mágico recitou algumas palavras. Uma nuvem densa cobriu o corpo dele e quando dissipou ele já tinha se transformado em um porco.

Foi aí que Alessandro entendeu o que ele quis dizer com grunhir. Seguiram até o dançante, um ao lado do outro. As Anas já estavam lá, atrás da mesma moita, e o vampiro andava de um lado para o outro.

O porco grunhiu. Alessandro alvejou o homem. Ele caiu duro no chão, tendo pequenos movimentos nos membros, como um último passo de dança. Alessandro jogou a arma no chão e o porco comeu a arma e revirou o corpo atrás da bala, até achar e engolir também.

O vampiro chegou perto deles e examinou de longe o cadáver do homem.

— Vai nos dedurar? — perguntou Alessandro.

— Não vou, vocês fizeram o certo — respondeu sumindo na névoa.

As três Anas ficaram boquiabertas, sem saber se o mais impressionante era matar o homem, se transformar em porco ou o vampiro atraente desaparecer na névoa.

Otacílio de Almeida
Enviado por Otacílio de Almeida em 27/11/2023
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