- IV -
Uriel
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Capítulo II: Bruno e Mônica se conhecem. Bruno sofre um acidente e recebe um estranho convite e atende ao chamado.
Capítulo III: Bruno conhece Charles, que aparentemente teria ou capacidades psicocinéticas ou seria atordoado por um poltergeist.
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No meio da sala, no meio daquela bagunça e caos que duraram frações de segundos, apareceu um homem extremamente belo, de porte atlético e musculoso, cabelos negros e olhos castanhos claros, vestia um blazer cinza com uma blusa branca por baixo e uma calça social cinza, cinto e sapados de couro preto.
Era “ele” o mesmo homem que me apresentou o cartão.
Quase todos na sala olhavam para ele com espanto nos olhos e sem entender o que estava acontecendo. Mike se ajoelhou com reverência, cobrindo o seu rosto. Monica apenas sorriu e disse:
– Uriel, você tem que pegar mais leve nas suas entradas!
Era para rir disso? Eu ainda estava na dúvida sobre o que teria dado origem ao fenômeno poltergeist segundos atrás!
Uriel tinha um olhar que transmita uma paz profunda e um conhecimento quase que ilimitado. Seu corpo parecia brilhar, como se tivesse luz própria.
– Você sabe que não fui eu. Apenas aproveitei o pico de atividade de biopsicosomática de Charles para me manifestar de forma mais facilitada.
Enquanto nos reagrupamos na sala, Uriel falou:
– Esse momento me lembra um pouco o que aconteceu há muito tempo! - seu olhar se perdia no horizonte, enquanto um leve sorriso no canto da sua boca brotava.
– Mudam os atores e as circunstâncias, mas os padrões e os princípios são os mesmos – pegou uma cadeira ao centro e se sentou de frente para nós.
Enquanto olhava naqueles olhos castanhos, uma sequência abrupta de imagens invadiu a minha mente:
“Duas mãos gigantes seguram uma fagulha no espaço vazio. De repente, o sol surge em todo o seu esplendor.”
“Um querubim que permanece junto às portas do Éden e a cada um que o encontrar, dependendo de sua índole, podem o ver com um pássaro se a pessoa for justo e digno, ou com um espada ardente se esse for o injusto e mal.”
“Dois homens são enterrados, pai e filho. O filho primeiro que pai. São pessoas boas que cometeram erros, mas eu gosto deles.”
"Alguns homens aterrorizados com a sua visão, cobrindo o rosto por terra, e ele falava coisas terríveis sobre o fim, ou um cataclisma. Homens diferentes em momentos diferentes, mas uma mesma mensagem de fim e de um novo começo que trazia uma sensação avassaladora de inquietude para aqueles que a recebiam."
Sol, seis asas, muitos olhos, um calor insuportável, uma luz ofuscante e, por fim, um pássaro de fogo que abria as asas me jogou ao chão.
– A humanidade está sempre a abandonar um paraíso motivados pela curiosidade, atravessam um deserto e passam por provações, até chegar à nova terra prometida, a um paraíso diverso do original, pois as pessoas não são as mesmas, nem o lugar é mais o mesmo – passou a gesticular com as mãos.
– A semente tem que morrer para a planta germinar. Das trevas e do egoísmo, a transformação interna faz brotar o desejo da luz e da multiplicação. Assim com a semente é diferente da planta, e a criança do homem, assim muda a humanidade.
Ele dedilhava o ar e eu podia jurar que aqueles gestos formavam desenhos que ganhavam vida em pleno ar.
– Não é seguro deixar o bebê fora do cercadinho, ou sequer jogar-lhe desamparado em uma floresta. O tempo para a humanidade está chegando. As barreiras estão caindo. Os véus estão sendo derrubados. Primeiros os da própria carne. Depois, até as estrelas dos céus virão lhes visitar e vocês se tornarão um só.
Ele se levantou da cadeira e começou a andar pela sala, que ainda estava um verdadeiro caos de cadeiras, papéis e copos plásticos jogados pelo chão.
– As capacidades psíquicas estão cada vez mais afloradas na humanidade. A curiosidade é necessária para desenvolvê-la, assim como escutar aqueles que já percorreram tal caminho.
– Vocês ouviram o meu chamado, e eu fico lisonjeado que tenham escolhido vir. Há muito tempo, a humanidade largou o Jardim do Edem pela curiosidade e por quererem ser como Deus, e agora, estão passando por um momento crucial em que, ou aprenderão a aceitar o fato que são a imagem e semelhança de Deus, ou cairão novamente na falácia da serpente.
– Um caminho leva a liberdade, a disciplina e à vida. O outro, leva ao desejo desenfreado, à escravidão e à extinção.
Enquanto ele falava, percebia que Charles e Artemísia estavam em transe, com seus corpos torcidos para trás em uma posição nada natural.
Uriel parecia flutuar e a ficar cada vez mais translúcido.
Eu já não sabia mais o que era realidade ou não, se o que ele falava era mentira ou não. A intensidade das sensações eram proporcionais ao cenário surreal.
Uma voz sussurrava dentro da minha cabeça: “Domingo, ao anoitecer, voltem a essa sala e haverá algo para vocês. Vocês são os meus escolhidos, aqueles que ouviram ao meu chamado. Seu fardo será pesado, mas sua honra e glória serão ainda maiores.”
Então, ele sumiu tão misteriosamente quanto ele surgiu. Charles e Artemísia ainda se contorciam no chão, acordando de um sono agitado.
Observação: Imagem gerada por Inteligência Artificial. Essa pessoa não existe, embora possa probabilisticamente se parecer com alguém real.