O Mutante

O Mutante

Sou despertado por uma onda de calor insuportável que passa pelo meu corpo, num desejo absolutamente preciso, me reviro de um lado para o outro, tentando capturar o sono, como de costume, falho miseravelmente, desaprendi a adormecer.

Me recuso a olhar o relógio, pois minha intuição empirista diz ser 3:00 da madruga, um horário que venho acordando diversas vezes, sei que há diversas explicações, esperituais, psíquicas e etc..

Rejeito o entedimento, pois já me desnudo de racionalidade, não sei se um dia a possuí, eu simulava, havia controle com minhas personas. No momento, meus demonios estão dominando por completo meu decrépito corpo, por muitas vezes, não me sinto mais humano, eis minha incapacidade de dormir, mas ainda tenho a faculdade natural de pensar, pois me pego enclausurado neles, e o medo é morador fixo em minha mente, estou a beira da loucura. Já me afugento de convívios, aliás eu nem teria essa prepôtencia de dizer que me isolei, pois ninguém me procurava há tempos, penso nunca ter sido atraente, mulheres então, só as tive quando paguei e a última não conseguiu finalizar seu trabalho, pois teve uma crise de riso na H, que eu sem reação, fechei meu zíper e saí envergonhado dalí.

Eu tinha um amigo, ele andava por aí com fones, ouvindo e cantando sempre a mesma música, como se fosse a atração da cidade, sempre com o mesmo terno marrom, e calça azul, suas conversas giravam em torno das bandas Led Zeppelin, ACDC, The Who, Black Sabbath, era um entusiasta do Rock e suas histórias, sempre contava com brilho nos olhos da mansão assombrada que Jimmy Page, vocalista do Led Zeppelin que havia comprado, dizia ter sido cenário de eventos sombrios, e fora de um ocultista Aleister Crowley.

- É sinistro, sinistro, dizia ele todo empolgado.

Fiquei um tempo sem vê-lo, a última vez que o vi, tive a impressão que ele não me reconheceu, acenei a ele, e ele cantando alto, olhou e depois de um tempo acenou de volta meio confuso, estava com os cabelos mais longos e ainda mais barbudo, um dia ele estava na rua principal cantando bem alto, uma caminhonete surpreende o pobre coitado que estava bem calmo no meio da rua cantando, algumas pessoas, dizem que ele esticado no chão, junto com seu último suspiro, cantou ''A whole lotta Rosie

A whole lotta Rosie

I gotta whole lotta woman, yeah-yeah-yeah '' cuspindo sangue e morreu.

Estou só, e ensaiando para ir até o mercadinho pegar algo, sem vontade, mas na geladeira só há meio litro de leite e quatro ovos, ratos estão felizes com sua morada sem açoite, escuto-os todos os dias, quic, quic, quic.

-Venham a mim Irmandade, me junto a vocês, depois de olhar em meu espelho empoeirado, vejo a imensidão dos meus bigodes.

Denise Brunato
Enviado por Denise Brunato em 05/11/2023
Reeditado em 19/01/2024
Código do texto: T7925383
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