O ESPECTRO
Microconto
Lorna viu seu perseguidor aproximar-se no momento em que se preparava para ausentar-se do cemitério. Ele um vivo esperto, ela uma morta achando-se viva e querendo vingança. Ela caminhou lentamente entre as tumbas sem precisar se desviar delas, queria pegá-lo desprevenido. Seu corpo atravessava as construções de alvenaria, enquanto ele, vendo-a, tentou manter a calma. Marko, aquele que a matou, riu sacarticamente esperando o seu avanço. Instintivamente Lorna parou. Marko ficou a observá-la. Ele era sensintivo e a via, ela pressentiu isso, não teria forças para trazê-lo para seu mundo.
Há alguns meses eles eram amantes, mas era por ele espancada e esse amor esfriou. Ela o deixou, porém ele passou a perseguí-la, não aceitava a separação, até que a matou a facadas. O que ele fazia no cemitério não sabia, mas descobriu depois, ele vinha visitar sua tumba e só agora Lorna percebeu. Marko mudou sua fisionomia quando viu sua vítima que ainda amava dar meia volta atravessando as moradas mortais e sumir naquela tarde silenciosa. Chorou de arrependimento.
Quase todas as tardes Marko ia ver Lorna no cemitério, ficava esperando-a. Via quando seu espectro aparecia atravessando as tumbas, com seu corpo denso, na realidade um fantasma, ela sorria, agora sarcasticamente. Essa era a sua vingança. Uma vingança que estava lhe fazendo bem, enquanto ele sofria com a sua retirada brusca. Mas a amava e não media esforços para vê-la, pelo menos por alguns momentos.