TODA A HISTÓRIA DO AGRESTE E NORDESTE BRASILEIRO
Eu quero aqui falar realmente sobre o agreste brasileiro que se tem na alma um sentimento contagiante onde a expressão se expira na noção de um povo muito forte e trabalhador que de seu espírito quase troiano que se firma Liza nas barbas selvagens do leão que é de onde se nasce a catinga ao pau de arara que se nasceu do homem do campo seu espírito lutador que para a seca não há cansaço que lhe tome os braços fortes e magros, suados como um bravo guerreiro que se atira no fogo serpentino do sol sobre um vasto deserto em que lhe faz pensar sobre sua vida e que é de lá que se começa uma velha história bailada e suada sobre um pensamento de ganhar a vida sobre um desafio e dilema que em tudo se começa uma bela história que do sofrimento de um povo se traduz do fogo alado sobre as mais que sonhadas palavras que se atinge um poema que se diz que da língua se extrai um belo cigarro que vai a boca seca, tostada pelo calor e falta de água que não se brota de minas e que apenas se faz rasos poços para acuar e arar a terra sobre uma luta incansável com ferramentas de trabalho para cavar e plantar em uma terra seca e solo morto que ainda se faz pequenas lamas para germinar algumas sementes que lhe cresçam para li alimentar em que possamos contar que o agreste possa hoje nos dizer que mudou sua história em que o nordeste brasileiro possa ser o berço da colonização Europeia. A região Nordeste foi o berço da colonização portuguesa no país, de 1500 até 1532, devido ao descobrimento por Pedro Álvares Cabral e a
posterior colonização exploratória, que consistia, em suma, na extração pau-brasil, cuja tinta da madeira era utilizada para tingir as roupas da nobreza europeia.
Hoje contamos a sua história que nasce do vasto deserto ensolarados que se conservou a nobreza de um povo forte e trabalhador que se aprofundou da luta sobre vários campos para mostrar sua origem e qualidade pessoal que se tem na alma como bravos leões que fizeram de sua vida as mais que sonhadas histórias que não podem ficarem caladas sobre um estimável papel que hoje possamos ver e compreender suas culturas e gerações de um povo que se estendeu por todo o Brasil em belas canções que nos falam de seus sofrimentos, trabalhos e amor que nos revelam na alma um sentimento muito coerente e gratificante que nos expressa uma razão pela vida e pela a nação que hoje possamos aqui ver com uma grande realeza e conquista uma história realista, fundamental e tradicional que vou contar dês do começo ao mito que possamos aqui ver e entender como tudo começou até hoje e quero agradecer aqui por esse meu introito que narrei do fogo quente de deus que nasceu de minha alma sobre belas palavras e histórias que sei e que pesquisei aqui na enciclopédia nacional que para mim eu estou muito grato e quero aqui dedicar com muito amor profundo e dedicação ao meu povo guerreiro esse extraordinário livro que fiz chamado de Brasil Nordeste para todos verem e ficar como uma linda e bela recordação de meu fiel e inesquecível trabalho como escritor brasileiro para todo o mundo ver e muito obrigado a todos. Abraços!
E RAÍZES DO NORDESTE
Hoje são 26 de julho de 2023 aonde todas história está relacionada ao nordeste Brasileiro que em tudo eu descrevo aqui com muito respeito e amor sobre minha terra que por uma simplicidade cultural eu quero falar sobre suas origens e começo de uma tradição que nosso povo começou quando tudo se diz o que o nordeste era o berço
da colonização europeia no país, uma vez que nela ocorreu a descoberta ou descobrimento do Brasil que se refere, na historiografia luso-brasileira, à chegada da frota comandada por Pedro Álvares Cabral ao território denominado Ilha de Vera Cruz, ocorrida no dia 22 de abril de 1500. Tal descoberta faz parte dos descobrimentos e a expedição portuguesa e as notícias da acha mento do Brasil foram relatadas pelo escrivão da expedição, Pero Vaz de Caminha. Os portugueses permaneceram em terras brasileiras até o dia 2 de maio de 1500, quando, então, seguiram viagem em direção à Índia, o grande objetivo da expedição. A chegada dos portugueses ao Brasil é um dos resultados finais das grandes navegações, a exploração oceânica que se deu ao longo de todo o século XV. Apesar dos espanhóis terem chegado ao continente americano primeiro, os portugueses são considerados os pioneiros nesse processo de exploração, fazendo grandes “descobertas” nesse período.
O papel pioneiro dos portugueses foi estudado pelos historiadores e justificado com base em fatores políticos, econômicos e geográficos. Primeiro ponto de destaque refere-se à estabilidade política e ao fato de que Portugal tinha um território unificado havia séculos. No caso territorial, os portugueses tinham expulsado os mouros, em 1249. Em comparação, a Espanha, por exemplo, lutou contra os mouros até 1492, e ingleses e franceses lutaram entre si, na Guerra dos Cem Anos, até 1453.
No meu papel eu mostro uma capacitação mais construtiva entre o descobrimento do Brasil e sobre a colonização que possamos compreender com mais profundeza como tudo começou e a origem do nosso povo que conta muitas historia que sempre nos faz reagir sobre um aspecto mais tradicional hoje para o homem nordestino que sempre fez seu papel mais construtivo e demonstrativo para a construção de seu estado que nos formaliza entre varias artes envolvendo certas culturas que o povo não tinha antes de se
colonizar. O nordestino que sempre sofreu do começo e passou por varias transformações que hoje possamos entender seu ponto e educação que nos formalizou entre diversas artes e culturas que praticamente estão nos mostrando o crescimento e evolução de nossa gente sobre um proposito que virmos nos diz de hoje como pode o homem do campo que nasceu na catinga ao pau de arara que sempre sofreu com a seca no nordeste brasileiro e não teve facilidade e boas educações devido a infraestrutura e normas politicais do nosso país que se tem hoje um nível incomparável de desabrigados, sem estudos, sem trabalhos em que totalizamos mais de um bilhão de nordestinos que sempre sofreram desemprego, fome e desamparo que nos faz pensar como é o nosso nordeste Brasileiro que hoje possamos assumir certos progressos entre a arte e a cultura do povo nordestino que nos mostra efetivamente seu poder, trabalho e cultura sobre as demais classes sociais no mundo onde possamos entender sua historia e relações com a musica, xaxado e baião em que hoje são exemplos culturais de uma historia que fazemos filmes, musicas em que possa ser como um ponto de restauração em que bota o povo nordestino a serem mais idealistas como certos artistas que marcaram uma historia como Luiz Gonzaga do Nascimento (Exu, 13 de Dezembro de 1912 – Recife, 2 de agosto de 1989) foi um compositor e cantor brasileiro. Conhecido como o Rei do Baião, foi considerado uma das mais completas, importantes e criativas figuras da música popular brasileira.
Cantando acompanhado de sua sanfona, zabumba e triângulo, levou para todo o país a cultura musical do nordeste, como o baião, o xaxado, o xote e o forró pé de serra. Suas composições também descreviam a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o sertão nordestino.
Admirado pelos mais diversos artistas, Luiz Gonzaga ganhou notoriedade com as antológicas canções Asa Branca (1947), Seridó
(1949), Juazeiro (1948), Forró de Mané Vito (1950) e Baião de Dois (1950).
Nasceu na sexta-feira, dia 13 de dezembro de 1912, numa casa de barro batido na Fazenda Caiçara povoado do Araripe, a 12 km da área urbana do município de Exu, extremo noroeste do estado de Pernambuco, cidade localizada a 610 km de Recife. Foi o segundo filho de Ana Batista de Jesus Gonzaga do Nascimento, conhecida na região por ‘Mãe Santana’, e oitavo de Januário José dos Santos do Nascimento. O padre José Fernandes de Medeiros o batizou na matriz de Exu em 5 de janeiro de 1920.
Seu nome, Luiz, foi escolhido porque 13 de dezembro é o dia da festa de Santa Luzia, Gonzaga foi sugerido pelo vigário que o batizou, e Nascimento por ser dezembro, mês em que o cristianismo celebra o nascimento de Jesus.
A cidade de Exu fica no sopé da Serra do Araripe, e inspiraria uma de suas primeiras composições, Pé de Serra. Seu pai trabalhava na roça, num latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão; também consertava o instrumento. Foi com ele que Luiz aprendeu a tocar o instrumento. Muito jovem ainda, já se apresentava em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai. Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no sudeste do Brasil. O gênero musical que o consagrou foi o baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, composta em 1947 em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.
Antes dos dezoito anos, Luiz teve sua primeira paixão: Nazarena, uma moça da região. Foi rejeitado pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, que não o queria para genro, pois ele não tinha instrução, era muito jovem e sem maturidade para assumir um compromisso. Revoltado com o rapaz e ameaçou-o de morte. Mesmo assim Luiz e Nazarena namoraram às escondidas por meses e planejavam se casar.
Januário e Ana, pais de Luiz, lhe deram uma surra ao descobrirem que ele se envolveu com a moça sem a permissão da família dela, e ainda mais por Luiz tê-la desonrado: os dois disseram isto propositalmente, com o intuito de serem obrigados a se casar. Na época, a moça tinha que casar virgem e se houvesse relação sexual antes do matrimônio o homem era obrigado a casar-se ou morreria. Nazarena revelou ao pai o ocorrido e foi espancada por ele, no entanto Nazarena não engravidou. O coronel Raimundo ficou enfurecido e tentou matar o rapaz, que o enfrentou na luta. Raimundo revela que, mesmo desonrada, iria arrumar um casamento para a filha com um amigo mais velho que já sabia da situação dela, ou a internaria num convento, mas com Luiz ela não se casaria. Revoltado por não poder casar-se com Nazarena, e por não querer morrer nas mãos do pai dela, Luiz Gonzaga foi para Fortaleza e ingressou no exército em 5 de junho de 1930. Durante nove anos viajou por vários estados brasileiros, como soldado, sem dar notícias à família. Em agosto de 1932 foi para Belo Horizonte, onde ficou por quatro meses. Neste mesmo ano mudou-se para Juiz de Fora, onde viveu por cinco anos e teve a oportunidade de aprimorar sua habilidade com a sanfona. Em seguida, foi para Ouro Fino, também em Minas Gerais, onde permaneceu por dois anos. Deu baixa em 27 de março de 1939, no Rio de Janeiro.
Eu quero explicar com mais qualidade que o nordeste durante muito tempo ganhou certo espaço que não lhe converteria com que o passou em sua volta durante muitos anos que fez do homem rural que sofreu e ainda sofre diversas infrações que possa sempre refletir no nordestino como base de fundamentos culturais e ate mesmos históricos pra quem hoje esta vendo o nordeste passando por uma grande crise financeira e seca que botamos na pratica como funções que possamos sempre mostrar seu lado mais narrativo daquelas pessoas que sofreram e que muitos são hoje grandes pessoas há mostra seu papel e contar sua historia sobre um lado mais
relacionado ao cinema, musica que nos libertou de uma maneira mais criativa que praqueles que ver o nordeste tão fragmentado por certas relevâncias do homem do campo em que virmos em sua imagem seu papel mais evolutivo em que possamos acreditar em sua independência ficando acima de tudo o nordeste mais fértil pra os olhos de hoje que se rolam entre varias historias e musicas da vida do nordestino em que ele apenas sentiu com o calor do sol que o queima na solidão entre varias maneiras de se viver e que seu tema seria viver sobre duros trabalhos cansáveis em que podemos valorizar sua luta, desempenho em um lugar vasto quanto o mar que inesquecivelmente se tornaria independente e que o mar poderia daqui a alguns anos virar sertão quanto o sertão talvez possa virar mar e que certamente a teoria possa esta mais ligada em uma convicção que o mar poderia tomar espaços em se deslocar para o agreste porque certamente se parece um mar sendo o próprio sertão um verdadeiro mar ensolarado em que sempre o sol nasce maior e é de lá que vem o homem sertanejo que sempre sofreu e cuidou de uma vida de casa, vaquejada e luta que esta relacionada toda historia sobre um passado que sempre nos lembramos do sertão.
Há duas versões para explicar a origem da palavra Sertão durante a colonização do Brasil pelos portugueses. A primeira sustenta que ao saírem do litoral brasileiro e se interiorizarem, perceberam uma grande diferença climática nessa região semiárida. Por isso, há chamavam de "desertão", ocasionado pelo clima quente e seco. Logo, essa denominação foi sendo entendida como "de sertão", ficando apenas a palavra Sertão. A segunda versão, mais confiável, descreve a palavra como sendo derivada da palavra latina sertanus, que significa área deserta ou desabitada, que por sua vez deriva de sertum, que significa bosque.
O primeiro processo de interiorização dos colonizadores no país ocorreu nessa região, entre os séculos XVI e XVII. Com a falta de oportunidades no litoral, onde predominava a lavoura de cana-de-
açúcar, houve um deslocamento de populações para o interior, que se especializaram no pastoreio, como a criação de gado. A área foi ocupada por grupos de origem europeia e mestiça, de escassos recursos, os quais se miscigenaram continuamente com os povos indígenas do sertão, apesar da hostilidade existente entre vaqueiros e índios.
O desenvolvimento da pecuária pelos possibilitou o desbravamento nos sertões. Os caminhos de boiadas assim criados permitiram a articulação e o intercâmbio entre o litoral nordestino e o interior, dando origem a diversas cidades. O rio São Francisco constituiu uma via natural de entrada para o Sertão, ampliando a extensão da área envolvida nessas trocas.
Certamente virmos o homem nordestino nos mostra uma imensa grandeza que poucos valorizam sua historia e que este homem possa ser mais que um homem por ser como um leão a trabalhar sempre, dar duro como exemplo de um cabra que seja na filosofia voltada simplesmente a um ser que não se pode duvidar de seus argumentos e tradição que pela sua grandeza se estabeleceram o domínio do homem sobre o fascínio de viver que sempre o fez conquistar um padrão de vida mais violento e que possamos compreender certamente seu papel e valor que seria o cabra macho si senhor que sempre estabeleceu em sua historia e tradição que pra ser homem tem que nascer no sertão porque a vida contagiante possa mostrar uma teoria mais abrangente de um ser que nasceu e se crio sobre eternos sofrimentos e que um dia sua imagem brotou como uma rosa sobre a nação que se estabeleceu ordem, disciplina, justiça e honra e que pra ser homem tem que nascer curado de cobra e a serpente se parecem você mesmo que nunca duvidou e nem que tenha desculpas ou duvida de alguma coisa e se querem duvidar que tome muito cuidado. A mulher nordestina esta sobre todo poder que se tem na alma do sertanejo as suas maiores compaixões que de sua imagem meio sofrida ainda sobra quaisquer argumento que justifique que seu amor
é mais forte por ser mulher e que pra ser mulher tem que ser capa de aço como estabelecer um compromisso sobre certos prazeres que possam dominar o coração de um homem por seus dois olhos brilhantes que se distinguem o seu valor em sua face e quem não ama o sorriso feminino desconhece a poesia de Cervantes e que possamos compreender seu valor, beleza, trabalho e amor quando permanecemos a seu lado em que possamos compreender seu lado masculino e feminino que seria ou estaria nos compromissando entre uma dura razão de amar uma mulher e ser feliz e que o pecado possa andar calado ou seria mistério de nossas emoções que se encontra em seu intimo e a verdade que não queremos perder quanto poderíamos nunca lhe esquecer sobre seus domínios que certamente ficaria entre seu amor dosam-te, temeroso e alucinante em que nos faz esquecer as magoas da vida que certamente são desatinadas a seu lado e o companheirismo possa ser o derivado e a causa de amar e o sinônimo seria amar porque seu amor é mais realista quanto o que temos que pensar porque ser mulher não quer dizer que possamos refletir e decifra essa questão que nem todas possam ser porque seria apenas amar e pra ser mulher possa ser real esta mulher que vive no silencio e que esta mulher nos carece talvez pelas suas nobrezas e capacidades que possam algum dia nos mostra que suas magoas possam apenas sempre nos unir e que seu amor não nos compraria a sorte e que sim apreenderemos sempre a não duvidar dessa mulher que é apenas uma mulher e virmos o nordeste transformar nossos olhos em águas e que suas distancias não mede o sofrimento de um povo que sempre será rico e que apenas deixaram provas que seu sofrimento nos acolheu sobre uma clarividência que levamos no coração por sermos de corpo e alma nordestinos e apernas certas pessoas que deram as suas vidas pelo um país maior e melhor em que hoje somos os melhores artista do mundo e que o sertão possa sempre mostra que seu valor não tem limites quanto a sua extensão que fica guardada com a gente todas suas astucias, sofrimentos e historia de um povo que se criou e mostrou em sua luta que o que faz
de um país talvez não possa ser sua beleza e sim a profundidade de sua existência e sua alma.
A Região Nordeste é uma das cinco regiões do Brasil definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1969. Possui área equivalente à da Mongólia ou do estado do Amazonas, população equivalente à da Itália e um IDH médio, comparável com El Salvador (dados de 2010). Em comparação com as outras regiões brasileiras, tem a segunda maior população, o terceiro maior território, o segundo maior colégio eleitoral (36 727 931 eleitores em 2010), o menor IDH (2017) e o terceiro maior PIB (2009).
É a região brasileira que possui o maior número de estados (nove no total): Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Em função de suas diferentes características físicas, a região é dividida em quatro sub-regiões: meio-norte, sertão, agreste e zona da mata, tendo níveis muito variados de desenvolvimento humano ao longo de suas zonas geográficas.
A região Nordeste foi o berço da colonização europeia no país, uma vez que nela ocorreu a descoberta do Brasil e se consolidou a colonização exploratória que consistia, em suma, na extração do pau-brasil (ou pau-de-pernambuco), cuja tinta da madeira era utilizada para tingir as roupas da nobreza do Velho Mundo. Com a criação das capitanias hereditárias em 1534, foi fundada a Vila de Olinda, e anos mais tarde deu-se o início da construção da primeira capital do Brasil, Salvador, para abrigar o governo-geral. O Nordeste foi também o centro financeiro do Brasil até meados do século XVIII, uma vez que a Capitania de Pernambuco foi o principal centro produtivo da colônia e Recife a cidade de maior importância econômica.
Historia:
A pesquisa arqueológica no Brasil surgiu mediante a curiosidade e os estudos dos exploradores, naturalistas, viajantes, botânicos, geólogos, e paleontólogos europeus. Nesse sentido, os registros científicos dessas diversas áreas confundem-se e complementam-se. De maneira geral, as numerosas informações arqueológicas existentes na bibliografia sobre o nordeste, até a década de 60, eram produtos de achados casuais e/ou de apressadas coletas de superfície. Os estudos arqueológicos no Nordeste brasileiro começaram sistematicamente no século XX, a partir da década de 60. Desde então, foram se constituindo núcleos de estudos nesta área, que têm hoje consolidado o reconhecimento nacional e internacional. A partir do avanço das pesquisas acerca da temática arqueológica nordestina em conjunto com desenvolvimento de novas tecnologias de datação, como por exemplo, o Carbono 14, pode-se ter noção do período das primeiras ocupações estabelecidas na região. Numerosos sítios no Nordeste são registrados sob a convencional denominação de Arte Rupestre. Gabriela Martín e André Prous apontam para a mais antiga referência a uma gravura rupestre, no Brasil, feita por Feliciano Coelho de Carvalho, na Paraíba, em 1598. Para a Bahia, encontramos um documento do século XVIII, no Arquivo Histórico Ultramarino, que faz menção a locais com pinturas rupestres, com figuras humanas e de animais, encontradas durante uma viagem pelo interior do estado à procura de salitre. O território do Nordeste possui um enorme acervo de pinturas e gravuras realizadas sobre um suporte fixo pétreo, seja em abrigos, em paredões tipo cânion ou em afloramentos rochosos. Os grafismos foram localizados até o momento em quase todos os estados nordestinos. Os trabalhos sistemáticos de muitos arqueólogos que trabalham no Nordeste, nesse campo da Arqueologia, permitem hoje reconhecer unidades estilísticas que foram denominadas de tradições. Existem algumas variações localizadas, feitas sobre a estrutura temática das tradições que os arqueólogos chamam de subtradições. A distribuição de sítios dessas tradições varia de estado para estado, havendo em
alguns, maior frequência de uma ou de outra. Por outro lado devemos considerar que ainda não foram esgotadas as possibilidades de achados e que alguns territórios poderão apresentar um patrimônio insuspeitado.
Colonização europeia
Colonização do Brasil
O Nordeste era habitado desde a pré-história pelos povos indígenas do Brasil, que, no início da colonização, realizavam trocas comerciais com europeus, na forma de extração do pau-brasil em troca de outros itens. Mas, ao longo do período de colonização, eles foram incorporados ao domínio europeu ou eliminados, em decorrência das constantes disputas contra os senhores de engenho.
A região foi o palco do descobrimento durante o século XVI. Portugueses chegaram em uma expedição no dia 22 de abril de 1500, liderados por Pedro Álvares Cabral, na atual cidade de Porto Seguro, no estado da Bahia.
Foi no litoral nordestino que se deu início a primeira atividade econômica do país, a extração do pau-brasil. Países como a França, que não concordavam com o Tratado de Tordesilhas, realizavam constantes ataques ao litoral com o objetivo de contrabandear madeira para a Europa.
A costa norte do atual estado do Maranhão foi invadida pela França, na chamada França Equinocial. Os colonos franceses fundaram um povoado denominado de "Saint Louis" (atual São Luís), em homenagem ao soberano, Luís XIII de França. Cientes da presença francesa na região, os portugueses reuniram tropas a partir da Capitania de Pernambuco, sob o comando de Alexandre de Moura. As operações militares culminaram com a capitulação francesa em fins de 1615.
Invasões holandesas
Invasões holandesas
Em 1630, a Capitania de Pernambuco foi invadida pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (West Indische Compagnie). Por ocasião da União Ibérica (1580 a 1640), a então chamada República Holandesa, antes dominada pela Espanha, tendo depois conseguido sua independência através da força, veem em Pernambuco a oportunidade para impor um duro golpe na Espanha, ao mesmo tempo em que tirariam o prejuízo do fracasso na Bahia, uma vez que Pernambuco era o principal centro produtivo da colônia. Em 26 de dezembro de 1629, partia de São Vicente, Cabo Verde, uma esquadra com 66 embarcações e 7.280 homens em direção a Pernambuco. Os holandeses, desembarcando na praia de Pau Amarelo, conquistam a capitania de Pernambuco em fevereiro de 1630 e estabelecem a colônia Nova Holanda. A frágil resistência portuguesa na passagem do Rio Doce, invadiu, sem grandes contratempos, Olinda e derrotou a pequena, porém aguerrida, guarnição do forte (que depois passaria a ser chamado de Brum), porta de entrada para o Recife através do istmo que ligava as duas cidades.
O Recife, conhecido como Mauritsstad (Cidade Maurícia), foi a capital do Brasil Holandês, tendo sido governada na maior parte do tempo pelo conde alemão (a serviço da Coroa dos Países Baixos) Maurício de Nassau. Neste período, Recife foi considerada a mais próspera e urbanizada cidade do continente americano. O império holandês nas Américas era composto na época por uma cadeia de fortalezas que iam do Ceará à embocadura do rio São Francisco, ao sul de Alagoas. Os holandeses também possuíam uma série de feitorias na Guiné e Angola, situadas no outro lado do Atlântico, o que lhes dava controle sobre o açúcar e o tráfico negreiro, administradas pela Companhia das Índias Ocidentais.
As Batalhas dos Guararapes, episódios decisivos na Insurreição Pernambucana, são consideradas a origem do Exército Brasileiro.
O conde desembarcou na Nieuw Holland, a Nova Holanda, em 1637, acompanhado por uma equipe de arquitetos e engenheiros. Nesse
ponto, começa a construção de Mauritsstad, que foi dotada de pontes, diques e canais para vencer as condições geográficas locais. O arquiteto Pieter Post foi o responsável pelo traçado da nova cidade e de edifícios como o palácio de Freeburg, sede do poder de Nassau na Nova Holanda, e do prédio do observatório astronômico, tido como o primeiro do Novo Mundo. Em 28 de fevereiro de 1644, o Recife (atualmente o Bairro do Recife) foi ligado à Cidade Maurícia com a construção da primeira ponte da América Latina. Maurício de Nassau realizou uma política de tolerância religiosa frente aos católicos e calvinistas. Além disso, permitiu a migração de judeus ao Recife, que passou a abrigar a maior comunidade judaica de todo o continente, e a criação de uma sinagoga, a Kahal Zur Israel, inaugurada em 1642 e considerada o primeiro templo judaico das Américas do Sul, Central e do Norte.
Por diversos motivos, sendo um dos mais importantes a exoneração de Maurício de Nassau do governo da capitania pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, o povo de Pernambuco se rebelou contra o governo, juntando-se à fraca resistência ainda existente, num movimento denominado Insurreição Pernambucana. Com a chegada gradativa de reforços portugueses, os holandeses por fim foram expulsos em 1654, na segunda Batalha dos Guararapes. Foi nesta ocasião que se diz ter nascido o Exército brasileiro.
Durante o período colonial, no século XVI, a resistência quilombola se iniciou no Brasil, com a fuga de escravos para o Quilombo dos Palmares, na região da serra da Barriga, atual território de Alagoas. Nos vários mocambos palmarinos chegaram a reunir-se mais de vinte mil pessoas. Em 1694, o Macaco, "capital" de Palmares, foi tomado e destruído, Zumbi dos Palmares foi capturado e teve sua cabeça degolada e exposta em praça pública no Recife.
A cidade de Salvador foi a primeira sede do governo-geral no Brasil, pois estava estrategicamente localizada em um ponto médio do litoral. O governo-geral foi uma tentativa de centralização do poder
para auxiliar as capitanias, que estavam passando por um momento de crise. A atividade açucareira é até hoje a principal atividade agrícola da região.
Geografia
Imagem de satélite da NASA mostrando a Região Nordeste do Brasil e partes do Norte, Sudeste e Centro-Oeste.
Geografia da Região Nordeste do Brasil.
A área do Nordeste brasileiro é de 1 554 291,744 km²,equivalente a 18% do território nacional e é a região que possui a maior costa litorânea. A região possui os estados com a maior e a menor costa litorânea, respectivamente Bahia, com 932 km de litoral e Piauí, com 60 km de litoral. A região toda possui 3338 km de praias.
Está situado entre os paralelos de 07° 12' 35" de latitude sul e 48° 20' 07" de latitude sul e entre os meridianos de 34° 47' 30" e 48° 45' 24", a oeste do meridiano de Greenwich. Limita-se a norte e a leste com o oceano Atlântico, ao sul com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e a oeste com os estados do Pará, Tocantins e Goiás.
Relevo
Uma das características do relevo nordestino é a existência de dois antigos e extensos planaltos, o Borborema e a bacia do rio Parnaíba e de algumas áreas altas e planas que formam as chamadas chapadas, como a Diamantina, onde se localiza o ponto mais elevado da região, o Pico do Barbado, com 2.033 metros de altitude, na Bahia, e a do Araripe, nas divisas entre os Estados do Ceará, Piauí, Pernambuco e a Paraíba. Entre essas regiões há algumas depressões, nas quais está localizado o sertão, região de clima semiárido.
Segundo o professor Jurandyr Ross, que com sua equipe compilou informações do Projeto Radam (Radar da Amazônia) e mostrou uma divisão do relevo brasileiro mais rica e subdivida em 28 unidades, no Nordeste ficam localizados os já citados planalto da Borborema e
planaltos e chapadas da bacia do rio Parnaíba, a depressão Sertaneja-São Francisco e parte dos planaltos e serras do leste-sudeste, além das planícies e tabuleiros litorâneos.
Clima
Triunfo, no estado de Pernambuco, tem temperatura amena apesar de estar localizada no Semiárido. Isso é possível graças à sua altitude (1.004m), uma das mais elevadas do sertão nordestino.
A região Nordeste do Brasil apresenta média anual de temperatura entre 20° e 28° C. Nas áreas situadas acima de 200 metros e no litoral oriental, as temperaturas variam de 24° a 26 °C. As médias anuais inferiores a 20 °C encontram-se nas áreas mais elevadas da Chapada Diamantina e do planalto da Borborema. O índice de precipitação anual varia de 300 a 2000 mm. Quatro tipos de climas estão presentes no Nordeste:
• Clima equatorial úmido: presente em uma pequena parte do estado do Maranhão, na divisa com o Piauí;
• Clima litorâneo úmido: presente do litoral da Bahia ao do Rio Grande do Norte;
• Clima tropical: presente nos estados da Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí;
• Clima semiárido: presente no sertão e em parte do agreste.
Com precipitação média de chuvas de cerca de 300 milímetros por ano, às quais ocorrem durante no máximo três meses, dando vazão a estiagens que duram às vezes mais de dez meses, Cabaceiras, na Paraíba, tem o título de município mais seco do país. A Região Nordeste encontra-se com 72,24% de seu território dentro do polígono das secas, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Vegetação
A vegetação nordestina vai desde a Mata Atlântica no litoral até a Mata dos Cocais no Meio Norte, com ecossistemas como os manguezais, a caatinga, o cerrado, as restingas, dentre outros, que possuem fauna e flora exuberantes, diversas espécies endêmicas e animais ameaçados de extinção.
A caatinga, vegetação típica do Sertão nordestino.
• Mata Atlântica: também chamada de Floresta tropical úmida de encosta, a mata atlântica estendia-se originalmente do Ceará até o Rio Grande do Sul, porém, em consequência dos desmatamentos que ocorreram em função principalmente da indústria açucareira, hoje só restam cerca de 5% da vegetação original, dispersos em "ilhas". Foi na mata atlântica nordestina que começou o processo de extração do pau-brasil; existem também florestas semideciduais e úmidas nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia, que constituem encraves de Mata Atlântica de forma não contínua como no litoral, ocorrendo somente em serras e chapadas do interior desses territórios e caracterizando o chamado brejo de altitude.
• Mata dos cocais: formação vegetal de transição entre os climas semiárido, equatorial e tropical. As espécies principais são o babaçu e a carnaúba, além do buriti. Ocorre em parte do Maranhão, do Piauí, do Ceará, do Rio Grande do Norte e do Tocantins na região Norte. Representa menos de 3% da área do Brasil.
• Cerrado: ocupa 25% do território brasileiro, mas no Nordeste só abrange o sul do estado do Maranhão, o sudoeste do Piauí, o oeste da Bahia, áreas interioranas das regiões Sul e Centro-Sul do Ceará (nestas, ilhadas pela caatinga), Microrregião de Araripina em Pernambuco e algumas áreas da faixa litorânea que vai do Piauí até o Sergipe. Apresenta árvores de baixo porte, com galhos retorcidos, com o chão coberto por gramíneas e solos de alta acidez; no Cariri cearense também existe a formação do cerradão, um cerrado com árvores mais altas.
• Caatinga: vegetação típica do sertão, tem como principais espécies o pereiro, a aroeira, as leguminosas e as cactáceas. É uma formação de vegetais xerófitos (vegetais de regiões secas), mas é rica ecologicamente. Ocorre em todos os estados nordestinos exceto o Maranhão, e no norte de Minas Gerais, na Região Sudeste.
• Vegetações litorâneas e matas ciliares: na categoria de vegetação litorânea, pode-se incluir os mangues, um rico ecossistema local de moradia e reprodução dos caranguejos e importante para a preservação de rios e lagoas. Também pode-se incluir as restingas e as dunas. As matas ciliares ou matas de galeria são comuns em regiões de cerrados, mas também podem ser vistas na Zona da Mata. São pequenas florestas que acompanham as margens dos rios, onde existe maior concentração de materiais orgânicos no solo, e funcionam como uma proteção para os rios e mares.
Hidrografia
Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, no estado do Maranhão.
As bacias hidrográficas do Nordeste são:
• Bacia do São Francisco: é a principal da região, formada pelos rios São Francisco e seus afluentes. São praticadas atividades de pesca, navegação e produção de energia elétrica pelas hidrelétricas de Três Marias, Sobradinho, Paulo Afonso, Luiz Gonzaga e a de Xingó. A bacia delimita as divisas naturais de Bahia com Pernambuco e também de Sergipe e Alagoas, que é onde está localizada sua foz.
• Bacia do Parnaíba: é a segunda mais importante, ocupando uma área de cerca de 344.112 km² (3,9% do território nacional) e drena quase todo o estado do Piauí, parte do Maranhão e Ceará. O rio Parnaíba é um dos poucos no mundo a possuir um delta em mar aberto, com uma área de manguezal de aproximadamente, 2.700 km².
• Bacia do Atlântico Nordeste Oriental: ocupa uma área de 287.384 km², abrangendo seis estados: Piauí, Ceará, Pernambuco,
Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte . Os rios principais são o Jaguaribe, Piranhas-Açú, Apodi, Acaraú, Curimataú, Mundaú, Paraíba, Capibaribe, Ipojuca e Una, (esses três últimos no estado de Pernambuco).
• Bacia do Atlântico Nordeste Ocidental: situada entre o Nordeste e a região Norte, fica localizada, quase que em sua totalidade, no estado do Maranhão. Algumas de suas sub-bacias constituem ricos ecossistemas, como manguezais, babaçuais e várzeas. Os rios principais são o Gurupi, Turiaçu, Mearim, e Itapecuru.
• Bacia do Atlântico Leste: compreende uma área de 364.677 km², dividida entre 2 estados do Nordeste (Bahia e Sergipe) e dois do Sudeste (Minas Gerais e Espírito Santo). Na bacia, a pesca é utilizada como atividade de subsistência.
Zonas geográficas
Sub-regiões do Nordeste: 1 Meio-Norte, 2 Sertão, 3 Agreste e 4 Zona da Mata.
Em função de suas diferentes características físicas, a região Nordeste é dividida em quatro zonas ou sub-regiões:
• Meio-Norte: É uma faixa de transição entre a Amazônia e o Sertão nordestino. Engloba o estado do Maranhão e o oeste do estado do Piauí. Esta zona geográfica também é conhecida como Mata dos Cocais. No litoral, chove cerca de 2 000 mm anuais. Indo mais para o leste ou para o interior, esse número cai para 1 500 mm anuais, e, no sul do Piauí, uma região mais parecida com o Sertão, chove em média 700 mm por ano.
• Sertão: Está localizado, em quase sua totalidade, no interior da Região Nordeste, sendo sua maior zona geográfica. Possui clima semiárido. Em estados como Ceará e Rio Grande do Norte chega a alcançar o litoral, e, descendo mais ao sul, alcança a divisa entre
Bahia e Minas Gerais. As chuvas nesta sub-região são irregulares e escassas, ocorrendo constantes períodos de estiagem. A vegetação típica é a caatinga.
• Agreste: É uma faixa de transição entre o Sertão e a Zona da Mata. É a menor zona geográfica da Região Nordeste. Está localizada no alto do Planalto da Borborema, um obstáculo natural para a chegada das chuvas ao sertão. Estende-se do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. Do lado leste do planalto estão as terras mais úmidas (Zona da Mata); do outro lado, para o interior, o clima vai ficando cada vez mais seco (Sertão).
• Zona da Mata: Localizada no leste, entre o Planalto da Borborema e a costa, estende-se do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia. As chuvas são abundantes nesta região. Recebeu este nome por ter sido coberta pela Mata Atlântica. Os cultivos de cana-de-açúcar e cacau substituíram as áreas de florestas. É a zona mais desenvolvida da Região Nordeste.
Demografia
Imagem de satélite noturna destaca a concentração urbana, reconhecida pelas luzes emitidas, na Zona da Mata.
Lista dos cem municípios mais populosos da região Nordeste do Brasil
Segundo dados do IBGE, a região possui mais de 49 milhões de habitantes, quase 30% da população brasileira. É a segunda região mais populosa do país, atrás apenas da região Sudeste. É também a terceira região quanto à densidade demográfica, contando com 32 habitantes por quilômetro quadrado. As maiores cidades nordestinas, em termos populacionais, são: Salvador, Fortaleza, Recife, São Luís, Natal, Teresina, Maceió, João Pessoa, Feira de Santana, Jaboatão dos Guararapes, Aracaju, Olinda, Campina Grande, Caucaia, Paulista, Vitória da Conquista, Caruaru, Petrolina, Mossoró, Parnamirim,
Juazeiro do Norte, Itabuna e Juazeiro, todas com mais de duzentos mil habitantes.
Urbanização
Assim como acontece em todo o território brasileiro, a população nordestina é mal distribuída. Cerca de 60,6% dela fica concentrada na faixa litorânea e nas principais capitais. No sertão e interior, os níveis de densidade populacional são mais baixos, principalmente por causa do clima semiárido. Ainda assim, a densidade demográfica no semiárido nordestino é uma das mais altas do mundo para esse tipo de área climática.
De acordo com os dados do IBGE (2004), 71,5% da dos nordestinos estão em áreas urbanas. A urbanização do Nordeste foi mais lenta em relação ao resto do país, mas se acelerou nas últimas décadas. No período 1991-1996, a população rural no total da população teve queda de 45,8%.
Áreas metropolitanas
A Região Metropolitana do Recife, no estado de Pernambuco, é o maior aglomerado urbano do Nordeste.
A Região Metropolitana de Patos, no estado da Paraíba, é a região metropolitana que tem mais municípios do Nordeste. São 24 municípios no total.
A região de Petrolina e Juazeiro e a do Cariri somadas a Sousa configuram uma dinâmica rede urbana triangular no semiárido central do Brasil, nucleada nas capitais regionais Petrolina (PE)/Juazeiro (BA) e Juazeiro do Norte (CE) e no centro sub-regional Sousa (PB).
Todas as capitais da região Nordeste possuem região metropolitana (RM), com exceção de Teresina, que possui região integrada de desenvolvimento econômico (RIDE), por abrigar municípios de diferentes unidades federativas. Além das capitais, outras áreas metropolitanas figuram no interior. As regiões metropolitanas mais
antigas são as de Recife, Salvador e Fortaleza, as quais foram criadas pela Lei Complementar Federal do Brasil 14 de 1973, e são também as mais populosas. As outras foram criadas por meio de leis complementares estaduais, como a Região Metropolitana de Feira de Santana.
Todos os nove estados nordestinos possuem ao menos uma área metropolitana em seu território, seja na sua totalidade (como Rio Grande do Norte e Sergipe) ou parcialmente (Piauí). Nesse sentido, Maranhão possui três no total. São duas (São Luís e Sudoeste Maranhense), localizadas integralmente dentro do território maranhense, e outra (Grande Teresina) expande-se pelo Piauí. O estado da Paraíba possui o maior número de regiões metropolitanas (doze no total).
Dados do censo de 2010 do IBGE confirmam a Região Metropolitana do Recife como a mais populosa do Nordeste Brasileiro, a quinta do Brasil e a 107ª do mundo. A Região Metropolitana de Salvador caiu uma colocação na classificação regional e nacional, sendo ultrapassada pela Região Metropolitana de Fortaleza; esta passa a ocupar a segunda posição no Nordeste, a sexta do Brasil e a 108ª do mundo. Composição étnica
Povos indígenas no Nordeste do Brasil
Para a formação do povo nordestino, participaram três grupos étnicos: o indígena, o branco e o negro.
A miscigenação étnica e cultural desses três elementos foi o pilar para a composição da população do Nordeste, porém, essa mistura de raças não aconteceu de forma uniforme. Em algumas regiões, como no Ceará, no Piauí, na Paraíba, no Rio Grande do Norte e no oeste e região central de Pernambuco predominam os caboclos. Já em outras, como a Bahia, e o leste de Pernambuco, os mulatos predominam. Os cafuzos também são muito comuns no Maranhão.
Os estados com maior população branca são Pernambuco (36,6%), Paraíba (36,4%) e Rio Grande do Norte (36,3%); os com maior população negra, Bahia (16,8%), Maranhão (6,6%) e Piauí (5,9%); os com maior população indígena, Maranhão (0,9%), Bahia (0,3%) e Paraíba (0,3%); e os com maior população parda, Piauí (69,9%), Maranhão (68,6%) e Alagoas (67,7%).
Estudos genéticos
Salvador, Bahia, é a cidade com o maior número de afrodescendentes do Brasil; porém, o município com o maior percentual de indivíduos da raça negra no país é Riacho Frio-PI (61,71%). Bahia (16,8%), Maranhão (6,6%) e Piauí (5,9%) são os estados nordestinos com maior porcentagem de negros.
De acordo com o estudo autossômico de 2011, levado a cabo pelo geneticista brasileiro Sérgio Pena, o componente europeu é o predominante na população do Nordeste, com contribuições africanas e indígenas. De acordo com o estudo realizado, a composição do Nordeste pode assim ser descrita: 60,10% de herança europeia, 29,30% de herança africana e 8,90% indígena. Esse estudo foi realizado com base em doadores de sangue, sendo que a maior parte dos doadores de sangue no Brasil vêm das classes mais baixas (além de enfermeiros e demais pessoas que laboram em entidades de saúde pública, representando bem, assim, a população brasileira). Esse estudo constatou que os brasileiros de diferentes regiões são geneticamente muito mais homogêneos do que se esperava, como consequência do predomínio europeu (o que já havia sido mostrado por vários outros estudos genéticos autossômicos, como se pode ver abaixo). “Pelos critérios de cor e raça até hoje usados no censo, tínhamos a visão do Brasil como um mosaico heterogêneo, como se o Sul e o Norte abrigassem dois povos diferentes”, comenta o geneticista. “O estudo vem mostrar que o Brasil é um país muito mais integrado do que pensávamos.” A homogeneidade brasileira é, portanto, muito maior entre as regiões do que dentro delas, o que
valoriza a heterogeneidade individual. Essa conclusão do trabalho indica que características como cor da pele são, na verdade, arbitrárias para categorizar a população. Segundo um estudo genético autossômico de 2009, a herança europeia é a dominante no Nordeste, respondendo por 66,70% da população, o restante sendo africana (23,30%) e ameríndia (10%). Já de acordo com um estudo genético autossômico feito em 2010 pela Universidade Católica de Brasília, publicado no American Journal of Human Biology, a herança genética europeia é a predominante no Brasil, respondendo por volta de 80% do total, sendo que no Sul esse percentual sobe para 90%.Os resultados também mostravam que, no Brasil, indicadores de aparência física, como cor da pele, dos olhos e dos cabelos, têm relativamente pouca relação com a ascendência de cada pessoa (ou seja, o fenótipo de uma pessoa não indica claramente o seu genótipo). De acordo com esse estudo, a contribuição europeia responde por 77,40% da ancestralidade dos nordestinos, a africana, 13,60% e a indígena, 8,90%. Esse estudo foi realizado com base em amostras de testes de paternidade gratuitos, conforme exposto pelos pesquisadores: "os teste de paternidade foram gratuitos, as amostras da população envolvem pessoas de variável perfil socioeconômico, embora provavelmente com um viés em direção ao grupo dos 'pardos'".
Baía da Traição, no estado da Paraíba, abriga a maior população indígena do nordeste brasileiro. É território tradicional dos índios Potiguara.
De acordo com um estudo genético realizado em 1965, pelos pesquisadores norte-americanos D. F. Roberts e R. W. Hiorns, "Methods of Analysis of a Hybrid Population" (em Human Biology, vol. 37, number 1), a ancestralIdade Média do nordestino é predominantemente europeia (grau por volta de 65%), com contribuições menores, mas importantes, da África e dos indígenas brasileiros (25% e 9% respectivamente). Já de acordo com um
estudo de DNA autossômico mais antigo (de 2003), a herança no Nordeste pode assim ser caracterizada: 75% de ancestralidade europeia, 15% africana e 10% indígena. Os pesquisadores foram cautelosos quanto à conclusão do estudo, já que ele foi feito com base em amostras de pessoas que fizeram o teste de paternidade, o que poder ter contribuído, em parte, para alterar os resultados de certa maneira. Pesquisas genéticas recentes feitas por um laboratório brasileiro mostraram que em torno de 1/5 dos nordestinos (19%) possuem um haplogrupo paterno tipo 2 originário da Europa, uma porcentagem maior que a presente (13%) na população portuguesa. Esse "excesso" na frequência do haplogrupo 2 poderia ser devido à influência genética da miscigenação com colonizadores holandeses, que estiveram no Nordeste entre 1630 e 1654. Na época da invasão holandesa, embora a miscigenação não tenha sido oficialmente estimulada, há relatos de muitas uniões interraciais. A ausência de mulheres holandesas estimulou a união e mesmo o casamento de oficiais e colonos holandeses com filhas de abastados senhores de engenho luso-brasileiros e, mais informalmente, destes com índias, negras, caboclas e mulatas locais. Esses colonizadores eram divididos em dois grupos: os Dienaaren ("servidores", sobretudo soldados à serviço da Coroa Holandesa) e os Vrijburghers ("homens livres", os colonos que vieram exercer a função de comerciantes). Análises genéticas podem revelar ancestralidade europeia em pessoas negras e mulatas. O cantor Djavan, de Alagoas, bem como o pai da atriz Ildi Silva, da Bahia, por exemplo, descobriram que possuem ancestralidade europeia na linhagem paterna, o que atribuem a hipotéticos ancestrais holandeses.
Ouro Branco:
Localização de Ouro Branco-RN, a cidade nordestina com o maior percentual de brancos (86,07%).
No interior pernambucano, especialmente no Sertão do Araripe e em comunidades do Agreste, há muitas pessoas de pele bem clara, cabelos louros e olhos claros. A tradição afirma que são descendentes de holandeses que se esconderam durante a Insurreição Pernambucana, o que possibilitou uma configuração étnica única no estado Um grupo exemplar deste fenômeno são os Gangarras do Bandeira, população de pele, cabelos e olhos claros do município de Brejo da Madre de Deus.
Estudos genéticos realizados em habitantes de capitais nordestinas têm confirmado a origem mestiça dessa população, formada pela miscigenação de europeus, africanos e índios. A contribuição de cada etnia varia de capital para capital, sendo que a europeia é a mais preponderante. Por exemplo, para a população de Natal, a ancestralidade encontrada foi 58% europeia, 25% africana e 17% indígena. Para a população de Aracaju, 62% europeia, 34% africana e 4% indígena. No caso de São Luís, a ancestralidade encontrada foi 42% europeia, 39% ameríndia e 19% africana. Em Salvador a ancestralidade predominante é africana (49,2%), seguida pela europeia (36,3%) e indígena (14,5%). O estudo também concluiu que soteropolitanos que possuem sobrenome com conotação religiosa tendem a ter maior grau de ancestralidade africana (54,9%) e a pertencer a classes sociais menos favorecidas. Já a ancestralidade de migrantes nordestinos que moram em São Paulo seria de 59% europeia, 30% africana e 11% indígena, de acordo com um estudo muito antigo de 1965, baseado em polimorfismos sanguíneos. De acordo com um outro estudo, de 1997, para toda a população nordestina, a ancestralidade estimada seria de 51% europeia, 36% africana e 13% indígena. De acordo com um estudo genético de 2011, pardos e brancos de Fortaleza, que constituem a maior parte da população, apresentaram ancestralidade europeia (por volta de 70%) sendo o restante basicamente dividido em importantes contribuições africana e indígena. De acordo com um estudo genético de 2015, a
população de Fortaleza tem a seguinte composição genética: 48,9% de contribuição europeia, 35,4% de contribuição indígena e 15,7% de contribuição africana. De acordo com um estudo genético de 2013, a composição genética da população de Pernambuco é 56,8% europeia, 27,9% africana e 15,3% ameríndia. No mesmo ano, outro estudo realizado em Alagoas concluiu que a composição genética de 54,7% da população do estado é europeia, 26,6% africana e 18,7% ameríndia.
Indivíduos braquicéfalos são comuns em parte do sertão nordestino, especialmente na área que hoje compreende o estado do Ceará. Essa característica peculiar foi herdada dos seus antepassados: os índios cariris. Grande parte da população parda cearense, que corresponde a 66,1% da população total do estado, compartilha essa característica. Alguns povos de outros países têm o mesmo tipo de crânio.
Fluxos migratórios
Mapa da migração no Brasil entre as décadas de 1960 e 1980.
Devido à enorme desigualdade de renda, à grande concentração fundiária e ao problema da seca no Sertão Nordestino, o Nordeste é desde a época império de D. Pedro II e especialmente na segunda metade do século XX uma região de forte repulsão populacional. Devido à oferta de empregos em outras regiões do Brasil, principalmente nas décadas de 60, 70 e 80, a migração nordestina tem sido destaque na dinâmica populacional brasileira, em especial nas regiões Norte e Sudeste do Brasil.
Na década de 1990, entretanto, devido às crises econômicas e à saturação dos mercados de várias grandes cidades, a oferta de empregos diminuiu, a qualidade da educação piorou e a renda continuou mal distribuída, fazendo com que a maioria dos nordestinos que haviam migrado, fugindo da miséria, e seus descendentes continuassem com estrutura de vida precária. Por causa da visão propagada em décadas anteriores, o suposto ideal imaginário que se
formou em relação à região Sudeste e da promessa de uma qualidade de vida melhor, de fácil oportunidade de emprego, salários mais altos, entre outros; iludido por esse sonho, quando um nordestino migra para o Sudeste em busca de uma melhoria na qualidade de vida, normalmente acaba encontrando o contrário, além de sofrer, não raro, preconceito social no dia-a-dia. Nos últimos anos, o movimento tradicional de emigração tem reduzido ou até se invertido na região Nordeste. Segundo o estudo "Nova geoeconomia do emprego no Brasil", da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os estados do Ceará, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte receberam mais migrantes entre 1999 e 2004 do que enviaram para outras regiões. O estado da Paraíba, segundo a mesma pesquisa, foi o exemplo mais radical da transformação por que tem passado os padrões migratórios na região: inverteu o padrão migratório do saldo negativo de 61 mil pessoas para o saldo positivo de 45 mil. Em todos os outros estados que continuam a contar com um saldo migratório negativo, o número de migrantes diminuiu no mesmo período analisado: no Maranhão, diminuiu de 173 mil para 77 mil; em Pernambuco, de 115 mil para 24 mil; e na Bahia, de 267 mil para 84 mil.
Problemas sociais
Polígono das secas, Migração nordestina e Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
No sertão nordestino ainda existem vítimas das estiagens, que são constantes. Os estados com maior concentração de pobreza extrema são Maranhão, Alagoas e Piauí.
A região nordeste do Brasil mantém problemas históricos: agricultura atrasada e pouco diversificada, grandes latifundiários, concentração de renda e uma indústria pouco diversificada e de baixa produtividade; além do fenômeno natural de secas constantes (ver: Polígono das secas). As distintas características entre o nordeste e outras regiões do país, além de acentuar as desigualdades
regionais, formaram um cenário propício à migração nordestina, em especial às áreas urbanas. No entanto, apesar de vir apresentando grande melhora nos últimos anos no que tange à qualidade de vida de sua população, tem ainda os mais baixos indicadores sócio-econômicos do país, tais como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Os baixos indicadores são mais graves nas áreas rurais e no sertão nordestino, que sofre longos períodos sem chuva; no entanto, seus indicadores são melhores que os de países como África do Sul (maior economia do continente africano), Bolívia e Guiana. 18,7% dos nordestinos eram analfabetos em 2009 segundo informação divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); e, segundo o Ibope, 22% eram beneficiados pelo programa de transferência de renda Bolsa Família em 2010. A taxa de fecundidade do Nordeste era de 2,04 filhos por mulher em 2009, acima da média nacional (1,94 filho por mulher) e das taxas das regiões Sudeste (1,75 filho por mulher), Sul (1,92 filho por mulher) e Centro-Oeste (1,93 filho por mulher), e abaixo da taxa da Região Norte (2,51 filhos por mulher). Ressalte-se que a taxa de natalidade nordestina está abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher – duas crianças substituem os pais e a fração 0,1 é necessária para compensar os indivíduos que morrem antes de atingir a idade reprodutiva – e é semelhante às taxas de alguns países desenvolvidos, a exemplo dos Estados Unidos e da Islândia (ambos com taxa de 2,05 filhos por mulher).
Economia
O PIB de Pernambuco cresceu 15,78% em 2010, mais que o dobro da média nacional do mesmo ano, que ficou em 7,5%. O Complexo Industrial de Suape, responsável por esse crescimento, abriga empreendimentos como o Estaleiro Atlântico Sul. O petroleiro João Cândido (na foto) foi o primeiro navio lançado pela indústria naval pernambucana.
A economia da Região Nordeste do Brasil foi a base histórica do começo da economia do Brasil, já que as atividades em torno do pau-brasil e da cana-de-açúcar predominaram e foram iniciadas no Nordeste do Brasil. O Nordeste foi a região mais rica do país até meados do século XVIII.
A Região Nordeste é, atualmente, a terceira maior economia do Brasil entre as grandes regiões. Sua participação no Produto Interno Bruto brasileiro foi de 13,4% em 2011, após a Região Sul (16,2% de participação no PIB) e à frente da Região Centro-Oeste (9,6% de participação no PIB). Ainda assim, é a região com o mais baixo PIB per capita. A distribuição de renda nessa região melhorou significativamente na década de 2000: segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, a renda média no Nordeste sofreu um aumento real (já descontada a inflação) de 28,8% entre 2004 e 2009, passando de R$ 570 para R$ 734. Entre 2008 e 2009, o incremento foi de 2,7%. Foi a região que apresentou o maior incremento no salário médio do trabalhador nesse período.
Em 2011 seu PIB nominal era de R$ 555,3 bilhões, superando o de países como Chile, Singapura e Portugal; e seu PIB nominal per capita, de R$ 10.379,55, superando o de países como Ucrânia, Tailândia e China. As maiores economias da Região Nordeste são, respectivamente, Bahia, Pernambuco e Ceará, estados que concentram, juntos, 8,5% do PIB nacional. Já os estados nordestinos com maior PIB per capita são Sergipe, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte, seguidos por Ceará, Paraíba, Alagoas, Maranhão e Piaui. Em 2011, Ipojuca, em Pernambuco, era o município com maior PIB per capita da Região Nordeste, com R$ 116.198,31, além de décimo sexto do Brasil. Outros municípios nordestinos também figuravam entre os 100 com maior PIB per capita do país, como Guamaré-RN, São Francisco do Conde-BA, Cairu-BA e Candeias-BA. Em contrapartida, no Nordeste também está localizada a cidade com o terceiro menor PIB per capita do Brasil: São Vicente Ferrer, no
Maranhão, com R$ 2.679,66. Os 56 municípios de menor PIB per capita (que correspondem a 1,0% dos 5.570 municípios do país) tinham PIB per capita inferior a R$ 3.492,99 e estavam localizados em seis estados: Maranhão (19), Alagoas (7), Piauí (7), Bahia (6) e Ceará (1), na Região Nordeste; e Pará (16), na Região Norte. Entre os estados nordestinos, apenas Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Sergipe não possuem município com PIB per capita inferior a R$ 4.000,00. O Polo Petroquímico de Camaçari, no estado da Bahia, é o maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul.
A capacidade energética instalada é de 10.761 MW.
A Região Nordeste goza desde o final da década de 2000 de um forte crescimento econômico. Mesmo durante a Crise econômica mundial de 2008-2009 a Região apresentou aumento no PIB: enquanto o PIB do Brasil recuou 0,2% em 2009, o PIB de Pernambuco cresceu 4%; o PIB do Ceará, 3,4%; e o PIB da Bahia, 2,2%. Esse crescimento amenizou o impacto da maior crise do capitalismo dos últimos 80 anos na economia brasileira.
O Banco do Nordeste aumentou para 8,3% a projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do Nordeste em 2010. A previsão é de que o acréscimo seja superior ao do Brasil, cuja evolução deve ser de 7,5% em 2010.
Turismo
Genipabu, na Região Metropolitana de Natal, Rio Grande do Norte, é famosa internacionalmente por suas dunas, pelos passeios de buggies e de camelos árabes e por sua boa infraestrutura hoteleira.
O litoral é o principal atrativo da região. Milhões de turistas desembarcam nos aeroportos nordestinos. Há alguns anos os estados vêm investindo intensivamente na melhoria da infraestrutura, criação de novos polos turísticos, e alguns no desenvolvimento do ecoturismo.
Segundo a pesquisa "Hábitos de Consumo do Turismo Brasileiro 2009", realizada pelo Vox Populi em novembro de 2009, a Bahia é o destino turístico preferido dos brasileiros,[69] já que 21,4% dos turistas optaram pelo estado. Pernambuco, com 11,9%, e São Paulo, com 10,9%, estão, respectivamente, em segundo e terceiro lugares nas categorias pesquisadas.
Entre as praias mais procuradas do Nordeste estão: Arraial d'Ajuda e Morro de São Paulo, na Bahia; Atalaia e Pirambu, em Sergipe; Pajuçara e Maragogi, em Alagoas; Porto de Galinhas e Itamaracá, em Pernambuco; Cabedelo e Tambaba, na Paraíba; Genipabu e Pipa, no Rio Grande do Norte; Jericoacoara e Canoa Quebrada, no Ceará; Coqueiro e Pedra do Sal, no Piauí; e Curupu e Atins, no Maranhão.
O arquipélago de Fernando de Noronha está ganhando destaque nacional e mundial. Pelas ilhas é possível avistar os golfinhos saltadores. Destaque também para a Chapada Diamantina na Bahia, que encanta seus visitantes e surpreende pela quantidades de grutas, cavernas, cachoeiras e trilhas que possui, sendo um excelente local de visitação em qualquer época do ano.
Outro lugar de destaque é o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, um complexo de dunas, rios, lagoas e manguezais. Na Bahia, encontram-se a Costa do Sauípe, maior complexo turístico do Brasil, e o Arquipélago dos Abrolhos, que possui excelente área para mergulho autônomo e livre além de atrações como a temporada das baleias jubarte, que se inicia no mês de julho. No Piauí, encontram-se os parques nacionais Sete Cidades, Serra das Confusões e da Serra da Capivara com formação rochosa e pinturas rupestres; além de seu litoral possuir o Delta do Parnaíba. Outros destaques são o maior cajueiro do mundo e o Forte dos Reis Magos, ambos no Rio Grande do Norte.
Nas últimas pesquisas da TAM VIAGENS, Natal é o destino nacional mais procurado pelos Brasileiros. E quando o ranking considera
também destinos internacionais, Natal ocupa o segundo lugar ficando atrás apenas da Flórida. No final de 2015, Natal foi eleita pela revista NATIONAL GEOGRAFIA TRAVELER como um dos 20 destinos mundiais para se conhecer em 2016. Esse foi o único lugar do Brasil apontado pela revista.
Fernando de Noronha, em Pernambuco, é um dos maiores polos turísticos do país.
O ecoturismo ainda é pouco explorado no Nordeste, mas tem grande potencialidade. Ainda assim, dentre os dez principais destinos ecoturísticos brasileiros, aparecem quatro paisagens localizadas na região Nordeste do Brasil, onde é possível escolher entre ilhas (Arquipélago de Fernando de Noronha em Pernambuco), dunas (Lençóis Maranhenses no Maranhão), mata atlântica em alta altitude (Chapada Diamantina na Bahia) e arqueologia na caatinga (Parque Nacional da Serra da Capivara no Piauí).
A cultura da região é também um atrativo para o turista. Todos os estados tem folguedos e tradições diferentes. Olinda, em Pernambuco, com vestígios do Brasil Neerlandês; São Luís, no Maranhão, com os da França Equinocial; São Cristóvão, em Sergipe, e sua Praça de São Francisco, rodeada de imponentes edifícios históricos; Salvador, na Bahia, com os da sede político-administrativa do Brasil Colonial; e Porto Seguro e Santa Cruz de Cabrália, também na Bahia, com as marcas históricas da chegada das esquadras do descobrimento do Brasil; são alguns dos principais atrativos histórico-culturais da região, sendo os quatro primeiros considerados patrimônios culturais da humanidade pela UNESCO.
O turismo religioso vem crescendo na região, destacando-se os municípios de Juazeiro do Norte e Canindé, ambos no Ceará; e Bom Jesus da Lapa na Bahia. Também merece destaque o município de Santa Cruz no Rio Grande do Norte, com a estátua do Alto de Santa Rita de Cássia, que é a maior estátua da América. Outra cidade que
tem se destacado é São José de Ribamar, no Maranhão, que no mês de setembro reúne grande quantidade de fiéis dos estados nordestinos e do Estado do Pará. Há inclusive uma grande estátua de São José, que pode ser acessada por visitantes, que possui uma vista para o mar.
Infraestrutura
Ciência e tecnologia
O Porto Digital, localizado no bairro do Recife antigo na capital pernambucana, é o maior parque tecnológico do Brasil e referência mundial na produção de softwares.
O campo da ciência e tecnologia no Nordeste brasileiro está em pleno processo de crescimento e expansão, desde o final da década de 1990 e continuado na década de 2000. Cidades nordestinas estão recebendo reconhecimento nacional e internacional pelos seus polos, centros e institutos tecnológicos. Um exemplo é Recife, que abriga o Porto Digital, um polo de desenvolvimento de softwares criado em julho de 2000. Referência mundial, o polo pernambucano é reconhecido como o maior parque tecnológico do Brasil em faturamento e número de empresas.
Já no interior da Paraíba, Campina Grande ganha relevância como uma das nove cidades de destaque no mundo que apresentam um novo modelo de centro tecnológico, a única citada de toda a América Latina na edição de abril de 2001 da revista estadunidense Newsweek. E em outro estudo, ela aparece ao lado da cidade de São Paulo, as únicas latino-americanas, na área de inovação tecnológica mundial. Todo esse destaque tecnológico de Campina Grande é resultado da formação de uma sólida base acadêmica, iniciada ainda na década de 1960, quando a atual Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), então Escola Politécnica, adquiriu um dos cinco primeiros computadores em universidades do país (primeiro do Norte-Nordeste), dando origem aos atuais cursos de graduação e
pós-graduação nas áreas de engenharia elétrica e computação. Outra iniciativa notória é o Instituto Internacional de Neurociências de Natal, inaugurado em 2006 na capital potiguar e idealizado pelo neurocientista Miguel Nicolelis (considerado um dos 20 mais importantes neurocientistas em atividade no mundo). Foi criado para descentralizar a pesquisa nacional, atualmente restrita às regiões Sudeste e Sul do Brasil.
Ratificando o processo de descentralização da pesquisa da ciência e da tecnologia, em Salvador, no dia 17 de julho de 2009, após um ano de construção e um investimento de 30 milhões de reais, foi inaugurado o primeiro centro de biotecnologia localizado nas regiões Norte e Nordeste: o Centro de Biotecnologia e Terapia Celular do Hospital São Rafael (CBTC), o mais moderno e avançado centro de estudos de células-tronco da América Latina. Além disso, em 2010 foi inaugurado o chamado "Campus do Cérebro" em Macaíba no estado do Rio Grande do Norte, que é um centro de pesquisa e desenvolvimento da neurociência e que conta com um projeto de inclusão social, bem como a parte científica. Outros projetos são a Cidade da Ciência e a Metrópole Digital, também no Rio Grande do Norte.
Transportes
Complexo de viadutos na Avenida do Contorno em Feira de Santana, trecho de divisão entre as BRs 116 e 324.
A malha viária da região tem 394.700 km de rodovias. As principais vias de escoamento e transporte rodoviário são a BR-116 e a BR-101, tendo a cidade de Feira de Santana, na Bahia como o maior entroncamento rodoviário da região.
Seu sistema ferroviário ainda é precário, porém estão em curso obras como a Ferrovia Transnordestina, que ligará o Porto de Suape, na Região Metropolitana do Recife, ao Porto de Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza, cruzando praticamente todo o território
de Pernambuco e Ceará e ligando esses dois estados ao estado do Piauí, e permitirá o escoamento da produção agrícola do sudoeste do Piauí e do Vale do São Francisco e a produção do pólo gesseiro de Araripina a um menor custo, o que tornará os preços mais competitivos; e a Ferrovia Oeste-Leste, que ligará a cidade de Figueirópolis no Tocantins ao Porto Sul em Ilhéus na Bahia e permitirá o escoamento de soja dos estados de Mato Grosso, Goiás e Tocantins e do oeste da Bahia bem como minério de ferro, urânio, cacau e celulose do sul da Bahia.
O Aeroporto Internacional do Recife é o maior e mais moderno aeroporto do Norte-Nordeste e um dos cinco melhores do Brasil.
Suas cidades mais importantes dispõem de adequada estrutura aeroportuária, sendo os aeroportos internacionais de Natal/São Gonçalo do Amarante, Recife, Salvador e Fortaleza os maiores. Os principais aeroportos do Nordeste recebem milhões de turistas anualmente e mantêm voos regulares para as principais cidades da Europa e Estados Unidos, sendo o Aeroporto Internacional Recife o mais movimentado terminal aeroportuário da região. Em São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal, encontra-se o Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves que é o mais moderno, possui a maior capacidade de pista do Nordeste além de ser o único cem por cento privatizado e o único com pista preparada para aeronaves de grande porte como o A380 (3000x60). Atualmente, apenas Recife, Salvador e Fortaleza dispõem de sistema de metrô. Há também projetos de VLT em estudo para serem implantados na região. Os VLTs de Maceió, Natal, João Pessoa e Teresina já estão em operação. Outros projetos fora das capitais são os VLT do Cariri em Juazeiro do Norte e o de Arapiraca, além da interligação do centro ao Aeroporto de Natal.
Educação
A Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco obteve aproveitamento de 81,3% no Exame de Ordem em 2010.1. A faculdade, que nasceu da transferência da Faculdade de Direito de Olinda, é a mais antiga faculdade de Direito do Brasil.
O Nordeste do Brasil possui um longo histórico na área de educação, desde os primeiros jesuítas, que já no século XVI instalaram escolas nesta região. As principais instalações educacionais estão concentradas nas capitais e nas cidades de médio porte.
Três universidades da Região Nordeste estão entre as mil melhores do mundo em 2014, de acordo com o estudo do CWUR (Center for World University Rankings): a Universidade Federal de Pernambuco (15ª colocação nacional e 940ª posição no ranking global); a Universidade Federal do Ceará (16ª colocação nacional e 964ª posição no ranking global); e a Universidade Federal da Bahia (17ª colocação nacional e 967ª posição no ranking global).
A Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) obteve o melhor aproveitamento do Norte-Nordeste e o 15º do Brasil no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) em 2012.
Segundo os indicadores do ENADE, a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estão entre as 20 melhores do país em 2012, na 15ª e 18ª posições, respectivamente. O Scimago Institutions Ranking (SRI) 2012 mostra a Universidade Estadual de Feira de Santana na 181ª posição no ranking Ibero-americano entre as 1.401 instituições de ensino superior, e na 118ª posição no ranking de universidades da América Latina e Caribe no índice de produção científica.
A Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco, localizada em Recife obteve o segundo melhor proveitamento no Exame de Ordem em 2010.1, com taxa de de 81,3%, superada pelo curso de Direito da Universidade de Brasília. Na Faculdade de Direito do Recife, importantes nomes da história brasileira
estudaram, destacando-se nomes como Ruy Barbosa, Barão do Rio Branco, Castro Alves, Clóvis Beviláqua, Tobias Barreto, Joaquim Nabuco, Eusébio de Queirós, Teixeira de Freitas, Marquês de Paranaguá, Epitácio Pessoa, Assis Chateaubriand, José Lins do Rego e Pontes de Miranda. Outras três faculdades de Direito nordestinas figuram entre as dez melhores do país. São elas, por ordem de alunos aprovados: Universidade Federal da Paraíba (75,2%); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (72,3%); e Universidade Federal do Ceará (69,4%).
A Faculdade de Medicina da Bahia, escola de medicina mais antiga do Brasil, foi fundada em 1808 pelo médico pernambucano Correia Picanço sob o nome de Escola de Cirurgia da Bahia, logo após a chegada de Dom João VI ao país.
O estado de Pernambuco se destaca no ensino tecnológico. O Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (CIn UFPE), responsável pelos cursos de Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Engenharia da Computação, é grande fornecedor de mão de obra especializada em tecnologia para a Microsoft. Seus cursos são considerados dos melhores da América Latina. A UFPE foi uma das cinco instituições de ensino selecionadas em todo o mundo para o programa mundial de pesquisas da Microsoft, o que permitiu o seu acesso ao código-fonte dos componentes do Visual Studio. As outras quatro universidades selecionadas foram a Yale University (Estados Unidos); a Monash University (Austrália); a University of Hull (Inglaterra); além da UNESP, sendo o Brasil o único país que teve duas universidades escolhidas. A UFPE foi homenageada pela Microsoft pela participação dos alunos do Centro de Informática da instituição na Imagine Cup, evento promovido dela empresa. Alunos do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Pernambuco participaram, em 2011, da Competição Baja SAE BRASIL-PETROBRAS e garantiram vaga para a Baja SAE Kansas, nos Estados Unidos. Apenas a UFPE e duas universidades paulistas, USP
e FEI, conquistaram o direito de representar o Brasil na edição internacional da competição.
A Univasf é a primeira Universidade Federal implantada no sertão nordestino. Está situada nos estados de Pernambuco, Bahia e Piauí, com sede na cidade de Petrolina. Iniciou suas atividades acadêmicas em 2004.
O Ceará é o estado com o maior índice de aprovações no ITA, considerado o vestibular mais difícil do país. Todos os anos cerca de 30% dos calouros desta instituição de ensino superior são deste estado nordestino. O desempenho exemplar em ciências exatas alcançado pelos cearenses se deve ao trabalho realizado em um grupo de escolas da capital do estado, Fortaleza. Outro destaque da Região Nordeste no ITA é o estado de Pernambuco, que teve 12 estudantes aprovados no Vestibular 2011, o que representa quase 10% das 130 vagas oferecidas por esta instituição. Pernambuco foi o 3º colocado em aprovações, superado apenas pelos estados do Ceará e de São Paulo. O ITA, instituição fundada pelo cearense Casimiro Montenegro Filho no estado de São Paulo, foi o embrião da Embraer, e fornece mão de obra para esta que é a terceira maior fabricante mundial de aviões. A Região Nordeste foi a segunda região do Brasil em número de escolas entre as 20 melhores do ENEM 2009 ao lado da Região Centro-Oeste: foram 4 escolas de cada uma destas duas regiões. A Região Sudeste liderou o ranking, com doze escolas. Regiões Sul e Norte não figuraram na lista. O destaque na Região Nordeste foi a cidade de Teresina, no estado do Piauí, com três das vinte melhores escolas do país: o Instituto Dom Barreto (2º lugar); o Instituto Antoine Lavoisier de Ensino (12º lugar); e o Educandário Santa Maria Goretti (19º lugar). A quarta escola nordestina que entrou na lista das vinte melhores instituições de ensino do Brasil foi o Colégio Helyos, de Feira de Santana, Bahia, que ficou com a 9ª colocação. Entre as instituições da rede pública, a melhor colocada da Região Nordeste foi o Colégio de Aplicação do CE da UFPE, localizado em
Recife-PE, que obteve o 6º lugar entre as escolas públicas do país e a 40ª colocação na classificação geral.
A Região Nordeste, reconhecida historicamente por ter o maior número de iletrados do país, logrou notáveis avanços nos seus indicadores educacionais durante a década de 2000: a sua taxa de analfabetismo caiu de 22,4% em 2004 para 18,7% em 2009, segundo informação divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Saúde
A Maternidade Escola Januário Cicco, obra da arquitetura neoclássica pertencente à UFRN, é a mais importante maternidade do Rio Grande do Norte.
Os principais polos médicos da Região Nordeste são as cidades de Recife, Salvador e Fortaleza.
Dentre os principais hospitais de Recife está o Hospital da Restauração, maior emergência pública e mais complexo serviço de urgência e trauma do Norte-Nordeste, recebendo pacientes de todo o estado e de estados vizinhos. O Hospital da Restauração, referência nas áreas de trauma, neurocirurgia, neurologia, cirurgia geral, clínica médica e ortopedia, possui 482 leitos registrados no Ministério da Saúde (MS), mas, incluindo os extras, funciona com um total de 723 leitos para atender sua demanda. Os hospitais particulares do Recife fazem da capital pernambucana o segundo maior pólo médico e hospitalar do Brasil. Em Salvador, na Bahia, destacam-se o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) – o maior do estado – e o Hospital Geral do Estado (HGE). O HGRS presta em média mil atendimentos ambulatoriais e 350 atendimentos emergenciais em dias úteis; é referência em cirurgias bucomaxilofacial e vasculares e clínica médica em neurocirurgia e nefrologia; e conta com quase 2.600 funcionários. O prédio do Roberto Santos abriga ainda o Centro de Informações Antiveneno,
referência no tratamento de intoxicações na Bahia. Outros hospitais que merecem destaque: o Hospital Santo Antônio (fundado por Irmã Dulce); o Hospital Sarah Kubitschek; e o Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos.
Em Fortaleza estão concentrados os principais hospitais públicos do estado do Ceará. Dentre esses hospitais merecem destaque o Instituto Doutor José Frota, mais conhecido como IJF, que é o maior hospital de emergência do estado, administrado pela prefeitura; e o Hospital Geral de Fortaleza, que é o maior hospital público, administrado pelo governo do estado. O atendimento médico privado é bastante desenvolvido, com um total de 127 hospitais, destacando-se os hospitais São Mateus, Antônio Prudente, Unimed, Monte Klinikum e SARAH-Fortaleza.
Cultura
Cultura da região Nordeste do Brasil
Tendo sido a primeira região efetivamente colonizada por portugueses, ainda no século XVI, que aí encontraram as populações nativas e foram acompanhados por africanos trazidos como escravos, a cultura nordestina é bastante particular e típica, apesar de extremamente variada. Sua base é luso-brasileira, com grandes influências africanas, em especial na costa de Pernambuco à Bahia e no Maranhão, e ameríndias, em especial no sertão semiárido.
Em João Pessoa, encontra-se um grande projeto arquitetônico projetado pelo Arquiteto Oscar Niemeyer. Trata-se da Estação Cabo Branco de Ciência, Cultura e Artes, onde semanalmente acontecem exposições de projetos de artes, cultura e tecnologia desenvolvidos na região.
Literatura
José de Alencar.
A literatura nordestina tem dado grandes contribuições para o cenário literário brasileiro, destacando-se nomes como Jorge Amado, Nelson Rodrigues, José de Alencar, João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz, Gregório de Matos, Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Gonçalves Dias, Aluísio Azevedo, Manuel Bandeira, Joaquim Nabuco, Tobias Barreto, Arthur Azevedo, Castro Alves, Coelho Neto, Álvaro Lins, Jorge de Lima, Ariano Suassuna, Viriato Correia, Ferreira Gullar, José Lins do Rego, João Ubaldo Ribeiro, Dias Gomes, Raimundo Correia, Josué Montello, dentre muitos outros. Gilberto Freyre representa um marco na história do Brasil, graças ao seu livro Casa-Grande & Senzala, que demonstra a importância dos escravos para a formação do país. No Ceará, o movimento da Padaria Espiritual, no fim do século XIX, antecipou algumas das renovações trazidas com o modernismo, no anos 1920 do século seguinte.
Na literatura pode-se citar ainda a literatura popular de cordel que remonta ao período colonial (a literatura de cordel foi levada pelos portugueses e tem origem na Idade Média europeia) e numerosas manifestações artísticas de cunho popular que se manifestam oralmente, tais como os cantadores de repentes e de embolada.
Música e dança
Frevo, manifestação típica de Pernambuco. Enquanto música, é um dos gêneros mais influentes do país: revelou grandes músicos da MPB e, além de símbolo do carnaval de Recife/Olinda, foi o ritmo utilizado no Carnaval de Salvador antes do surgimento da axé music.
Na música erudita, destacaram-se como compositores Alberto Nepomuceno e Paurillo Barroso, assim como Liduíno Pitombeira na atualidade, e Eleazar de Carvalho como maestro. Ritmos e melodias nordestinas também inspiraram compositores como Heitor Villa-Lobos (cuja Bachiana brasileira nº 5, por exemplo, em sua segunda parte - Dança do Martelo - alude ao sertão do Cariri cearense).
Na música popular, destacam-se ritmos tais como coco, xaxado, martelo agalopado, samba de roda, baião, xote, forró, axé e frevo, dentre outros ritmos. O movimento armorial do Recife, inspirado por Ariano Suassuna, fez um trabalho erudito de valorização desta herança rítmica popular nordestina. Um de seus expoentes mais conhecidos é o cantor Antônio Nóbrega.
Na dança, destacam-se o maracatu, praticado em diversas partes do Nordeste, o frevo, o bumba-meu-boi, o xaxado, diversas variantes do forró, o tambor-de-crioula (característico do Maranhão), etc. As músicas folclóricas quase sempre são acompanhadas de danças.
Artesanato
O artesanato é também uma parte relevante da produção cultural do Nordeste, sendo inclusive o sustento de milhares de pessoas por toda a região. Devido à variedade regional de tradições de artesanato, é difícil caracterizá-los em totalidade, mas destacam-se as redes tecidas e, muitas vezes, bordadas com muitos detalhes; os produtos feitos em argila, madeira (por exemplo, da carnaúba, árvore típica do sertão) e couro, com traços bastante particulares; além das rendas, que ganharam destaque no artesanato cearense. Outro destaque são as garrafas com imagens feitas manualmente em areia colorida, um artigo produzido para venda para turistas. No Maranhão, destacam-se artesanatos feitos da fibra do buriti (palmeira), assim como artesanatos e produtos do babaçu (palmeira nativa do Maranhão).
Culinária
Munguzá, iguaria tipicamente nordestina.
A culinária nordestina é variada, refletindo as condições econômicas e produtivas das diversas paisagens geoeconômicas dessa região. Frutos do mar e peixes são bastante utilizados na culinária do litoral, enquanto, no sertão, predominam receitas que utilizam a carne e
derivados do gado bovino, caprino e ovino. Ainda assim, há várias diferenças regionais, tanto na variedade de pratos quanto em sua forma de preparo. Por exemplo, no Ceará, predomina o mugunzá - também chamado macunzá ou mucunzá - salgado, enquanto em Pernambuco predomina o doce). Na Bahia, os principais destaques são as comidas feitas com azeite de dendê e com camarão, como as moquecas, o vatapá, o acarajé e os bobós; porém não são menos apreciadas comidas acompanhadas de pirão como mocotó e rabada, além de doces como a cocada, que está presente em todo o nordeste. No Maranhão, destacam-se o cuxá, o arroz de cuxá, o bobó, o peixe pedra e a torta de camarão. Também no Maranhão se destaca o Guaraná Jesus, patrimônio maranhense de fama nacional. Já o bolo-de-rolo é patrimônio imaterial de Pernambuco.
Algumas comidas típicas da região são: o baião de dois, a carne de sol, o queijo de coalho, o vatapá, o acarajé, a panelada, a buchada, a canjica, o feijão e arroz de coco, o feijão verde e o sururu, assim como vários doces feitos de mamão, abóbora, laranja, etc. Algumas frutas regionais - não necessariamente nativas da região - são a ciriguela, o cajá, o buriti, a cajarana, o umbu, a macaúba, juçara, bacuri, cupuaçu, buriti, murici e a pitomba, além de outras.
Festividades
Bonecos de Olinda, em Olinda. O Carnaval Recife/Olinda é considerado o mais democrático e culturalmente diverso do país.
Nas festividades, a região Nordeste dispõe de variados eventos que ocorrem ao longo do ano:
No Carnaval os destaques são as festas de Salvador e Olinda-Recife. O primeiro é a maior festa popular do planeta segundo o Guinness Book, contando com cerca de 2,7 milhões foliões em seis dias de festa (equivalente ao número de moradores da cidade), e internacionalmente conhecido pelos desfiles de artistas famosos nos trios elétricos; e o segundo é considerado popularmente o carnaval
mais democrático do país, e é conhecido por seus característicos bonecos de olinda, pelo ritmo do frevo e do maracatu, além de possuir o maior bloco carnavalesco do mundo, o Galo da Madrugada.
As micaretas (carnavais fora de época) de maior destaque são o "Carnatal" em Natal; o "Fortal" em Fortaleza; o "Pré-Caju" em Aracaju; a "Micarande" em Campina Grande. Há também o "bumba-meu-boi" em Maceió e em São Luís do Maranhão, a "Micareta de Feira" em Feira de Santana e a "Lavagem do Kimarrei" em Barreiras.
Quando vai se aproximando o São João, as cidades de Caruaru em Pernambuco e Campina Grande na Paraíba disputam o título de "Capital do Forró". Além disso, em Patos, no estado da Paraíba, acontece O Melhor São João do Mundo - considerado o 4º maior do Brasil e do Mundo.
Há também festivais de música, como o "Festival de Verão de Salvador" (maior festival anual do Brasil), o "Piauí Pop" em Teresina, "Mada" em Natal, o "Abril Pro Rock" no Recife, o "Ceará Music" em Fortaleza, o "Fest Verão Paraíba" em João Pessoa, o "Maceió Fest" em Maceió e o "Festival de Inverno Bahia" em Vitória da Conquista.
Esportes
Arena Castelão, em Fortaleza.
Assim como no restante do país, a região Nordeste tem como principal esporte o futebol. Os principais clubes nordestinos são CSA, CRB e ASA em Alagoas; Bahia e Vitória na Bahia; Fortaleza, Ceará e Ferroviário no Ceará; Sampaio Corrêa, Moto Club e Maranhão no Maranhão; Treze, Campinense e Botafogo-PB na Paraíba; Sport, Santa Cruz e Náutico em Pernambuco; River, Flamengo e Parnahyba no Piauí; América de Natal e ABC no Rio Grande do Norte; e Sergipe, Confiança e Itabaiana em Sergipe.
A seleção brasileira de futebol costuma fazer partidas no Nordeste. O estádio Castelão, em Fortaleza, o estádio do Arruda, no Recife, o
estádio Rei Pelé em Maceió e, recentemente, o estádio de Pituaçu, em Salvador, são os locais onde a seleção costuma jogar. O Estádio da Fonte Nova, em Salvador, também recebe tais partidas, porém, ficou marcado por um acidente envolvendo vítimas fatais em 2007.
Autódromo Internacional de Caruaru, Pernambuco.
Durante a Copa do Mundo FIFA de 2014, o Nordeste contou com quatro cidades-sede: Salvador, Recife, Natal e Fortaleza. Redes de transportes, hotéis e hospitais foram construídos, ampliados ou reformados, além da reforma e construção de novos estádios. Em Salvador, o Estádio da Fonte Nova foi completamente reformado, assim como o Estádio Castelão, em Fortaleza. Já em Recife, foi construída a Arena Pernambuco, situada em São Lourenço da Mata. Em Natal, o antigo Machadão foi demolido e, em seu lugar, foi erguido o estádio Arena das Dunas. Os quatro estádios foram remodelados ou construídos seguindo o padrão FIFA. Outras capitais nordestinas também se candidataram para sediar a competição: João Pessoa, Teresina e Maceió. Foi a segunda vez que o Nordeste participou de uma Copa do Mundo: em 1950, Recife realizou a partida entre Chile e Estados Unidos, sendo o palco do jogo naquela ocasião a Ilha do Retiro.
No automobilismo, a região Nordeste também recebe duas etapas anuais da Fórmula Truck, uma no Autódromo Internacional Ayrton Senna em Caruaru, e uma no Autódromo Internacional Virgílio Távora em Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza. Além disso, desde de 2009, uma etapa da Stock Car Brasil ocorre na região, mais especificamente no Circuito Ayrton Senna, nas ruas do Centro Administrativo da Bahia, em Salvador.
Nos outros esportes, pode-se citar as seguintes competições esportivas regionais: Campeonato Nordestão Governador Miguel Arraes (enxadrismo), Desafio Costa do Sol (atletismo), Nordeste
Sevens (rúgbi de sete), Supercopa do Nordeste de Basquete (basquetebol), dentre muitos.
Separatismo
Movimento separatista
A ideia de tornar a Região Nordeste em um país independente se iniciou no fim da década de 80, numa turma de mestrado de Economia da UFPE. Neste período, o movimento separatista tinha cerca de quinze pessoas que apoiavam a ideia. Atualmente, existem cerca de sete pessoas engajadas em Pernambuco e cerca de cinquenta espalhadas em todo o Nordeste (algumas de fora do grupo inicial). Jacques Ribemboim, engenheiro, economista e professor de economia do meio ambiente, relata que o grupo é pacifista e quer dialogar; para ele, a região se tornando independente romperia com o neocolonialismo interno e daria condições para negociar direto no mercado internacional e com outros países. Ele ainda ressalta que o modelo atual vivenciado pela região beneficia o crescimento da Região Sudeste do Brasil e sugere a realização de um plebiscito para que os estados nordestinos decidam sobre a separação. Mesmo sem ter os principais símbolos e capital definidos, o grupo tem uma bandeira na sua página no Facebook nas cores branco, preto e amarelo, com uma estrela de nove pontas representando os noves estados nordestinos. A cor amarela simboliza o sol da região; o branco, o movimento pacifista; e o preto, a falta de um pacto federativo e o neocolonialismo vivido pelos estados.
Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste
Em 2019 os governos dos estados do nordeste brasileiro, com respaldo na Lei Federal nº 11.107, de 6 de abril de 2005, instituíram o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, com denominação de Consórcio Nordeste. Entidade com natureza jurídica de autarquia de consorcio público que, entre
outras, tem a finalidade de fortalecimento das capacidades dos entes consorciados com a fusão de recursos e desenvolvimento de sinergias.
O São João de Caruaru é uma festa junina realizada no município de Caruaru, em Pernambuco, Brasil. Trata-se da maior festa regional ao ar livre do mundo de acordo com o Guinness World Records. No evento, que é anual, os festejos se estendem por todo o mês de junho e atraem milhares de turistas de todo o Brasil e do exterior. Típica festa de São João do Nordeste brasileiro, oferece atrativos como quadrilhas juninas, fogos de artifício, fogueira e iguarias tradicionais à base de milho.
Desde o fim do século XIX, as festas juninas de Caruaru já atraíam pessoas de municípios do seu entorno e da capital pernambucana, Recife. Os festejos eram à época organizados em propriedades rurais particulares. Atualmente, a cidade realiza a festa de São João durante todo o mês de junho. Desde 1994, o evento ocorre no Pátio de Eventos Luiz Gonzaga — um complexo com 44 mil metros quadrados que abriga a Fundação de Cultura de Caruaru, os Museus do Barro e do Forró, um pavilhão para exposições, a Secretaria Municipal de Turismo e um palco para shows — para além dos diversos polos espalhados pelo município como o Alto do Moura e a Estação Ferroviária.
A cultura nordestina é bastante diversificada, uma vez que foi influenciada por indígenas, africanos e europeus. Os costumes e tradições muitas vezes variam de estado para estado.
Tendo sido a primeira região efetivamente colonizada por portugueses, ainda no século XVI, que aí encontraram as populações nativas e foram acompanhados por africanos trazidos como escravos, a cultura nordestina é bastante particular e típica, apesar de extremamente variada. Sua base é luso-brasileira, com grandes
influências africanas, em especial na costa de Pernambuco à Bahia e no Maranhão, e ameríndias, em especial no sertão semiárido.
A riqueza cultural da região nordeste é visível para além de suas manifestações folclóricas e populares. A literatura nordestina tem dado grande contribuição para o cenário literário brasileiro, destacando-se nomes como João Cabral de Melo Neto, José de Alencar, Jorge Amado, Nelson Rodrigues, Rachel de Queiroz, Gregório de Matos, Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Ferreira Gullar e Manuel Bandeira, dentre muitos outros.
Na literatura pode-se citar a literatura popular de cordel que remonta ao período colonial (a literatura de cordel veio com os portugueses e tem origem na Idade Média europeia) e numerosas manifestações artísticas de cunho popular que se manifestam oralmente, tais como os cantadores de repentes e de embolada. Na música erudita, destacaram-se como compositores Alberto Nepomuceno e Paurillo Barroso, assim como o cearense Liduíno Pitombeira na atualidade, e Eleazar de Carvalho como maestro. Ritmos e melodias nordestinas também inspiraram compositores como Heitor Villa-Lobos (cuja Bachiana brasileira nº 5, por exemplo, em sua segunda parte - Dança do Martelo - alude ao sertão do Cariri).
Na música popular, destacam-se ritmos tais como coco, xaxado, martelo agalopado, samba de roda, baião, xote, forró, Axé e frevo, dentre outros ritmos. O movimento armorial do Recife, inspirado por Ariano Suassuna, fez um trabalho erudito de valorização desta herança rítmica popular nordestina (um de seus expoentes mais conhecidos é o cantor Antônio Nóbrega).
Na dança, destacam-se o maracatu, o frevo (também característico de Pernambuco) o bumba meu boi, o xaxado, diversas variantes do forró, o tambor de crioula (característico do Maranhão), etc. As músicas folclóricas quase sempre são acompanhadas de danças.
O artesanato é também uma parte relevante da produção cultural do Nordeste, sendo inclusive a fonte de renda de milhares de pessoas por toda a região. Devido à variedade regional de tradições de artesanato, é difícil caracterizá-los todos, mas destacam-se as redes tecidas e, às vezes, bordadas com muitos detalhes; os produtos feitos em argila, madeira (por exemplo, da carnaúba, árvore típica do sertão) e couro, com traços bastante particulares; além das rendas, que ganharam destaque no artesanato cearense. Outro destaque são as garrafas com imagens feitas manualmente em areia colorida, um artigo produzido para venda para turistas. No Maranhão, destacam-se artesanatos feitos da fibra do buriti (palmeira), assim como artesanatos e produtos do babaçu (palmeira nativa do Maranhão).
A culinária nordestina é variada, refletindo, quase sempre, as condições econômicas e produtivas das diversas paisagens geoeconômicas dessa região. Frutos do mar e peixes são bastante utilizados na culinária do litoral, enquanto, no sertão, predominam receitas que utilizam a carne e derivados do gado bovino, caprino e ovino. Ainda assim, há várias diferenças regionais, tanto na variedade de pratos quanto em sua forma de preparo.
Festas populares
Carnaval
Bloco-Afro Ilê Aiyê em Salvador.
No Carnaval os destaques são as festas de Salvador e Recife-Olinda. A primeira é a maior festa popular do planeta segundo o Guinness Book contando com cerca de 2,7 milhões foliões em seis dias de festa (equivalente ao número de moradores da cidade), e internacionalmente conhecido pelos desfiles de artistas famosos nos trios elétricos; e a segunda é considerada o carnaval mais culturalmente diverso do país — conhecido pelo ritmo do frevo e do maracatu e pelos seus característicos Bonecos de Olinda —, e também o mais democrático, já que os foliões não precisam pagar
para brincar, além de possuir o maior bloco carnavalesco do mundo de acordo com o Guinness Book, o Galo da Madrugada. As micaretas (carnavais fora de época) de maior destaque são: o "Carnatal" em Natal; o "Fortal" em Fortaleza; o "Pré-Caju" em Aracaju; a "Micareta de Feira" em Feira de Santana; "Marafolia" em São Luís; e a "Micarande" em Campina Grande.
Cavalo Piancó
O Bumba meu boi, dança oriunda da Região Nordeste cujo primeiro registro ocorreu em Pernambuco, é hoje a principal manifestação folclórica do Maranhão.
É original do município de Amarante (PI). Os negros da beira do rio Canindé, para afugentar o sono nas noites de luar, costumam dançar imitando o trote de um cavalo manco. Cavalheiros e damas, aos pares, formam um círculo e vão trotando alegremente, ora bem compassado, batendo firme no chão, com o pé esquerdo, ora apressado, sempre trocando os pares.
Bumba-meu-boi
O Estado do Maranhão é quem se destaca nessa manifestação folclórica. Existem mais de 200 grupos de bumba-meu-boi no Maranhão distribuídos nos sotaques (tipos) de orquestra, matraca, pandeirão, zabumba e costa de mão. O Estado do Maranhão exportou essa brincadeira para o Estado do Amazonas que com o processo ocorre em todo o Brasil, sendo o Nordeste apontado como seu nascedouro. Com variações significativas de nome, adereços, músicas, ritmo, dança... mas o enredo é sempre o mesmo: "Catirina grávida deseja comer a língua do boi do Capitão". Só de aculturação transformou-se no boi bumbá. Dessa forma, segundo pesquisas a origem do boi bumbá é do bumba-meu-boi do Maranhão.
Outras danças típicas do Maranhão são o tambor de crioula, o cacuriá e o bambaê de caixa.
Fogueira de São João cenográfica em Campina Grande, Paraíba.
Festas juninas
O São João é sem dúvida o festejo mais comum na região. Caruaru que é a " Capital do Forró" e Campina Grande disputam o título de maior São João do mundo: em ambas as cidades os festejos duram o mês de junho inteiro. Outras cidades, como Aracaju, Juazeiro do Norte, Mossoró, Teresina, São Luís e Patos possuem comemorações mais modestas (cerca de quinze dias), e disputam o título de terceira maior festa.
Os fogos são uma das principais atrações. Os mais conhecidos são a Estrelinha, o Marcianito e os fogos de Artifício. Além dos vários fogos temos a dança, como a Quadrilha e o Forró.
Literatura
Impressos de literatura de cordel.
O pernambucano Gilberto Freyre representa um marco na história do Brasil devido ao seu livro Casa-Grande & Senzala que demonstra a importância dos escravos para a formação do país e que brancos e negros são absolutamente iguais.
Na Bahia nasceu um dos primeiros escritores de destaque no país. Trata-se de Gregório de Matos, integrante da escola barroca. No Romantismo destacaram-se na primeira geração Gonçalves Dias (MA), na segunda José de Alencar (CE) e na terceira Castro Alves (BA) e Sousândrade (MA). Na chamada Geração de 30, um resgate do romantismo, surgiram Rachel de Queiroz (CE), Graciliano Ramos (AL), José Lins do Rêgo (PB) e Jorge Amado (BA).
O maranhense Aluísio Azevedo foi um dos principais autores do Realismo/Naturalismo. Augusto dos Anjos (PB) e Graça Aranha (MA) foram precursores do Modernismo, escola que posteriormente revelou João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira (PE), além de Jorge de Lima (AL).
O paraibano Ariano Suassuna criou na década de 1970 o Movimento Armorial, uma iniciativa de reunir elementos da cultura nordestina em prol da formação de uma arte erudita genuinamente brasileira. Dessa iniciativa surgiram obras como Auto da Compadecida e O Santo e a Porca, ambos de Suassuna.
No Ceará, Patativa do Assaré surpreendeu por seus versos complexos que seguiam formas metrificadas semelhantes aos versos de Camões. A literatura de cordel é bastante difundida na região, sendo o paraibano Leandro Gomes de Barros um dos maiores autores do gênero.
Música
Vários gêneros surgiram no Nordeste ao longo dos anos.
O pernambucano Luiz Gonzaga foi o precursor do baião, ritmo que ao lado de outros como xote, xaxado e coco fazem parte do chamado forró. Vários artistas deram continuidade ao legado de Luiz Gonzaga, como é o caso de Dominguinhos, Sivuca, Jackson do Pandeiro e Waldonys.
Frevo, manifestação típica de Pernambuco. Enquanto música, é um dos gêneros mais influentes do país: revelou músicos como Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Antônio Nóbrega, entre muitos outros, e, além de símbolo do Carnaval Recife/Olinda, foi o ritmo utilizado no Carnaval de Salvador antes do surgimento da axé music. Em 2012, o frevo foi declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
O frevo, mais comum nos estados de Pernambuco e Paraíba, se caracteriza pelo ritmo acelerado e pelos passos que lembram a capoeira. Esse gênero já revelou grandes músicos como Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo. Estes três, ao lado de Zé Ramalho, misturaram frevo, forró, rock, blues e outros ritmos.
O quarteto costuma se apresentar com o nome de O Grande Encontro.
Na década de 1960 surgiu na Bahia o tropicalismo, inspirado no movimento antropofágico e que viria a se tornar um marco no Brasil.
Faziam parte desse grupo os artistas Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Torquato Neto, dentre outros.
Caetano Veloso, um dos principais representantes da Tropicália, movimento cultural baiano surgido na década de 1960.
A Bahia voltaria a ser berço de outro gênero musical na década de 80, com a criação da axé music, tendo como precursores Luiz Caldas, Chiclete com Banana, Daniela Mercury, Timbalada e Olodum.
O gênero revolucionou o carnaval baiano, já que o frevo, um ritmo pernambucano, era utilizado na festa de Salvador até então. Atualmente a Indústria da música baiana é a que gera mais estrelas no Brasil e já conta com uma "constelação" com notoriedade nacional e internacional como principalmente Ivete Sangalo que é considerada a cantora mais popular do Brasil na atualidade e líder de vendas na indústria fonográfica nacional, tem a capacidade de arrastar uma legião de fãs por onde passa, inclusive em terras internacionais.
Exemplo disso foi o Rock in Rio Lisboa em 2004, onde a cantora bateu recorde de público.
Ivete é dona da Caco de Telha, uma empresa de entretenimento que possui título de maior empresa do ramo no Norte–Nordeste e entre as cinco maiores no cenário nacional.
A Caco de Telha já trouxe grandes eventos para o Brasil como a turnê I am... da cantora pop Beyoncé, a turnê The End do grupo musical Black Eyed Peas,o show The Grand Moscow Classical Ballet e as apresentações do Cirque du Soleil no Brasil. Jà proporcionou ao estado da Bahia, além desses eventos com artistas internacionais,
grandes shows com artistas nacionais como a turnê Roberto Carlos 50 anos de música.
Através da caco de Telha, Ivete Sangalo foi a estrela de uma mega-produção no Madison Square Garden, o templo da música internacional moderna.
Na Bahia, nasceu João Gilberto considerado entre todos os outros precursores da Bossa Nova: Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Luiz Bonfá Bossa Nova, o ritmo brasileiro mais conhecido no mundo.
João Gilberto é considerado dentre os precursores da Bossa Nova o principal criador do ritmo.
O Manguebeat, gênero musical pernambucano que despontou na cena underground dos anos 90, revelou e influenciou diversos grupos musicais e artistas do estado, como Chico Science, Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Cordel do fogo encantado, Fred Zero Quatro, Otto, Lenine (foto), entre muitos outros.
Nos anos 80 surgiu em Pernambuco a primeira grande referência da música Punk/Hardcore no Nordeste, tendo como principal nome a banda Câmbio Negro HC, pioneira no estilo e a primeira a produzir discos do gênero na região, além de ser uma grande referência da música undergroud do país.
Já nos anos 90, surgia também em terras pernambucanas o Manguebeat, ritmo que reúne rock, hip hop, maracatu e música eletrônica.
O gênero musical recifense despontou na cena underground, revelando e influenciando diversos grupos musicais e artistas de Pernambuco, como Chico Science, Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Fred Zero Quatro, Otto, Lenine, entre muitos outros.
O repente é bastante difundido no interior, tendo como destaque o cearense Cego Aderaldo.
A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, banda de pífaros do Ceará, possui fama internacional.
No Ceará, destacam-se ainda, Fagner, Belchior e Ednardo, ícones da MPB.
Foi também no Nordeste que nasceu o brega que tem como principais representantes o pernambucano Reginaldo Rossi e o baiano Waldick Soriano.
O Maranhão possui grande diversidade de ritmos, como: Tambor de Crioula, Tambor de Mina, Tambor de Taboca, Tambor de Caroço, os quatro sotaques do bumba-meu-boi, além de ser um dos principais redutos brasileiros do reggae. Tribo de Jah, uma das principais bandas do gênero, surgiu no Estado.
Outros maranhenses de destaque são: João do Vale; Cláudio Fontana; Rita Benneditto; Catulo da Paixão Cearense; Flávia Bittencourt; Zeca Baleiro; e Alcione.
Raul Seixas, nascido na Bahia, é considerado o principal nome do rock no Brasil. Integrou o movimento da Jovem Guarda como compositor. Atualmente a também baiana Pitty faz muito sucesso no rock. Além do grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado marcando significativamente a música popular brasileira contemporânea.
Culinária
São do Recife os primeiros registros da feijoada à brasileira, considerada o prato nacional do Brasil.
A culinária nordestina é variada, refletindo, quase sempre, as condições econômicas e produtivas das diversas paisagens geoeconômicas dessa região. Frutos do mar e peixes são bastante utilizados na culinária do litoral, enquanto, no sertão, predominam receitas que utilizam a carne e derivados do gado bovino, caprino e ovino. Ainda assim, há várias diferenças regionais, tanto na variedade de pratos quanto em sua forma de preparo (por exemplo, no Ceará,
predomina o mungunzá salgado, enquanto em Pernambuco, predomina o doce). A culinária de Pernambuco destaca-se pela chamada "doçaria pernambucana", ou seja, os doces desenvolvidos durante os períodos colonial e imperial nos seus engenhos de açúcar como o bolo de rolo, o nego bom e a cartola; e também pelas bebidas e iguarias salgadas descobertas ou provavelmente originadas no estado a exemplo da cachaça, do beiju e da feijoada à brasileira. Na Bahia os principais destaques são as comidas feitas com azeite de dendê e com camarão, muitas delas de origem africana como o acarajé e o vatapá, ou ainda as moquecas e os bobós; porém não são menos apreciadas comidas acompanhadas de pirão como mocotó e rabada e doces como a cocada. No Maranhão, destacam-se o cuxá, o arroz de cuxá, o bobó, o peixe pedra e a torta de camarão, bem ao estilo maranhense. Também no Maranhão se destaca o refrigerante Jesus ou Guaraná Jesus que é patrimônio maranhense. Algumas comidas típicas da região são: o baião de dois, a carne de sol, o queijo de coalho, a panelada e a buchada de bode, a canjica, o feijão e arroz de coco, o feijão verde e o sururu, assim como vários doces feitos de mamão, abóbora, laranja, entre outros. Algumas frutas regionais — não necessariamente nativas da região — são a ciriguela, o cajá, o buriti, a cajarana, o umbu, a macaúba, as frutas maranhenses juçara (açaí), bacuri, cupuaçu, buriti, murici e a pitomba, além de outras também comuns em outras regiões.
Religião
Romeiros ao pé da estátua de Padre Cícero em Juazeiro do Norte, Ceará.
A religião predominante é a católica. Algumas pessoas são veneradas como santas, apesar do não reconhecimento da Igreja Católica, como é o caso de Padre Cícero, Frei Damião, Padre Ibiapina e Maria de Araújo.
Até o ano de 2019, a Irmã Dulce não era reconhecida como santa pela Igreja Católica. Entretanto, em 13 de outubro de 2019, ela foi canonizada pelo papa Francisco, tornando-se a primeira mulher comprovadamente nascida no Brasil a ser canonizada e a 37ª santa brasileira, além de 31ª santa nordestina, após os trinta Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu do Rio Grande do Norte.
São comuns peregrinações de romeiros a determinadas cidades do nordeste, destacando-se Juazeiro do Norte e Canindé (CE), Bom Jesus da Lapa (BA) e Santa Cruz dos Milagres (PI).
Todos os anos no mês de janeiro, ocorre em Salvador a lavagem do Bonfim, uma tradicional celebração religiosa que tem como ponto alto a lavagem das escadarias da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim pelos fiéis.
O candomblé possui diversos adeptos na Bahia, que costumam reverenciar Iemanjá oferecendo presentes à entidade. Tais oferendas são jogadas ao mar ou depositadas em pequenos barcos soltos em alto-mar.
No Maranhão, o Tambor de Mina é herança da religião africana nesse Estado. Ao invés dos orixás - entidades - como acontece na Bahia, têm-se os voduns, gentis e caboclos ou cabôcos (linguagem popular) que são entidades que baixam nos pais e filhos de santo.
Também no Maranhão tem a Festa de São José de Ribamar, Santo padroeiro do Estado, assim como inúmeras outras festas de santos que acontecem na Capital e no interior maranhense, e a Festa do Divino Espírito Santo, que tem sincretismo com religiões africanas.
Cangaceiro:
Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião (Serra Talhada, 4 de junho de 1898— Poço Redondo, 28 de julho de 1938), foi um cangaceiro brasileiro que atuou no sertão nordestino. Ficou conhecido como Rei
do Cangaço, por ter sido o mais bem-sucedido líder cangaceiro da história.
Origem
Há controvérsia sobre a data de nascimento de Lampião. As mais citadas são:
4 de junho de 1898: data que consta em sua certidão de batismo, uma das mais citadas na literatura de cordel. Este dia é geralmente aceito por muitos devido ao costume das regiões do semiárido de primeiro batizar as crianças e registrá-las tempos depois, devido a um misto de religiosidade e desconfiança em relação ao poder civil constituído e a um "enquadramento administrativo" por parte deste. 12 de fevereiro de 1900: data dada segundo Antônio Américo de Medeiros pelo próprio Lampião em entrevista ao escritor cearense Leonardo Mota, em 1926, em Juazeiro do Norte.
A questão de sua data de nascimento torna-se ainda mais relevante no contexto em que se instituem datas comemorativas em seu nome (18 de julho), e 7 de julho, que corresponde ao dia do seu registro civil, como o "Dia do Xaxado", pelo projeto da Câmara Municipal de Serra Talhada.
Perfil
Lampião, ao centro, e sua esposa, Maria Bonita, à direita, fotografados por Benjamin Abrahão Botto (1936).
Lampião, Maria Bonita e grupo de cangaceiros (1936)
Nascido na cidade de Vila Bela, atual Serra Talhada, no semiárido do estado de Pernambuco, foi o terceiro filho de José Ferreira dos Santos e Maria Sucena da Purificação.
Até os 21 anos de idade trabalhou como artesão. Era alfabetizado e usava óculos para leitura, características bastante incomuns para a região sertaneja e pobre onde ele morava. Uma das versões a
respeito de seu apelido é que sua capacidade de atirar seguidamente, iluminando a noite com seus tiros, fez com que recebesse o apelido de lampião.
Sua família travava uma disputa com outras famílias locais, geralmente por limites de terras, até que seu pai foi morto em confronto com a polícia em 1919. Virgulino jurou vingança, e junto de mais dois irmãos, passou a integrar o grupo do cangaceiro Sinhô Pereira. Em 1922, tornou-se líder do bando até então comandado por Sinhô Pereira em Pernambuco. No mesmo ano matou o informante que entregou seu pai à polícia, e realizou o maior assalto da história do cangaço àquela altura, contra a Baronesa de Água Branca em Alagoas.
Além do grupo principal, Lampião tinha o comando de diversos subgrupos paralelos, designando outros cangaceiros à frente, a exemplo de Corisco e Antonio de Engracia.
Em 1930 se junta afetivamente a Maria Bonita na Bahia. No mesmo ano, aparece no jornal The New York Times. Em 1936, seu cotidiano na caatinga é fotografado e filmado por Benjamin Abrahão Botto.
Durante quase 20 anos, Lampião viajou com seu bando de cangaceiros, todos a cavalo e em trajes de couro, chapéus, sandálias, casacos, cintos de munição e calças para protegê-los dos arbustos com espinhos típicos da vegetação caatinga. Para proteger o "capitão" (como Lampião era chamado) e realizar ataques a fazendas e municípios, todos usavam sempre um poder bélico potente. Como não existiam contrabandos de armas para se adquirir, as mesmas eram, em sua maioria, roubadas da polícia e de unidades paramilitares. A espingarda Mauser e uma grande variedade de pistolas semiautomáticas e revólveres também eram adquiridos durante confrontos. A arma mais utilizada era o rifle Winchester. O bando chamava os integrantes das volantes de "macacos" - uma alusão ao modo como os soldados fugiam quando avistavam o grupo de Lampião: "pulando".
Lampião e seu bando atacaram fazendas e cidades em sete estados além de praticar roubo de gado, saques, sequestros, assassinatos, torturas, mutilações e estupros. Sua passagem causava terror e indignação nos moradores, fato citado amplamente na imprensa local:
“Não é uma vergonha o que se está passando ou melhor dizendo continua a ocorrer em o nordeste brasileiro? E os poderes públicos, que garantia offerecem ao sertanejo infeliz e batido por todas as calamidades? Até os magistrados já não escapam às sortidas de Lampeão. (...) Eis porque o sertanejo tem sempre nos lábios uma expressão de descrença quando se lhe promette a applicação de providencias no sentido de desinfestar o sertão das hordas de cangaceiros horríveis que tornam a região a mais infeliz do mundo”.
Apesar disso, Lampião e seu bando eram frequentemente protegidos por coiteiros, conhecidos como fazendeiros, pequenos sitiantes ou mesmo autoridades locais que ofereciam abrigo e alimentos aos bandos por um curto espaço de tempo nos limites de suas terras, facilitando o deslocamento dos cangaceiros pelo Nordeste e sua fuga das forças volantes do Estado.
Vida pessoal
Sua companheira, Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Déa ou como Maria Bonita conforme apelidada pela imprensa, juntou-se ao bando em 1930, sendo a primeira das mulheres a integrá-lo.
Virgulino e Maria Déa tiveram uma filha, Expedita Ferreira Nunes, nascida em 13 de setembro de 1932. O casal teria tido ainda dois natimortos.
Religião
Era devoto de Padre Cícero e respeitava as suas crenças e conselhos. Os dois se encontraram uma única vez, no ano de 1926, em Juazeiro do Norte.
Morte
Cruzes marcando o local da morte de Lampião e seu bando, em Poço Redondo, Sergipe.
As cabeças dos cangaceiros incluindo Lampião (no primeiro degrau) e Maria Bonita (ao centro, no segundo degrau) na cidade de Piranhas em Alagoas.
No dia 27 de julho de 1938, o bando acampou na fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. A volante chegou tão silenciosamente que nem os cães perceberam. Por volta das 5:00h do dia 28, os cangaceiros levantaram para rezar o ofício e se preparavam para tomar café; quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.
Não se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais seguro, o bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os policiais do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues da Silva abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa.
O ataque durou cerca de vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos trinta e quatro cangaceiros presentes, onze morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais apreenderam os bens e mutilaram os mortos. Apreenderam todo o dinheiro, o ouro e as joias.
A força volante, de maneira bastante desumana para os dias de hoje, mas seguindo o costume da época, decepou a cabeça de Lampião. Maria Bonita ainda estava viva, apesar de bastante ferida, quando foi degolada. O mesmo ocorreu com Quinta-Feira, Mergulhão (os dois também tiveram suas cabeças arrancadas em vida), Luís Pedro, Elétrico, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete (2) e Macela. Um dos
policiais, demonstrando ódio a Lampião, desfere um golpe de coronha de fuzil na sua cabeça, deformando-a. Este detalhe contribuiu para difundir a lenda de que Lampião não havia sido morto e escapara da emboscada, tal foi a modificação causada na fisionomia do cangaceiro. "Feito isso, salgaram os seus troféus de vitória e colocaram em latas de querosene, contendo aguardente e cal." Os corpos mutilados e ensanguentados foram deixados a céu aberto, atraindo urubus. Para evitar a disseminação de doenças, dias depois foi colocada creolina sobre os corpos. Como alguns urubus morreram intoxicados pela creolina, este fato ajudou a difundir a crença de que eles haviam sido envenenados antes do ataque, com alimentos entregues pelo coiteiro traidor.
O Memorial da Resistência localizado em Mossoró no Rio Grande do Norte é um museu que retrata a história da única cidade nordestina a resistir à invasão do bando de Lampião.
Percorrendo os estados nordestinos, o coronel João Bezerra exibia as cabeças - já em adiantado estado de decomposição - por onde passava, atraindo uma multidão de pessoas. Primeiro, os troféus estiveram em Piranhas, onde foram arrumados cuidadosamente na escadaria da Prefeitura, junto com armas e apetrechos dos cangaceiros, e fotografados. Depois, foram levados a Maceió e ao sudeste do Brasil.
No IML de Aracaju, as cabeças foram observadas pelo médico Dr. Carlos Menezes. Depois de medidas, pesadas e examinadas, os criminalistas mudaram a teoria de que um homem bom não viraria um cangaceiro, e que este deveria ter características sui generis. Ao contrário do que pensavam, as cabeças não apresentaram qualquer sinal de degenerescência física, anomalias ou displasias, tendo sido classificadas, pura e simplesmente, como normais.
Do sudeste do País, apesar do péssimo estado de conservação, as cabeças seguiram para Salvador, onde permaneceram por seis anos
na Faculdade de Odontologia da UFBA. Lá, tornaram a ser medidas, pesadas e estudadas, na tentativa de se descobrir alguma patologia. Posteriormente, os restos mortais ficaram expostos no Museu Antropológico Estácio de Lima localizado no prédio do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, em Salvador, por mais de três décadas.
Durante muito tempo, as famílias de Lampião, Corisco e Maria Bonita lutaram para dar um enterro digno a seus parentes. O economista Sílvio Bulhões, filho de Corisco e Dadá, em especial, empreendeu muitos esforços para dar um sepultamento aos restos mortais dos cangaceiros e parar, de uma vez por todas, a macabra exibição pública. Segundo o depoimento do economista, dez dias após o enterro de seu pai, a sepultura foi violada, o corpo foi exumado, e sua cabeça e braço esquerdo foram cortados e colocados em exposição no Museu Nina Rodrigues.
O enterro dos restos mortais dos cangaceiros só ocorreu depois do Projeto de Lei nº 2.867, de 24 de maio de 1965. Tal projeto teve origem nos meios universitários de Brasília (em particular, nas conferências do poeta Euclides Formiga), e as pressões do povo brasileiro e do Clero o reforçaram. As cabeças de Lampião e Maria Bonita foram sepultadas no dia 6 de fevereiro de 1969. Os demais integrantes do bando tiveram seu enterro uma semana depois.
Pernambuco é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está localizado no centro-leste da região Nordeste e tem como limites os estados da Paraíba (N), do Ceará (NO), de Alagoas (SE), da Bahia (S) e do Piauí (O), além de ser banhado pelo oceano Atlântico (L). Ocupa uma área de 98 149,119 km² (6,57% maior que Portugal). Também fazem parte do seu território os arquipélagos de Fernando de Noronha e São Pedro e São Paulo. Sua capital é Recife e a sede administrativa é o Palácio do Campo das Princesas. O atual governador é Paulo Câmara (PSB).
Pernambuco foi o primeiro núcleo econômico do Brasil, uma vez que se destacou na exploração do pau-brasil (também referido como pau-de-pernambuco) e foi a primeira parte do país onde a cultura canavieira desenvolveu-se efetivamente. A Capitania de Pernambuco, a mais rica das capitanias da América portuguesa durante o Ciclo do Açúcar, chegou a atingir o posto de maior produtor mundial da mercadoria. No estado ocorreram muitos dos primeiros fatos históricos do Novo Mundo: no Cabo de Santo Agostinho houve o descobrimento do Brasil pelo navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón no dia 26 de janeiro de 1500; e na Ilha de Itamaracá estabeleceu-se, em 1516, o primeiro "Governador das Partes do Brasil", Pero Capico, que ali construiu o primeiro engenho de açúcar de que se tem notícia na América portuguesa. Pernambuco teve ainda participação ativa em diversos episódios da história brasileira: foi palco das Batalhas dos Guararapes, combates decisivos na Insurreição Pernambucana e considerados a origem do Exército Brasileiro; e serviu de berço a movimentos de caráter nativista ou de ideais libertários, como a Guerra dos Mascates, a Revolução Pernambucana, a Confederação do Equador e a Revolução Praieira. O estado deu origem a personalidades de renome internacional: físicos e matemáticos como Mário Schenberg, José Leite Lopes, Leopoldo Nachbin, Paulo Ribenboim, Samuel MacDowell e Aron Simis; escritores como Paulo Freire, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Clarice Lispector, Oliveira Lima e Nelson Rodrigues; polímatas como Gilberto Freyre, Joaquim Nabuco, Josué de Castro, Joaquim Cardozo, Antônio Austregésilo e Cristovam Buarque; empresários como José Ermírio de Moraes, Norberto Odebrecht, Antônio de Queiroz Galvão, Edson Mororó Moura, Anita Harley e Flávio Rocha; líderes e personagens históricos como Frei Caneca, Lampião, Araújo Lima, Luiz Inácio Lula da Silva, Correia Picanço e Cardeal Arcoverde; músicos como Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Dominguinhos, Bezerra da Silva e Naná Vasconcelos; profissionais do audiovisual como Chacrinha, Marco
Nanini, Arlete Salles, Kleber Mendonça Filho, Guel Arraes e Aguinaldo Silva; artistas plásticos e designers como Romero Britto, Francisco Brennand, Marianne Peretti, Cícero Dias, Tunga e Aloísio Magalhães; esportistas como Rivaldo, Vavá, Ademir de Menezes, Jaqueline, Dani Lins e Karol Meyer; dentre diversos outros nomes.
Pernambuco é a sétima unidade federativa mais populosa do Brasil, e possui o décimo maior PIB do país e o maior PIB per capita entre os estados nordestinos. Já sua capital, Recife, é sede da concentração urbana mais rica e populosa do Norte-Nordeste. No interior do estado, as cidades mais importantes são Caruaru e Petrolina. Conhecido por sua ativa e rica cultura popular, Pernambuco é berço de várias manifestações tradicionais, como a capoeira, o coco, o frevo e o maracatu, bem como detentor de um vasto patrimônio histórico, artístico e arquitetônico, sobretudo no que se refere ao período colonial. Em 1970 surgiu no estado o Movimento Armorial, que teve como figura central o escritor Ariano Suassuna. Duas décadas mais tarde apareceu outro importante movimento que se constituiu numa espécie de contraponto ao Armorial: o Manguebeat, cujo maior expoente foi o artista Chico Science. Pernambuco possui a alcunha de Leão do Norte, expressão que se origina na figura de armas do antigo capitão-donatário Duarte Coelho, em alusão à coragem e ao espírito combativo do povo pernambucano. O termo é atualmente simbolizado tanto no brasão do estado quanto na bandeira da cidade do Recife, e também foi inspiração para a canção de mesmo nome do compositor Lenine.
Etimologia
Para alguns estudiosos, a origem do nome "Pernambuco" está relacionada ao Canal de Santa Cruz, que cerca a Ilha de Itamaracá.
Paranãbuku, do tupi: para uma parcela dos pesquisadores, uma provável alusão ao rio Capibaribe.
A origem do nome Pernambuco é controversa. Alguns estudiosos afirmam que vem da aglutinação dos termos tupis para’nã, que quer dizer “rio grande” ou “mar”, e buka, “buraco”. Assim, Pernambuco seria um “buraco no mar”, referindo-se ao Canal de Santa Cruz na Ilha de Itamaracá ou à abertura que existe nos arrecifes entre Olinda e o Recife. Segundo outros afirmam, era a denominação nas línguas indígenas locais da época do descobrimento para o pau-brasil. Uma terceira hipótese adviria também do tupi, paranãbuku, isto é, “rio comprido”, uma provável alusão ao rio das capivaras, o Capibaribe, já que mapas primitivos assinalam um tal “rio Pernambuco” ao norte do Cabo de Santo Agostinho. Há ainda uma quarta hipótese, aventada pelo pesquisador Jacques Ribemboim, segundo a qual a etimologia teria origem na língua portuguesa: o Canal de Santa Cruz, no início do século XVI, era conhecido como "Boca de Fernão" (referência ao explorador de pau-brasil Fernão de Noronha), e os índios possivelmente o chamavam de algo próximo a "Pernão Boca" ou "Pernambuka", que teria dado origem ao nome Pernambuco.
Bento Teixeira, em seu poema Prosopopeia publicado em 1601 — o primeiro poema da literatura brasileira, que conta em estilo épico, inspirado em Camões, as façanhas da família Albuquerque, tendo sido dedicado ao então governador de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho —, escreveu uma estrofe na qual conta o significado da palavra Pernambuco:
"Em o meio desta obra alpestre, e dura,
Uma bôca rompeu o Mar inchado,
Que na língua dos bárbaros escura,
Paranambuco, de todos é chamado.
De Parana que é Mar, Puca - rotura,
Feita com fúria dêsse Mar salgado,
Que sem no derivar, cometer míngua,
Cova do Mar se chama em nossa língua."
Os habitantes naturais do estado de Pernambuco são denominados pernambucanos.
História de Pernambuco
Pré-história e Antiguidade
Pinturas Rupestres no Vale do Catimbau. Pernambuco abriga sítios arqueológicos datados de pelo menos 11 mil anos.
O Nordeste brasileiro concentra alguns dos mais antigos sítios arqueológicos conhecidos do país, com datação superior a 40 mil anos antes do presente. Na região que hoje corresponde ao estado de Pernambuco, foram identificados vestígios seguros de ocupação humana superiores a 11 mil anos, nas regiões de Chã do Caboclo, em Bom Jardim, e Furna do Estrago, em Brejo da Madre de Deus. Nesta última região, foi descoberta uma importante necrópole pré-histórica, com 125 metros quadrados de área coberta, de onde foram resgatados 83 esqueletos humanos em bom estado de conservação.
Dentre os grupos indígenas que habitaram o estado, identificou-se a tradição cultural Itaparica, responsável pela confecção de artefatos líticos lascados há mais de 6 mil anos. No agreste pernambucano, conservam-se pinturas rupestres com data aproximada de 2 mil anos antes do presente, atribuídas à subtradição denominada Cariris velhos. Na época da colonização portuguesa, habitavam o litoral pernambucano os caetés e os tabajaras, já desaparecidos. Nos brejos de altitude do estado ainda é possível encontrar grupos indígenas remanescentes das antigas tradições, como os Pankararu (em Tacaratu) e os Atikum (em Floresta).
Descobrimento do Brasil por Vicente Yáñez Pinzón
Descobrimento do Brasil
O Cabo de Santo Agostinho, no litoral sul de Pernambuco, foi o local da descoberta do Brasil por Vicente Yáñez Pinzón no dia 26 de janeiro de 1500.
Muitos estudiosos afirmam que o descobridor do Brasil foi o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón, que no dia 26 de janeiro de 1500 desembarcou no Cabo de Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco — esta considerada a mais antiga viagem comprovada ao território brasileiro.
A esquadra, composta por quatro caravelas, zarpou de Palos de la Frontera no dia 19 de novembro de 1499. Após cruzar a linha do Equador, Pinzón enfrentou uma forte tempestade, e então, no dia 26 de janeiro de 1500, avistou o cabo e ancorou suas naus num porto abrigado e de fácil acesso a pequenas embarcações, com 16 pés de fundo, segundo as indicações da sonda. O referido porto era a enseada de Suape, localizada na encosta sul do promontório, que a expedição espanhola denominou Cabo de Santa María de la Consolación. A Espanha não reivindicou a descoberta, minuciosamente registrada por Pinzón e documentada por importantes cronistas da época como Pietro Martire d'Anghiera e Bartolomeu de las Casas, devido ao Tratado de Tordesilhas, assinado com Portugal.
O mapa de Juan de la Cosa, carta do século XV, mostra a costa sul-americana enfeitada com bandeiras castelhanas do Cabo da Vela (na atual Colômbia) até o extremo oriental do continente. Ali figura um texto que diz "Este cavo se descubrio en año de mily IIII X C IX por Castilla syendo descubridor vicentians" ("Este cabo foi descoberto em 1499 por Castela sendo o descobridor Vicente Yáñez") e que muito provavelmente se refere à chegada de Pinzón em finais de janeiro de 1500 ao Cabo de Santo Agostinho.
Por ter descoberto o Brasil, Vicente Yáñez Pinzón foi condecorado pelo rei Fernando II de Aragão em 5 de setembro de 1501.
Período pré-colonial e início do período colonial
Ciclo do Açúcar, Saque do Recife, União Ibérica e Guerra Anglo-Espanhola
Olinda foi a urbe mais rica do Brasil Colônia de sua criação até a Invasão Holandesa, quando foi depredada. É a mais antiga das cidades brasileiras declaradas Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
Convento de São Francisco, convento franciscano mais antigo do Brasil, localizado em Olinda.
A Igreja dos Santos Cosme e Damião, em Igarassu, é a igreja mais antiga do Brasil de acordo com o IPHAN.
Em 1501, ano seguinte ao da chegada dos europeus ao Brasil, o território de Pernambuco, definido pelo Tratado de Tordesilhas como região pertencente à América portuguesa, é explorado pela expedição de Gonçalo Coelho, que teria criado feitorias ao longo da costa da colônia, inclusive, possivelmente, na atual localidade de Igarassu, cuja defesa seria futuramente confiada a Cristóvão Jacques. Logo Pernambuco se tornaria a principal área de exploração do pau-brasil (ou pau-de-pernambuco) no Novo Mundo. A madeira pernambucana era de uma qualidade tão superior que regulava o preço no comércio europeu, o que explica o fato de a árvore do pau-brasil ter como principal nome "pernambuco" em idiomas como o francês e o italiano. Em 1516, foi construído no litoral pernambucano o primeiro engenho de açúcar de que se tem notícia na América portuguesa, mais precisamente na Feitoria de Itamaracá, confiada ao administrador colonial Pero Capico — o primeiro "Governador das Partes do Brasil". Em 1526 já figuravam direitos sobre o açúcar de Pernambuco na Alfândega de Lisboa.
No ano de 1532, Bertrand d'Ornesan, o barão de Saint Blanchard, tentou estabelecer um posto de comércio em Pernambuco. Com o navio A Peregrina, pertencente ao nobre francês, o capitão Jean Duperet tomou a Feitoria de Igarassu e a fortificou com vários
canhões, deixando-a sob o comando de um certo senhor de La Motte. Meses depois, na costa da Andaluzia na Espanha, os portugueses capturaram a embarcação francesa, que estava atulhada com 15 mil toras de pau-brasil, três mil peles de onça, 600 papagaios e 1,8 tonelada de algodão, além de óleos medicinais, pimenta, sementes de algodão e amostras minerais. E no exato instante em que A Peregrina era apreendida no mar Mediterrâneo, o capitão português Pero Lopes de Sousa combatia os franceses em Pernambuco. Retomada a feitoria, os soldados franceses foram presos e La Motte foi enforcado. Após ser informado da missão que A Peregrina realizara em Pernambuco, o rei Dom João III decidiu começar a colonização do Brasil, dividindo o seu território em capitanias hereditárias. Iniciou-se então o povoamento efetivo do território pernambucano. O atual estado de Pernambuco equivale a parte da Capitania de Pernambuco, doada por Dom João III no dia 10 de março de 1534 a Duarte Coelho, e parte da Capitania de Itamaracá, doada a Pero Lopes de Sousa. O Foral da Capitania de Pernambuco serviu de modelo aos forais das demais capitanias do Brasil. Em 1535, Duarte Coelho tomou posse da capitania que lhe foi concedida, a princípio batizada de "Nova Lusitânia", mas que pouco tempo depois recebeu a denominação que mantém até hoje. Em 1537, os povoados de Igarassu e Olinda, estabelecidos no ano da chegada do donatário, foram elevados a vila. Olinda recebeu o status de capital administrativa, e seu porto, habitado por pescadores, deu origem à atual cidade do Recife.
As vilas de Olinda e Igarassu, entre os primeiros núcleos de povoamento do Brasil, serviram de ponto de partida para expedições desbravadoras do interior da capitania. Uma dessas expedições, chefiada pelo filho do donatário, Jorge de Albuquerque, penetrou o sertão até o rio São Francisco, assegurando o domínio e expansão do interior do território e combatendo os índios hostis. Duarte Coelho, por sua vez, tratou de instalar grandes engenhos de açúcar no
território pernambucano, incentivando também o plantio do algodão. Em pouco tempo, a Capitania de Pernambuco se tornou a principal produtora de açúcar da colônia. Consequentemente, era também a mais próspera e influente das capitanias hereditárias. Surge em Pernambuco o protótipo da sociedade açucareira dos grandes latifundiários da cana-de-açúcar, que perdurará de forma majoritária nos dois séculos seguintes. O cultivo da cana-de-açúcar adaptou-se facilmente ao clima pernambucano e ao solo massapê. A maior proximidade geográfica de Portugal, barateando o custo do transporte, a abundância do pau-brasil, o cultivo do algodão e os grandes investimentos feitos pelo donatário na fundação de vilas e na pacificação dos índios são outros fatores que ajudam a explicar o progresso da capitania. Discorrendo sobre o centro da economia colonial, o padre Fernão Cardim disse que "em Pernambuco se acha mais vaidade que em Lisboa", opulência que parecia decorrer, como sugere Gabriel Soares de Sousa em 1587, do fato de, então, ser a capitania "tão poderosa (...) que há nela mais de cem homens que têm de mil até cinco mil cruzados de renda, e alguns de oito, dez mil cruzados. Desta terra saíram muitos homens ricos para estes reinos que foram a ela muito pobres". A prosperidade de Pernambuco, no entanto, transformou a capitania em um ponto cobiçado por piratas e corsários europeus. Já em 1595, durante a Guerra Anglo-Espanhola, o almirante inglês James Lancaster tomou de assalto o porto do Recife, onde permaneceu por quase um mês pilhando as riquezas transportadas do interior, no episódio conhecido como Saque do Recife. Foi a única expedição de corso da Inglaterra que teve como objetivo principal o Brasil, e representou o mais rico butim da história da navegação de corso do período elisabetano.
Por volta do início do século XVII, a Capitania de Pernambuco era a maior e mais rica área de produção de açúcar do mundo.
Pernambuco e as invasões estrangeiras no Maranhão e na Bahia
Matias de Albuquerque, Conde de Alegrete, administrou o Estado do Brasil a partir de Olinda entre 1624 e 1625.
As primeiras décadas do século XVII foram turbulentas na costa do atual Nordeste brasileiro. Em Pernambuco, esforços concentravam-se na expulsão das forças estrangeiras que invadiam o litoral do Brasil.
Em 1612, os franceses fundaram em terras maranhenses uma colônia que ficou conhecida como França Equinocial. Jerônimo de Albuquerque, militar de Olinda, foi então incumbido pelo Capitão-mor de Pernambuco, Alexandre de Moura, de expulsar os franceses do Maranhão. Tropas partiram do Recife, e em novembro de 1614 travou-se a batalha final, o Combate de Guaxenduba, com a vitória das forças comandadas por Jerônimo. Seis dias depois foram suspensas as lutas, com tratado assinado pelo comandante francês Daniel de La Touche, Senhor de la Ravardière, e Jerônimo de Albuquerque, no qual la Ravardière se comprometia a entregar o Forte de São Luís em cinco meses, o que efetivamente ocorreu. Face a esta conquista Jerônimo de Albuquerque, por ato do rei Filipe III de Espanha, recebeu oficialmente o sobrenome Maranhão.
Anos depois, no dia 10 de maio de 1624, uma expedição da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais atacou e conquistou Salvador. O Governador da Capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque, foi então nomeado Governador-Geral, administrando a colônia a partir de Olinda, e enviando expressivos reforços para a guerrilha sediada no Arraial do Rio Vermelho e no Recôncavo. Contudo, os holandeses só foram dali expulsos no ano seguinte, com a chegada de uma poderosa armada luso-espanhola composta por navios procedentes dos portos de Cádis, de Lisboa e do Recife. Francisco de Moura Rolim, que comandara a frota de caravelas de Pernambuco, tornou-se ainda em 1625 Governador-Geral, nomeado pelo seu antecessor Matias de Albuquerque. Foram, portanto, os primeiros governadores-gerais nascidos no Brasil. Em meados de 1626, Matias de Albuquerque
procurou estabelecer posições fortificadas no porto do Recife a fim de que se pudesse dissuadir a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais da ideia empreendida na Bahia.
Invasão holandesa em Pernambuco (1630-1654)
Recife foi a mais cosmopolita cidade da América durante o governo do conde alemão (a serviço da coroa holandesa) Maurício de Nassau.
Kahal Zur Israel, primeira sinagoga do continente americano.
Invasões holandesas do Brasil, Nova Holanda e Guerra Luso-Holandesa
De posse dos recursos obtidos no saque à frota espanhola da prata, a Holanda arma uma nova expedição, desta vez contra Pernambuco, a mais rica de todas as possessões portuguesas. O seu objetivo declarado era o de restaurar o comércio do açúcar com os Países Baixos, proibido pela Coroa da Espanha. Os neerlandeses viam na tomada de Olinda e Recife a oportunidade para impor um duro golpe no reino de Filipe IV.
Em 26 de dezembro de 1629 partia de Cabo Verde em direção a Pernambuco uma extraordinária esquadra com 67 navios e cerca de 7 mil homens, a maior já vista na colônia, sob o comando do almirante Hendrick Lonck. Os holandeses, desembarcando na praia de Pau Amarelo, conquistaram a capitania em fevereiro de 1630 e estabeleceram a colônia Nova Holanda. A frágil resistência portuguesa na passagem do rio Doce foi derrotada, e os holandeses invadiram sem grandes contratempos Olinda. Os moradores, em pânico, fugiram levando o que puderam. Alguns bolsões de contenção foram eliminados, destacando-se a brava luta do capitão André Temudo em defesa da Igreja da Misericórdia. Em poucos dias, Olinda e o seu porto, Recife, foram tomados.
O conde Maurício de Nassau desembarcou na Nieuw Holland, a Nova Holanda, em 1637, acompanhado por uma equipe de arquitetos e
engenheiros. Nesse ponto começa a construção de Mauritsstad (atual Recife), que foi dotada de pontes, diques e canais para vencer as condições geográficas locais. O arquiteto Pieter Post foi o responsável pelo traçado da nova cidade e de edifícios como o Palácio de Friburgo, sede do poder de Nassau na Nova Holanda, que tinha um observatório astronômico — o primeiro do Hemisfério Sul —, e abrigou o primeiro farol e o primeiro jardim zoobotânico do continente americano. Em 28 de fevereiro de 1643 o Recife (atualmente o bairro do Recife) foi ligado à Cidade Maurícia com a construção da primeira ponte de grande porte da América Latina. Durante o governo de Nassau, Recife foi considerada a mais cosmopolita cidade da América, e tinha a maior comunidade judaica de todo o continente, que construiu, à época, a primeira sinagoga do Novo Mundo, a Kahal Zur Israel, bem como a segunda, a Maguen Abraham. Na Nova Holanda foram cunhadas as primeiras moedas em solo brasileiro: os florins (ouro) e os soldos (prata), que continham a palavra Brasil. Por diversos motivos, sendo um dos mais importantes a exoneração de Maurício de Nassau do governo da capitania pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, o povo de Pernambuco se rebelou contra o governo, juntando-se à fraca resistência ainda existente, num movimento denominado Insurreição Pernambucana.
Olinda foi saqueada e destruída pelos holandeses, que escolheram o Recife como a capital da Nova Holanda. O mapa de Nicolaes Visscher mostra o cerco a Olinda e Recife em 1630.
Batalha Naval dos Abrolhos, confronto entre luso-espanhóis e holandeses travado na costa de Pernambuco em setembro de 1631.
Ataque malfadado de armada luso-espanhola contra os holandeses no Recife em 1636.
Insurreição Pernambucana (1645-1654)
Insurreição Pernambucana
As Batalhas dos Guararapes, episódios decisivos na Insurreição Pernambucana, são consideradas a origem do Exército Brasileiro.
Em 15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de São João, 18 líderes insurretos pernambucanos assinaram compromisso para lutar contra o domínio holandês na capitania. Com o acordo assinado, começa o contra-ataque à invasão holandesa. A primeira vitória importante dos insurretos se deu no Monte das Tabocas (hoje localizado no município de Vitória de Santo Antão), onde 1.200 insurretos mazombos armados de armas de fogo, foices, paus e flechas derrotaram numa emboscada 1.900 holandeses bem armados e bem treinados. O sucesso deu ao líder Antônio Dias Cardoso o apelido de Mestre das Emboscadas. Os holandeses que sobreviveram seguiram para Casa Forte, sendo novamente derrotados pela aliança dos mazombos, índios nativos e escravos negros. Recuaram novamente para as fortificações em Cabo de Santo Agostinho, Pontal de Nazaré, Sirinhaém, Rio Formoso, Porto Calvo e Forte Maurício, sendo sucessivamente derrotados pelos insurretos. Cercados e isolados pelos rebeldes numa faixa que ficou conhecida como Nova Holanda, indo do Recife a Itamaracá, os invasores começaram a sofrer com a falta de alimentos, o que os levou a atacar plantações de mandioca nas vilas de São Lourenço, Catuma e Tejucupapo. Em 24 de abril de 1646, ocorreu a famosa Batalha de Tejucupapo, onde mulheres camponesas armadas de utensílios agrícolas e armas leves expulsaram os invasores holandeses, humilhando-os definitivamente. Esse fato histórico consolidou-se como a primeira importante participação militar da mulher na defesa do território brasileiro.
O Palácio de Friburgo (1642), local de residência e de despachos de Maurício de Nassau, foi demolido no século XVIII devido aos danos causados durante a Insurreição Pernambucana.
Com a chegada gradativa de reforços portugueses, os holandeses por fim foram expulsos em 1654, na segunda Batalha dos Guararapes. A data da primeira das Batalhas dos Guararapes é considerada a
origem do Exército Brasileiro. Tomada a colônia holandesa, os judeus receberam um prazo de três meses para partir ou se converter ao catolicismo. Com medo da fogueira da Inquisição, quase todos venderam o que tinham e deixaram o Recife em 16 navios. Parte da comunidade judaica expulsa de Pernambuco fugiu para Amsterdã, e outra parte se estabeleceu em Nova Iorque. Através deste último grupo a Ilha de Manhattan, atual centro financeiro dos Estados Unidos, conheceu grande desenvolvimento econômico; e descendentes de judeus egressos do Recife tiveram participação ativa na história estadunidense: Gershom Mendes Seixas, aliado de George Washington na Guerra de Independência dos Estados Unidos; seu filho Benjamin Mendes Seixas, fundador da Bolsa de Valores de Nova Iorque; Benjamin Cardozo, juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos ligado a Franklin Roosevelt; entre outros. Devido à Primeira Guerra Anglo-Neerlandesa, a República Holandesa não pôde auxiliar os holandeses no Brasil. Com o fim da guerra contra os ingleses, a Holanda exige a devolução da colônia em maio de 1654. Sob ameaça de uma nova invasão do Nordeste brasileiro, Portugal firma acordo com os holandeses e os indeniza com 4 milhões de cruzados e duas colônias: o Ceilão (atual Sri Lanka) e as ilhas Molucas (parte da atual Indonésia). Em 6 de agosto de 1661, a Holanda cede formalmente a região ao Império Português através da Paz de Haia.
Quilombo dos Palmares
Pátio do Carmo, no Recife, onde a cabeça de Zumbi dos Palmares ficou exposta até total decomposição.
Quilombo dos Palmares
O Quilombo dos Palmares foi um quilombo da era colonial brasileira. Localizava-se na então Capitania de Pernambuco, na serra da Barriga, região hoje pertencente ao município alagoano de União dos Palmares. Palmares foi o maior dos quilombos do período colonial. Em 1602, já há relatos de sua existência e de envio de expedições pelo
governador-geral da Capitania de Pernambuco para pôr fim ao aldeamento. Chegou a abranger uma área de 150 quilômetros de comprimento e 50 quilômetros de largura, situada na Capitania de Pernambuco, entre os atuais estados de Alagoas e Pernambuco, numa região de palmeiras (daí o seu nome). Sua população teria alcançado um número estimado entre 6 mil e 20 mil pessoas. Tanto pelas proporções como pela resistência prolongada, tornou-se símbolo da resistência escrava. O movimento de fuga dos escravos para a mata vinha de longe, mas a invasão holandesa em Pernambuco constituiu para eles a grande oportunidade. Por quase 70 anos os negros fugitivos viveram com tranquilidade, instalando em Palmares um tipo de estado africano baseado na pequena propriedade e na policultura. Com o fim do domínio holandês em Pernambuco, o quilombo passou a sofrer ataques dos fazendeiros e das autoridades, que viam nele uma ameaça. Enquanto existiu, Palmares atraiu os escravos para a fuga. A resistência dos negros durou muitos anos e a existência do quilombo prolongou-se por quase um século, tendo-se destacado entre seus líderes o rei Ganga Zumba e seu sucessor, Zumbi.
Pernambuco foi a mais rica capitania do Brasil Colônia. O território pernambucano, no seu auge (mapa), se estendia do atual estado do Ceará até o atual Oeste da Bahia.
Movimentos nativistas, libertários e separatistas
Conjuração de "Nosso Pai", Guerra dos Mascates, Conspiração dos Suassunas, Revolução Pernambucana, Convenção de Beberibe, Confederação do Equador e Revolução Praieira
Conjuração de "Nosso Pai" (1666)
A Capitania de Pernambuco lutava por reconstruir Recife e Olinda, ambas destruídas com as lutas contra os invasores holandeses. Os senhores de engenho, radicados em Olinda e com reservas quanto ao porto do Recife, acreditavam merecer maiores reconhecimentos da Coroa Portuguesa, pelo contributo na expulsão dos neerlandeses.
Portugal, entretanto, mandou para governar a capitania Jerônimo de Mendonça Furtado, um estranho, contrariando assim os interesses de muitos pernambucanos, que se julgavam merecedores de ocupar a função, e não um estrangeiro. Mendonça Furtado era apelidado pejorativamente de Xumberga (ou, nalgumas outras versões, Xumbregas), referência ao Marechal de campo Friedrich Von Schönberg — contratado pelo Conde de Soure como mercenário e que lutara na Guerra da Restauração —, por ter um bigode semelhante ao dele. O estopim do movimento, que culminou com a prisão e deposição do governador, foi a estada, no porto do Recife, de uma esquadra francesa, que por ordem da Corte, foram bem tratados. Os insurgentes fizeram divulgar a notícia de que o governador estaria a serviço dos estrangeiros, que preparavam um ataque à capitania, e seu consequente saque.
Revolução Pernambucana, único movimento libertário do período de dominação portuguesa que ultrapassou a fase conspiratória.
Frei Caneca, que esteve implicado na Revolução Pernambucana, foi líder e mártir da Confederação do Equador.
Guerra dos Mascates (1710-1711)
Após a invasão holandesa, muitos comerciantes vindos de Portugal — chamados pejorativamente de "mascates" — estabelecem-se no Recife, trazendo prosperidade à vila. O desenvolvimento do Recife foi visto com desconfiança pelos olindenses, em grande parte senhores de engenho em dificuldades econômicas. O conflito de interesses políticos e econômicos entre a nobreza açucareira pernambucana e os novos burgueses deu origem à Guerra dos Mascates, durante a qual o Recife foi palco de combates e cercos. A Guerra dos Mascates é considerada um movimento nativista pela historiografia em história do Brasil.
Conspiração dos Suassunas (1801)
A Conspiração dos Suassunas foi um projeto de revolta que se registrou em Olinda no alvorecer do século XIX. Influenciadas pelas ideias do Iluminismo e pela Revolução Francesa, algumas pessoas, entre as quais Manuel Arruda Câmara — membro da Sociedade Literária do Rio de Janeiro, fundaram em 1796 no município pernambucano de Itambé a primeira loja maçônica do Brasil, Areópago de Itambé, da qual não participavam europeus. As mesmas ideias também eram discutidas por padres e alunos do Seminário de Olinda, fundado pelo bispo Dom José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho em 16 de fevereiro de 1800. Esta instituição teve entre os seus membros o Padre Miguelinho, um dos futuros implicados na Revolução Pernambucana de 1817.
Revolução Pernambucana (1817)
A chamada Revolução Pernambucana, também conhecida como "Revolução dos Padres", foi um movimento emancipacionista que eclodiu no dia 6 de março de 1817 em Pernambuco. Dentre as suas causas, destacam-se a influência das ideias iluministas propagadas pelas sociedades maçônicas, o absolutismo monárquico português e os enormes gastos da Família Real e seu séquito recém-chegados ao Brasil a Capitania de Pernambuco, então a mais lucrativa da colônia, era obrigada a enviar para o Rio de Janeiro grandes somas de dinheiro para custear salários, comidas, roupas e festas da Corte, o que dificultava o enfrentamento de problemas locais (como a seca ocorrida em 1816) e ocasionava o atraso no pagamento dos soldados, gerando grande descontentamento no povo pernambucano. Foi o único movimento libertário do período de dominação portuguesa que ultrapassou a fase conspiratória e atingiu o processo revolucionário de tomada do poder. A repressão foi sangrenta: muitos revoltosos foram arcabuzados ou enforcados com seus corpos esquartejados depois de mortos, enquanto outros morreram na prisão. Também em retaliação, foi desmembrada de Pernambuco, com sanção de Dom João VI, a Comarca das Alagoas, cujos proprietários rurais haviam se
mantido fiéis à Coroa, e como recompensa, puderam formar uma capitania independente.
Luís do Rego Barreto, o algoz da Revolução Pernambucana, retornou à Europa em 1821: Pernambuco foi a primeira província brasileira a expulsar os exércitos portugueses.
Os revolucionários, oriundos de várias partes da colônia, tinham como objetivo principal a conquista da independência do Brasil em relação a Portugal, com a implantação de uma república liberal. O movimento abalou a confiança na construção do império americano sonhado por Dom João, e por este motivo é considerado o precursor da independência conquistada em 1822.
Convenção de Beberibe (1821)
Pernambuco foi a primeira província brasileira a se separar do Reino de Portugal, onze meses antes da proclamação da Independência do Brasil pelo Príncipe Dom Pedro de Orleans e Bragança. No dia 29 de agosto de 1821, teve início um movimento armado contra o governo do capitão general Luís do Rego Barreto — o algoz da Revolução Pernambucana —, culminando com a formação da Junta de Goiana, tornando-se vitorioso com a rendição das tropas portuguesas em capitulação assinada a 5 de outubro do mesmo ano, quando da Convenção de Beberibe, responsável pela expulsão dos exércitos portugueses do território pernambucano. O Movimento Constitucionalista de 1821 é considerado o primeiro episódio da Independência do Brasil.
Confederação do Equador (1824)
A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário, de caráter separatista e republicano, ocorrido em Pernambuco. É considerada um desdobramento da Revolução Pernambucana, e representou a principal reação contra a tendência absolutista e a política centralizadora do governo do imperador Dom Pedro I (1822-
1831), esboçada na Carta Outorgada de 1824, a primeira Constituição do país.
Exército do Império do Brasil ataca as forças confederadas no Recife, em 1824, no contexto da Confederação do Equador.
Dom Pedro I, mesmo após a Independência do Brasil, permanecia atrelado aos interesses da Coroa Portuguesa, e mostrava-se simpático a uma proposta, feita pelo seu pai Dom João VI, de recriar o Reino Unido com base em fórmula que concederia ao Brasil uma ampla autonomia, porque assim preservaria seus direitos ao trono português. A fórmula, contudo, era vista por muitos pernambucanos como uma tentativa de recolonização. Além disso, a província de Pernambuco se ressentia ao pagar elevadas taxas para o Império, que as justificava como necessárias para levar adiante as guerras provinciais pós-independência (algumas províncias resistiam à separação de Portugal). Pernambuco esperava que a primeira Constituição do Império seria do tipo federalista, e daria autonomia para as províncias resolverem suas questões.
A repressão ao movimento foi severa. O imperador pediu empréstimos à Inglaterra e contratou tropas no exterior, que seguiram para o Recife sob o comando de Thomas Cochrane. Os rebeldes foram subjugados, e vários líderes da revolta, como Frei Caneca, foram enforcados ou fuzilados. Também em retaliação, Dom Pedro I desligou do território pernambucano, através de decreto de 7 de julho de 1824, a extensa Comarca do Rio de São Francisco (atual Oeste Baiano), passando-a, inicialmente, para Minas Gerais e, depois, para a Bahia. Esta foi a última porção de terra desmembrada de Pernambuco, impondo à província uma grande redução da extensão territorial, de 250 mil km² para 98 mil km².
Revolução Praieira (1848-1850)
Mapa da Província de Pernambuco, 1889. Arquivo Nacional.
A Revolução Praieira, também denominada "Insurreição Praieira", "Revolta Praieira" ou simplesmente "Praieira", foi um movimento de caráter liberal e separatista ocorrido na província de Pernambuco entre os anos de 1848 e 1850. A última das revoltas provinciais está ligada às lutas político-partidárias que marcaram o Período Regencial e o início do Segundo Reinado. Sua derrota representou uma demonstração de força do governo de Dom Pedro II (1840-1889). A monarquia brasileira era duramente contestada pelas novas ideias liberais da época. Para além do descontentamento com o governo imperial, grande parte da população pernambucana mostrava-se insatisfeita com a concentração fundiária e do poder político na província, a mais importante do Nordeste. Foi nesse contexto que surgiu o Partido da Praia, criado para opor-se ao Partido Liberal e ao Partido Conservador, ambos dominados por duas famílias poderosas que viviam fazendo acordos políticos entre si. Houve uma série de disputas pelo poder, até que, em 7 de novembro de 1848, iniciou-se a luta armada. Em Olinda, os líderes praieiros lançaram o “Manifesto ao Mundo”, e passaram a lutar contra as tropas do governo imperial, que interveio e pôs fim à maior insurreição ocorrida no Segundo Reinado.
Geografia
Geografia de Pernambuco
Mapa topográfico do território pernambucano
Pernambuco é um dos menores estados do país. Apesar disso, possui paisagens variadas: serras, planaltos, brejos, semiaridez e diversificadas praias.
O estado tem 187 km de litoral, com altitude crescente da costa ao sertão. As planícies litorâneas têm altitude de até 200 metros, apresentando relevo peneplano (mamelonar), e alguns pontos do Planalto da Borborema ultrapassam os 1.000 m de altitude. Na margem oeste do agreste, há a Depressão Sertaneja, uma depressão relativa com altitude média de 400 m que se estende até a margem
oriental da Chapada do Araripe. Pernambuco faz divisa com Paraíba e Ceará ao norte, Alagoas e Bahia ao sul, Piauí ao oeste e o oceano Atlântico ao leste. Mais da metade do estado se encontra no sertão nordestino — oeste e região central de Pernambuco. É um lugar onde há escassez de chuvas, e o clima é semidesértico (semiárido), devido à retenção de parte das precipitações pluviais no Planalto da Borborema e às correntes de ar seco provenientes do sul da África. Está no domínio da caatinga, com período chuvoso restrito a cerca de quatro meses do ano, sendo que em anos periódicos as chuvas podem ficar abaixo da média ou até mesmo acima da média.
Clima
O estado de Pernambuco é caracterizado por dois tipos de clima: o tropical úmido (predominante no litoral) e o semiárido (predominante no interior), respectivamente As' e BSh na classificação climática de Köppen-Geiger.
Ressalte-se, porém, que há variações destes dois tipos climáticos em algumas regiões: no centro-leste de Pernambuco é relativamente comum o clima tropical de altitude (Cwa), especialmente no Planalto da Borborema e em outras regiões serranas com ocorrência de microclimas, áreas onde as temperaturas são mais amenas, podendo atingir mínimas de 10 °C; e no centro-oeste do estado há regiões que apresentam climas como o semiárido muito quente (BSs'h'), áreas onde as temperaturas são mais elevadas, com máximas que podem ultrapassar os 40 °C. Pernambuco apresenta um dos maiores déficits hídricos do Brasil. No sertão, as médias de precipitações pluviométricas variam entre 400 mm e 600 mm anuais. No agreste, estão compreendidas entre 500 mm e 900 mm. E na zona da mata, a média anual da precipitação varia entre 1.500 e 2.000 mm.
Hidrografia
Trecho do rio São Francisco em Petrolina, no sertão.
O pau-brasil, mais conhecido como "pau-de-pernambuco" em países como França e Itália, foi quase totalmente dizimado no estado, assim como a Mata Atlântica (foto).
São dois os domínios hidrográficos que dividem o estado de Pernambuco. O primeiro compreende pequenas bacias hidrográficas independentes formadas por rios litorâneos que correm diretamente para o oceano Atlântico, formando as bacias dos rios Goiana, Capibaribe, Ipojuca, Beberibe, Camarajibe e Una. O segundo domínio é constituído pela porção pernambucana da bacia do rio São Francisco, que tem como pequenos afluentes, em sua margem esquerda, os rios sertanejos (assim chamados por percorrerem o interior do estado): Moxotó, Pajeú, Ipanema e riacho do Navio.
Em Pernambuco, o São Francisco é o principal rio, e com exceção deste e dos rios litorâneos, todos os rios do estado têm regimes temporários, ou seja, fluem somente na estação chuvosa.
Duas regiões hidrográficas brasileiras abrangem o território pernambucano: São Francisco e Atlântico Nordeste Oriental.
Meio ambiente
A cobertura vegetal de Pernambuco é composta por floresta tropical perene, floresta tropical semidecídua e caatinga. A floresta tropical (Mata Atlântica) recobria outrora toda a área situada a leste da encosta oriental do Planalto da Borborema, razão pela qual a região passou a denominar-se zona da mata. Atualmente pouco resta da vegetação primitiva, que deu lugar a campos de cultura e pastagens artificiais. A área de transição entre os climas úmido e semiárido é revestida por vegetação florestal peculiar, onde se misturam espécies da floresta atlântica e da caatinga. É a vegetação do agreste, que também dá nome à região. Finalmente, no resto do estado, isto é, no interior, domina a caatinga, característica do sertão.
Parque Nacional do Catimbau
Praia dos Carneiros
A Lei Estadual 13.787/09, de 8 de junho de 2009, instituiu o Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza (SEUC). Em 2015, Pernambuco possuía 80 Unidades de Conservação Estaduais: 40 de Proteção Integral (31 Refúgios da Vida Silvestre — RVS; 5 Parques Estaduais — PE; 3 Estações Ecológicas — ESEC; e 1 Monumento Natural — MONA) e 40 de Uso Sustentável (18 Áreas de Proteção Ambiental — APA; 13 Reservas Particulares do Patrimônio Natural — RPPN; 8 Reservas de Floresta Urbana — FURB; e 1 Área de Relevante Interesse Ecológico — ARIE).
Em Pernambuco, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade administra 11 unidades de conservação: dois parques nacionais, uma estação ecológica, uma floresta nacional, três áreas de proteção ambiental, uma reserva extrativista e três reservas biológicas. As unidades de conservação administradas pelo governo brasileiro em Pernambuco são o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (em Fernando de Noronha), o Parque Nacional do Catimbau (em Buíque, Ibimirim, Sertânia e Tupanatinga), a Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha (em Fernando de Noronha), a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (em Barreiros, Rio Formoso, São José da Coroa Grande e Tamandaré), a Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe (em Araripina, Bodocó, Cedro, Exu, Ipubi, Serrita, Moreilândia e Trindade), a Reserva Extrativista Acaú-Goiana (em Goiana), a Floresta Nacional de Negreiros (em Serrita), a Estação Ecológica do Tapacurá (em São Lourenço da Mata), a Reserva Biológica da Serra Negra (em Floresta, Inajá e Tacaratu), a Reserva Biológica de Pedra Talhada (em Lagoa do Ouro) e a Reserva Biológica de Saltinho (em Rio Formoso e Tamandaré).
Demografia
Demografia de Pernambuco
Segundo o censo demográfico de 2010 realizado pelo IBGE (última contagem oficial), a população de Pernambuco era de 8 796 448 habitantes, sendo o sétimo estado mais populoso do Brasil, representando 4,7% da população brasileira. Destes, 4 230 681 habitantes eram homens e 4 565 767 habitantes eram mulheres. Ainda segundo o mesmo censo, 7 052 210 habitantes viviam na zona urbana e 1 744 238 na zona rural. O maior aglomerado urbano do estado é a Concentração Urbana do Recife, que além da capital possui mais 14 municípios, e, com 3 741 904 habitantes recenseados, era em 2010 a quarta mais populosa concentração urbana do Brasil, e a mais populosa do Norte-Nordeste. A densidade demográfica de Pernambuco era de 89,47 hab./km² em 2010, a sexta maior do Brasil. Esse indicador, entretanto, apresentava contrastes pronunciados de acordo com a região analisada, variando de 1 342,86 hab./km² na Região Metropolitana do Recife, até o valor mínimo de 23,2 hab./km² na extinta Mesorregião do São Francisco Pernambucano.
Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) do estado, considerado alto, era de 0,727 em 2017. O município com o maior IDH era Fernando de Noronha (na verdade um distrito estadual), com um valor de 0,788 em 2010; enquanto Manari, situado no extremo Sertão do Moxotó, tinha o menor valor, 0,487. Recife, a capital, possuía um IDH de 0,772. O nível de desenvolvimento social pernambucano é superior ao dos países menos avançados, mas ainda está abaixo da média brasileira. Não obstante, Pernambuco detém o melhor serviço de coleta de esgoto do Norte, Nordeste e Sul brasileiro e o quinto maior número de médicos por grupo de mil habitantes do Brasil, além de apresentar a menor taxa de mortalidade infantil, a melhor prevalência de segurança alimentar e a maior renda per capita do Nordeste do país.
Municípios mais populosos:
Composição racial
Imigração em Pernambuco
Segundo dados publicados pelo IBGE, relativos ao ano de 2009, a população de Pernambuco está composta por: Pardos (multirraciais) (57,6%); Brancos (36,6%); Pretos (5,4%); e Amarelos e Indígenas (0,3%).De acordo com um estudo genético de 2013, a composição genética da população de Pernambuco é 56,8% europeia, 27,9% africana e 15,3% ameríndia.
Indígenas
A presença de indígenas em Pernambuco data de mais de 10 mil anos. Pinturas rupestres são encontradas em várias áreas do sertão e agreste do estado, sendo as mais conhecidas as do Vale do Catimbau no município de Buíque, agreste pernambucano. Segundo dados da FUNAI, Pernambuco possui cerca de 40 mil índios nos dias atuais.
Africanos
Foi na Capitania de Pernambuco, entre os anos de 1539 e 1542, que chegaram os primeiros escravos negros do Brasil Colônia, para trabalhar na cultura da cana e na fabricação do açúcar.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de Olinda foi a primeira igreja do Brasil pertencente a uma irmandade de negros. Talha em Estilo Nacional Português da Capela Dourada, no Recife.
O Museu Murillo La Greca, no Recife, foi criado em homenagem ao pintor pernambucano Murillo La Greca, filho de imigrantes italianos.
Deutscher Klub Pernambuco
Quartel do Derby, antigo Mercado Modelo Coelho Cintra, construído onde funcionava um hipódromo inglês.
Antiga Rua dos Judeus no Recife, 1855.
O número de cativos de origem africana cresceu bastante desde então. Em 1584, 15 mil escravos labutavam em pelo menos 50 engenhos. Esse número subiu para 20 mil escravos em 1600. Já na metade do século XVII a população escrava somava entre 33 e 50 mil pessoas. Pernambuco foi uma das regiões que mais receberam escravos africanos no Brasil. Durante o tráfico negreiro, 824.312 africanos, 17% de todos os escravos trazidos ao Brasil, entraram pelo litoral pernambucano. Dos africanos no estado, 79% eram provenientes do Centro-Oeste africano. Atualmente, situam-se nessa região os países de Angola, República do Congo e República Democrática do Congo.
Portugueses
Além de todo o legado genético, arquitetônico, musical e dialectual, Portugal se faz presente, em Pernambuco, com o Clube Português do Recife, o Real Hospital Português e o Gabinete Português de Leitura. O surgimento do tradicional hóquei sobre patins em Pernambuco, na década de 1950, por exemplo, é consequência da imigração portuguesa. Os portugueses também participaram da povoação das regiões do São Francisco e do sertão pernambucano, adquirindo terras para a criação extensiva de gado.
Espanhóis
Nos primórdios da colonização, junto aos portugueses, os espanhóis se fizeram presentes. Entre as últimas décadas do século XIX e o início do século XX, Recife também recebeu imigrantes oriundos da Espanha.
Italianos
A presença italiana em Pernambuco remonta ao século XVI. O senhor de engenho Filippo Cavalcanti, um nobre oriundo da cidade de Florença, casou-se com Catarina de Albuquerque, filha do governador Jerônimo de Albuquerque com a índia Maria do Espírito Santo
Arcoverde, dando origem ao clã dos Cavalcantis (ou Cavalcantes, na variante aportuguesada), reconhecido como a maior família do Brasil. O casamento de Filippo e Catarina definiu um dos padrões genéticos das famílias do país, pelas quais 90% dos brasileiros têm genes europeus do lado paterno e 60%, genes ameríndios ou africanos por parte de mãe. Já a imigração italiana para o estado entre o fim do século XIX e início do século XX, pequena, foi concentrada ao longo do litoral e na capital, com italianos provenientes principalmente das províncias de Cosenza, Salerno e Potenza. Atualmente há um número significativo de descendentes de italianos no estado: cerca de 200 mil.
Holandeses
Há muitos mitos quanto à herança genética deixada pelos holandeses durante o seu domínio em Pernambuco. Culturalmente, os habitantes alourados do estado são considerados como de ascendência holandesa, porém a maioria deles, na verdade, descende de portugueses do norte, motivo pelo qual ainda hoje são chamados de "galegos", uma referência ao Reino da Galiza. Entretanto, no ano de 2000, a Universidade Federal de Minas Gerais recolheu amostras de DNA de 50 indivíduos naturais do estado para análise — durante a realização do estudo "Retrato Molecular do Brasil" —, e no resultado foi-se verificado que essas pessoas possuíam em média 19% de genes do haplogrupo 2, muito comuns nos Países Baixos e na Alemanha. Ressalte-se que esse percentual foi o segundo maior encontrado no Brasil, logo após a região Sul, com 28%, e ainda maior que a média encontrada em Portugal, que foi de 13%. Existem ainda outras evidências de que os neerlandeses, embora tenham partido majoritariamente após a Insurreição Pernambucana, deixaram descendentes no Brasil. Um exemplo é a família Buarque de Hollanda, que descende do capitão de cavalaria das tropas dos Países Baixos Gaspar Nieuhoff Van Der Ley, e da qual faz parte, dentre outras personalidades, o cantor e compositor Chico Buarque, neto do
farmacêutico pernambucano Cristóvão Buarque de Hollanda. Gaspar Van Der Ley casou-se com Maria Gomes de Mello e foi morar no litoral norte de Pernambuco entre 1630 e 1640.
Alemães
Os primeiros registros de alemães datam do século XVII, com a chegada dos holandeses no estado. As duas guerras mundiais impulsionaram a colônia alemã no Recife, que chegou a contar com mais de 1,2 mil imigrantes. Esta presença pode ser observada no Deutscher Klub Pernambuco, fundado em 1920, e que antes era restrito apenas à colônia alemã e seus descendentes.
Ingleses
No começo do século XIX, quando o príncipe regente Dom João VI abriu os portos do país, os ingleses começaram a chegar ao Brasil — especialmente ao Recife, a São Paulo, ao Rio de Janeiro e a Salvador. Naquela época, a cidade do Recife possuía aproximadamente 200 mil habitantes, e a colônia inglesa já se apresentava de forma bastante expressiva. Datam do período o Cemitério dos Ingleses e a Capela Anglicana.
Judeus
O judaísmo está presente em Pernambuco desde o século XVI. Os judeus sefaraditas convertidos ao cristianismo eram considerados cristãos-novos, sendo muitos deles senhores de engenho. Existia porém a suspeita de prática escondida da religião judaica. Obtiveram liberdade de professar a religião nos tempos de Maurício de Nassau, que logo foi combatida quando os portugueses voltaram ao domínio da economia açucareira. Entre o fim do século XIX e o início do século XX instalou-se na cidade do Recife uma segunda comunidade constituída em sua maior parte por judeus de origem ashkenazita provenientes de países como Polônia, Ucrânia, Rússia, Áustria e Alemanha. Alguns membros da comunidade ashkenazita de
Pernambuco tornaram-se notórios, como Mário Schenberg, Leopoldo Nachbin, Paulo Ribenboim, Aron Simis, Israel Vainsencher, Clarice Lispector, Leôncio Basbaum, Noel Nutels, dentre outros.
Árabes
No Recife, uma das marcas dos imigrantes árabes é o Clube Líbano Brasileiro, erguido pela colônia libanesa no bairro do Pina. O primeiro contato árabe com Pernambuco, entretanto, se fez com missionários católicos sírios que chegaram nas caravanas portuguesas. O estado também abriga a segunda maior comunidade palestina do Brasil, concentrada na cidade do Recife, que começou a receber os primeiros imigrantes em 1903. Hoje a comunidade tem cerca de 5 mil pessoas.
Pardos
A miscigenação ocorre em Pernambuco desde os primórdios da colonização. Caso emblemático é o de Jerônimo de Albuquerque, que ganhou o apelido entre os historiadores brasileiros de "Adão Pernambucano". Jerônimo chegou à Capitania de Pernambuco em 1535 com a irmã, Brites de Albuquerque, e o marido dela, o capitão-donatário Duarte Coelho, e logo iniciou uma série de uniões com mulheres indígenas — casando-se, por exemplo, com a princesa Muyrã Ubi (batizada com o nome cristão de Maria do Espírito Santo Arcoverde), no ritual tabajara —, o que ajudava a selar a paz entre os europeus e os povos nativos. Teve, ainda, filhos com Felipa de Mello, com quem posteriormente casou-se de acordo com as leis da Igreja por exigência da rainha Catarina de Portugal, e, suspeita-se, com as africanas que começavam a chegar à colônia. Não se sabe ao certo quantos filhos ele deixou, mas 36 foram reconhecidos, entre eles nomes notórios como Jerônimo de Albuquerque Maranhão, herói da conquista do Maranhão e fundador da cidade de Natal no Rio Grande do Norte.
Religião
Catedral de Petrolina, construída em estilo neogótico.
Sinagoga Kahal Zur Israel, a mais antiga sinagoga da América.
Barracão de candomblé em Pernambuco.
De acordo com os dados do censo de 2010 do IBGE, 5 834 601 habitantes eram católicos (66,33%), nos quais 5 801 397 católicos apostólicos romanos (65,95%), 26 526 católicos apostólicos brasileiros (0,30%) e 6 678 católicos ortodoxos (0,08%); 1 788 973 evangélicos (20,34%), sendo 1 102 485 de origem pentecostal (12,53%), 376 880 de missão (4,28%) e 309 608 não determinado (3,52%); 123 798 espíritas (1,41%); e 43 726 Testemunhas de Jeová (0,50%). Outros 914 954 não tinham religião (10,40%), dentre os quais 10 284 ateus (0,12%) e 5 638 agnósticos (0,06%); 80 591 seguiam outras religiões (0,90%); e 9 805 não souberam ou não declararam (0,12%).
Cristianismo
Os colégios tradicionais pernambucanos são em sua maioria católicos, como o Colégio Damas da Instrução Cristã, o Colégio Marista São Luís e o Liceu Nóbrega de Artes e Ofícios. Os templos maiores, mais antigos, mais conhecidos e mais visitados pelos turistas são da Igreja Católica, como a Basílica do Carmo, a Basílica de São Bento, a Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio, a Concatedral de São Pedro dos Clérigos, a Capela Dourada, a Igreja do Carmo de Olinda, a Igreja de Nossa Senhora das Neves, a Catedral Sé de Olinda, a Igreja dos Santos Cosme e Damião, a Igreja Madre de Deus, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de Olinda e a do Recife, a Basílica da Penha, a Basílica Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes, entre outras, o que se trata de um sinal de que o catolicismo romano é a religião mais professada entre os pernambucanos. A Igreja Católica em Pernambuco divide-se administrativamente em uma arquidiocese e nove dioceses: a
arquidiocese de Olinda e Recife, comandada atualmente pelo arcebispo Dom Antônio Fernando Saburido, e as dioceses de Afogados da Ingazeira, Caruaru, Floresta, Garanhuns, Nazaré, Palmares, Pesqueira, Petrolina e Salgueiro. Pernambuco é a unidade federativa da Região Nordeste com a maior concentração de evangélicos, tanto em números absolutos quanto em termos proporcionais. 20,34% da população do estado, o que corresponde a mais de 1,78 milhão de pernambucanos, se declara protestante de acordo com o censo de 2010 do IBGE, percentual muito superior aos percentuais encontrados nos demais estados nordestinos. Pernambuco possui as mais diversas denominações protestantes, como a Assembleia de Deus, igreja protestante com maior quantidade de fiéis e templos no estado. Outras denominações pentecostais e neopentecostais presentes em Pernambuco são, dentre muitas: Igreja Universal do Reino de Deus, Congregação Cristã no Brasil, Igreja Casa da Benção, Igreja Deus é Amor, Igreja do Evangelho Quadrangular, Igreja O Brasil Para Cristo, Igreja Maranata e Igreja Nova Vida. Entre as denominações evangélicas tradicionais, possuem templos no estado as igrejas de orientação batista, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, a Igreja Presbiteriana, a Igreja Luterana, a Igreja Anglicana, a Igreja Metodista e a Igreja Congregacional.
Outras religiões
Entre os cristãos não católicos e não protestantes, destacam-se os Espíritas, as Testemunhas de Jeová e os Santos dos Últimos Dias. O templo afro-brasileiro mais conhecido é o Terreiro do Pai Adão, no Recife. Os judeus também estão presentes. Algumas das personalidades judias que moraram na capital pernambucana foram a escritora Clarice Lispector, o filósofo Luiz Felipe Pondé, o engenheiro Mário Schenberg, o paisagista Roberto Burle Marx, entre outros. Os budistas, hinduístas e muçulmanos não possuem relevância na população do estado.
Governo e política
Política de Pernambuco
Lista de governadores de Pernambuco
O estado de Pernambuco é governado por três poderes: o Executivo, representado pelo Governador do Estado; o Legislativo, representado pela Assembleia Legislativa de Pernambuco; e o Judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco. Também é permitida a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos. A atual constituição do estado de Pernambuco foi promulgada em 5 de outubro de 1989, acrescida das alterações resultantes de posteriores emendas constitucionais. O Poder Executivo pernambucano está centralizado no Governador do Estado, que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto, pela população, para mandato de quatro anos de duração, podendo ser reeleito para mais um mandato por igual período. Sua sede é o Palácio do Campo das Princesas, construído em 1841 pelo engenheiro Morais Âncora a mando do então governador Francisco do Rego Barros. Vários políticos já passaram pelo Governo de Pernambuco, sendo o mais recente deles Paulo Henrique Saraiva Câmara, economista recifense formado pela Universidade Federal de Pernambuco. Além do governador, há ainda no estado a função de vice-governador, atualmente exercida por Luciana Santos. O Poder Legislativo pernambucano é unicameral, constituído pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, localizado no bairro de Boa Vista, na cidade do Recife. Ela é constituída por 49 deputados, que são eleitos a cada quatro anos. No Congresso Nacional, a representação pernambucana é de três senadores e 25 deputados federais.
O Poder Judiciário é exercido pelos juízes e possui a capacidade e a prerrogativa de julgar, de acordo com as regras constitucionais e leis criadas pelo Poder Legislativo. Atualmente a presidência do Tribunal de Justiça de Pernambuco é exercida pelo desembargador Leopoldo
de Arruda Raposo. Representações deste poder estão espalhadas por todo o estado por meio de comarcas.
Palácio do Campo das Princesas, sede do poder Executivo de Pernambuco.
Assembleia Legislativa de Pernambuco, sede do poder Legislativo pernambucano.
Tribunal de Justiça de Pernambuco, sede do poder Judiciário estadual.
Divisão político-administrativa
Lista de regiões geográficas intermediárias e imediatas de Pernambuco, Lista de municípios de Pernambuco e Lista de municípios de Pernambuco por população
Pernambuco está separado em subdivisões geográficas denominadas regiões geográficas intermediárias e regiões geográficas imediatas, e em subdivisões administrativas denominadas municípios. As regiões geográficas intermediárias foram apresentadas em 2017, com a atualização da divisão regional do Brasil, e correspondem a uma revisão das antigas mesorregiões, que estavam em vigor desde a divisão de 1989. As regiões geográficas imediatas, por sua vez, substituíram as microrregiões. A divisão de 2017 teve o objetivo de abranger as transformações relativas à rede urbana e sua hierarquia ocorrida desde as divisões passadas, devendo ser usada para ações de planejamento e gestão de políticas públicas e para a divulgação de estatísticas e estudos do IBGE. As regiões geográficas intermediárias compreendem as grandes regiões do estado, que congregam diversos municípios de uma área geográfica. Criado pelo IBGE, esse sistema de divisão tem aplicações importantes na elaboração de políticas públicas e no subsídio ao sistema de decisões quanto à localização de atividades socioeconômicas. As quatro regiões geográficas intermediárias do estado são: a Região
Geográfica Intermediária do Recife; a Região Geográfica Intermediária de Caruaru; a Região Geográfica Intermediária de Serra Talhada; e a Região Geográfica Intermediária de Petrolina. Estas regiões intermediárias estão, por sua vez, subdivididas em regiões geográficas imediatas.
Pernambuco possui dezoito regiões geográficas imediatas: Recife, Goiana-Timbaúba, Palmares, Limoeiro, Vitória de Santo Antão, Carpina, Barreiros-Sirinhaém, Surubim, Escada-Ribeirão, Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Belo Jardim-Pesqueira, Serra Talhada, Afogados da Ingazeira, Salgueiro, Petrolina e Araripina. Por último, existem os municípios, que são circunscrições territoriais que possuem relativa autonomia e concentram um poder político local, cujo sistema funciona com dois poderes, sendo o Executivo a Prefeitura e o Legislativo a Câmara de Vereadores. Ao total, Pernambuco é dividido 185 municípios, o que o torna a décima primeira unidade da federação com o maior número de municípios. Alguns desses municípios formam conurbações. Oficialmente existem em Pernambuco uma região metropolitana, a do Recife, e uma região integrada de desenvolvimento econômico, o Polo Petrolina e Juazeiro.
Economia
Economia de Pernambuco
Produtos de exportação de Pernambuco em 2015.
À época do Brasil Colônia, Pernambuco era a mais rica das capitanias, e responsável por mais da metade das exportações brasileiras de açúcar. Sua riqueza foi alvo do interesse de outras nações e, no século XVII, os holandeses se estabelecem no estado. A cana-de-açúcar continua sendo o principal produto agrícola da zona da mata pernambucana, embora o estado não mais seja o maior produtor do país. Apesar do declínio do açúcar, Pernambuco se manteve entre as cinco maiores economias estaduais do país até meados da década de 1940: em 1907, o estado tinha a quarta maior produção industrial do
Brasil, após Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul e à frente de estados como Minas Gerais e Paraná; e em 1939, Pernambuco era ainda a quinta maior economia entre os estados brasileiros, após São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Após ter ficado estagnado durante a chamada "década perdida" (1985 a 1995), o estado assiste a uma importante mudança em seu perfil econômico, com investimentos nos setores naval, automobilístico, petroquímico, biotecnológico, farmacêutico e de informática, que estão dando novo impulso à sua economia, que vem crescendo acima da média nacional.
Em 2017, o estado registrou um PIB nominal de 181,551 bilhões de reais, o décimo maior do país, com participação de 2,8% no PIB brasileiro. No mesmo ano, registrou um PIB nominal per capita de 19.164,52 reais, o maior do Nordeste brasileiro.
O principal empreendimento da indústria naval pernambucana é o Estaleiro Atlântico Sul, maior estaleiro do Hemisfério Sul.
Pernambuco é atualmente o maior produtor de acerola e goiaba, o segundo maior produtor de uva, o terceiro maior produtor de manga e coco, o terceiro maior polo floricultor e o sétimo maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil. Pernambuco é ainda o quarto maior produtor nacional de ovos, o sexto de frangos de corte e a oitava maior bacia leiteira do país.
A produção industrial pernambucana está entre as maiores do Norte-Nordeste. Se destacam as indústrias naval, automobilística, química, metalúrgica, de vidros planos, eletroeletrônica, de minerais não metálicos, têxtil e alimentícia. Atualmente, o Complexo Industrial e Portuário de Suape, localizado na área do porto homônimo, Região Metropolitana do Recife, é o principal polo industrial de Pernambuco.
A capital do estado abriga o Porto Digital, reconhecido como o maior parque tecnológico do Brasil, com mais de 200 empresas, entre elas multinacionais como Accenture, Oracle, ThoughtWorks, Ogilvy, IBM e Microsoft, empregando cerca de seis mil pessoas e respondendo
por 3,9% do PIB de Pernambuco. O Polo Médico do Recife, considerado o segundo maior do país, atende pacientes do Brasil e do exterior. Os estrangeiros que vão ao Recife em busca de atendimento na área médica, em sua maioria africanos e norte-americanos, visam qualidade nos serviços e preços acessíveis.
Turismo
Turismo em Pernambuco
Porto de Galinhas foi eleita por dez vezes consecutivas a Melhor Praia do Brasil — de acordo com a revista Viagem e Turismo.
Cine Teatro Guarany, na cidade serrana de Triunfo, localizada a 1.004 metros de altitude, no sertão. O turismo em Pernambuco oferece diversas atrações históricas, naturais e culturais. As principais localidades turísticas do estado são: Fernando de Noronha, Ipojuca, Tamandaré, Cabo de Santo Agostinho e Itamaracá (Sol e Praia); Bonito, Bezerros e Petrolina (Ecoturismo e Aventura); Buíque (Arqueológico); Garanhuns, Gravatá e Triunfo (Serrano); Olinda, Igarassu, Jaboatão dos Guararapes e Caruaru (Cultural); Vicência, Moreno, Carpina, Goiana e Nazaré da Mata (Rural); e Recife (Cultural, Sol e Praia, Negócios e Saúde). Segundo a pesquisa "Hábitos de Consumo do Turismo Brasileiro 2009", realizada pela Vox Populi, Pernambuco foi o segundo destino turístico preferido dos clientes potenciais brasileiros, já que 11,9% dos turistas optaram pelo estado nas categorias pesquisadas; e segundo a International Congress And Convention Association (ICCA), Pernambuco foi o terceiro maior polo de eventos internacionais do Brasil em 2011.
O litoral de Pernambuco tem cerca de 187 km de extensão, entre praias e falésias, zonas urbanas e locais praticamente intocados. Faz divisa ao norte com a Paraíba e ao sul com Alagoas. Além do litoral continental, o estado possui o arquipélago de Fernando de Noronha e suas 16 praias.
No litoral sul, as praias mais procuradas são, dentre outras, Porto de Galinhas, Carneiros, Serrambi, Maracaípe, Muro Alto, Calhetas, Paiva e Ilha de Santo Aleixo.
As atrações turísticas do litoral norte também são muito relevantes. As praias mais procuradas são a Ilha de Itamaracá, a Ilhota da Coroa do Avião e a Praia de Maria Farinha, esta última conhecida por abrigar o Veneza Water Park, um dos maiores parques aquáticos do Brasil. Construções do período colonial como o Forte Orange na Ilha de Itamaracá e a Igreja dos Santos Cosme e Damião (igreja mais antiga do Brasil segundo o IPHAN) em Igarassu são também muito visitadas por turistas que passam pela região.
Fernando de Noronha é um dos destinos nacionais mais conhecidos no exterior. Algumas de suas principais atrações são a Baía do Sancho — eleita a melhor praia do mundo pelos usuários do site de viagens TripAdvisor —, a Baía dos Porcos, a Baía dos Golfinhos, o Morro Dois Irmãos, o Forte de Nossa Senhora dos Remédios de Fernando de Noronha e a Vila dos Remédios. As ilhas são muito procuradas para a prática de mergulho, e o único lugar do oceano Atlântico onde é possível avistar grupos de golfinhos rotadores. O arquipélago foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO.
O Planalto da Borborema e os brejos de altitude são opções para os que procuram um clima ameno. Cidades serranas do interior pernambucano como Garanhuns, Triunfo e Gravatá atraem milhares de visitantes. O Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), criado em 1991, apresenta uma maratona de atrações nacionais e internacionais de estilos musicais como rock, MPB, blues, jazz, forró e música instrumental nas praças e parques da cidade.
Fernando de Noronha, arquipélago pernambucano declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO. Na foto, a Baía dos Porcos.
Infraestrutura
Saúde
A antiga Santa Casa de Misericórdia de Olinda (centro da imagem) foi o primeiro hospital do Brasil.
Real Hospital Português, o maior complexo hospitalar do Norte-Nordeste.
Pernambuco tem grande tradição na área da medicina. Foi no estado que surgiu o primeiro hospital do Brasil: a Santa Casa de Misericórdia de Olinda, fundada no ano de 1540 e extinta em 1860 com a criação da Santa Casa de Misericórdia do Recife. E foi no Recife que se realizou a primeira operação cesariana do país, em 1817, pelas mãos do médico pernambucano Correia Picanço — fundador das primeiras faculdades de medicina do Brasil e aclamado "Patriarca da Medicina Brasileira".
Em 2009 existiam em Pernambuco 4 149 estabelecimentos hospitalares, com 19 204 leitos. Alguns dos principais hospitais do estado são o Real Hospital Português, o IMIP, o Hospital da Restauração, o Hospital Getúlio Vargas, o Hospital Agamenon Magalhães, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, o Hospital Ulysses Pernambucano, o Hospital Barão de Lucena, o Hospital Universitário Oswaldo Cruz e o Pronto-Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco. O Hospital da Restauração é a maior emergência pública e o mais complexo serviço de urgência e trauma do Norte-Nordeste, recebendo pacientes de todo o estado e de estados vizinhos. Referência nas áreas de trauma, neurocirurgia, neurologia, cirurgia geral, clínica médica e ortopedia, possuem 704 leitos registrados no Ministério da Saúde (MS) para atender a demanda que lhe é submetida. Em junho de 2010 a antiga Emergência Geral foi desmembrada em três emergências com entradas e espaços independentes: Emergência Pediátrica, Emergência Traumatológica e Emergência Clínica. Pernambuco abriga um dos três bancos de pele do
Brasil, estando os outros dois localizados em São Paulo e no Rio Grande do Sul.
O estado tinha, em 2013, o quinto maior número de médicos por grupo de mil habitantes do Brasil, e sua capital, Recife, o segundo maior número de médicos por grupo de mil habitantes do país — segundo o Conselho Federal de Medicina.
Educação
Lista de instituições de ensino superior de Pernambuco
As principais instalações educacionais pernambucanas estão concentradas na capital.
A Faculdade de Direito do Recife é a mais antiga faculdade de Direito do Brasil ao lado do curso de direito da Universidade de São Paulo (USP).
A Universidade Federal de Pernambuco, principal instituição de ensino superior do estado, foi classificada em 2013 pelo QS World University Rankings como a melhor universidade do Norte-Nordeste e a 8ª melhor universidade federal brasileira, bem como a 15ª melhor universidade do país, tendo ocupado a 43ª posição entre as instituições da América Latina; e embora tenha sido ultrapassada pela UFPR com relação ao ano anterior, continua à frente de instituições como a UFSC e a UFBA. A UFPE é também a melhor universidade do Norte-Nordeste segundo o Ranking Universitário Folha 2012, além de única universidade dessas duas regiões entre as dez melhores do país.
Pernambuco tem suas principais faculdades e universidades fundadas a partir do século XIX, e algumas se destacam nacionalmente. A centenária Faculdade de Direito do Recife, nascida da transferência da Faculdade de Direito de Olinda e hoje vinculada à UFPE, foi o primeiro curso superior de direito do Brasil, juntamente com o curso de São Paulo, ainda sob governo de Dom Pedro I. Nela importantes
nomes da história brasileira estudaram, destacando expoentes como Barão do Rio Branco, Castro Alves, Clóvis Beviláqua, Tobias Barreto, Ruy Barbosa, Joaquim Nabuco, Eusébio de Queirós, Teixeira de Freitas, Raul Pompeia, Nilo Peçanha, Augusto dos Anjos, Epitácio Pessoa, Assis Chateaubriand, José Lins do Rego, Graça Aranha, Pontes de Miranda, dentre inúmeros outros. Ainda hoje a festejada faculdade de Direito do Recife, honrando sua tradição, é um centro de excelência no ensino do direito, estando, tanto em nível de graduação como de pós-graduação, entre os cinco melhores cursos jurídicos do Brasil, segundo a OAB e o MEC.
Além da Universidade Federal de Pernambuco, outras importantes instituições de ensino superior situadas no estado são: a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), fundada em 1912 como Escola Superior de Agricultura; a Universidade de Pernambuco, antiga FESP, universidade pública estadual que possui campi em várias cidades do interior do estado; e a Universidade Federal do Vale do São Francisco, primeira universidade federal implantada no sertão nordestino.
Pernambuco se destaca no ensino tecnológico. O Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (CIn UFPE), responsável pelos cursos de Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Engenharia da Computação, é grande fornecedor de mão de obra especializada em tecnologia para a Microsoft. E o estado também possui destacadas instituições de ensino médio: o Colégio de Aplicação da UFPE foi três vezes eleito a melhor escola pública do Brasil.
Transportes
Mapa multimodal. Pernambuco tem a maior extensão de rodovias duplicadas do Norte-Nordeste. O Porto de Suape foi eleito o melhor porto do Brasil em 2010.
O Aeroporto Internacional do Recife-Guararapes é o maior e mais movimentado complexo aeroportuário do Nordeste e Norte do país.
Pernambuco foi o segundo estado do Brasil a ter uma estrada de ferro, quatro anos após o Rio de Janeiro. Trata-se da primeira seção, de 31 km, da The Recife and São Francisco Railway Company, inaugurada em 1858, sendo a maior do país naquele ano e a primeira administrada por uma companhia do exterior. Menos de uma década depois, Recife se tornou a primeira cidade do mundo a operar locomotivas a vapor construídas especialmente para rodar nas ruas. O sistema, conhecido como "maxambomba" (do inglês machine pump), tinha locomotivas construídas pela Manning Wardle & Co., e foi inaugurado no ano de 1867. Antes, as canoas eram o principal meio de transporte de pessoas e cargas da capital pernambucana, e para os mais abastados, cavalos e carruagens. O itinerário da maxambomba chegou a ter 22 quilômetros de extensão e 20 estações, até que em 1919 foi substituída por bondes elétricos. Em 1930, Recife passou a ser a primeira cidade da América do Sul com conexão direita (non-stop) para a Europa, especialmente para a Alemanha, por meio de dirigíveis. A capital pernambucana tem hoje em dia a única estação de atracação de dirigíveis do mundo preservada em sua estrutura original, a Torre do Zeppelin.
Atualmente, o estado conta com cobertura de todos os tipos de transporte: aéreo, ferroviário, hidroviário e rodoviário.
A Infraero administra dois aeroportos em Pernambuco. O Aeroporto Internacional do Recife-Guararapes é o maior e mais movimentado complexo aeroportuário do Norte-Nordeste, com capacidade para 16,5 milhões de passageiros por ano, e um dos mais modernos aeroportos do Brasil. E o Aeroporto Internacional de Petrolina possui a segunda maior pista de pouso do Nordeste, o que possibilita operações de grandes aviões cargueiros para a exportação de frutas produzidas no Vale do São Francisco.
O estado também possui dois portos marítimos: o de Suape, localizado no município de Ipojuca; e o do Recife, um dos mais antigos do Brasil, que muitos estudiosos afirmam ter dado início à cidade do Recife. Possui ainda um porto fluvial, em Petrolina. O Porto de Suape, o mais importante porto pernambucano, é um dos maiores do Brasil, e opera navios nos 365 dias do ano, sem restrições de horário de maré, e dispõe de um sistema de monitoração de atracação de navios a laser que possibilita um controle efetivo e seguro, oferecendo condições técnicas nos padrões dos portos mais importantes do mundo.
A malha rodoviária de Pernambuco é constituída por quatorze rodovias federais, setenta e quatro rodovias estaduais e rodovias municipais. As mais importantes são a BR-101, que, avançando pela costa do estado, liga o norte ao sul — o trecho pernambucano é totalmente duplicado —, passando pelo Grande Recife; e a BR-232, que liga a capital ao interior do estado no sentido leste-oeste — com trecho de 237 km duplicado (Recife a São Caetano) —, passando por cidades importantes como Vitória de Santo Antão, Gravatá, Caruaru, Belo Jardim, Pesqueira, Arcoverde, Serra Talhada e Salgueiro. A ligação Salgueiro-Petrolina é feita pelas rodovias BR-116, BR-316 e BR-428. Pernambuco tem a maior malha rodoviária duplicada do Norte-Nordeste de acordo com o Anuário CNT do Transporte 2016, com 462,8 km de rodovias em pista dupla no ano de 2015.
A Transnordestina, com 1 752 km de extensão, é a principal obra ferroviária em andamento no estado, e pretende ligar a cidade de Eliseu Martins (no Piauí) ao Porto de Suape e ao Porto do Pecém (no Ceará). O Metrô do Recife, primeiro sistema metroviário do Norte-Nordeste, foi inaugurado em março de 1985, com a linha Werneck-Centro. É operado pela CBTU, e transporta cerca de 400 mil passageiros por dia.
Mídia
A Rede Globo Nordeste, com sede no estado, é a única emissora própria da Globo no Norte-Nordeste.
Os jornais foram a primeira mídia de massa do estado. O Aurora Pernambucana foi o primeiro jornal de Pernambuco e o terceiro publicado no Brasil. A edição nº 1 circulou no dia 27 de março de 1821, em formato de 25 x 17 cm, com quatro páginas, em papel de linho e impresso na Oficina do Trem Nacional de Pernambuco, no Recife.
Pernambuco possui três grandes jornais: o Diario de Pernambuco (jornal mais antigo em circulação na América Latina); o Jornal do Commercio; e a Folha de Pernambuco. A primeira estação de rádio surgiu no fim da década de 1910. A Rádio Clube de Pernambuco é a mais antiga emissora de rádio do Brasil: realizou sua primeira transmissão radiofônica a partir de um estúdio improvisado na Ponte d'Uchoa, no Recife, em 6 de abril de 1919, tendo à frente o radiotelegrafista Antônio Joaquim Pereira. Pernambuco conta com diversas geradoras, afiliadas e retransmissoras de televisão. Algumas das emissoras — filiais e afiliadas — presentes no estado são: a TV Globo Nordeste (Globo - Recife); a TV Asa Branca (Globo - Caruaru); a TV Grande Rio (Globo - Petrolina); a TV Clube (RecordTV - Recife); a TV Jornal Interior (SBT - Caruaru); a TV Jornal (SBT - Recife); a TV Tribuna (Band - Recife); e a TV Pernambuco (TV Brasil - Caruaru/Recife).
Ciência e tecnologia
O Porto Digital, situado no bairro do Recife Antigo na capital do estado, é o maior parque tecnológico do Brasil e referência mundial na produção de softwares.
Em 1895 foi criada a Escola de Engenharia de Pernambuco, primeira escola de engenharia fora da região Sudeste. Nela, que logo se tornou uma das principais instituições científicas do país, surgiu uma leva de grandes cientistas brasileiros, como Mário Schenberg, José
Leite Lopes e Leopoldo Nachbin, graças à ação catalisadora do professor Luís Freire, conhecido por participar ativamente de movimentos em favor da criação de escolas aptas a formar pesquisadores em matemática e física. Reconhecido como berço de cientistas destacados e nomes notórios das ciências exatas, Pernambuco deu origem ainda a nomes como Paulo Ribenboim, Aron Simis, Samuel MacDowell, Gauss Moutinho Cordeiro, Israel Vainsencher, Josué de Castro, Joaquim Cardozo, Norberto Odebrecht, Cristovam Buarque, Fernando de Souza Barros, Ricardo de Carvalho Ferreira, Leandro do Santíssimo Sacramento, José Tibúrcio Pereira Magalhães, Edson Mororó Moura, Fernando Antonio Figueiredo Cardoso da Silva, Antônio de Queiroz Galvão, João Santos, dentre muitos.
Seguindo a sua tradição nas ciências exatas, Pernambuco é atualmente um dos estados brasileiros mais destacados na área de tecnologia da informação. O Porto Digital, ambiente de negócios de TI criado no ano 2000 no centro histórico do Recife, é reconhecido pela A.T. Kearney como o maior parque tecnológico do Brasil em faturamento e número de empresas.Devido à sua relevância no setor, a capital pernambucana é a única cidade brasileira com exceção de São Paulo que abriga edições do evento de tecnologia Campus Party.
O estado também se destaca no ensino tecnológico. O Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (CIn-UFPE), considerado um dos principais centros acadêmicos em informática da América Latina e responsável pelos cursos de Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Engenharia da Computação, é grande fornecedor de mão de obra especializada em tecnologia para o Porto Digital e para diversas multinacionais do setor de tecnologia. A Universidade Federal de Pernambuco foi uma das cinco instituições de ensino selecionadas em todo o mundo para o programa mundial de pesquisas da Microsoft, o que permitiu o seu acesso ao código-fonte dos componentes do Visual Studio. As outras quatro universidades
selecionadas foram a Yale University - Estados Unidos; a Monash University - Austrália; a University of Hull - Inglaterra; além da UNESP, sendo o Brasil o único país que teve duas universidades escolhidas.
Pernambuco possui dois Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia: o Instituto Federal de Pernambuco e o Instituto Federal do Sertão Pernambucano.
Cultura
Cultura de Pernambuco
Literatura
Foi em Pernambuco que surgiu o primeiro poema da literatura brasileira: Prosopopeia, de Bento Teixeira. A obra conta em estilo épico, inspirado em Camões, as façanhas da família Albuquerque, tendo sido dedicado ao então governador de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho. Prosopopeia foi publicado no ano de 1601.
Outro marco na literatura pernambucana é o livro Historia Naturalis Brasiliae, primeiro tratado de história natural do Brasil, de autoria do médico e naturalista holandês Guilherme Piso, que o concebeu através da observação do jardim zoobotânico do Palácio de Friburgo, residência de Maurício de Nassau no Recife durante o domínio holandês.
Duzentos e cinquenta anos depois de Historia Naturalis Brasiliae, o abolicionista pernambucano Joaquim Nabuco estava concluindo Minha Formação, obra clássica da literatura brasileira. Anos mais tarde é lido, na Semana de Arte Moderna, o poema Os Sapos do recifense Manuel Bandeira, considerado o abre-alas do movimento.
Os literatos pernambucanos são muitos. Alguns deles: João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Nelson Rodrigues, Joaquim Nabuco, Clarice Lispector, Paulo Freire, Gilberto Freyre, Joaquim Cardozo, Josué de Castro, Álvaro Lins, Marcos Vilaça, Martins Júnior, Mauro
Mota, Mário Pedrosa, Manuel de Oliveira Lima, Barbosa Lima Sobrinho, Osman Lins, Dantas Barreto, Geraldo Holanda Cavalcanti, Evaldo Cabral de Mello, Evanildo Bechara, Olegário Mariano, João Carneiro de Sousa Bandeira, Adelmar Tavares, dentre diversos outros. Clarice Lispector, ucraniana naturalizada brasileira e um dos maiores nomes da literatura nacional, se declarava pernambucana por ter vivido a maior parte de sua infância e adolescência no Recife.
Outras manifestações artístico-culturais
Considera-se que a capoeira tenha surgido no Quilombo dos Palmares, na então Capitania de Pernambuco. Frevo, declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
Maracatu, o mais antigo ritmo afro-brasileiro.
Nova Jerusalém, localizada no agreste de Pernambuco, é o maior teatro a céu aberto do mundo.
A produção cinematográfica de Pernambuco é muito respeitada pela crítica, e recordista de premiações em diversos festivais de cinema.
Carnaval em Olinda. O Carnaval Recife–Olinda é considerado o mais democrático e culturalmente diverso do país.
Folclore e gêneros musicais
Várias manifestações folclóricas surgiram em Pernambuco ao longo dos anos. O frevo, uma das principais delas, é símbolo do Carnaval Recife–Olinda, e se caracteriza pelo ritmo musical acelerado e pelos passos de dança que lembram a capoeira. Esse gênero já revelou e influenciou grandes músicos brasileiros. Antes da criação da axé music na década de 1980 o frevo era utilizado também no Carnaval de Salvador. Em cerimônia realizada na cidade de Paris, França, no ano de 2012, a UNESCO anunciou que, aprovado com unanimidade pelos votantes, o frevo foi eleito Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
O Maracatu Nação, também conhecido como "Maracatu de Baque Virado", é uma manifestação cultural da música tradicional pernambucana afro-brasileira. É formado por um conjunto musical percussivo que acompanha um cortejo real. Os grupos apresentam um espetáculo repleto de simbologias e marcado pela riqueza estética e pela musicalidade. O momento de maior destaque consiste na saída às ruas para desfiles e apresentações no período carnavalesco.
O Maracatu Rural, também referido como "Maracatu de Baque Solto", é outra manifestação cultural de Pernambuco, na qual figuram os conhecidos "caboclos de lança". Distingue-se do Maracatu Nação em organização, personagens e ritmo. O Maracatu "Cambinda Brasileira" é o mais antigo em atividade no país. O Maracatu Rural significa para seus integrantes algo a mais que uma brincadeira: é uma herança secular, motivo de muito orgulho e admiração. O cortejo do Maracatu Rural diferencia-se dos outros maracatus por suas características musicais próprias e pela essência de sua origem refletida no sincretismo de seus personagens.
O Baião, gênero de música e dança, teve como maior expoente o pernambucano Luiz Gonzaga. O ritmo, ao lado de outros como o xote, faz parte do chamado forró. Já o Xaxado, dança típica originária do sertão pernambucano, é exclusivamente masculina e foi divulgada numa vasta área do interior nordestino pelo cangaceiro Lampião e pelos integrantes do seu bando. Também são muito comuns em Pernambuco as Bandas de Pífanos, além de outras músicas e danças oriundas do estado, como o Coco, a Ciranda, o Cavalo-Marinho, os Caboclinhos, o Pastoril, a Embolada, dentre outras manifestações.
Nos anos 1990 surgiu em Pernambuco o Manguebeat, movimento da contracultura que mistura ritmos regionais, como o maracatu, com rock, hip hop, funk e música eletrônica.
Teatro
Todos os anos, nas semanas que antecedem a Páscoa, realiza-se o espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém na Fazenda Nova, distrito de Brejo da Madre de Deus, município do agreste pernambucano. O evento é reconhecido como o maior teatro ao ar livre do mundo. A cidade-teatro de Nova Jerusalém impressiona pela arquitetura: a construção é uma réplica da Judeia sagrada, com lagos artificiais, nove palcos, uma muralha de 3.500 m e 70 torres. Vários atores e atrizes de sucesso da Rede Globo já atuaram em Nova Jerusalém. A Paixão de Cristo existe desde 1951, como espetáculo teatral.
Pernambuco deu origem ao Mamulengo, nome dado ao teatro de bonecos brasileiro, tido como um dos mais ricos espetáculos populares do país. É uma representação de dramas através de bonecos, em pequeno palco elevado coberto por uma empanada, atrás do qual ficam as pessoas que dão vida e voz aos personagens. Glória do Goitá, município da zona da mata pernambucana, detém o título de "berço do mamulengo".
Artes visuais
Cinema de Pernambuco
O cinema de Pernambuco tem sua história iniciada em 1922, quando o ourives Edson Chagas e o gravador Gentil Roiz se juntam com o propósito de produzir filmes de enredo. Daí, surge a película "Retribuição", que estreou em 1923 com grande sucesso nos cinemas do Recife e que é considerado o primeiro filme de enredo realizado no Nordeste — anteriormente só havia algumas experiências com documentários. A produção cinematográfica local já recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais e é recordista de indicações e premiações em diversas edições de festivais. Filmes de cineastas e roteiristas pernambucanos como os dramas Baile Perfumado (1996), Amarelo Manga (2002), Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), O Som ao Redor (2013), Serra Pelada (2013),
Aquarius (2016), ou mesmo romances e comédias como O Auto da Compadecida (1999), Caramuru - A Invenção do Brasil (2001), Lisbela e o Prisioneiro (2003), A Máquina (2005), Fica Comigo Esta Noite (2006), O Bem Amado (2010), entre muitas outras produções, alcançaram grande projeção.
Pernambuco também se destaca nas artes plásticas e design. São do estado nomes como Romero Britto, Tunga, Francisco Brennand, Marianne Peretti, Cícero Dias, Vicente do Rego Monteiro, Mestre Vitalino, Aloísio Magalhães, Andree Guittcis, Telles Júnior, Abelardo da Hora, Murillo La Greca, Corbiniano Lins, Reynaldo Fonseca, J. Borges, Eudes Mota, Gilvan Samico, Lula Cardoso Ayres, Paulo Bruscky, Galo de Souza, dentre muitos outros. O renomado artista plástico Vik Muniz é filho de pais pernambucanos.
Festividades
O Carnaval do Recife é um carnaval multifacetado, com formas diferentes de carnaval de rua, desfiles de agremiações carnavalescas e apresentações de cantores e conjuntos musicais em palanques específicos. O Recife possui o maior bloco carnavalesco do mundo, o Galo da Madrugada, que se apresenta no sábado de carnaval, ou "Sábado de Zé Pereira". Em 1995 o Galo reuniu mais de um milhão de pessoas, façanha que o incluiu no Guinness World Records. O Carnaval de Olinda é conhecido mundialmente pelos desfiles dos Bonecos de Olinda, bonecos de mais de dois metros, coloridos e de fácil localização, que saem às ruas junto com os foliões. A festa é realizada no centro histórico da cidade.
O São João de Caruaru é um dos mais famosos do Brasil. Possui diversos polos de animação, shows artísticos, apresentação de grupos folclóricos e regionais e culinária típica com iguarias à base de milho como canjica, pamonha, bolo de milho, pé de moleque e outras. Na maior festa de São João do mundo, o público chega a 1,5 milhão de pessoas. Jornalistas de várias partes do mundo registram o evento,
que está no Guinness World Records, na categoria maior festa country (regional) ao ar livre do planeta.
Espaços culturais
Oficina Cerâmica Francisco Brennand
Casa da Cultura
O estado abriga muitos museus, centros culturais e instituições voltadas para a promoção de ações artísticas, como a Fundação Gilberto Freyre, a Oficina Cerâmica Francisco Brennand, o Instituto Ricardo Brennand, o Museu do Homem do Nordeste, o Museu Cais do Sertão, o Paço do Frevo, o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, o Gabinete Português de Leitura, o Museu da Abolição, o Museu do Trem, o Museu da Cidade do Recife, o Museu do Estado de Pernambuco, o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, a Caixa Cultural, o Centro Cultural dos Correios, o Santander Cultural, a Academia Pernambucana de Letras, a Academia de Artes e Letras de Pernambuco, a Fundação Joaquim Nabuco, o Museu do Barro e do Forró, o Museu do Sertão, o Teatro de Santa Isabel, dentre outros. O Museu do Estado de Pernambuco, criado em 1928, possui um grande acervo eclético, com cerca de 12 mil itens abrangendo as áreas de arte, antropologia, história e etnografia. O Museu do Homem do Nordeste, vinculado à Fundação Joaquim Nabuco/Ministério da Educação, é um importante museu antropológico que reúne acervo com cerca de 15 mil peças de heranças culturais da formação do povo nordestino. Conta ainda com uma sala de projeção, o Cinema do Museu, onde são exibidos filmes alternativos, cuja exibição não chega nas grandes salas. O Cais do Sertão, museu interativo e de objetos considerado um dos mais modernos equipamentos culturais do país, foi eleito o 18º melhor museu da América do Sul pelos usuários do site de viagens TripAdvisor. A Oficina Cerâmica Francisco Brennand é um complexo
monumental com 15 km² de área construída — museu de arte e ateliê — criado pelo artista plástico Francisco Brennand, possui acervo com mais de 2 mil peças entre esculturas e pinturas. Já o Instituto Ricardo Brennand (IRB), fundado pelo colecionador e empresário Ricardo Brennand, está sediado em um complexo arquitetônico em estilo medieval, composto por três prédios: Museu Castelo São João, pinacoteca e galeria, circundados por um vasto parque. Abriga um dos maiores acervos de armas brancas do mundo, além de uma coleção permanente de objetos histórico-artísticos de diversas procedências, abrangendo o período que vai da Baixa Idade Média ao século XXI, com forte ênfase na documentação histórica e iconográfica relacionada ao período colonial e ao Brasil Holandês.
O Instituto Ricardo Brennand, no Recife, abriga um dos maiores acervos de armas brancas do mundo, com mais de 3 mil peças, entre elas 27 armaduras medievais completas. Foi eleito o melhor museu da América Latina pelos usuários do TripAdvisor.
Culinária
O bolo de rolo, ícone da doçaria pernambucana e um dos símbolos de Pernambuco.
A feijoada à brasileira e a cachaça têm provável origem pernambucana. Já o beiju, quitute indígena, foi descoberto em Pernambuco no século XVI.
Culinária de Pernambuco
A culinária de Pernambuco foi influenciada diretamente pelas culturas europeia, africana e indígena. Diversas receitas originais provenientes de outros continentes foram adaptadas com ingredientes encontrados com facilidade na região, resultando em combinações únicas de sabores, cores e aromas. Destaca-se pela chamada "doçaria pernambucana", ou seja, os doces desenvolvidos durante os períodos colonial e imperial nos seus engenhos de açúcar
como o bolo de rolo, o nego bom e a cartola; e também pelas bebidas e iguarias salgadas descobertas ou provavelmente originadas no estado a exemplo da cachaça, do beiju e da feijoada à brasileira.
Os quitutes mais conhecidos são, entre outros, o beiju ou tapioca, a feijoada à brasileira, o arrumadinho, o escondidinho, os caldinhos a exemplo dos caldos de sururu, camarão e peixe, a caldeirada, a moqueca pernambucana, a peixada pernambucana, o cozido, o chambaril, o charque à brejeira, o bredo de coco, o feijão de coco, o quibebe, a galinha à cabidela, o angu, o mungunzá salgado, o sarapatel, a buchada e a rabada. Entre as bebidas mais comuns, merece destaque a cachaça; e entre os doces oriundos de Pernambuco podemos citar o bolo de rolo, o bolo Souza Leão, o bolo barra branca, a cartola e o nego bom. No São João as comidas de milho estão presentes na pamonha, na canjica, no bolo de milho, no mungunzá doce, dentre outras iguarias.
O bolo Souza Leão, o bolo de rolo e a cartola receberam, por lei, status de Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Pernambuco. Já o beiju do Alto da Sé de Olinda, considerado o mais tradicional do Brasil e preservado pela "Associação das Tapioqueiras de Olinda", recebeu o título de patrimônio imaterial da cidade.
O Recife é o terceiro maior polo gastronômico do Brasil segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) — com cerca de 10 mil estabelecimentos —, após Rio de Janeiro e São Paulo.
Pernambuco é o estado com o maior número de restaurantes estrelados pelo Guia Quatro Rodas no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul brasileiro, e o quarto do Brasil, atrás somente de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Dezesseis estabelecimentos pernambucanos, que contam com chefs renomados e que vão da cozinha regional às cozinhas lusitana, italiana, francesa, japonesa e peruana, foram agraciados em 2013.
Esportes
O esporte mais popular no estado é o futebol. Pernambuco é líder entre os estados do Norte-Nordeste no ranking das federações da CBF, e Recife foi uma das seis sedes da Copa do Mundo de 1950 (única sede nordestina), além de ter sediado a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014.
O Náutico é o mandante da Arena de Pernambuco. O Sport e o Santa Cruz utilizam o estádio eventualmente.
Autódromo Internacional de Caruaru
Pernambuco é também o estado do Norte-Nordeste que mais se destaca em outras modalidades esportivas: é o segundo estado brasileiro em número de títulos nacionais de hóquei, tanto no campeonato masculino quanto no feminino, atrás somente de São Paulo, e o Sport Club do Recife um dos dois únicos clubes brasileiros a conquistar um Campeonato Sul-Americano de Hóquei; e é o único estado fora do Centro-Sul com títulos Brasileiro e Sul-Americano de basquete, obtidos pela equipe feminina do Sport Club do Recife entre 2013 e 2014.
O Campeonato Pernambucano de Futebol, um dos principais torneios estaduais do país, é disputado desde 1915, tendo como campeão sempre um time da capital. Os principais times do estado são o Sport Club do Recife, o que mais títulos estaduais possui (41 em 2017), sendo ainda Campeão Brasileiro de 1987, Campeão da Copa do Brasil de 2008, Vice-Campeão da Copa do Brasil de 1989 e Vice-Campeão da Copa dos Campeões de 2000; o Santa Cruz Futebol Clube, com 29 títulos pernambucanos, além do título Fita Azul do Brasil por ter retornado invicto ao país após uma excursão internacional na qual enfrentou times de futebol como o Paris Saint-Germain e algumas seleções; e o Clube Náutico Capibaribe, que detém a marca de mais títulos estaduais consecutivos (Hexacampeão) de um total de 21 conquistas e o título de Vice-Campeão Brasileiro de 1967. Os três
principais clubes pernambucanos estão entre os mais antigos e tradicionais do Brasil.
Outros clubes esportivos do estado são o América (com seis títulos estaduais de futebol e o Troféu Nordeste), o Clube Português do Recife, o Central, o Porto, o Ypiranga, o Salgueiro, o Petrolina, o Serra Talhada, o Belo Jardim e o Araripina.
Os maiores times de Pernambuco possuem estádios próprios. O maior estádio construído é o Estádio do Arruda, pertencente ao Santa Cruz. Destaque ainda para a Ilha do Retiro, pertencente ao Sport, e para o Estádio dos Aflitos, que pertence ao Náutico, sendo que o Náutico manda os seus jogos atualmente na Arena de Pernambuco, um moderno estádio construído em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife, para a Copa do Mundo de 2014.
Feriados
Na tabela a seguir estão os feriados e pontos facultativos previamente agendados em todo o estado de Pernambuco. Na capital, Recife, existem dois feriados municipais: o dia 16 de julho — Dia da Padroeira Nossa Senhora do Carmo; e o dia 8 de dezembro — Dia de Nossa Senhora da Conceição.
Hoje toda historia esta relacionada ao nordeste Brasileiro que em tudo eu descrevo aqui com muito respeito e amor sobre minha terra que por uma simplicidade cultural eu quero falar sobre suas origens e começo de uma tradição que nosso povo começou quando tudo se diz o que o Nordeste era o berço da colonização europeia no país, uma vez que nela ocorreu a descoberta ou descobrimento do Brasil que se refere, na historiografia luso-brasileira, à chegada da frota comandada por Pedro Álvares Cabral ao território denominado Ilha de Vera Cruz, ocorrida no dia 22 de abril de 1500. Tal descoberta faz parte dos descobrimentos e a expedição portuguesa e as notícias do acha mento do Brasil foram relatadas pelo escrivão da expedição, Pero Vaz de Caminha. Os portugueses permaneceram em terras
brasileiras até o dia 2 de maio de 1500, quando, então, seguiram viagem em direção à Índia, o grande objetivo da expedição. A chegada dos portugueses ao Brasil é um dos resultados finais das grandes navegações, a exploração oceânica que se deu ao longo de todo o século XV. Apesar dos espanhóis terem chegado ao continente americano primeiro, os portugueses são considerados os pioneiros nesse processo de exploração, fazendo grandes “descobertas” nesse período e vamos falar aqui um pouco do agreste brasileiro que vamos mostra aqui agora a sua historia.
Agreste designa uma área na Região Nordeste do Brasil de transição entre a Zona da Mata e o Sertão, que se estende por uma vasta área dos estados brasileiros da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. A área ocupada pelo Agreste situa-se numa estreita faixa, paralela à costa. Possui como características principais solos profundos (latossolos e argissolos), com relevo extremamente variável, associados a solos rasos (litossolos), solos relativamente férteis, vegetação variável com predominância de vegetação caducifólia (decídua). É uma área sujeita a secas, cuja precipitação pluviométrica varia entre 300 e 1200 mm/ano, oscilando predominantemente entre 700 e 800 mm/ano. Possui 5 pólos principais: Campina Grande, Caruaru, Arapiraca, Feira de Santana e Vitória da Conquista.
Geografia
Possui solo essencialmente pedregoso, rios intermitentes (temporários), vegetação rala e tamanho pequeno (mirtáceas, combretáceas, leguminosas e cactáceas). Tecnicamente, o agreste junto ao sertão compõem o ecossistema denominado caatinga. Possui, por ser marcadamente terreno de transição, áreas onde há maior umidade, os brejos. O principal acidente geográfico da região é o planalto da Borborema — que apresenta vegetação tropical e florestada, consorciada com o clima úmido nas áreas altas e região da
encosta leste; e vegetação de caatinga, consorciada com o clima semiárido e seco, nas áreas baixas ao centro e oeste do planalto.
Meio antrópico
A estrutura fundiária do Agreste é basicamente formada por pequenas e médias propriedades onde se pratica a policultura, frequentemente associada à pecuária extensiva e bacia leiteira. Por estar fora da região de influência litorânea, predominando no interior nordestino, está sujeita às estiagens cíclicas, de forma que boa parte da população aí existente depende essencialmente do regime de chuvas, que são irregulares e rios temporários.
A Associação Plantas do Nordeste (APNE), entidade não governamental com parceria dos Jardins Botânicos Reais de Kew, da Inglaterra, e do CNPq, tem desenvolvido estudos visando um aproveitamento sustentável da flora local, bem como seu estudo e preservação.
Por causa da densidade demográfica e da estrutura fundiária com tendência ao minifúndio, o Agreste constitui uma área em que a pressão sobre a terra é bastante forte (pediplanação). Esse problema é grave e acaba acarretando migrações para o Sudeste.
Demografia
Sua densidade populacional é a segunda maior entre as zonas geográficas nordestinas, superada apenas pela Zona da Mata.
No agreste predominam pequenas e médias propriedades rurais onde se desenvolvem a policultura (cultivo de diversos tipos de plantas) e a pecuária leiteira. Seus produtos abastecem o maior mercado consumidor do nordeste — a Zona da Mata. O Agreste é uma área de transição entre a Zona da Mata, de clima tropical úmido, e o Sertão, de clima semiárido.
Cidades
O Agreste é a única sub-região nordestina que não sedia nenhuma capital, porém abriga polos importantes, sendo as principais cidades:
• Feira de Santana, Bahia
• Jequié, Bahia
• Alagoinhas, Bahia
• Vitória da Conquista, Bahia
• Itabaiana, Sergipe
• Lagarto, Sergipe
• Arapiraca, Alagoas
• Palmeira dos Índios, Alagoas
• Caruaru, Pernambuco
• Garanhuns, Pernambuco
• Santa Cruz do Capibaribe, Pernambuco
• Campina Grande, Paraíba
Aspectos étnicos e culturais
Étnica e culturalmente, as regiões do Agreste com a vegetação Caatinga estão mais próximas ao Sertão, enquanto que as áreas agrestinas com vegetação Mata Atlântica estão mais próximas à Zona da Mata. Em Caruaru e Campina Grande, realizam-se grandes festas juninas, que estão entre as maiores do mundo, e centradas no milho.
Região Nordeste do Brasil:
A Região Nordeste é uma das cinco regiões do Brasil definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1969. Possui área equivalente à da Mongólia ou do estado do Amazonas, população equivalente à da África do Sul e um IDH alto, também comparável com o da África do Sul. Em comparação com as outras regiões brasileiras, tem a segunda maior população, o terceiro maior território, o segundo maior colégio eleitoral (36 727 931 eleitores em 2010), o menor IDH (2017) e o terceiro maior PIB (2018).
É a região brasileira que possui o maior número de estados (nove no total): Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Em função de suas diferentes
características físicas, a região é dividida em quatro sub-regiões: meio-norte, sertão, agreste e zona da mata, tendo níveis muito variados de desenvolvimento humano ao longo de suas zonas geográficas.
A região Nordeste foi o berço da colonização europeia no país, uma vez que nela ocorreu a descoberta do Brasil e se consolidou a colonização exploratória que consistia, em suma, na extração do pau-brasil (ou pau-de-pernambuco), cuja tinta da madeira era utilizada para tingir as roupas da nobreza do Velho Mundo. Com a criação das capitanias hereditárias em 1534, foi fundada a vila de Olinda, e anos mais tarde deu-se o início da construção da primeira capital do Brasil, Salvador, para abrigar o governo-geral. O Nordeste foi também o centro financeiro do Brasil até meados do século XVIII, uma vez que a Capitania de Pernambuco foi o principal centro produtivo da colônia e Recife a cidade de maior importância econômica.
História
Pré-história
A pesquisa arqueológica no Brasil surgiu mediante a curiosidade e os estudos dos exploradores, naturalistas, viajantes, botânicos, geólogos, e paleontólogos europeus. Nesse sentido, os registros científicos dessas diversas áreas confundem-se e complementam-se. De maneira geral, as numerosas informações arqueológicas existentes na bibliografia sobre o nordeste, até a década de 60, eram produtos de achados casuais e/ou de apressadas coletas de superfície.
Os estudos arqueológicos no Nordeste brasileiro começaram sistematicamente no século XX, a partir da década de 60. Desde então, foram se constituindo núcleos de estudos nesta área, que têm hoje consolidado o reconhecimento nacional e internacional. A partir do avanço das pesquisas acerca da temática arqueológica nordestina
em conjunto com desenvolvimento de novas tecnologias de datação, como por exemplo, o Carbono 14, pode-se ter noção do período das primeiras ocupações estabelecidas na região.
Numerosos sítios no Nordeste são registrados sob a convencional denominação de Arte Rupestre. Gabriela Martín e André Prous apontam para a mais antiga referência a uma gravura rupestre, no Brasil, feita por Feliciano Coelho de Carvalho, na Paraíba, em 1598. Para a Bahia, encontramos um documento do século XVIII, no Arquivo Histórico Ultramarino, que faz menção a locais com pinturas rupestres, com figuras humanas e de animais, encontradas durante uma viagem pelo interior do estado à procura de salitre.
O território do Nordeste possui um enorme acervo de pinturas e gravuras realizadas sobre um suporte fixo pétreo, seja em abrigos, em paredões tipo cânion ou em afloramentos rochosos. Os grafismos foram localizados até o momento em quase todos os estados nordestinos. Os trabalhos sistemáticos de muitos arqueólogos que trabalham no Nordeste, nesse campo da Arqueologia, permitem hoje reconhecer unidades estilísticas que foram denominadas de tradições. Existem algumas variações localizadas, feitas sobre a estrutura temática das tradições que os arqueólogos chamam de subtradições. A distribuição de sítios dessas tradições varia de estado para estado, havendo em alguns, maior frequência de uma ou de outra. Por outro lado devemos considerar que ainda não foram esgotadas as possibilidades de achados e que alguns territórios poderão apresentar um patrimônio insuspeitado. Colonização europeia
Pedro Álvares Cabral desembarcou em Porto Seguro no litoral sul da Bahia em 22 de abril de 1500, tornando a região colônia do Reino de Portugal. O Nordeste era habitado desde a pré-história pelos povos indígenas do Brasil, que, no início da colonização, realizavam trocas comerciais com europeus, na forma de extração do pau-brasil em troca de outros itens. Mas, ao longo do período de colonização, eles
foram incorporados ao domínio europeu ou eliminados, em decorrência das constantes disputas contra os senhores de engenho.
A região foi o palco do descobrimento durante o século XVI. Portugueses chegaram em uma expedição no dia 22 de abril de 1500, liderados por Pedro Álvares Cabral, na atual cidade de Porto Seguro, no estado da Bahia.
Foi no litoral nordestino que se deu início a primeira atividade econômica do país, a extração do pau-brasil. Países como a França, que não concordavam com o Tratado de Tordesilhas, realizavam constantes ataques ao litoral com o objetivo de contrabandear madeira para a Europa.
A costa norte do atual estado do Maranhão foi invadida pela França, na chamada França Equinocial (ver: Invasões francesas no Brasil). Os colonos franceses fundaram um povoado denominado de "Saint Louis" (atual São Luís), em homenagem ao soberano, Luís XIII de França. Cientes da presença francesa na região, os portugueses reuniram tropas a partir da Capitania de Pernambuco, sob o comando de Alexandre de Moura (ver: Batalha de Guaxenduba). As operações militares culminaram com a capitulação francesa em fins de 1615.
Invasões holandesas
Em 1630, a Capitania de Pernambuco foi invadida pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (West Indische Compagnie). Por ocasião da União Ibérica (1580 a 1640), a então chamada República Holandesa, antes dominada pela Espanha, tendo depois conseguido sua independência através da força, veem em Pernambuco a oportunidade para impor um duro golpe na Espanha, ao mesmo tempo em que tirariam o prejuízo do fracasso na Bahia, uma vez que Pernambuco era o principal centro produtivo da colônia. Em 26 de dezembro de 1629, partia de São Vicente, Cabo Verde, uma esquadra com 66 embarcações e 7 280 homens em direção a Pernambuco. Os holandeses, desembarcando na praia de Pau Amarelo, conquistam a
capitania de Pernambuco em fevereiro de 1630 e estabelecem a colônia Nova Holanda. A frágil resistência portuguesa na passagem do Rio Doce, invadiu, sem grandes contratempos, Olinda e derrotou a pequena, porém aguerrida, guarnição do forte (que depois passaria a ser chamado de Brum), porta de entrada para o Recife através do istmo que ligava as duas cidades.
O Recife, conhecido como Mauritsstad (Cidade Maurícia), foi a capital do Brasil Holandês, tendo sido governada na maior parte do tempo pelo conde alemão (a serviço da Coroa dos Países Baixos) Maurício de Nassau. Neste período, Recife foi considerada a mais próspera e urbanizada cidade do continente americano. O império holandês nas Américas era composto na época por uma cadeia de fortalezas que iam do Ceará à embocadura do rio São Francisco, ao sul de Alagoas. Os holandeses também possuíam uma série de feitorias na Guiné e Angola, situadas no outro lado do Atlântico, o que lhes dava controle sobre o açúcar e o tráfico negreiro, administradas pela Companhia das Índias Ocidentais.
As Batalhas dos Guararapes, episódios decisivos na Insurreição Pernambucana, são consideradas a origem do Exército Brasileiro.
O conde desembarcou na Nieuw Holland, a Nova Holanda, em 1637, acompanhado por uma equipe de arquitetos e engenheiros. Nesse ponto, começa a construção de Mauritsstad, que foi dotada de pontes, diques e canais para vencer as condições geográficas locais. O arquiteto Pieter Post foi o responsável pelo traçado da nova cidade e de edifícios como o palácio de Freeburg, sede do poder de Nassau na Nova Holanda, e do prédio do observatório astronômico, tido como o primeiro do Novo Mundo. Em 28 de fevereiro de 1644, o Recife (atualmente o Bairro do Recife) foi ligado à Cidade Maurícia com a construção da primeira ponte da América Latina.
Maurício de Nassau realizou uma política de tolerância religiosa frente aos católicos e calvinistas. Além disso, permitiu a migração de
judeus ao Recife, que passou a abrigar a maior comunidade judaica de todo o continente, e a criação de uma sinagoga, a Kahal Zur Israel, inaugurada em 1642 e considerada o primeiro templo judaico das Américas do Sul, Central e do Norte.
Por diversos motivos, sendo um dos mais importantes a exoneração de Maurício de Nassau do governo da capitania pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, o povo de Pernambuco se rebelou contra o governo, juntando-se à fraca resistência ainda existente, num movimento denominado Insurreição Pernambucana. Com a chegada gradativa de reforços portugueses, os holandeses por fim foram expulsos em 1654, na segunda Batalha dos Guararapes. Foi nesta ocasião que se diz ter nascido o Exército brasileiro.
Durante o período colonial, no século XVI, a resistência quilombola se iniciou no Brasil, com a fuga de escravos para o Quilombo dos Palmares, na região da serra da Barriga, atual território de Alagoas. Nos vários mocambos palmarinos chegaram a reunir-se mais de vinte mil pessoas. Em 1694, o Macaco, "capital" de Palmares, foi tomado e destruído, Zumbi dos Palmares foi capturado e teve sua cabeça degolada e exposta em praça pública no Recife.
A cidade de Salvador foi a primeira sede do governo-geral no Brasil, pois estava estrategicamente localizada em um ponto médio do litoral. O governo-geral foi uma tentativa de centralização do poder para auxiliar as capitanias, que estavam passando por um momento de crise. A atividade açucareira é até hoje a principal atividade agrícola da região.
Geografia
Imagem de satélite da NASA mostrando a Região Nordeste do Brasil e partes do Norte, Sudeste e Centro-Oeste.
A área do Nordeste brasileiro é de 1 554 291,744 km², equivalente a 18% do território nacional e é a região que possui a maior costa litorânea. A região possui os estados com a maior e a menor costa
litorânea, respectivamente Bahia, com 932 km de litoral e Piauí, com 60 km de litoral. A região toda possui 3 338 km de praias.
Está situado entre os paralelos de 07° 12' 35" de latitude sul e 48° 20' 07" de latitude sul e entre os meridianos de 34° 47' 30" e 48° 45' 24", a oeste do meridiano de Greenwich. Limita-se a norte e a leste com o oceano Atlântico, ao sul com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e a oeste com os estados do Pará, Tocantins e Goiás.
Relevo
Uma das características do relevo nordestino é a existência de dois antigos e extensos planaltos, o Borborema e a bacia do rio Parnaíba e de algumas áreas altas e planas que formam as chamadas chapadas, como a Diamantina, onde se localiza o ponto mais elevado da região, o Pico do Barbado, com 2 033 metros de altitude, na Bahia, e a do Araripe, nas divisas entre os Estados do Ceará, Piauí, Pernambuco e a Paraíba. Entre essas regiões há algumas depressões, nas quais está localizado o sertão, região de clima semiárido.
Segundo o professor Jurandyr Ross, que com sua equipe compilou informações do Projeto Radam (Radar da Amazônia) e mostrou uma divisão do relevo brasileiro mais rica e subdivida em 28 unidades, no Nordeste ficam localizados os já citados planalto da Borborema e planaltos e chapadas da bacia do rio Parnaíba, a depressão Sertaneja-São Francisco e parte dos planaltos e serras do leste-sudeste, além das planícies e tabuleiros litorâneos.
Clima
Mapa climático da Região Nordeste do Brasil segundo Köppen-Geiger.
Triunfo, no estado de Pernambuco, tem temperatura amena apesar de estar localizada no Semiárido. Isso é possível graças à sua altitude (1.004m), uma das mais elevadas do sertão nordestino.
A região Nordeste do Brasil apresenta média anual de temperatura entre 20° e 28° C. Nas áreas situadas acima de 200 metros e no
litoral oriental, as temperaturas variam de 24° a 26 °C. As médias anuais inferiores a 20 °C encontram-se nas áreas mais elevadas da Chapada Diamantina e do planalto da Borborema. O índice de precipitação anual varia de 300 a 2 000 mm. Quatro tipos de climas estão presentes no Nordeste:
• Clima equatorial: presente em uma pequena parte do estado do Maranhão;
• Clima litorâneo úmido: presente nos litorais da Bahia ao Rio Grande do Norte;
• Clima tropical: presente em boa parte do Maranhão, oeste da Bahia e partes do Ceará e do Piauí;
• Clima semiárido: predominante no sertão e em parte do agreste.
Com precipitação média de chuvas de cerca de 300 milímetros por ano, às quais ocorrem durante no máximo três meses, dando vazão a estiagens que duram às vezes mais de dez meses, Cabaceiras, na Paraíba, tem o título de município mais seco do país. A Região Nordeste encontra-se com 72,24% de seu território dentro do polígono das secas, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Vegetação
A vegetação nordestina vai desde a Mata Atlântica no litoral até a Mata dos Cocais no Meio Norte, com ecossistemas como os manguezais, a caatinga, o cerrado, as restingas, dentre outros, que possuem fauna e flora exuberantes, diversas espécies endêmicas e animais ameaçados de extinção.
A caatinga, vegetação típica do Sertão nordestino.
• Mata Atlântica: também chamada de Floresta tropical úmida de encosta, a mata atlântica estendia-se originalmente do Ceará até o Rio Grande do Sul, porém, em consequência dos desmatamentos que ocorreram em função principalmente da indústria açucareira, hoje só restam cerca de 5% da vegetação
original, dispersos em "ilhas". Foi na mata atlântica nordestina que começou o processo de extração do pau-brasil; existem também florestas semideciduais e úmidas nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia, que constituem encraves de Mata Atlântica de forma não contínua como no litoral, ocorrendo somente em serras e chapadas do interior desses territórios e caracterizando o chamado brejo de altitude.
• Mata dos cocais: formação vegetal de transição entre os climas semiárido, equatorial e tropical. As espécies principais são o babaçu e a carnaúba, além do buriti. Ocorre em parte do Maranhão, do Piauí, do Ceará, do Rio Grande do Norte e do Tocantins na região Norte. Representa menos de 3% da área do Brasil.
• Cerrado: ocupa 25% do território brasileiro, mas no Nordeste só abrange o sul do estado do Maranhão, o sudoeste do Piauí, o oeste da Bahia, áreas interioranas das regiões Sul e Centro-Sul do Ceará (nestas, ilhadas pela caatinga), Microrregião de Araripina em Pernambuco e algumas áreas da faixa litorânea que vai do Piauí até Sergipe. Apresenta árvores de baixo porte, com galhos retorcidos, com o chão coberto por gramíneas e solos de alta acidez; no Cariri cearense também existe a formação do cerradão, um cerrado com árvores mais altas.
• Caatinga: vegetação típica do sertão, tem como principais espécies o pereiro, a aroeira, as leguminosas e as cactáceas. É uma formação de vegetais xerófitos (vegetais de regiões secas), mas é rica ecologicamente. Ocorre em todos os estados nordestinos exceto no Maranhão.
• Vegetações litorâneas e matas ciliares: na categoria de vegetação litorânea, pode-se incluir os mangues, um rico ecossistema local de moradia e reprodução dos caranguejos e importante para a preservação de rios e lagoas. Também pode-se incluir as restingas e as dunas. As matas ciliares ou matas de
galeria são comuns em regiões de cerrados, mas também podem ser vistas na Zona da Mata. São pequenas florestas que acompanham as margens dos rios, onde existe maior concentração de materiais orgânicos no solo, e funcionam como uma proteção para os rios e mares.
Hidrografia
Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, no estado do Maranhão.
As bacias hidrográficas do Nordeste são:
• Bacia do São Francisco: é a principal da região, formada pelos rios São Francisco e seus afluentes. As principais atividades econômicas são: agricultura irrigada, pesca, piscicultura, navegação e produção de energia elétrica pelas hidrelétricas de Três Marias, Sobradinho, Paulo Afonso, Luiz Gonzaga e a de Xingó. A bacia delimita as divisas naturais de Bahia com Pernambuco e também de Sergipe e Alagoas, que é onde está localizada sua foz.
• Bacia do Parnaíba: é a segunda mais importante, ocupando uma área de cerca de 344 112 km² (3,9% do território nacional) e drena quase todo o estado do Piauí, parte do Maranhão e Ceará. O rio Parnaíba é um dos poucos no mundo a possuir um delta em mar aberto, com uma área de manguezal de aproximadamente, 2 700 km².
• Bacia do Atlântico Nordeste Oriental: ocupa uma área de 287 384 km², abrangendo seis estados: Piauí, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte . Os rios principais são o Jaguaribe, Piranhas-Açú, Apodi, Acaraú, Curimataú, Mundaú, Paraíba, Capibaribe, Ipojuca e Una (esses três últimos no estado de Pernambuco).
• Bacia do Atlântico Nordeste Ocidental: situada entre o Nordeste e a região Norte, fica localizada, quase que em sua totalidade, no estado do Maranhão. Algumas de suas sub-bacias constituem ricos ecossistemas, como manguezais, babaçuais e
várzeas. Os rios principais são o Gurupi, Turiaçu, Mearim, e Itapecuru.
• Bacia do Atlântico Leste: compreende uma área de 364 677 km², dividida entre dois estados do Nordeste (Bahia e Sergipe) e dois do Sudeste (Minas Gerais e Espírito Santo). Na bacia, a pesca é utilizada como atividade de subsistência.
Zonas geográficas
Sub-regiões do Nordeste: 1 Meio-Norte, 2 Sertão, 3 Agreste e 4 Zona da Mata.
Em função de suas diferentes características físicas, a região Nordeste é dividida em quatro zonas ou sub-regiões:
• Meio-Norte: É uma faixa de transição entre a Amazônia e o Sertão nordestino. Engloba o estado do Maranhão e o oeste do estado do Piauí. Esta zona geográfica também é conhecida como Mata dos Cocais. No litoral, chove cerca de 2 000 mm anuais. Indo mais para o leste ou para o interior, esse número cai para 1 500 mm anuais, e, no sul do Piauí, uma região mais parecida com o Sertão, chove em média 700 mm por ano.
• Sertão: Está localizado, em quase sua totalidade, no interior da Região Nordeste, sendo sua maior zona geográfica. Possui clima semiárido. Em estados como Ceará e Rio Grande do Norte chega a alcançar o litoral, e, descendo mais ao sul, alcança a divisa entre Bahia e Minas Gerais. As chuvas nesta sub-região são irregulares e escassas, ocorrendo constantes períodos de estiagem. A vegetação típica é a caatinga.
• Agreste: É uma faixa de transição entre o Sertão e a Zona da Mata. É a menor zona geográfica da Região Nordeste. Está localizada no alto do Planalto da Borborema, um obstáculo natural para a chegada das chuvas ao sertão. Estende-se do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. Do lado leste do planalto estão as terras mais úmidas (Zona da Mata); do outro lado, para o interior, o clima vai ficando cada vez mais seco (Sertão).
• Zona da Mata: Localizada no leste, entre o Planalto da Borborema e a costa, estende-se do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia. As chuvas são abundantes nesta região. Recebeu este nome por ter sido coberta pela Mata Atlântica. Os cultivos de cana-de-açúcar e cacau substituíram as áreas de florestas. É a zona mais desenvolvida da Região Nordeste.
• Demografia
Assim como acontece em todo o território brasileiro, a população nordestina é mal distribuída. Cerca três quintos dela fica concentrada na faixa litorânea e nas principais capitais. No sertão e interior, os níveis de densidade populacional são mais baixos, principalmente por causa do clima semiárido. Ainda assim, a densidade demográfica no semiárido nordestino é uma das mais altas do mundo para esse tipo de área climática.
Segundo dados do IBGE, a região possui mais de 49 milhões de habitantes, quase 30% da população brasileira. É a segunda região mais populosa do país, depois do região Sudeste, e a terceira quanto à densidade demográfica, com 32 hab/km². As maiores cidades nordestinas, em termos populacionais, são: Fortaleza, Salvador, Recife, São Luís, Maceió, Teresina, João Pessoa, Natal, Jaboatão dos Guararapes, Feira de Santana, Aracaju, Campina Grande, Petrolina, Caruaru, Vitória da Conquista, Caucaia, Olinda, Paulista, Camaçari, Juazeiro do Norte, Imperatriz, Mossoró, Parnamirim, São José de Ribamar, Juazeiro, Arapiraca, Maracanaú, Lauro de Freitas, Cabo de Santo Agostinho e Sobral todas com mais de duzentos mil habitantes.
De acordo com os dados do IBGE (2004), 71,5% da dos nordestinos estão em áreas urbanas. A urbanização do Nordeste foi mais lenta em relação ao resto do país, mas se acelerou nas últimas décadas. No período 1991-1996, a população rural no total da população teve queda de 45,8%.
Regiões metropolitanas
Imagem de satélite noturna destaca a concentração urbana, reconhecida pelas luzes emitidas, na Zona da Mata.
A Região Metropolitana do Recife, no estado de Pernambuco, é o maior aglomerado urbano do Nordeste.
A região de Petrolina e Juazeiro e a do Cariri somadas a Sousa configuram uma dinâmica rede urbana triangular no semiárido central do Brasil, nucleada nas capitais regionais Petrolina (PE)/Juazeiro (BA) e Juazeiro do Norte (CE) e no centro sub-regional Sousa (PB)
Todas as capitais da região Nordeste possuem região metropolitana (RM), com exceção de Teresina, que possui região integrada de desenvolvimento econômico (RIDE), por abrigar municípios de diferentes unidades federativas. Além das capitais, outras áreas metropolitanas figuram no interior. As regiões metropolitanas mais antigas são as de Recife, Salvador e Fortaleza, as quais foram criadas pela Lei Complementar Federal do Brasil 14 de 1973, e são também as mais populosas. As outras foram criadas por meio de leis complementares estaduais, como a Região Metropolitana de Feira de Santana.
Todos os nove estados nordestinos possuem ao menos uma área metropolitana em seu território, seja na sua totalidade (como Rio Grande do Norte e Sergipe) ou parcialmente (Piauí). Nesse sentido, Maranhão possui três no total. São duas (São Luís e Sudoeste Maranhense), localizadas integralmente dentro do território maranhense, e outra (Grande Teresina) expande-se pelo Piauí. O estado da Paraíba possui o maior número de regiões metropolitanas (doze no total).
Dados do censo de 2010 do IBGE confirmam a Região Metropolitana do Recife como a mais populosa do Nordeste Brasileiro, a quinta do Brasil e a 107ª do mundo. A Região Metropolitana de Salvador caiu uma colocação na classificação regional e nacional, sendo ultrapassada pela Região Metropolitana de Fortaleza; esta passa a
ocupar a segunda posição no Nordeste, a sexta do Brasil e a 108ª do mundo.
Regiões metropolitanas por número de municípios
Composição étnica
Segundo pesquisa do IBGE de 2018, a população do Nordeste autodeclarou-se da seguinte maneira: pardos (63,2%), brancos (24,6%), pretos (11,30%) e outros (0,9%).
Quadrilha junina em Belém, na Paraíba.
Segundo o censo de 2010, os estados com maior população branca são Pernambuco (36,6%), Paraíba (36,4%) e Rio Grande do Norte (36,3%); os com maior população negra, Bahia (16,8%), Maranhão (6,6%) e Piauí (5,9%); os com maior população indígena, Maranhão (0,9%), Bahia (0,3%) e Paraíba (0,3%); e os com maior população parda, Piauí (69,9%), Maranhão (68,6%) e Alagoas (67,7%).
A população do Nordeste, assim como a do resto do Brasil, foi formada por três grupos: o indígena, o europeu e o africano subsaariano. O povoamento do Nordeste brasileiro ocorreu basicamente durante o período colonial. O Nordeste foi a primeira região brasileira a ser ocupada pelos portugueses e também foi a primeira a trazer escravos africanos, no século XVI. A região foi muito pouco influenciada pelas imigrações europeias e asiáticas, dos séculos XIX e XX, que tiveram papel relevante no povoamento dos estados do centro-sul brasileiro.
O antropólogo Darcy Ribeiro dividiu o povoamento do Nordeste em duas áreas específicas: a crioula e a sertaneja. A região crioula refere-se à "configuração histórico‐cultural resultante da implantação da economia açucareira e de seus complementos e anexos na faixa litorânea do Nordeste brasileiro, que vai do Rio Grande do Norte à Bahia", de populações surgidas "da fusão racial de brancos, índios e negros". Por sua vez, a área sertaneja abarca as
regiões que "começam pela orla descontínua ainda úmida do agreste e prosseguem com as enormes extensões semiáridas das caatingas", onde a economia se desenvolveu em torno da criação de gado e o povoamento foi realizado por "brancos pobres" e "mestiços dos núcleos litorâneos", com uma contribuição indígena significativa, porquanto "o fenótipo típico dos povos indígenas originais daqueles sertões se imprimiu na vaquejada e nos nordestinos em geral".
Mulher e bebê em Canindé, Ceará.
Diversos estudos genéticos mostram que a ancestralidade europeia predomina em todos os estados nordestinos analisados. Um estudo sugere que o grau de ancestralidade ameríndia ou africana varia regionalmente. Por meio da análise do DNA mitocondrial (transmitido por mulheres), verificou-se que, da metade do Piauí para cima, o DNA mitocondrial indígena predomina, e da metade do Piauí para baixo, cresce a proporção de DNA mitocondrial de origem africana. A região açucareira do litoral nordestino demandou grande número de escravos africanos trabalhando nos engenhos. Por sua vez, o interior do Nordeste sempre foi uma região muito pobre e de economia baseada na criação de gado, existindo ali um excesso de mão de obra livre branca e mestiça, portanto nunca houve a necessidade de importar grande número de escravos africanos. Essas diferenças econômicas resultaram em diferentes formas de povoamento e explicam a variabilidade de fenótipos encontrados nas diferentes regiões nordestinas.
Os africanos subsaarianos trazidos para o Nordeste eram predominantemente oriundos de Angola, do Congo ou de Moçambique, sendo a exceção o estado da Bahia, que recebeu muitos africanos da Nigéria, de Gana ou do Benim.
A contribuição genética neerlandesa no Nordeste, após os holandeses terem controlado a região por 25 anos, suscita divergências. Segundo Leonardo Dantas Silva, após a reconquista do
território pelos portugueses, "não foram poucos os [holandeses] que ficaram, visto estarem unidos a mulheres da terra, com famílias e propriedades estabelecidas". Ele ainda afirma que os "tipos alvos, de cabelos louros e olhos claros, encontrados em comunidades do interior do Nordeste brasileiro" seriam descendentes deles.
Já Sônia Luyten afirma que "Alguns autores que se dedicaram ao assunto são unânimes ao dizer que praticamente nada de duradouro foi deixado aqui pelos holandeses, a não ser alguns fortes e poucos traços de cultura". Afirma, ainda, que o fato de haver nordestinos de cabelos louros não quer dizer que sejam descendentes de holandeses, até porque pessoas louras também existem na população portuguesa. De fato, não se sabe quantos holandeses viveram no Brasil ou quantos permaneceram após a retomada do território pelos portugueses, e Portugal foi a única fonte significativa de imigrantes europeus no Brasil, até 1808. Uma grande parte dos soldados da companhia holandesa das índias ocidentais não eram holandeses e sim, alemães e franceses. Alguns exemplos de soldados holandeses que deixaram Descendência foram, o General Joris Gartsman, O General Hendrick Huss, Jacques Van der ness, Jan Wijnants, Francisco Brae, Abraham Trapper, Dirck Van Hoogstraten, dentre diversos outros. Segundo estudo genético de 2020 e outro de 2015, a ancestralidade europeia dos nordestinos é basicamente ibérica (portuguesa) e os nordestinos são geneticamente mais distantes da população holandesa. Outro estudo genético, de 2018, mostra que a ancestralidade portuguesa é a predominante em todas as regiões brasileiras, com exceção do Sul, onde as ancestralidades italiana e alemã são igualmente significativas.
Dançarinos de frevo, em Olinda.
Segundo o professor José Luiz da Mota Menezes, essa valorização excessiva do passado holandês advém de uma vontade que algumas pessoas do Nordeste têm de se diferenciar dos outros brasileiros: "As pessoas tendem a se identificar com uma característica que seja
diferente, única. No caso daqui, essa ocupação [holandesa] dá o diferencial em relação a todo o País".
Também existem relatos orais de que judeus sefarditas fugiram para o sertão nordestino, após o fim do domínio holandês. Porém, segundo Daniel Breda, do Arquivo Histórico Judaico no Recife, não existe nenhum estudo que comprove que isso ocorreu. Segundo ele, não existem descendentes de judeus praticantes do período holandês vivendo no Nordeste, pois todos fugiram do Brasil quando os portugueses retomaram o controle do território, uma vez que foram ameaçados pela Inquisição. O que há no Brasil são descendentes de judeus que já haviam se convertido há gerações ao catolicismo, os chamados cristãos-novos. De qualquer maneira, um estudo genético de 2018 afirma que a contribuição genética judaica sefardita no povo brasileiro é de apenas 1%.
Estudos genéticos
Salvador, Bahia, é a cidade com o maior número de afrodescendentes do Brasil; porém, o município com o maior percentual de indivíduos da raça negra no país é Riacho Frio-PI (61,71%). Bahia (16,8%), Maranhão (6,6%) e Piauí (5,9%) são os estados nordestinos com maior porcentagem de negros.
De acordo com estudo genético de 2017, todos os nordestinos têm algum grau de ancestralidade europeia, indígena e africana. Os brasileiros do Nordeste têm uma ancestralidade média que é 57% europeia, 20% ameríndia e 23% africana, embora a proporção de mistura de cada componente apresentou variações individuais (19-95%, 2–49% e 4–67%, respectivamente).
De acordo com o estudo autossômico de 2011, levado a cabo pelo geneticista brasileiro Sérgio Pena, o componente europeu é o predominante na população do Nordeste, com contribuições africanas e indígenas. De acordo com o estudo realizado, a composição do Nordeste pode assim ser descrita: 60,10% de herança europeia,
29,30% de herança africana e 8,90% indígena. Esse estudo foi realizado com base em doadores de sangue, sendo que a maior parte dos doadores de sangue no Brasil vêm das classes mais baixas (além de enfermeiros e demais pessoas que laboram em entidades de saúde pública, representando bem, assim, a população brasileira).
O mesmo estudo constatou que os brasileiros de diferentes regiões são geneticamente muito mais homogêneos do que se esperava, como consequência do predomínio europeu (o que já havia sido mostrado por vários outros estudos genéticos autossômicos, como se pode ver abaixo). “Pelos critérios de cor e raça até hoje usados no censo, tínhamos a visão do Brasil como um mosaico heterogêneo, como se o Sul e o Norte abrigassem dois povos diferentes”, comenta o geneticista. “O estudo vem mostrar que o Brasil é um país muito mais integrado do que pensávamos.” A homogeneidade brasileira é, portanto, muito maior entre as regiões do que dentro delas, o que valoriza a heterogeneidade individual. Essa conclusão do trabalho indica que características como cor da pele são, na verdade, arbitrárias para categorizar a população. Segundo um estudo genético autossômico de 2009, a herança europeia é a dominante no Nordeste, respondendo por 66,70% da população, o restante sendo africana (23,30%) e ameríndia (10%). Já de acordo com um estudo genético autossômico feito em 2010 pela Universidade Católica de Brasília, publicado no American Journal of Human Biology, a herança genética europeia é a predominante no Brasil, respondendo por volta de 80% do total, sendo que no Sul esse percentual sobe para 90%.[19] Os resultados também mostravam que, no Brasil, indicadores de aparência física, como cor da pele, dos olhos e dos cabelos, têm relativamente pouca relação com a ascendência de cada pessoa (ou seja, o fenótipo de uma pessoa não indica claramente o seu genótipo). De acordo com esse estudo, a contribuição europeia responde por 77,40% da ancestralidade dos nordestinos, a africana, 13,60% e a indígena, 8,90%. Esse estudo foi realizado com base em amostras de
testes de paternidade gratuitos, conforme exposto pelos pesquisadores: "os teste de paternidade foram gratuitos, as amostras da população envolvem pessoas de variável perfil socioeconômico, embora provavelmente com um viés em direção ao grupo dos 'pardos'".
Baía da Traição, no estado da Paraíba, abriga a maior população indígena do nordeste brasileiro. É território tradicional dos índios Potiguara. De acordo com um estudo genético realizado em 1965, pelos pesquisadores norte-americanos D. F. Roberts e R. W. Hiorns, "Methods of Analysis of a Hybrid Population" (em Human Biology, vol. 37, number 1), a ancestralIdade Média do nordestino é predominantemente europeia (grau por volta de 65%), com contribuições menores, mas importantes, da África e dos indígenas brasileiros (25% e 9% respectivamente).
Já de acordo com um estudo de DNA autossômico mais antigo (de 2003), a herança no Nordeste pode assim ser caracterizada: 75% de ancestralidade europeia, 15% africana e 10% indígena. Os pesquisadores foram cautelosos quanto à conclusão do estudo, já que ele foi feito com base em amostras de pessoas que fizeram o teste de paternidade, o que poder ter contribuído, em parte, para alterar os resultados de certa maneira. Segundo um estudo genético do ano 2000, feito por um laboratório brasileiro, em torno de 1/5 dos nordestinos (19%) possuem um haplogrupo paterno tipo 2 originário da Europa, uma porcentagem maior que a presente (13%) na população portuguesa. Esse "excesso" na frequência do haplogrupo 2 poderia ser devido à influência genética da miscigenação com colonizadores holandeses, que estiveram no Nordeste entre 1630 e 1654. Na época da invasão holandesa, embora a miscigenação não tenha sido oficialmente estimulada, há relatos de uniões interraciais. A ausência de mulheres holandesas estimulou a união e mesmo o casamento de oficiais e colonos holandeses com filhas de abastados senhores de engenho luso-brasileiros. Análises genéticas podem
revelar ancestralidade europeia em pessoas negras e mulatas. O cantor Djavan, de Alagoas, bem como o pai da atriz Ildi Silva, da Bahia, por exemplo, descobriram que possuem ancestralidade europeia na linhagem paterna, o que atribuem a hipotéticos ancestrais holandeses.
Ouro Branco
Localização de Ouro Branco-RN, a cidade nordestina com o maior percentual de brancos (86,07%).
No interior de Pernambuco, especialmente no Sertão do Araripe e em comunidades do Agreste, há pessoas de pele bem clara, cabelos louros e olhos claros. A tradição oral afirma que seriam descendentes de holandeses que se esconderam durante a Insurreição Pernambucana. Um grupo exemplar deste fenômeno são os Gangarras do Bandeira, do município de Brejo da Madre de Deus. Porém, segundo o estudo genético feito nessa população, não foi observada a presença de haplogrupos holandeses. O estudo mostrou que os habitantes de Gangarras do Bandeira são miscigenados, com uma ancestralidade 37% ameríndia, 31,5% africana e 31,5% europeia.
Estudos genéticos realizados em habitantes de capitais nordestinas têm confirmado a origem mestiça dessa população, formada pela miscigenação de europeus, africanos e índios. A contribuição de cada etnia varia de capital para capital, sendo que a europeia é a mais preponderante. Por exemplo, para a população de Natal, a ancestralidade encontrada foi 58% europeia, 25% africana e 17% indígena. Para a população de Aracaju, 62% europeia, 34% africana e 4% indígena. No caso de São Luís, a ancestralidade encontrada foi 42% europeia, 39% ameríndia e 19% africana. Em Salvador a ancestralidade predominante é africana (49,2%), seguida pela europeia (36,3%) e indígena (14,5%). O estudo também concluiu que soteropolitanos que possuem sobrenome com conotação religiosa tendem a ter maior grau de ancestralidade africana (54,9%) e a pertencer a classes sociais menos favorecidas. Já a ancestralidade
de migrantes nordestinos que moram em São Paulo seria de 59% europeia, 30% africana e 11% indígena, de acordo com um estudo muito antigo de 1965, baseado em polimorfismos sanguíneos. De acordo com um outro estudo, de 1997, para toda a população nordestina, a ancestralidade estimada seria de 51% europeia, 36% africana e 13% indígena. De acordo com um estudo genético de 2011, pardos e brancos de Fortaleza, que constituem a maior parte da população, apresentaram ancestralidade europeia (por volta de 70%) sendo o restante basicamente dividido em importantes contribuições africana e indígena. De acordo com um estudo genético de 2015, a população de Fortaleza tem a seguinte composição genética: 48,9% de contribuição europeia, 35,4% de contribuição indígena e 15,7% de contribuição africana. De acordo com um estudo genético de 2013, a composição genética da população de Pernambuco é 56,8% europeia, 27,9% africana e 15,3% ameríndia. No mesmo ano, outro estudo realizado em Alagoas concluiu que a composição genética de 54,7% da população do estado é europeia, 26,6% africana e 18,7% ameríndia.
Indivíduos braquicéfalos são comuns em parte do sertão nordestino, especialmente na área que hoje compreende o estado do Ceará. Essa característica peculiar foi herdada dos seus antepassados: os índios cariris. Grande parte da população parda cearense, que corresponde a 66,1% da população total do estado, compartilha essa característica. Alguns povos de outros países têm o mesmo tipo de crânio.
Fluxos migratórios
Devido à enorme desigualdade de renda, à grande concentração fundiária e ao problema da seca no Sertão Nordestino, o Nordeste é desde a época império de D. Pedro II e especialmente na segunda metade do século XX uma região de forte repulsão populacional. Devido à oferta de empregos em outras regiões do Brasil,
principalmente nas décadas de 60, 70 e 80, a migração nordestina tem sido destaque na dinâmica populacional brasileira, em especial nas regiões Norte e Sudeste do Brasil.
Na década de 1990, entretanto, devido às crises econômicas e à saturação dos mercados de várias grandes cidades, a oferta de empregos diminuiu, a qualidade da educação piorou e a renda continuou mal distribuída, fazendo com que a maioria dos nordestinos que haviam migrado, fugindo da miséria, e seus descendentes continuassem com estrutura de vida precária. Por causa da visão propagada em décadas anteriores, o suposto ideal imaginário que se formou em relação à região Sudeste e da promessa de uma qualidade de vida melhor, de fácil oportunidade de emprego, salários mais altos, entre outros; iludido por esse sonho, quando um nordestino migra para o Sudeste em busca de uma melhoria na qualidade de vida, normalmente acaba encontrando o contrário, além de sofrer, não raro, preconceito social no dia-a-dia.
Nos últimos anos, o movimento tradicional de emigração tem reduzido ou até se invertido na região Nordeste. Segundo o estudo "Nova geoeconomia do emprego no Brasil", da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os estados do Ceará, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte receberam mais migrantes entre 1999 e 2004 do que enviaram para outras regiões. O estado da Paraíba, segundo a mesma pesquisa, foi o exemplo mais radical da transformação por que tem passado os padrões migratórios na região: inverteu o padrão migratório do saldo negativo de 61 mil pessoas para o saldo positivo de 45 mil. Em todos os outros estados que continuam a contar com um saldo migratório negativo, o número de migrantes diminuiu no mesmo período analisado: no Maranhão, diminuiu de 173 mil para 77 mil; em Pernambuco, de 115 mil para 24 mil; e na Bahia, de 267 mil para 84 mil.
Problemas sociais
No sertão nordestino ainda existem vítimas das estiagens, que são constantes. Os estados com maior concentração de pobreza extrema são Maranhão, Alagoas e Piauí. A região nordeste do Brasil mantém problemas históricos: agricultura atrasada e pouco diversificada, grandes latifundiários, concentração de renda e uma indústria pouco diversificada e de baixa produtividade; além do fenômeno natural de secas constantes (ver: Polígono das secas). As distintas características entre o nordeste e outras regiões do país, além de acentuar as desigualdades regionais, formaram um cenário propício à migração nordestina, em especial às áreas urbanas.
No entanto, apesar de vir apresentando grande melhora nos últimos anos no que tange à qualidade de vida de sua população, tem ainda os mais baixos indicadores sócio-econômicos do país, tais como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Os baixos indicadores são mais graves nas áreas rurais e no sertão nordestino, que sofre longos períodos sem chuva; no entanto, seus indicadores são melhores que os de países como África do Sul (maior economia do continente africano), Bolívia e Guiana. 18,7% dos nordestinos eram analfabetos em 2009 segundo informação divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); e, segundo o Ibope, 22% eram beneficiados pelo programa de transferência de renda Bolsa Família em 2010. A taxa de fecundidade do Nordeste era de 2,04 filhos por mulher em 2009, acima da média nacional (1,94 filho por mulher) e das taxas das regiões Sudeste (1,75 filho por mulher), Sul (1,92 filho por mulher) e Centro-Oeste (1,93 filho por mulher), e abaixo da taxa da Região Norte (2,51 filhos por mulher). Ressalte-se que a taxa de natalidade nordestina está abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher – duas crianças substituem os pais e a fração 0,1 é necessária para compensar os indivíduos que morrem antes de atingir a idade reprodutiva – e é semelhante às taxas de
alguns países desenvolvidos, a exemplo dos Estados Unidos e da Islândia (ambos com taxa de 2,05 filhos por mulher).
Política
Fórum dos Governadores e Consórcio Nordeste
Durante o Fórum dos Governadores do Nordeste de 2019, os governos dos estados nordestinos, com respaldo na Lei Federal nº 11.107, de 6 de abril de 2005, instituíram o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, com denominação de Consórcio Nordeste. Entidade com natureza jurídica de autarquia de consorcio público que, entre outras, tem a finalidade de fortalecimento das capacidades dos entes consorciados com a fusão de recursos e desenvolvimento de sinergias.
Economia
O PIB de Pernambuco cresceu 15,78% em 2010, mais que o dobro da média nacional do mesmo ano, que ficou em 7,5%. O Complexo Industrial de Suape, responsável por esse crescimento, abriga empreendimentos como o Estaleiro Atlântico Sul. O petroleiro João Cândido (na foto) foi o primeiro navio lançado pela indústria naval pernambucana. O Polo Petroquímico de Camaçari, no estado da Bahia, é o maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul. A economia da Região Nordeste do Brasil foi a base histórica do começo da economia do Brasil, já que as atividades em torno do pau-brasil e da cana-de-açúcar predominaram e foram iniciadas no Nordeste do Brasil. O Nordeste foi a região mais rica do país até meados do século XVIII. A Região Nordeste é, atualmente, a terceira maior economia do Brasil entre as grandes regiões. Sua participação no Produto Interno Bruto brasileiro foi de 13,4% em 2011, após a Região Sul (16,2% de participação no PIB) e à frente da Região Centro-Oeste (9,6% de participação no PIB). Ainda assim, é a região com o mais baixo PIB per capita. A distribuição de renda nessa região melhorou significativamente na década de 2000:
segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, a renda média no Nordeste sofreu um aumento real (já descontada a inflação) de 28,8% entre 2004 e 2009, passando de R$ 570 para R$ 734. Entre 2008 e 2009, o incremento foi de 2,7%. Foi a região que apresentou o maior incremento no salário médio do trabalhador nesse período. Em 2011 seu PIB nominal era de R$ 555,3 bilhões, superando o de países como Chile, Singapura e Portugal; e seu PIB nominal per capita, de R$ 10.379,55, superando o de países como Ucrânia, Tailândia e China. As maiores economias da Região Nordeste são, respectivamente, Bahia, Pernambuco e Ceará, estados que concentram, juntos, 8,5% do PIB nacional. Já os estados nordestinos com maior PIB per capita são Sergipe, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte, seguidos por Alagoas, Ceará, Paraíba e Piauí. Em 2011, Ipojuca, em Pernambuco, era o município com maior PIB per capita da Região Nordeste, com R$ 116.198,31, além de décimo sexto do Brasil. Outros municípios nordestinos também figuravam entre os 100 com maior PIB per capita do país, como Guamaré-RN, São Francisco do Conde-BA, Cairu-BA e Candeias-BA. Em contrapartida, no Nordeste também está localizada a cidade com o terceiro menor PIB per capita do Brasil: São Vicente Ferrer, no Maranhão, com R$ 2.679,66. Os 56 municípios de menor PIB per capita (que correspondem a 1,0% dos 5.570 municípios do país) tinham PIB per capita inferior a R$ 3.492,99 e estavam localizados em seis estados: Maranhão (19), Alagoas (7), Piauí (7), Bahia (6) e Ceará (1), na Região Nordeste; e Pará (16), na Região Norte. Entre os estados nordestinos, apenas Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Sergipe não possuem município com PIB per capita inferior a R$ 4.000,00. A capacidade energética instalada é de 10.761 MW. A Região Nordeste goza desde o final da década de 2000 de um forte crescimento econômico. Mesmo durante a Crise econômica mundial de 2008-2009 a Região apresentou aumento no PIB: enquanto o PIB do Brasil recuou 0,2% em 2009, o PIB de Pernambuco cresceu 4%; o PIB do Ceará, 3,4%; e o PIB da Bahia,
2,2%. Esse crescimento amenizou o impacto da maior crise do capitalismo dos últimos 80 anos na economia brasileira.
O Banco do Nordeste aumentou para 8,3% a projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do Nordeste em 2010. A previsão é de que o acréscimo seja superior ao do Brasil, cuja evolução deve ser de 7,5% em 2010.
Agricultura
Alguns dos principais cultivos do Nordeste do Brasil. A região é grande produtora de castanha de caju, cana-de-açúcar, cacau, algodão e frutas tropicais em geral (principalmente coco, mamão, melão, banana, manga, abacaxi e guaraná). Possui também produções relevantes de soja, milho, feijão, mandioca, laranja, café e uva.
Plantação irrigada de uva na região semiárida do Submédio Vale do São Francisco, Petrolina, Pernambuco.
Em 2017, a Região Nordeste foi a maior produtora de coco do país, com 74,0% da produção nacional. A Bahia produziu 351 milhões de frutos, o Sergipe, 234 milhões, e o Ceará 187 milhões. Porém, o setor vem sofrendo forte concorrência e perdendo mercado para Indonésia, Filipinas e Índia, os maiores produtores mundiais, que chegam a exportar água de coco para o Brasil. Além dos problemas climáticos, a baixa produtividade dos coqueiros na Região Nordeste é o resultado de fatores relacionados à variedade de coco explorada e ao nível tecnológico empregado nas regiões litorâneas. Nessas áreas, ainda predomina o sistema de cultivo semiextrativista, com baixa fertilidade e sem adoção de práticas de manejo cultural. Os três estados que possuem as maiores produções, Bahia, Sergipe e Ceará, apresentam rendimento três vezes menor que o de Pernambuco, que está em 5º na produção nacional. Isso porque grande parte dos coqueirais desses três estados estão localizados em zonas litorâneas e cultivados em sistemas semiextrativistas.
Início de produção de caju no sertão do Ceará.
A produção de caju no Brasil é realizada quase que exclusivamente no Nordeste. A área ocupada com cajueiros no Brasil em 2017 foi calculada em 505,5 mil ha; desse total, 99,5% está localizado no Nordeste. Os principais produtores dessa região são o Ceará (61,6% da área nacional), Rio Grande do Norte e Piauí. Porém, o Brasil, que em 2011 era o quinto maior produtor mundial de castanha de caju, em 2016, caiu para a 14ª posição, com 1,5% do volume total de castanha produzido no mundo. O Vietnã, a Nigéria, a Índia e a Costa do Marfim foram os maiores produtores mundiais de castanha de caju em 2016, com 70,6% da produção global. Nos últimos anos, tem ocorrido acirramento da concorrência com alguns países africanos, onde programas governamentais têm impulsionado a expansão da cultura e da capacidade de processamento. Estima-se que em 295 mil toneladas por ano a capacidade instalada de processamento de castanha de caju no Nordeste, porém, a Região só conseguiu produzir em torno de um quarto dessa quantidade. Dentre os principais produtores mundiais, o Brasil é o que possui a menor produtividade. Diversos fatores são apontados como causa da baixa produtividade e da queda na produção brasileira de castanha de caju. Um dos motivos é que a maior parte dos pomares está em fase de declínio natural da produção. Além disso, os cajueirais gigantes, que são maioria na Região, são explorados de forma quase extrativista, com baixa utilização de tecnologia.
Cultivo de cacau em Ilhéus, Bahia.
Na produção de cacau, por um longo tempo, a Bahia liderou a produção brasileira. Hoje, disputa com o estado do Pará a liderança da produção nacional. Em 2017 o Pará obteve a liderança pela primeira vez. Em 2019, os paraenses colheram 135 mil toneladas de cacau, e os baianos, 130 mil toneladas. A área de cacau da Bahia é praticamente três vezes maior do que a do Pará, mas a produtividade do Pará é praticamente três vezes maior. Alguns fatores que
explicam isto são: as lavouras da Bahia são mais extrativistas, e as do Pará tem um estilo mais moderno e comercial, além dos paraenses usarem sementes mais produtivas e resistentes, e à sua região propiciar resistência à vassoura-de-bruxa.
Mudas de cana-de-açúcar em Barra de São Miguel, Alagoas.
Em 2018, o Nordeste estava em 3º lugar entre as regiões que mais produzem cana-de-açúcar no país. O Brasil é o maior produtor mundial, com 672,8 milhões de toneladas colhidas neste ano. O Nordeste colheu 45,7 milhões de toneladas, 6,8% da produção nacional. Alagoas é o maior produtor, com 33,3% da produção nordestina (15,2 milhões de toneladas). Pernambuco é o 2º maior produtor do Nordeste, com 22,7% do total da região (10,3 milhões de toneladas). A Paraíba tem 11,9% da produção nordestina (5,5 milhões de toneladas) e a Bahia, 10,24% da produção (4,7 milhões de toneladas).
Pés de algodão em fruto, na cidade de Luiz Eduardo Magalhães, Bahia
A Bahia é o 2º maior produtor de algodão do Brasil, só perdendo para o Mato Grosso. Em 2019, colheu 1,5 milhão de toneladas do produto.
A Bahia é também o 4º maior produtor nacional de café, com cerca de 7% da produção nacional.
Pernambuco é o 2º maior produtor de uva do país. Em 2017 o estado produziu 390 mil toneladas. No mesmo ano, a Bahia era o 6º maior produtor, com 51 mil toneladas.
Na soja, o Brasil produziu perto de 120 milhões de toneladas em 2019, sendo o maior produtor mundial. O Nordeste produziu, em 2019, perto de 10,7 milhões de toneladas, ou 9% do total brasileiro. Os maiores produtores do Nordeste foram a Bahia (5,3 milhões de toneladas), o Maranhão (3 milhões de toneladas) e o Piauí (2,4 milhões de toneladas).
Na produção de milho, em 2018 o Brasil era o 3º maior produtor mundial, com 82 milhões de toneladas. O Nordeste produziu cerca de 8,4% do total do país. A Bahia foi o maior produtor nordestino, com 2,2 milhões de toneladas. O Piauí foi o 2º maior produtor do Nordeste, com 1,5 milhão de toneladas, e o Maranhão foi o 3º maior, com 1,3 milhão de toneladas.
Em 2018, a Região Sul foi o principal produtor de feijão com 26,4% do total, seguida pela Centro-Oeste (25,4%), Região Sudeste (25,1%), Nordeste (20,6%) e Norte (2,5%). Os maiores produtores do Nordeste foram o Ceará, a Bahia, Piauí e Pernambuco.
Plantação irrigada de bananas, às margens do rio São Francisco, Bahia
A Bahia é o segundo maior produtor de frutas do país, com mais de 3,3 milhões de toneladas ao ano, ficando atrás apenas de São Paulo. O norte baiano é uma dos principais fornecedores de fruta do país, O Estado é um dos principais produtores nacionais de dez tipos de frutas. De acordo com o Censo do IBGE de 2017, a Bahia liderava a produção de amêndoa de cacau, cajarana, coco, fruta do conde ou pinha, graviola, umbu, jaca, licuri, manga e maracujá e está em segundo lugar no cultivo de atemoia, cupuaçu, lima e limão e terceiro em banana, carambola, goiaba, mamão, melancia, melão, pitanga, romã e uva de mesa. Ao todo, 34 produtos da fruticultura baiana têm importante participação na economia nacional.
O Rio Grande do Norte é o maior produtor de melão do país. Em 2017 produziu 354 mil toneladas, distribuídas entre as cidades de Mossoró, Tibau e Apodi.
A região Nordeste respondeu por 95,8% da produção do país em 2007. Além do Rio Grande do Norte, que em 2005 produziu 45,4% do total do país, os outros 3 maiores do país foram Ceará, Bahia e Pernambuco.
Na produção de mamão, em 2018 a Bahia foi o 2º maior estado produtor do Brasil, quase empatando com o Espírito Santo. O Ceará ficou em 3º lugar e o Rio Grande do Norte em 4º lugar.
A Bahia era o maior produtor de manga do país em 2019, com produção de cerca de 281 mil toneladas por ano. Juazeiro (130 mil toneladas por ano) e Casa Nova (54 mil toneladas por ano) ocupam o topo da lista das cidades brasileiras que lideram o cultivo da fruta.
Na produção de banana, em 2018 a Bahia foi o 2º maior produtor nacional. Pernambuco ficou em 5º lugar.
Sobre o abacaxi, em 2018 a Paraíba foi o 2º maior estado produtor do Brasil.
Pecuária
Cabras em Araci
Na região se cria principalmente gado. Os maiores rebanhos bovinos estão na Bahia (10.229.459 cabeças), seguido por Maranhão (5.592.007), Ceará (2.105.441), Pernambuco (1.861.570) e Piauí (1.560.552). Em 2017 o Nordeste tinha 12,9% do rebanho bovino brasileiro. No sertão os produtores têm muitas vezes prejuízos devido às constantes secas. Também existem criações de caprinos, que são mais resistentes, suínos, ovinos e aves.
As feiras de gado são comuns nas cidades do agreste nordestino. Foram estas feiras que deram origem a cidades como Campina Grande, Feira de Santana e Caruaru.
A região Nordeste abrigou 93,2% do rebanho de caprinos (8.944.461 cabeças) e 64,2% do rebanho de ovinos (11.544.939 cabeças) do Brasil em 2017. A Bahia concentrou 30,9% do efetivo de caprinos e 20,9% do rebanho de ovinos nacional. Casa Nova (BA) ficou com a primeira posição no ranking municipal com os maiores efetivos das duas espécies.
Acerca da carne suína, o Brasil tinha quase 42 milhões de suínos em 2017. O Nordeste tinha 13% do total (5,4 milhões). Já na avicultura, o Brasil tinha em 2017 o total de 1,4 bilhão de galináceos. O Nordeste tinha 11,6% do total (164 milhões). Na produção de leite, o Brasil produziu 33,5 bilhões de litros em 2017. O Nordeste produziu 11,6% do total (3,9 bilhão de litros). Na produção de ovos, o Brasil produziu 4,2 bilhão de dúzias em 2017. O Nordeste produziu 16,1% (683 milhões de dúzias).
O Nordeste foi o 2º maior produtor de mel do país em 2017, perdendo para a região Sul. O total produzido no país foi de 41,6 mil toneladas. O Nordeste produziu 30,7% (12,7 mil toneladas).
Em 2017 o Nordeste foi o maior produtor de camarão do país. A produção nacional foi de 41 mil toneladas. Rio Grande do Norte (37,7%) e Ceará (28,9%) foram os maiores produtores. Aracati-CE foi o município com maior participação.
Mineração
Na mineração da Região Nordeste, destaca-se a Bahia, com 1,68% da participação mineral nacional (4º lugar no país). Em 2017, no ouro, produziu 6,2 toneladas, a um valor de R$ 730 milhões. No cobre, produziu 56 mil toneladas, a um valor de R$ 404 milhões. No cromo, produziu 520 mil toneladas, a um valor de R$ 254 milhões. No vanádio, produziu 358 mil toneladas, a um valor de R$ 91 milhões.
Na extração de pedras preciosas e semipreciosas, a Bahia tem produções em pequena ou média escala de ametista, ágata, diamante, esmeralda, granada, opala, rubi, turmalina e turquesa. Também há produção de água-marinha no Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas e Paraíba; granada em Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte; opala no Piauí e Ceará; turmalina no Ceará e Turmalina Paraíba na Paraíba e no Rio Grande do Norte.
Indústria
Em 2017, a Região Nordeste tinha perto de 13% do PIB industrial do país. A Bahia tem 4,4%, Pernambuco 2,7%, Ceará 1,9%, Maranhão 1,1%, Rio Grande do Norte 0,9%, Paraíba 0,7%, Sergipe 0,6%, Alagoas 0,5% e Piauí 0,4%.
É a região menos industrializada do país, em proporção por habitante (apenas 13% da indústria do Brasil em 2017, embora tivesse 27,6% da população).
Turismo
Genipabu, na Região Metropolitana de Natal, Rio Grande do Norte, é famosa internacionalmente por suas dunas, pelos passeios de buggies e de camelos árabes e por sua boa infraestrutura hoteleira.
O litoral é o principal atrativo da região. Milhões de turistas desembarcam nos aeroportos nordestinos. Há alguns anos os estados vêm investindo intensivamente na melhoria da infraestrutura, criação de novos polos turísticos, e alguns no desenvolvimento do ecoturismo.
Segundo a pesquisa "Hábitos de Consumo do Turismo Brasileiro 2009", realizada pelo Vox Populi em novembro de 2009, a Bahia é o destino turístico preferido dos brasileiros, já que 21,4% dos turistas optaram pelo estado. Pernambuco, com 11,9%, e São Paulo, com 10,9%, estão, respectivamente, em segundo e terceiro lugares nas categorias pesquisadas.
Entre as praias mais procuradas do Nordeste estão: Arraial d'Ajuda e Morro de São Paulo, na Bahia; Atalaia e Pirambu, em Sergipe; Pajuçara e Maragogi, em Alagoas; Porto de Galinhas e Itamaracá, em Pernambuco; Cabedelo e Tambaba, na Paraíba; Genipabu e Pipa, no Rio Grande do Norte; Jericoacoara e Canoa Quebrada, no Ceará; Coqueiro e Pedra do Sal, no Piauí; e Curupu e Atins, no Maranhão.
O arquipélago de Fernando de Noronha está ganhando destaque nacional e mundial. Pelas ilhas é possível avistar os golfinhos saltadores. Destaque também para a Chapada Diamantina na Bahia,
que encanta seus visitantes e surpreende pela quantidades de grutas, cavernas, cachoeiras e trilhas que possui, sendo um excelente local de visitação em qualquer época do ano.
Outro lugar de destaque é o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, um complexo de dunas, rios, lagoas e manguezais. Na Bahia, encontram-se a Costa do Sauípe, maior complexo turístico do Brasil, e o Arquipélago dos Abrolhos, que possui excelente área para mergulho autônomo e livre além de atrações como a temporada das baleias jubarte, que se inicia no mês de julho. No Piauí, encontram-se os parques nacionais Sete Cidades, Serra das Confusões e da Serra da Capivara com formação rochosa e pinturas rupestres; além de seu litoral possuir o Delta do Parnaíba. Outros destaques são o maior cajueiro do mundo e o Forte dos Reis Magos, ambos no Rio Grande do Norte.
Nas últimas pesquisas da TAM VIAGENS, Natal é o destino nacional mais procurado pelos Brasileiros. E quando o ranking considera também destinos internacionais, Natal ocupa o segundo lugar ficando atrás apenas da Flórida. No final de 2015, Natal foi eleita pela revista NATIONAL GEOGRAFIA TRAVELER como um dos 20 destinos mundiais para se conhecer em 2016. Esse foi o único lugar do Brasil apontado pela revista.
Fernando de Noronha, em Pernambuco, é um dos maiores polos turísticos do país.
O ecoturismo ainda é pouco explorado no Nordeste, mas tem grande potencialidade. Ainda assim, dentre os dez principais destinos ecoturísticos brasileiros, aparecem quatro paisagens localizadas na região Nordeste do Brasil, onde é possível escolher entre ilhas (Arquipélago de Fernando de Noronha em Pernambuco), dunas (Lençóis Maranhenses no Maranhão), mata atlântica em alta altitude (Chapada Diamantina na Bahia) e arqueologia na caatinga (Parque Nacional da Serra da Capivara no Piauí).
A cultura da região é também um atrativo para o turista. Todos os estados tem folguedos e tradições diferentes. Olinda, em Pernambuco, com vestígios do Brasil Neerlandês; São Luís, no Maranhão, com os da França Equinocial; São Cristóvão, em Sergipe, e sua Praça de São Francisco, rodeada de imponentes edifícios históricos; Salvador, na Bahia, com os da sede político-administrativa do Brasil Colonial; e Porto Seguro e Santa Cruz de Cabrália, também na Bahia, com as marcas históricas da chegada das esquadras do descobrimento do Brasil; são alguns dos principais atrativos histórico-culturais da região, sendo os quatro primeiros considerados patrimônios culturais da humanidade pela UNESCO.
O turismo religioso vem crescendo na região, destacando-se os municípios de Juazeiro do Norte e Canindé, ambos no Ceará; e Bom Jesus da Lapa na Bahia. Também merece destaque o município de Santa Cruz no Rio Grande do Norte, com a estátua do Alto de Santa Rita de Cássia, que é a maior estátua da América. Outra cidade que tem se destacado é São José de Ribamar, no Maranhão, que no mês de setembro reúne grande quantidade de fiéis dos estados nordestinos e do Estado do Pará. Há inclusive uma grande estátua de São José, que pode ser acessada por visitantes, que possui uma vista para o mar.
Infraestrutura
Ciência e tecnologia
O Porto Digital, localizado no bairro do Recife antigo na capital pernambucana, é o maior parque tecnológico do Brasil e referência mundial na produção de softwares. O campo da ciência e tecnologia no Nordeste brasileiro está em pleno processo de crescimento e expansão, desde o final da década de 1990 e continuado na década de 2000. Cidades nordestinas estão recebendo reconhecimento nacional e internacional pelos seus polos, centros e institutos tecnológicos. Um exemplo é Recife, que abriga o Porto Digital, um polo de desenvolvimento de softwares criado em julho de 2000. Referência
mundial, o polo pernambucano é reconhecido como o maior parque tecnológico do Brasil em faturamento e número de empresas, já no interior da Paraíba, Campina Grande ganha relevância como uma das nove cidades de destaque no mundo que apresentam um novo modelo de centro tecnológico, a única citada de toda a América Latina na edição de abril de 2001 da revista estadunidense Newsweek. E em outro estudo, ela aparece ao lado da cidade de São Paulo, as únicas latino-americanas, na área de inovação tecnológica mundial. Todo esse destaque tecnológico de Campina Grande é resultado da formação de uma sólida base acadêmica, iniciada ainda na década de 1960, quando a atual Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), então Escola Politécnica, adquiriu um dos cinco primeiros computadores em universidades do país (primeiro do Norte-Nordeste), dando origem aos atuais cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de engenharia elétrica e computação. Outra iniciativa notória é o Instituto Internacional de Neurociências de Natal, inaugurado em 2006 na capital potiguar e idealizado pelo neurocientista Miguel Nicolelis (considerado um dos 20 mais importantes neurocientistas em atividade no mundo). Foi criado para descentralizar a pesquisa nacional, atualmente restrita às regiões Sudeste e Sul do Brasil.
Ratificando o processo de descentralização da pesquisa da ciência e da tecnologia, em Salvador, no dia 17 de julho de 2009, após um ano de construção e um investimento de 30 milhões de reais, foi inaugurado o primeiro centro de biotecnologia localizado nas regiões Norte e Nordeste: o Centro de Biotecnologia e Terapia Celular do Hospital São Rafael (CBTC), o mais moderno e avançado centro de estudos de células-tronco da América Latina. Além disso, em 2010 foi inaugurado o chamado "Campus do Cérebro" em Macaíba no estado do Rio Grande do Norte, que é um centro de pesquisa e desenvolvimento da neurociência e que conta com um projeto de inclusão social, bem como a parte científica. Outros projetos são a
Cidade da Ciência e a Metrópole Digital, também no Rio Grande do Norte.
Transportes
Complexo de viadutos na Avenida do Contorno em Feira de Santana, trecho de divisão entre as BRs 116 e 324.
A malha viária da região tem 394.700 km de rodovias. As principais vias de escoamento e transporte rodoviário são a BR-116 e a BR-101, tendo a cidade de Feira de Santana, na Bahia como o maior entroncamento rodoviário da região.
Seu sistema ferroviário ainda é precário, porém estão em curso obras como a Ferrovia Transnordestina, que ligará o Porto de Suape, na Região Metropolitana do Recife, ao Porto de Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza, cruzando praticamente todo o território de Pernambuco e Ceará e ligando esses dois estados ao estado do Piauí, e permitirá o escoamento da produção agrícola do sudoeste do Piauí e do Vale do São Francisco e a produção do polo gesseiro de Araripina a um menor custo, o que tornará os preços mais competitivos; e a Ferrovia Oeste-Leste, que ligará a cidade de Figueirópolis no Tocantins ao Porto Sul em Ilhéus na Bahia e permitirá o escoamento de soja dos estados de Mato Grosso, Goiás e Tocantins e do oeste da Bahia bem como minério de ferro, urânio, cacau e celulose do sul da Bahia.
O Aeroporto Internacional do Recife é o maior e mais moderno aeroporto do Norte-Nordeste e um dos cinco melhores do Brasil.
Suas cidades mais importantes dispõem de adequada estrutura aeroportuária, sendo os aeroportos internacionais de Natal/São Gonçalo do Amarante, Recife, Salvador e Fortaleza os maiores. Os principais aeroportos do Nordeste recebem milhões de turistas anualmente e mantêm voos regulares para as principais cidades da Europa e Estados Unidos, sendo o Aeroporto Internacional Recife o mais movimentado terminal aeroportuário da região. Em São Gonçalo
do Amarante, na Grande Natal, encontra-se o Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves que é o mais moderno, possui a maior capacidade de pista do Nordeste além de ser o único cem por cento privatizado e o único com pista preparada para aeronaves de grande porte como o A380 (3000x60).
Atualmente, apenas Recife, Salvador e Fortaleza dispõem de sistema de metrô. Há também projetos de VLT em estudo para serem implantados na região. Os VLTs de Maceió, Natal, João Pessoa e Teresina já estão em operação. Outros projetos fora das capitais são os VLT do Cariri em Juazeiro do Norte e o de Arapiraca, além da interligação do centro ao Aeroporto de Natal.
Educação
A Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco obteve aproveitamento de 81,3% no Exame de Ordem em 2010.1. A faculdade, que nasceu da transferência da Faculdade de Direito de Olinda, é a mais antiga faculdade de Direito do Brasil. O Nordeste do Brasil possui um longo histórico na área de educação, desde os primeiros jesuítas, que já no século XVI instalaram escolas nesta região. As principais instalações educacionais estão concentradas nas capitais e nas cidades de médio porte. Ainda assim, a região é reconhecida historicamente por ter o maior número de iletrados do país, mesmo obtendo notáveis avanços nos seus indicadores educacionais nas últimas décadas.
Três universidades da Região Nordeste estão entre as mil melhores do mundo em 2014, de acordo com o estudo do CWUR (Center for World University Rankings): a Universidade Federal de Pernambuco (15ª colocação nacional e 940ª posição no ranking global); a Universidade Federal do Ceará (16ª colocação nacional e 964ª posição no ranking global); e a Universidade Federal da Bahia (17ª colocação nacional e 967ª posição no ranking global).
Segundo os indicadores do ENADE, a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estão entre as 20 melhores do país em 2012, na 15ª e 18ª posições, respectivamente. O Scimago Institutions Ranking (SRI) 2012 mostra a Universidade Estadual de Feira de Santana na 181ª posição no ranking Ibero-americano entre as 1.401 instituições de ensino superior, e na 118ª posição no ranking de universidades da América Latina e Caribe no índice de produção científica. A Faculdade de Medicina da Bahia, escola de medicina mais antiga do Brasil, foi fundada em 1808 pelo médico pernambucano Correia Picanço sob o nome de Escola de Cirurgia da Bahia, logo após a chegada de Dom João VI ao país. A Univasf é a primeira Universidade Federal implantada no sertão nordestino. Está situada nos estados de Pernambuco, Bahia e Piauí, com sede na cidade de Petrolina. Iniciou suas atividades acadêmicas em 2004.
A Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco, localizada em Recife, obteve o segundo melhor proveitamento no Exame de Ordem em 2010.1, com taxa de de 81,3%, superada pelo curso de Direito da Universidade de Brasília. Na Faculdade de Direito do Recife, importantes nomes da história brasileira estudaram, destacando-se nomes como Ruy Barbosa, Barão do Rio Branco, Castro Alves, Clóvis Beviláqua, Tobias Barreto, Joaquim Nabuco, Eusébio de Queirós, Teixeira de Freitas, Marquês de Paranaguá, Epitácio Pessoa, Assis Chateaubriand, José Lins do Rego e Pontes de Miranda. Outras três faculdades de Direito nordestinas figuram entre as dez melhores do país. São elas, por ordem de alunos aprovados: Universidade Federal da Paraíba (75,2%); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (72,3%); e Universidade Federal do Ceará (69,4%).
O estado de Pernambuco se destaca no ensino tecnológico. O Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (CIn UFPE), responsável pelos cursos de Ciência da Computação, Sistemas de
Informação e Engenharia da Computação, é grande fornecedor de mão de obra especializada em tecnologia para a Microsoft. Seus cursos são considerados dos melhores da América Latina. A UFPE foi uma das cinco instituições de ensino selecionadas em todo o mundo para o programa mundial de pesquisas da Microsoft, o que permitiu o seu acesso ao código-fonte dos componentes do Visual Studio. As outras quatro universidades selecionadas foram a Yale University (Estados Unidos); a Monash University (Austrália); a University of Hull (Inglaterra); além da UNESP, sendo o Brasil o único país que teve duas universidades escolhidas. A UFPE foi homenageada pela Microsoft pela participação dos alunos do Centro de Informática da instituição na Imagine Cup, evento promovido dela empresa. Alunos do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Pernambuco participaram, em 2011, da Competição Baja SAE BRASIL-PETROBRAS e garantiram vaga para a Baja SAE Kansas, nos Estados Unidos. Apenas a UFPE e duas universidades paulistas, USP e FEI, conquistaram o direito de representar o Brasil na edição internacional da competição. O Ceará é o estado com o maior índice de aprovações no ITA, considerado o vestibular mais difícil do país. Todos os anos cerca de 30% dos calouros desta instituição de ensino superior são deste estado nordestino. O desempenho exemplar em ciências exatas alcançado pelos cearenses se deve ao trabalho realizado em um grupo de escolas da capital do estado, Fortaleza. Outro destaque da Região Nordeste no ITA é o estado de Pernambuco, que teve 12 estudantes aprovados no Vestibular 2011, o que representa quase 10% das 130 vagas oferecidas por esta instituição. Pernambuco foi o 3º colocado em aprovações, superado apenas pelos estados do Ceará e de São Paulo. O ITA, instituição fundada pelo cearense Casimiro Montenegro Filho no estado de São Paulo, foi o embrião da Embraer, e fornece mão de obra para esta que é a terceira maior fabricante mundial de aviões.
Saúde
A Maternidade Escola Januário Cicco, obra da arquitetura neoclássica pertencente à UFRN, é a mais importante maternidade do estado
Os principais polos médicos da Região Nordeste são as cidades de Recife, Salvador e Fortaleza.
Dentre os principais hospitais de Recife está o Hospital da Restauração, maior emergência pública e mais complexo serviço de urgência e trauma do Norte-Nordeste, recebendo pacientes de todo o estado e de estados vizinhos. O Hospital da Restauração, referência nas áreas de trauma, neurocirurgia, neurologia, cirurgia geral, clínica médica e ortopedia, possui 482 leitos registrados no Ministério da Saúde (MS), mas, incluindo os extras, funciona com um total de 723 leitos para atender sua demanda. Os hospitais particulares do Recife fazem da capital pernambucana o segundo maior polo médico e hospitalar do Brasil.
Em Salvador, na Bahia, destacam-se o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) – o maior hospital público do estado e também das regiões Norte e Nordeste do país e o Hospital Geral do Estado (HGE). O HGRS presta em média mil atendimentos ambulatoriais e 350 atendimentos emergenciais em dias úteis; é referência em cirurgias bucomaxilofacial e vasculares e clínica médica em neurocirurgia e nefrologia; e conta com quase 2.600 funcionários. O prédio do Roberto Santos abriga ainda o Centro de Informações Antiveneno, referência no tratamento de intoxicações na Bahia. Outros hospitais que merecem destaque: o Hospital Santo Antônio (fundado por Irmã Dulce); o Hospital Sarah Kubitschek; e o Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos.
Em Fortaleza estão concentrados os principais hospitais públicos do estado do Ceará. Dentre esses hospitais merecem destaque o Instituto Doutor José Frota, mais conhecido como IJF, que é o maior hospital de emergência do estado, administrado pela
prefeitura; e o Hospital Geral de Fortaleza, que é o maior hospital público, administrado pelo governo do estado. O atendimento médico privado é bastante desenvolvido, com um total de 127 hospitais, destacando-se os hospitais São Mateus, Antônio Prudente, Unimed, Monte Klinikum e SARAH-Fortaleza.
Cultura
Tendo sido a primeira região efetivamente colonizada por portugueses, ainda no século XVI, que aí encontraram as populações nativas e foram acompanhados por africanos trazidos como escravos, a cultura nordestina é bastante particular e típica, apesar de extremamente variada. Sua base é luso-brasileira, com grandes influências africanas, em especial na costa de Pernambuco à Bahia e no Maranhão, e ameríndias, em especial no sertão semiárido.
Em João Pessoa, encontra-se um grande projeto arquitetônico projetado pelo Arquiteto Oscar Niemeyer. Trata-se da Estação Cabo Branco de Ciência, Cultura e Artes, onde semanalmente acontecem exposições de projetos de artes, cultura e tecnologia desenvolvidos na região.
Literatura
José de Alencar.
A literatura nordestina tem dado grandes contribuições para o cenário literário brasileiro, destacando-se nomes como Jorge Amado, Nelson Rodrigues, José de Alencar, João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz, Gregório de Matos, Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Gonçalves Dias, Aluísio Azevedo, Manuel Bandeira, Joaquim Nabuco, Tobias Barreto, Arthur Azevedo, Castro Alves, Coelho Neto, Álvaro Lins, Jorge de Lima, Ariano Suassuna, Viriato Correia, Ferreira Gullar, José Lins do Rego, João Ubaldo Ribeiro, Dias Gomes, Raimundo Correia, Josué Montello, dentre muitos outros. Gilberto Freyre representa um marco na história do Brasil, graças ao seu livro Casa-Grande & Senzala, que demonstra a importância dos escravos
para a formação do país. No Ceará, o movimento da Padaria Espiritual, no fim do século XIX, antecipou algumas das renovações trazidas com o modernismo, no anos 1920 do século seguinte.
Na literatura pode-se citar ainda a literatura popular de cordel que remonta ao período colonial (a literatura de cordel foi levada pelos portugueses e tem origem na Idade Média europeia) e numerosas manifestações artísticas de cunho popular que se manifestam oralmente, tais como os cantadores de repentes e de embolada.
Música e dança
Frevo, manifestação típica de Pernambuco. Enquanto música, é um dos gêneros mais influentes do país: revelou grandes músicos da MPB e, além de símbolo do carnaval de Recife/Olinda, foi o ritmo utilizado no Carnaval de Salvador antes do surgimento da axé music.
Na música erudita, destacaram-se como compositores Alberto Nepomuceno e Paurillo Barroso, assim como Liduíno Pitombeira na atualidade, e Eleazar de Carvalho como maestro. Ritmos e melodias nordestinas também inspiraram compositores como Heitor Villa-Lobos (cuja Bachiana brasileira nº 5, por exemplo, em sua segunda parte - Dança do Martelo - alude ao sertão do Cariri cearense).
Na música popular, destacam-se ritmos tais como coco, xaxado, martelo agalopado, samba de roda, baião, xote, forró, axé e frevo, dentre outros ritmos. O Movimento Armorial do Recife, inspirado por Ariano Suassuna, fez um trabalho erudito de valorização desta herança rítmica popular nordestina. Um de seus expoentes mais conhecidos é o cantor Antônio Nóbrega.
Apresentação de quadrilha junina.
Na dança, destacam-se o maracatu, praticado em diversas partes do Nordeste, o frevo, o bumba-meu-boi, o xaxado, diversas variantes do forró, o tambor de crioula (característico do Maranhão), etc. As músicas folclóricas quase sempre são acompanhadas de danças.
Artesanato
O artesanato é também uma parte relevante da produção cultural do Nordeste, sendo inclusive o sustento de milhares de pessoas por toda a região. Devido à variedade regional de tradições de artesanato, é difícil caracterizá-los em totalidade, mas destacam-se as redes tecidas e, muitas vezes, bordadas com muitos detalhes; os produtos feitos em argila, madeira (por exemplo, da carnaúba, árvore típica do sertão) e couro, com traços bastante particulares; além das rendas, que ganharam destaque no artesanato cearense. Outro destaque são as garrafas com imagens feitas manualmente em areia colorida, um artigo produzido para venda para turistas. No Maranhão, destacam-se artesanatos feitos da fibra do buriti (palmeira), assim como artesanatos e produtos do babaçu (palmeira nativa do Maranhão).
Culinária
Munguzá, iguaria tipicamente nordestina.
A culinária nordestina é variada, refletindo as condições econômicas e produtivas das diversas paisagens geoeconômicas dessa região. Frutos do mar e peixes são bastante utilizados na culinária do litoral, enquanto, no sertão, predominam receitas que utilizam a carne e derivados do gado bovino, caprino e ovino. Ainda assim, há várias diferenças regionais, tanto na variedade de pratos quanto em sua forma de preparo. Por exemplo, no Ceará, predomina o mugunzá - também chamado macunzá ou mucunzá - salgado, enquanto em Pernambuco predomina o doce). Na Bahia, os principais destaques são as comidas feitas com azeite de dendê e com camarão, como as moquecas, o vatapá, o acarajé e os bobós; porém não são menos apreciadas comidas acompanhadas de pirão como mocotó e rabada, além de doces como a cocada, que está presente em todo o nordeste. No Maranhão, destacam-se o cuxá, o arroz de cuxá, o bobó, o peixe pedra e a torta de camarão. Também no Maranhão se destaca o
Guaraná Jesus, patrimônio maranhense de fama nacional. Já o bolo de rolo é patrimônio imaterial de Pernambuco.
Algumas comidas típicas da região são: o baião de dois, a carne de sol, o queijo de coalho, o vatapá, o acarajé, a panelada, a buchada, a canjica, o feijão e arroz de coco, o feijão verde e o sururu, assim como vários doces feitos de mamão, abóbora, laranja, etc. Algumas frutas regionais - não necessariamente nativas da região - são a ciriguela, o cajá, o buriti, a cajarana, o umbu, a macaúba, juçara, bacuri, cupuaçu, buriti, murici e a pitomba, além de outras.
Festividades
Bonecos de Olinda, em Olinda. O Carnaval Recife/Olinda é considerado o mais democrático e culturalmente diverso do país.
Nas festividades, a região Nordeste dispõe de variados eventos que ocorrem ao longo do ano:
No Carnaval os destaques são as festas de Salvador e Olinda-Recife.
O primeiro é a maior festa popular do planeta segundo o Guinness Book, contando com cerca de 2,7 milhões foliões em seis dias de festa (equivalente ao número de moradores da cidade), e internacionalmente conhecido pelos desfiles de artistas famosos nos trios elétricos; e o segundo é considerado popularmente o carnaval mais democrático do país, e é conhecido por seus característicos bonecos de olinda, pelo ritmo do frevo e do maracatu, além de possuir o maior bloco carnavalesco do mundo, o Galo da Madrugada.
As micaretas (carnavais fora de época) de maior destaque são o "Carnatal" em Natal; o "Fortal" em Fortaleza; o "Pré-Caju" em Aracaju; a "Micarande" em Campina Grande. Há também o "bumba-meu-boi" em Maceió e em São Luís do Maranhão, a "Micareta de Feira" em Feira de Santana e a "Lavagem do Kimarrei" em Barreiras.
Quando vai se aproximando o São João, as cidades de Caruaru em Pernambuco e Campina Grande na Paraíba disputam o título de
"Capital do Forró". Além disso, em Patos, no estado da Paraíba, acontece O Melhor São João do Mundo - considerado o 4º maior do Brasil e do Mundo.
Há também festivais de música, como o "Festival de Verão de Salvador" (maior festival anual do Brasil), o "Piauí Pop" em Teresina, "Mada" em Natal, o "Abril Pro Rock" no Recife, o "Ceará Music" em Fortaleza, o "Fest Verão Paraíba" em João Pessoa, o "Maceió Fest" em Maceió e o "Festival de Inverno Bahia" em Vitória da Conquista.
Esportes
Arena Castelão, em Fortaleza. Está entre os 60 maiores estádios do mundo, é o quarto maior do Brasil e o maior do Norte/Nordeste.
Assim como no restante do país, a região Nordeste tem como principal esporte o futebol. Os principais clubes nordestinos são CSA, CRB e ASA em Alagoas; Bahia e Vitória na Bahia; Fortaleza, Ceará e Ferroviário no Ceará; Sampaio Corrêa, Moto Club e Maranhão no Maranhão; Treze, Campinense e Botafogo-PB na Paraíba; Sport, Santa Cruz e Náutico em Pernambuco; River, Flamengo e Parnahyba no Piauí; América de Natal e ABC no Rio Grande do Norte; e Sergipe, Confiança e Itabaiana em Sergipe.
A seleção brasileira de futebol costuma fazer partidas no Nordeste. O estádio Castelão, em Fortaleza, o estádio do Arruda, no Recife, o estádio Rei Pelé em Maceió e, recentemente, o estádio de Pituaçu, em Salvador, são os locais onde a seleção costuma jogar. O Estádio da Fonte Nova, em Salvador, também recebe tais partidas, porém, ficou marcado por um acidente envolvendo vítimas fatais em 2007.
Autódromo Internacional de Caruaru, Pernambuco.
Durante a Copa do Mundo FIFA de 2014, o Nordeste contou com quatro cidades-sede: Salvador, Recife, Natal e Fortaleza. Redes de transportes, hotéis e hospitais foram construídos, ampliados ou reformados, além da reforma e construção de novos estádios. Em
Salvador, o Estádio da Fonte Nova foi completamente reformado, assim como o Estádio Castelão, em Fortaleza. Já em Recife, foi construída a Arena Pernambuco, situada em São Lourenço da Mata. Em Natal, o antigo Machadão foi demolido e, em seu lugar, foi erguido o estádio Arena das Dunas. Os quatro estádios foram remodelados ou construídos seguindo o padrão FIFA. Outras capitais nordestinas também se candidataram para sediar a competição: João Pessoa, Teresina e Maceió. Foi a segunda vez que o Nordeste participou de uma Copa do Mundo: em 1950, Recife realizou a partida entre Chile e Estados Unidos, sendo o palco do jogo naquela ocasião a Ilha do Retiro.
No automobilismo, a região Nordeste também recebe duas etapas anuais da Fórmula Truck, uma no Autódromo Internacional Ayrton Senna em Caruaru, e uma no Autódromo Internacional Virgílio Távora em Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza. Além disso, desde de 2009, uma etapa da Stock Car Brasil ocorre na região, mais especificamente no Circuito Ayrton Senna, nas ruas do Centro Administrativo da Bahia, em Salvador.
Localizado na cidade de Fortaleza, no Ceará está o Centro de Formação Olímpica do Nordeste conhecido por sua sigla CFO, um complexo esportivo brasileiro que forma o maior conjunto de instalações esportivas do país, com 313 000 m². O centro conta com um ginásio de treinamento multiesportivo adaptável, pista de atletismo, piscinas olímpicas e de saltos, pista de skate, pista de BMX, quadras de vôlei de praia e de tênis, alojamento para até 248 atletas, academia de ginástica, salas de fisioterapia, salas de federações e confederações esportivas e a maior arena indoor do país, multiúso, com capacidade para 17 100 pessoas em eventos esportivos e 21 000 em eventos culturais. Entre as modalidades de esporte às quais o complexo se dedica, estão: atletismo, natação, badminton, nado sincronizado, basquete, pentatlo moderno, boxe, rúgbi, ciclismo, tênis, handebol, taekwondo, esgrima, tênis de mesa,
futebol, tiro com arco, ginástica artística, triatlo, levantamento de peso, voleibol, hóquei sobre a grama, vôlei de praia, judô, polo aquático, lutas e saltos ornamentais.
Nos outros esportes, pode-se citar as seguintes competições esportivas regionais: Campeonato Nordestão Governador Miguel Arraes (enxadrismo), Desafio Costa do Sol (atletismo), Nordeste Sevens (rúgbi de sete), Supercopa do Nordeste de Basquete (basquetebol), dentre muitos.
Zona da Mata:
A Zona da Mata é uma sub-região que fica no litoral leste da Região Nordeste do Brasil que se estende do leste do estado do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia, formada por uma estreita faixa de terra para os padrões continentais do Brasil. O nome “Zona da Mata” deve-se à Mata Atlântica, que originalmente cobria a região, mas atualmente está bastante reduzida.
Sua área concentra seis das nove capitais nordestinas: Natal, João Pessoa, Recife, Maceió, Aracaju e Salvador. É a zona mais urbanizada, industrializada e economicamente desenvolvida da Região Nordeste. Latitudinalmente pode ser subdividida em setentrional (polarizada pelo eixo Natal-João Pessoa), central (polarizada pelo eixo Recife-Maceió) e meridional (polarizada pelo eixo Salvador-Aracaju).
História
Quando os europeus chegaram à Zona da Mata, esta era habitada por indígenas tupis, como os tupiniquins, tupinambás, caetés, tabajaras e potiguaras. Os ancestrais desses povos chegaram a esta região nos primeiros séculos da Era Cristã, empurrando os indígenas macro-jês que ali habitavam.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral desembarca em Santa Cruz Cabrália, sendo este o "Descobrimento" do Brasil. Nas décadas seguintes, a economia dessa região nordestina passa a ser baseada na extração do pau-brasil, armazenado em feitorias, o que atrai também ingleses e franceses. Isso levou Portugal a atentar-se à colonização da região.
Entre meados do século XVI e o século XVIII, a economia da Zona da Mata foi baseada na cultura da cana-de-açúcar, cultivada nos solos férteis locais conhecidos como "massapês", com o amplo uso da mão-de-obra escrava africana. Com isso, essa zona teve prosperidade, passando a ser o centro econômico da Colônia. Esse foi um dos fatores que levaram os neerlandeses ainvadir partes dessa região e criar a colônia da Nova Holanda nas terras dominadas.
Quando os neerlandeses abandonaram Pernambuco, introduziram o cultivo da cana nas Antilhas, havendo concorrência com a planta produzida no Brasil, o que levou à decadência econômica da Zona da Mata, acentuada no final do século XVII e início do século XVIII, com a descoberta de ouro em Minas Gerais e a transferência do eixo econômico brasileiro para a Região Sudeste.
No século XIX, a região da Zona da Mata renasce economicamente, devido ao cultivo de algodão e cacau. Com as obras de infraestrutura e industrialização no século seguinte, o desenvolvimento da região aumenta cada vez mais. No século XXI, esta área teve um crescimento acima da média nacional, superando certa estagnação e decadência das últimas décadas do século anterior.
Geografia
Fragmento de Mata Atlântica em Olinda, Pernambuco.
A vegetação original na Zona da Mata era predominantemente Mata Atlântica. É uma área com alto nível de urbanização, além de concentrar os principais centros regionais do Nordeste. No setor agrícola, destaca-se as grandes propriedades de tabaco, cana-de-açúcar e cacau. Existe uma larga produção agrícola, devido ao solo
fértil (massapê). Nas últimas décadas dessa região, tem ocorrido crescimento industrial impulsionado por incentivos fiscais estaduais.
Seu clima é tropical úmido com temperaturas que rondam entre os 20 e os 30 graus positivos, pouco descendo abaixo dos 20 graus, embora nas longitudes menos costeiras temperaturas abaixo dos 20 graus não sejam tão incomum, graças a continentalidade sem a influência maior das correntes marinhas equatoriais e tropicais. Também sobe pouco acima dos 30 graus, ao contrário do bioma sertão na mesma latitude e outros biomas de latitude e umidade similar no sudeste asiático.
• Estende-se do litoral a 200 km para o interior.
• Apresenta regularidade de chuva.
• Culturas: cana-de-açúcar, cacau, tabaco e lavoura de subsistência.
Costa
A Zona da Mata nordestina possui a maior variedade costeira do Brasil indo desde a costa de dunas no Rio Grande do Norte, passando pela costa das falésias na Paraíba, costa dos arrecifes em Pernambuco, costa das lagunas ou região dos lagos que deu nome ao estado alagoano, praias de planícies e extensos coqueirais em Sergipe e grandes recortes costeiros de água morna o ano inteiro na Bahia e outros estados. Há também zonas de transição entre tais tipos de costa e também "ilhas" de um tipo "infiltradas" na zona de outro padrão costeiro
Demografia
Capitais da Zona da Mata vistas à noite a partir do espaço.
As cidades mais emergentes da Zona da Mata são as suas menores sedes metropolitanas, já que o crescimento desordenado nas últimas décadas trouxe demasiados problemas a Salvador e Recife comparáveis aos enfrentados pelas duas maiores capitais do Sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro). As regiões metropolitanas de Natal,
João Pessoa e Maceió são importantes centros urbanos desta zona geográfica, tendo as três população superior a um milhão de habitantes. As regiões metropolitanas de João Pessoa e Aracaju foram as que mais cresceram na sub-região segundo o último censo; a primeira na zona da mata setentrional e a segunda na zona da mata centro-meridional.
Na última década, segundo o IBGE, a Região Metropolitana de João Pessoa ultrapassou a de Maceió em população, tornando-se a quarta maior desta zona geográfica. A Região Metropolitana de Natal é o terceiro maior aglomerado urbano da Zona da Mata, após as regiões metropolitanas do Recife e de Salvador. De acordo com o último censo, Natal cresceu muito no meio da última década, mas desacelerou seu crescimento com o estouro da bolha imobiliária e a crise externa de 2007, já que dependia da captação de moeda externa dos investidores de fora em seus imóveis e setor turístico. Ao mesmo tempo capitais da zona da mata de porte similar que não dependiam tanto do capital externo quanto Natal no seu setor imobiliário e turístico, seguiram padrões divergentes. Enquanto Maceió cresceu menos e foi ultrapassada como região metropolitana, João Pessoa e Aracaju mantiveram alto crescimento, conseguindo a primeira crescer mais no Nordeste Setentrional e Oriental e a segunda chegar cada vez mais próximo do seu primeiro milhão de habitantes na sua metrópole. Ambas cresceram mais de 22,5% na última década segundo a revista Veja.
Assim dentro da Zona da Mata, há a Zona Açucareira, Recôncavo Baiano (zona do tabaco) e Zona do Cacau.
Formação do povo
Em sua obra "O Povo Brasileiro", o antropólogo Darcy Ribeiro afirma que a formação do povo da Zona da Mata se deve à miscigenação entre portugueses, ameríndios e africanos.
Economia
Recife é a concentração urbana mais populosa do Nordeste brasileiro e da Zona da Mata. Salvador é o terceiro município mais populoso do Brasil e o mais populoso do Nordeste e Zona da Mata.
No início da colonização, a Zona da Mata não era dominada completamente pelas plantações de cana. A população das cidades e das fazendas necessitava de alimentos. Por isso, uma parte das terras ficava reservada para cultivo de milho, mandioca, feijão e frutas. Também existiam pastagens para a criação de gado. Essas terras eram os tabuleiros, áreas um pouco mais elevadas situadas entre os vales de dois rios sub tropicais como no sul
Como os solos dos tabuleiros são menos úmidos e mais pobres que o massapê, não eram usados para o plantio da cana. Assim, inicialmente, toda a produção agrícola e até a pecuária localizavam-se na faixa úmida do litoral, onde se instalaram sítios familiares produtores de alimentos e fazendas de gado.
Porém, a produção de cana crescia à medida que aumentavam as exportações de açúcar para a Europa. As seis marias se dividiam entre os herdeiros dos primeiros proprietários. Cada um deles criava novos engenhos, que necessitavam de mais cana.
Muita coisa mudou na agricultura da Zona da Mata desde a época colonial. A escravidão deu lugar ao trabalho assalariado dos bóias-frias. Os antigos engenhos foram substituídos por usinas de açúcar e álcool. Mas a cana-de-açúcar permaneceu como produto principal da faixa litorânea do Nordeste.
Mas a cana-de-açúcar não é a única cultura da Zona da Mata. No litoral da Bahia, principalmente na área do Recôncavo Baiano, nas proximidades de Salvador, apareceram importantes culturas de tabaco. No sul da Bahia, na área das cidades de Ilhéus e Itabuna, concentraram-se as fazendas de cacau. Além disso, a produção de frutas vem adquirindo importância na Zona da Mata. Há várias frutas nativas do Nordeste - como o caju, o cajá, a mangaba e a pitanga -
que servem para fazer deliciosos sucos e doces. Outras frutas, provenientes das áreas tropicais do Oriente - como a graviola, a jaca e a manga - adaptaram-se muito bem aos solos e climas nordestinos, destacando-se que a estabilidade da temperatura (que em geral varia entre 25°C e 30°C) na região é um aspecto positivo importante.
A Zona da Mata é também a sub-região mais industrializada do Nordeste brasileiro, sendo a Região Metropolitana do Recife e a Região Metropolitana de Salvador as áreas em que a indústria é mais forte e diversificada.
Destaca-se a produção de aços especiais, produtos eletrônicos, equipamentos para irrigação, barcos, navios, cascos para plataformas de petróleo, chips, softwares, automóveis, baterias e produtos petroquímicos, além de produtos de marca com valor agregado.
O Polo Petroquímico de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, é o maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul. Abriga, entre outras empresas, uma fábrica da Ford, a primeira montadora de automóveis da Região Nordeste.
O Complexo Industrial Portuário de Suape, na Região Metropolitana do Recife, abriga empresas como o Estaleiro Atlântico Sul (maior estaleiro do Hemisfério Sul) e central de logística da General Motors. A Fiat lançou em Suape, no final de 2010, a pedra fundamental de sua nova fábrica, a terceira da marca na América Latina. A pedra fundamental da Refinaria Abreu e Lima foi lançada em 2005.
Cultura
Caranguejo da Rua da Aurora representando o gênero musical manguebeat, criado no Recife nos anos 90.
A Zona da Mata nordestina foi o berço dos principais ritmos do país a exemplo do frevo, maracatu, samba de roda do recôncavo, bossa nova, axé, arrocha e outros. O trio elétrico também tem origem na
zona da Mata, como também alguns intérpretes da música brasileira tais como Caetano Veloso, Maria Betânia, Alceu Valença, Marina Elali, Herbert Viana e muitos outros.
O samba de roda foi transferido duas vezes do recôncavo ou zona da mata meridional para o Rio de Janeiro. Primeiro na transferência de mão de obra dali para a zona cafeeira em Vassouras, mas essa transferência acabou ficando apenas no interior e não chegando a capital. Na segunda leva migracional já na primeira República a que realmente transferiu esse tipo de percussão para tal cidade.
Carnaval
Por ser uma das regiões mais antigas do Brasil, encontram-se muitos dos carnavais mais tradicionais do país, os carnavais mais badalados ficam em Recife, Olinda e Salvador.
Sertão nordestino:
O sertão nordestino, também conhecido como sertão, é uma das quatro sub-regiões da Região Nordeste do Brasil, sendo a maior delas em área territorial. Estende-se pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Ao contrário dos demais semidesertos do mundo, o sertão não margeia um grande deserto, mas sim zonas úmidas. Isso explica suas peculiaridades biomáticas e sua atipicidade demográfica. Compreende as áreas dominadas pelo clima tropical semiárido (quente e seco), apresentando temperaturas médias elevadas, entre 25 ºC e 30 °C (ultrapassando os 42 ºC nos dias mais quentes somente no Raso da Catarina na Bahia e no centro-sul do Piauí) e duas estações bem definidas: uma chuvosa e outra seca. As chuvas concentram-se em apenas três ou quatro meses do ano, e pluviosidade no Sertão atinge a média de 750 milímetros anuais, sendo que em algumas áreas chove menos de 500 milímetros ao ano.
Etimologia
Há duas versões para explicar a origem da palavra Sertão durante a colonização do Brasil pelos portugueses. A primeira sustenta que ao saírem do litoral brasileiro e se interiorizarem, perceberam uma grande diferença climática nessa região semiárida. Por isso, a chamavam de "desertão", ocasionado pelo clima quente e seco. Logo, essa denominação foi sendo entendida como "de sertão", ficando apenas a palavra Sertão. A segunda versão, mais confiável, descreve a palavra como sendo derivada da palavra latina sertanus, que significa área deserta ou desabitada, que por sua vez deriva de sertum, que significa bosque.
História
O primeiro processo de interiorização do Brasil Colonial foi no Sertão Nordestino e partiu dos engenhos de açúcar da Bahia e de Pernambuco.
Devido à proliferação de bois nas plantações de cana-de-açúcar na Zona da Mata, o que trazia prejuízos aos senhores de engenho e a essa atividade econômica, entre o final do século XVI e início do século XVII grupos de portugueses e mamelucos foram empurrados, junto com o gado dos canaviais, do litoral nordestino para a Caatinga. Esses pioneiros e seus descendentes miscigenaram-se continuamente com povos indígenas, apesar da hostilidade entre ambos, e desenvolveram a atividade pecuária.
A pecuária seguia o curso dos rios da caatinga, como o São Francisco, Jaguaribe, Piranhas–Açu e Apodi, assim povoando o sertão nordestino.
Além de conviverem frequentemente com a seca, o couro está sempre presente na vida do sertanejo. Sobre esse material tão essencial, o historiador Capistrano de Abreu afirma:
[...] de couro era a porta das cabanas, o rude leito aplicado ao chão duro, e mais tarde a cama para os partos; de couro eram todas as cordas, a borracha para carregar água, o mocó ou alforje para levar comida, a maca para guardar roupa, a mochila para milhar cavalo, a peia para prendê-lo em viagem, as bainhas de faca, as bruacas e surrões, a roupa de entrar no mato, os banguês para curtume ou para apurar sal; para os açudes, o material de aterro era levado em couros puxados por juntas de bois que calcavam a terra com seu peso. Em couro o sertanejo pisa o tabaco para o nariz
Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, as fazendas de gado passaram a abastecer com alimentos as jazidas de ouro.
No final do século XVII e início do século XVIII, bandeirantes paulistas descobrem jazidas de ouro na região de Jacobina e nas regiões de nascentes dos rios Paramirim, de Contas e Brumado traz para essas zonas desbravadores portugueses, paulistas e mineiros, além de escravos africanos para trabalharem nas jazidas.
Na década de 1840, descobrem-se jazidas de diamante nas atuais Mucugê, Lençóis e Andaraí traz para essa parte da Chapada Diamantina desbravadores de outras partes do Brasil, em grande parte sendo antigos mineradores do Norte de Minas e do Sudoeste Baiano e comerciantes de Salvador e do Recôncavo Baiano, além de escravos.
Entre 1877 e 1879, o Sertão foi afetado pela mais grave seca da sua história, a Grande Seca, cuja região mais afetada foi o Ceará.
Durante o Ciclo da Borracha, muitos sertanejos flagelados pela seca, sobretudo cearenses, migram para os seringais amazônicos. Após a Segunda Guerra Mundial, com o aumento da industrialização, houve uma forte migração interna de sertanejos para a Região Sudeste do Brasil, sobretudo para as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro e seus arredores.
Nos anos 2000, milhares de sertanejos abandonam o Sudeste e retornam às suas regiões de origem. Além disso, nessa época se iniciam as obras da Transposição do rio São Francisco.
Geografia
Clima
Savana-estépica, chamada no Brasil de caatinga, a vegetação predominante do sertão e também presente em parte do agreste
O Sertão é a sub-região que apresenta o menor índice pluviométrico de todo o país. A escassez e a distribuição irregular das chuvas nessa área devem-se, sobretudo, à dinâmica das massas de ar e, também à influência do relevo. As chuvas geralmente ocorrem entre os meses de dezembro e abril. Porém em certos anos, não ocorrem precipitações nesse período e a estiagem pode se prolongar dando origem às secas.
Os mecanismos indutores de pluviosidade na região são a umidade da Amazônia, a Zona de Convergência Intertropical e as frentes frias que organizam instabilidades sobre o Sertão. Entretanto, observa-se a irregularidade na atuação desses sistemas meteorológicos devido a inúmeros fatores. Seu período chuvoso depende crucialmente da temperatura no Oceano Atlântico e da ocorrência dos fenômenos El Niño e La Niña. As áreas que apresentam menor pluviosidade estão localizadas no Submédio São Francisco, entre Bahia e Pernambuco, e nas escarpas do planalto da Borborema, nos estados de Pernambuco e Paraíba.
Biomas do Nordeste
Amazônia
Cerrado
Caatinga
Mata Atlântica
Marinho Costeiro
A ocorrência das secas está diretamente relacionada ao fenômeno do aquecimento das águas do Oceano Pacífico, nas proximidades da costa oeste da América do Sul, denominado El Niño. Esse aquecimento do Pacífico ocorre em períodos irregulares de três a sete anos, interferindo na circulação dos ventos em escala global, e consequentemente, na distribuição das chuvas no Sertão nordestino. Elas acarretam grandes prejuízos aos proprietários rurais, que perdem suas lavouras e criações, e à população em geral, que sofre com a falta de alimentos e água potável nessa sub-região do Nordeste. A área atingida pela seca equivale a três vezes o estado de São Paulo. As chuvas esporádicas e o auxílio emergencial não podem fazer esquecer a necessidade de se criarem alternativas eficazes para combater o problema. Uma alternativa para garantir água durante a seca na zona rural são as cisternas, com capacidade para 15 mil litros custa cerca de R$ 1,8 mil e podem abastecer uma família de cinco pessoas por sete a oito meses de estiagem.
Polígono das Secas
Com o propósito de facilitar ações para combater as secas e amenizar os seus efeitos sobre a população sertaneja, o governo federal delimitou em 1951, o chamado Polígono das Secas.
Inicialmente, o Polígono abrangia cerca de 950 000 quilômetros quadrados, estendendo-se pelas áreas de clima semiárido. Entretanto, após a ocorrência de grandes secas, a área do Polígono foi ampliada, alcançando parte do estado de Minas Gerais, também atingido pelas estiagens.
Há uma maior incidência de secas ao norte do rio São Francisco do que ao sul, onde as chuvas são mais bem distribuídas ao longo da estação chuvosa.
Diversos órgãos do governo são responsáveis pelo combate às secas, especialmente o DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), que coordena programas de irrigação, construção de poços artesianos e açudes, bem como outras funções, visando amenizar os problemas da população.
Caatinga
A estepe, chamada de caatinga no Brasil, é a vegetação predominante em todo Sertão e em parte do Agreste. Ela ocupa as áreas de clima semiárido, resistindo às secas através de adaptações naturais. É um tipo de vegetação xerófila de semidesertos.
Demografia
Etnografia
A população do Sertão nordestino é, em grande parte, fruto da mestiçagem entre portugueses e indígenas. Os escravos africanos estiveram pouco presentes no Sertão (exceto em algumas regiões do Sertão da Bahia), pois a pecuária normalmente utilizava a mão-de-obra livre do vaqueiro.
Nas regiões do Sudoeste Baiano e Chapada Diamantina em que houve mineração de ouro e diamante, a população foi formada pela miscigenação entre indígenas, portugueses e africanos.
Centros urbanos
Fortaleza no Ceará é a única capital nordestina localizada na região geográfica do Sertão em contraposição ao conceito original, mapa da rede urbana triangular constituída ao norte do sertão brasileiro por Juazeiro (BA)-Petrolina (PE), Juazeiro do Norte (CE) e Sousa (PB).
O seu maior polo geopolítico e civilizacional fica na sua parte mais setentrional e costeira, ou seja, Fortaleza, que também é uma das nove capitais da região Nordeste.
Fortaleza é a metrópole regional da sub-região do sertão. Já outras cidades, como Mossoró (RN), Juazeiro do Norte (CE), Sobral (CE),
Petrolina (PE), Juazeiro (BA) e Patos (PB), exercem papel de capitais e centros regionais.
O sertão também conta com importantes centros urbanos de menor influência como: Picos, Floriano, Pedro II, Oeiras e São Raimundo Nonato no Piauí; Crateús. Iguatu, Quixadá. Icó e Crato no Ceará; Caicó, Assu, Currais Novos e Pau dos Ferros no Rio Grande do Norte; Sousa, Cajazeiras e Pombal na Paraíba; Serra Talhada, Araripina e Arcoverde em Pernambuco; Delmiro Gouveia, Santana do Ipanema, São José da Tapera e Pão de Açúcar em Alagoas; e Paulo Afonso, Irecê e Jacobina na Bahia.
Regiões metropolitanas
O sertão nordestino possui seis regiões metropolitanas oficiais, sendo a mais importante a Região Metropolitana de Fortaleza. Segue abaixo a população de cCultura
Sala de estar de casa rural no Nordeste brasileiroEspetáculo "Chuva de Bala" nos festejos juninos de Mossoró, Rio Grande do Norte
O sertão compete com a Zona da Mata pelos melhores carnavais da região. O mesmo ocorre com o São João, já que o Agreste possui os maiores, porém o sertão compete com muitos dos melhores festivais, dentre os quais se destacam o de Patos e Mossoró. No litoral semiárido, também existe a cultura do jangadeiro setentrional, tido como o arquétipo do cearense, mas que não reflete tanto o sertanejo meridional, sem litoral. O principal ritmo nativo do Sertão é o forró.
Muito embora não seja divulgado na grande mídia, a região do sertão é farta no tocante à cultura da poesia popular. É imensa a quantidade de pessoas com habilidade na arte da rima e no improvisar de versos. Através desses repentista, algumas canções tornaram-se conhecidas nacionalmente: como exemplo, a música "Mulher nova bonita e carinhosa", conhecida na interpretação da cearense Amelinha e do paraibano Zé Ramalho é de autoria do cantador repentista pernambucano, Otacílio Batista. Outro exemplo é a música "A volta
da asa branca", de autoria de Zé Dantas, outro sertanejo pernambucano, da cidade de Carnaíba. A cultura norte-mineira é uma das mais ricas do Brasil e se difere em cada região, mas se baseia em festas religiosas e folclóricas como levantamento de mastro e os famosos Catopês das Festas de Agosto em Montes Claros. Tem forte influência das lendas e crenças que rondam o Rio São Francisco nas cidades ribeirinhas como Januária, Pirapora, Manga entre outras. Na região do Grande Sertão Veredas, existe a forte tradição da Folia dos Três Reis Magos, que acontece todos os anos no início do ano: os foliões passam de casa em casa e são servidos pão de queijo feito no forno caipira, pinga e café. Uma grande festa na casa de um dos foliões ou devoto fecha a celebração. O vale do Jequitinhonha é também bastante rico culturalmente.
Cangaço:
O cangaço foi um fenômeno do banditismo, crimes e violência ocorrido em quase todo o sertão do Nordeste do Brasil, entre o século XIX e meados do século XX. Seus membros vagavam em grupos, atravessando estados e atacando cidades, onde cometiam pilhagens, assassinatos e estupros. Para muitos especialistas o cangaço nasceu como uma forma de defesa dos sertanejos diante de graves problemas sociais e da ineficácia do Estado em manter a ordem e aplicar a lei. Um dos principais líderes do cangaço foi Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião. O termo cangaço vem da palavra canga, uma peça de madeira usada para prender junta de bois a carro ou arado, conhecida também como jugo.
Origem da palavra
Por volta de 1834 o termo cangaceiro já era utilizado para se referir a bandos de camponeses pobres que habitavam os desertos do nordeste brasileiro, vestindo roupas de couro e chapéus, carregando
carabinas, revólveres, espingardas e facas longas e estreitas, conhecidas como peixeiras.
O termo cangaceiro era uma expressão pejorativa, que designava a pessoa que não podia se adaptar ao estilo de vida costeira.
Por esta altura naquela região havia dois principais grupos de bandidos armados frouxamente organizados: os jagunços, mercenários que trabalhavam para quem pagasse o seu preço, geralmente proprietários de terras que queriam proteger ou expandir seus limites territoriais e também lidar com os trabalhadores rurais, e os cangaceiros, bandidos que tinham algum nível de apoio da população mais pobre, em favor de quem sustentavam alguns comportamentos benéficos, como atos de caridade, a compra de bens por preços mais altos e promovendo bailes. A população fornecia abrigo e as informações que os ajudavam a escapar das incursões das forças policiais, conhecidos como volantes, enviados pelo governo para detê-los.
Divisão
O cangaço pode ser dividido em três subgrupos: os que prestavam serviços caracterizados para os latifundiários; os satisfatórios, expressão de poder dos grandes fazendeiros; e os cangaceiros independentes, com características de banditismo.
Os cangaceiros conheciam bem a caatinga, por isso lhes era fácil fugir e se esconder das autoridades. Estavam sempre preparados para enfrentar todo o tipo de situação, conheciam as plantas medicinais, as fontes de água, locais com alimentos, rotas de fuga e lugares de difícil acesso.
O primeiro bando de cangaceiros que se tem conhecimento foi o de Jesuíno Alves de Melo Calado, alcunhado Jesuíno Brilhante, que agiu por volta de 1870, nas proximidades da cidade de Patu e entre a divisa dos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, embora alguns historiadores atribuam a Lucas Evangelista o feito de ser o primeiro
a agregar um grupo característico de cangaço, nos arredores de Feira de Santana, em 1828, sendo ele preso junto com a sua quadrilha em 28 de janeiro de 1848, por provocar, durante vinte anos, assaltos contra a população de Feira. O último grupo cangaceiro famoso foi o de Corisco (Cristino Gomes da Silva Cleto), morto em 25 de maio de 1940.
Lampião
O cangaceiro mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, também denominado Senhor do Sertão e O Rei do Cangaço. Atuou durante as décadas de 1920 e 1930, em praticamente todos os estados do Nordeste. Ele começou sua vida criminosa ainda jovem, alegando uma vingança que nunca aconteceu.
Vagando por Santa Brígida, no estado da Bahia, ele conheceu Maria Gomes de Oliveira, também conhecida como Maria de Déa, esposa do sapateiro Zé de Nenê, a qual tornou-se sua companheira, sendo mais tarde conhecida como Maria Bonita.
Por parte das autoridades Lampião simbolizava a brutalidade, o mal, uma doença que precisava ser extirpada. Para uma parte da população do sertão ele encarnou valores como a bravura, o heroísmo e o senso da honra, semelhante ao que acontecia com o mexicano Pancho Villa.
O cangaço teve o seu fim a partir da decisão do então Presidente da República, Getúlio Vargas, de eliminar todo e qualquer foco de desordem sobre o território nacional. O regime denominado Estado Novo incluiu Lampião e seus cangaceiros na categoria de extremistas. A sentença passou a ser matar todos os cangaceiros que não se rendessem.
Cabeças dos cangaceiros mortos expostasBando de Virgínio Fortunato da Silva, vulgo "Moderno", em 1936Lampião e seu bando fotografados em Limoeiro do Norte após ataque à cidade de Mossoró em 1927
No dia 28 de julho de 1938, na localidade de Angico, no estado de Sergipe, Lampião finalmente foi apanhado em uma emboscada das autoridades, onde foi morto junto com sua companheira Maria Bonita e mais nove cangaceiros. Um delator chamado Pedro de Cândida teria passado sua localização à polícia. Na ofensiva onze dos integrantes do bando foram mortos: Lampião, Maria Bonita, Luís Pedro, Mergulhão, Enedina, Elétrico, Quinta-Feira, Moeda, Alecrim, Colchete e Macela.
Os cangaceiros foram degolados e suas cabeças colocadas em aguardente e cal, para conservá-las. Foram expostas por todo o Nordeste e por onde eram levadas atraiam multidões.
Este acontecimento veio a marcar a etapa final do cangaço, pois, a partir da repercussão da morte de Virgulino os chefes dos outros bandos existentes na Nordeste vieram a se entregar às autoridades policiais para não serem mortos.
História do cangaço
Área de maior incidência do cangaço (1890-1930)
Consta que o primeiro homem a agir como cangaceiro teria sido o Cabeleira, como era chamado José Gomes. Nascido em 1751, em Glória do Goitá, cidade da zona da mata pernambucana, ele aterrorizou sua região. Mas foi somente no final do século XIX que o cangaço ganhou força e prestígio, principalmente com Antonio Silvino, Lampião e Corisco.
Entre meados do século XIX e início do século XX, o Nordeste do Brasil viveu momentos difíceis, aterrorizado por grupos de homens que espalhavam a violência por onde andavam. Eles eram os cangaceiros, bandidos que abraçaram a vida nômade e irregular de malfeitores por motivos diversos. Alguns deles foram impelidos pelo despotismo das mulheres poderosas. Lucas da Feira, ou Lucas Evangelista, agiu na região da cidade baiana de Feira de Santana entre 1828 e 1848. Ele e seu bando de mais de 30 homens roubavam viajantes e estupravam mulheres. Foi enforcado em 1849. No ano de
1877, em meio a estiagem, destaca-se no sul do Ceará as ações do cangaceiro João Calangro, que chefiava um bando que atuava em todo o Cariri. Calangro era um capanga do grupo de Inocêncio Vermelho, que tinha o apoio do juiz do município de Jardim. Com a morte de Inocêncio Vermelho, João Calangro lidera um séquito de cangaceiros, que em virtude de seu nome, passam a ser intitulados de calangos. Após muitos embates, João Calangro, que jactava-se de ter cometido 32 homicídios, foge para Piauí, e a partir de então o desfecho de seu destino torna-se ignoto concernente aos registros sobre o mesmo.
Anésia Cauaçu e sua filha, em 1916 - Jornal A TARDE
Anésia Cauaçu foi uma precursora de um bando que agiu no sertão baiano na década de 1910, principalmente na cidade de Jequié, ela e seu bando eram conhecidos como Bando dos Cauaçus, contava com mais de 100 homens e mulheres dispostos a lutarem, além de bons conhecedores da região, bem armados, e bem vestidos com seus chapéus de couro e roupas de couro, traje típico dos sertanejos e vaqueiros da região.
O bando dos Cauaçus era formado por sertanejos e fazendeiros revoltados com a morte de um dos seus membros, que foi assassinado a mando de Zezinho dos Laços, precursor de um bando que aterrorizou a região durante décadas. Anésia Cauaçu era muito bonita, era alta, com seus cabelos longos e escuros, pele branca e olhos azuis, mas nada disso tirava a sua valentía, usando o seu chapéu de couro, sua roupa de couro, seu lenço e sua calça de couro para montar ao seu cavalo, estava sempre pronta para lutar.
Os cangaceiros conseguiram dominar o sertão durante muito tempo, pois eram protegidos de coronéis, que se utilizavam deles para cobrança de dívidas, entre outros serviços sujos.
Um caso particular foi o de Januário Garcia Leal, o Sete Orelhas, que agiu no sudeste do Brasil, no início do século XIX, tendo sido considerado justiceiro e honrado por uns, e cangaceiro por outros.
No sertão, consolidou-se uma forma de relação entre os grandes proprietários e seus vaqueiros.
A base desta relação era a fidelidade dos vaqueiros aos fazendeiros. O vaqueiro se disponibilizava a defender, de armas na mão, os interesses do patrão.
Como as rivalidades políticas eram grandes, havia muitos conflitos entre as poderosas famílias, que se cercavam de jagunços para defesa, formando assim verdadeiros exércitos. Porém, chegou o momento em que começaram a surgir os primeiros bandos armados, livres do controle dos fazendeiros.
Os coronéis tinham poder suficiente para impedir a ação dos cangaceiros.
O cangaceiro, em especial Lampião, tornou-se personagem do imaginário nacional, ora caracterizado como uma espécie de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres, ora caracterizado como uma figura pré-revolucionária, que questionava e subvertia a ordem social de sua época e região.
Coiteiros
Coiteiros eram pessoas que ajudaram os cangaceiros, dando-lhes abrigo e comida. Assim procediam por serem parentes, amigos, ex-vizinhos, ou ainda por interesse ou medo.
Volantes e macacos
Os volantes eram pequenos grupos de soldados, cerca de 20 a 60, de todos os estados da federação brasileira, formada pelo governo através das agências de aplicação da lei, enviados para procurar e destruir os cangaceiros, que muitas vezes se referiam a eles como macacos, devido seus uniformes marrons e sua vontade de obedecer ordens. Alguns deles portavam as então modernas metralhadoras Hotchkiss, armas que os cangaceiros rapidamente aprenderam a temer, mas estavam sempre dispostos a roubar para seu próprio uso.
Estilo cangaceiro
Cangaceiro Corisco em 1936
Os cangaceiros tinham noções muito específicas de como se comportar e de se vestir. Primeiro de tudo, a maioria deles sabia costurar muito bem. Vivendo nas terras semiáridas do nordeste do Brasil, tiveram que sobreviver em meio a arbustos secos pontiagudos. Apesar do calor durante o dia, os cangaceiros preferiam usar roupas de couro, enfeitadas com todos os tipos de fitas coloridas e peças de metal.
Eles também usaram luvas de couro com moedas e outras peças de metal costuradas por eles, quase como uma armadura.
Vestimenta de cangaceiro no Museu Cais do Sertão, Recife
Por causa do forte calor e da ausência de água, alguns cangaceiros, especialmente Lampião, usavam perfumes, inclusive caros como os franceses, muitas vezes roubados de casas das pessoas ricas e usados em grandes quantidades.
Homem caracterizado de cangaceiro
Kit básico para o cangaço:
• Chapéu de couro com abas largas dobradas
• Munição (até 18 quilos) e armas (a mais comum era o rifle Winchester 44)
• Bolsa (capanga) com remédios, fumo e brilhantina
• Punhal
• Lenço para proteger boca e nariz contra a poeira
• Roupa resistente com mangas compridas contra o sol
• Cantil com água ou cachaça.
Armas do cangaceiro
RifleA pistola Luger P08, usada pelos cangaceiros
As armas dos cangaceiros eram principalmente revólveres, espingardas e a famosa párabelo, que é uma corruptela em português
da palavra latina parabellum, que era o nome oficial da pistola Luger P08.A palavra significa preparar para a guerra, e vem do provérbio latino si vis pacem, para bellum. Foi designada como arma oficial das tropas governamentais brasileiras e por alguns soldados responsáveis pela aplicação da lei.
Os cangaceiros também ficaram famosos por usarem uma faca fina, longa e bem afiada chamada peixeira, criada originalmente para a limpeza de peixe, além disso, também usavam o famoso punhal. Essas armas brancas eram utilizadas pelos cangaceiros para torturar e matar seus inimigos.
Cultura popular
Literatura de cordel
Exemplo de cordéis
O cangaço é um dos principais temas mais explorados na literatura de cordel, onde o cangaceiro é retratado como herói. Literatura de Cordel é, como qualquer outra forma artística, uma manifestação cultural. Por meio da escrita são transmitidas as cantigas, os poemas e as histórias do povo — pelo próprio povo. O nome de Cordel teve origem em Portugal, onde os livretos, antigamente, eram expostos em cordéis, como roupas no varal.
Livros
• O Cabeleira, de Franklin Távora
• Jurisdição dos Capitães — A História de Januário Garcia Leal e Seu Bando — Editora Del Rey, Belo Horizonte, 2001, Marcos Paulo de Souza Miranda.
• Lampião e Maria bonita de Liliana Iacocca, Editora Ática
• Flor de Romances Trágicos, de Luís da Câmara Cascudo, Editora Cátedra.
• Lampião: herói ou bandido, de Antonio Amaury Correa de Araújo e Carlos Elydio Correa. São Paulo: Editora Claridade, 2009.
Filmes
Alberto Ruschel e Milton Ribeiro em cena do filme O Cangaceiro
• Os primeiros filmes sobre o cangaço datam de meados da década de 1920 e início da década de 1930, tais como Filho sem mãe (1925), Sangue de irmão (1927) e Lampião, a fera do nordeste (1930). Entre as década de 1950 e década de 1960, os filmes brasileiros sobre o cangaço eram bastante influenciados pelos filmes de faroeste dos Estados Unidos e são conhecidos como nordestern, western macaxeira, ou western feijoada, um deles foi O Cangaceiro (1953),
• O Cangaceiro, de Lima Barreto, 1953 (trilha sonora original por Riz Ortolani)
• A Morte Comanda o Cangaço, Walter Guimarães Motta 1961
• Deus e o Diabo na Terra do Sol, Inglês título: "Black God, White Devil", de Glauber Rocha, 1963
• O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha, 1968
• O' Cangaceiro (no Brasil, Rebelião dos Brutos), Itália-Espanha, filme inspirado no cinema de faroeste italiano (western spaghetti), 1970
• Baile Perfumado, Paulo Caldas e Lírio Ferreira, 1997
• O Matador de Marcelo Galvão, 2017 Histórias em quadrinhos
Em 1938, Euclides Santos publicou a tira Vida de Lampeão na revista A Noite Ilustrada. Na década de 1950, inspirado no sucesso de O Cangaceiro, o quadrinista Gedeone Malagola lança uma revista em quadrinhos sobre o fictício "Milton Ribeiro, O Cangaceiro", Milton Ribeiro é o ator que interpretou o cangaceiro Galdino no filme de 1953, a diferença de Milton Ribeiro para Galdino, é que nos quadrinhos Milton é o herói. Em 1953, José Lanzellotti lança Raimundo, o Cangaceiro para a revista Aliança Juvenil da editora Aliança, na década de 1960, a série ganharia uma revista pela editora Pan Juvenil. Em 1954, o haitiano André LeBlanc adaptou o romance
Os Cangaceiros de José Lins do Rego para a revista Edição Maravilhosa da EBAL. Em 1963, Mauricio de Sousa comandava o Suplemento Infanto-Juvenil do jornal Folha de S. Paulo, Mauricio então pediu a Julio Shimamoto que criasse uma tira para o suplemento, Shimamoto elaborou dois projetos: uma tira sobre cangaceiros e outra sobre gaúchos, no fim resolveu criar a tira O Gaúcho, na época, cangaceiros eram retratados como bandidos. Os programas de rádio Jerônimo, o Herói do Sertão e Juvêncio, o justiceiro do sertão transportavam as histórias dos faroeste para o sertão brasileiro e também tiveram histórias em quadrinhos, Jerônimo em 1957 pela Rio Gráfica Editora, com textos de Moysés Weltman e desenhos de Edmundo Rodrigues, e Juvêncio entre 1968 e 1969 pela Editora Prelúdio, com roteiros de Gedeone Malagola, R. F. Lucchetti, Helena Fonseca e Fred Jorge e desenhos de Sérgio Lima, Rodolfo Zalla, Eugênio Colonnese e Mário Cafiero, a Editora Prelúdio também publicava literatura de cordel e publicou uma adaptação de "A Chegada de Lampião no inferno" de José Pachêco por Sérgio Lima.
Na década de 1970, O quadrinista Floriano Hermeto de Almeida Filho, um dos responsáveis pelas histórias do super-herói Judoka, chegou a produzir sete páginas de uma história sobre o cangaço, que permaneceram inéditas até novembro de 2018, quando foram publicadas no livro "O Judoka por FHAF",[28] publicado pela AVEC Editora, após uma campanha de financiamento coletivo no site Catarse. Nas páginas do jornal Notícias Populares foi publicada a série de tiras Capitão Caatinga, escrita por Franco de Rosa e ilustrada por Sebastião Seabra.
Em 1974, o brasileiro Jô Oliveira publicou a história "A Guerra do Reino Divino" na revista italiana alterlinus, dois anos depois a editora brasileira Codecri (mesma editora responsável por O Pasquim) publicou a obra no país. A arte de Jô Oliveira é bastante influenciada pela xilogravura presente nos cordéis e é apontada como uma das primeiras graphic novels brasileiras. Apesar de ser um tema
brasileiro, o tema também é explorado por autores de outros países, em Mister No 3, 4 e 5, publicada em 1975 pela editora italiana Sergio Bonelli Editore, o piloto americano com histórias ambientadas no Brasil, encontra com cangaceiros, o belga Hermann Huppen que escreveu e desenhou a HQ Caatinga (publicada no Brasil pela Editora Globo), ou também o italiano Hugo Pratt ("La macumba du Gringo").
Zagor, série de faroeste também publicada pela Bonelli, encontrou com cangaceiros em Zagor n° 452 (março de 2002) e Zagor n° 573 (abril de 2013).
Na oitava edição da revista Spektro da Editora Vecchi, publicada em 1978, o pernambucano Watson Portela publica Paralela, uma história de ficção científica com um cangaceiro chamado Asa Branca. Em 1981, a revista Igapó publica O Ataque de Lampião à Mossoró, escrita por Emanoel Amaral e ilustrada por Aucides Sales, em 1987, Amaral publica Jesuíno Brilhante em quadrinhos em coautoria com Aucides e Luiz Elson.
Outros autores retrataram o cangaço como Ataíde Braz (roteiro) e Flavio Colin (desenhos) com Mulher-Diaba no Rastro de Lampião, publicada em 1994 pelo selo Graphic Brasil da Nova Sampa, Ruben Wanderley Filho com Lampião em quadrinhos, Danilo Beyruth em Bando de dois, Flávio Luiz com a futurista O Cabra, Wilson Vieira, Eugênio Colonnese e Mozart Couto no álbum Cangaceiros - Homens de Couro da editora CLUQ de Wagner Augusto,o cordelista e editor Klévisson Viana com Lampião — era o cavalo do tempo atrás da besta da vida: uma história em quadrinhos, Marcos Franco e Marcelo Lima (roteiro) e Hélcio Rogério, (desenhos) com Lucas da Vila de Sant'anna da Feira, Wilde Portela (roteiro), Antonio Lima e Paulo José (desenhos) com Lampião - Episódios da Vida de um Cangaceiro,Haroldo Magno (roteiro) e Edvan Bezerra (desenhos) nos álbuns Sertão Vermelho - Lampião em Quadrinhos (2004) e Sertão Vermelho - Lampião em Quadrinhos 2 (2005), financiados com apoio da prefeitura e empresas locais de Paulo Afonso, na Bahia, o primeiro
álbum teve capa de Júlio Shimamoto, o segundo teve participações do próprio Shimamoto, Rodolfo Zalla, Eugênio Colonnese e Vítor Barreto.
Fim do cangaço
O cangaço em sua forma de banditismo foi um dos últimos movimentos do Brasil de luta armada e de classe pobre, que dominou por um longo período de tempo o nordeste brasileiro. Virgulino Ferreira conhecido como Lampião foi um dos maiores líderes da história dos movimentos armados independentes do Brasil.
Os cangaceiros atingiam tanto pessoas pobres como ricas, porém o espírito de liberdade e independência demonstradas pelos integrantes desses grupos ao infringirem as normas da sociedade, iludiam e fascinavam os demais habitantes das regiões do Sertão Nordestino. Muitos destes cangaceiros utilizavam dessa imagem de instrumento de justiça social para justificar seus crimes.
A extinção desse fenômeno foi consequência, sobretudo da mudança das condições sociais no país, das perspectivas de uma vida melhor que se abria para a massa nordestina com a migração para Sul, e das maiores facilidades de comunicação, entre outros fatores.
Os traficantes das grandes favelas brasileiras roubam e matam criando seus próprios protocolos e leis em seus locais de dominância, característica semelhante à dos cangaceiros nordestinos. Foram os cangaceiros que introduziram o sequestro em larga escala no Brasil. Faziam reféns em troca de dinheiro para financiar novos crimes. Caso não recebessem o resgate, torturavam e matavam as vítimas, a tiro ou punhaladas. A extorsão era outra fonte de renda. Essas características são evidentes nas favelas quando relacionadas às milícias. Os cangaceiros corrompiam oficiais militares e autoridades civis, de quem recebiam armas e munição. Um arsenal bélico sempre mais moderno e com maior poder de fogo que aquele utilizado pelas tropas que os combatiam.
Em 2014, morreu o último cangaceiro que fez parte do grupo de Lampião, José Alves de Matos, aos 97 anos.
Encontro
Em uma reportagem feita em 1996, pela Rede Globo, foi feito o encontro histórico entre o ex-cangaceiro Candeeiro II com o ex-Volante J. Panta de Godoy, que matou Lampião e Maria Bonita.
Bando de cangaceiros de Lampeão:
Candeeiro (cangaceiro)
Manoel Dantas Loiola, conhecido como Candeeiro (Buíque, 1916 - Arcoverde, 24 de julho de 2013), foi um cangaceiro, integrante do bando de Lampião.
Biografia
Ingresso no cangaço
Entrou ao cangaço quando a fazenda onde trabalhava, em Alagoas, foi cercada pelo bando de Lampião. Recebeu do próprio comandante o seu apelido, ao se destacar num combate em Angicos, em 1937. Sua principal missão, porém, era entregar cartas aos comerciantes para exigir pagamentos. Também era conhecido como Seu Né.
Morte
Morreu aos 97 anos, num hospital em Arcoverde, onde havia sido internado depois de sofrer um derrame. Deixou esposa e cinco filhos.
Jararaca (cangaceiro)
José Leite de Santana, conhecido por Jararaca (Buíque, 5 de maio de 1901 - Mossoró, 18 de junho de 1927), foi um cangaceiro brasileiro do bando de Lampião.
Biografia
Vida antes do cangaço
Entre 1920 e 1926 foi soldado do exército, pelo qual participou da Revolta Paulista de 1924, sob o comando de Isidoro Dias Lopes.
Ingresso e morte no cangaço
Em 1926, deixou a farda para entrar para o cangaço, embora tenha tido uma participação muito curta. No fracassado ataque a cidade de Mossoró, em junho de 1927, foi preso e "justiçado" (morto sumariamente sem julgamento, após 4 dias de prisão) pelo soldado João Arcanjo.
Representações na cultura popular
Acredita-se que Jararaca é um santo , pois antes de morrer, arrependeu-se dos crimes praticados e depois de morto, credita-se a ele algumas graças alcançadas, portanto, é considerado um santo popular na região de Mossoró.
Durvinha (cangaceira)
Jovina Maria da Conceição Souto (Paulo Afonso, 1915 - Belo Horizonte, 28 de junho de 2008), pseudônimo de Durvalina Gomes de Sá, conhecida também como Durvinha. Foi uma das últimas sobreviventes mulher e integrante do grupo de cangaceiros de Lampião e Maria Bonita.
Biografia
Origem
Durvinha nasceu em Paulo Afonso - BA, filha de um fazendeiro local bem-sucedido que possuía duas propriedades rurais na cidade.
Ingresso no cangaço
Durvinha ingressou no cangaço aos 15 anos, no início dos anos 1930, após proposta do cangaceiro Virgínio Fortunato da Silva, ex-cunhado de Lampião. Diferente de outras mulheres no cangaço que foram
raptadas de suas famílias, Durvinha acompanhou o bando espontaneamente. Entretanto, este fato causou diversos transtornos a sua família, que teve suas propriedades incendiadas pelas forças volantes e foram ameaçados.
pós a morte de Virgínio, casou-se com o cangaceiro José Antônio Souto, nome falso de Moreno (cujo nome de batismo era Antônio Ignácio da Silva).
Durvinha é conhecida pela filmagem de Benjamin Abrahão Botto em 1936, na qual aponta um pequeno revólver para a câmera, ao lado de outros cangaceiros. No documentário "Os últimos cangaceiros", Durvinha fala sobre sua participação nas ações no bando:
- A senhora atirou muito no cangaço? - Não...eu tinha um medo danado de atirar.
Vida após o cangaço
Após a morte de Lampião e a dispersão do bando em 28 de julho de 1938, o casal conseguiu se reunir sem grandes ferimentos na mata. Na época grávida, Jovina teve seu filho Inácio Carvalho Oliveira. Temendo ser encontrados pelas forças volantes, o casal doou o bebê com 30 dias para um padre na cidade de Tacaratu, Pernambuco, visto que o casal estava em fuga e não podia se trajar como cangaceiros ou assumir suas identidades. O casal abandonou as peças de ouro pelo caminho, feito em parte à noite, e caminhou em fuga, de fevereiro a maio de 1940, em direção a Belo Horizonte.Sobreviveu por mais de setenta anos depois de escapar do ataque da Polícia de Alagoas que dizimou parte do bando de Lampião. Usou o nome falso de Jovina durante toda a sua vida após o cangaço, revelando seu passado à família apenas poucos anos antes de seu falecimento.
Faleceu aos 93 anos no estado de Minas Gerais, em decorrência de um acidente vascular cerebral.
Lampião (cangaceiro)
Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, o Rei do Cangaço (Serra Talhada, 4 de junho de 1898 — Poço Redondo, 28 de julho de 1938), foi um cangaceiro brasileiro que atuou na região do sertão nordestino do Brasil. Segundo o biógrafo Cicinato Ferreira Neto, o apelido "Lampião" foi lhe dado devido ter facilidade em manejar o rifle, "que, de tanto atirar, mais parecia um candeeiro aceso nas escuras noites da caatinga”.
Lampião foi provavelmente o líder banditista de maior sucesso do século XX. Por parte das autoridades este simbolizava a brutalidade, uma doença que precisava ser cortada. Para uma parte da população sertaneja, ele encarnou valores como a bravura, o heroísmo e o senso da honra. Por conta disso, suas façanhas o transformaram em um herói popular no Brasil, principalmente na região nordeste do país, rendendo-lhe uma reputação equivalente ao contraventor norte-americano Jesse James e ao revolucionário mexicano Pancho Villa.
Biografia
Origem
Lampião tinha o hábito de ler jornais, inclusive O Globo Virgulino Ferreira da Silva, 1927
Há controvérsia sobre a data de nascimento de Lampião. As mais citadas são:
• 4 de junho de 1898: data que consta em sua certidão de batismo, uma das mais citadas na literatura de cordel. Este dia é geralmente aceito por muitos devido ao costume das regiões do semiárido de primeiro batizar as crianças e registrá-las tempos depois, devido a um misto de religiosidade e desconfiança em relação ao poder civil constituído e a um "enquadramento administrativo" por parte deste.
• 12 de fevereiro de 1900: data dada segundo Antônio Américo de Medeiros pelo próprio Lampião em entrevista ao escritor cearense Leonardo Mota, em 1926, em Juazeiro do Norte.
• A questão de sua data de nascimento torna-se ainda mais relevante no contexto em que se instituem datas comemorativas em seu nome (18 de julho), e 7 de julho, que corresponde ao dia do seu registro civil, como o "Dia do Xaxado", pelo projeto da Câmara Municipal de Serra Talhada.
Perfil
Nascido na cidade de Vila Bela, atual Serra Talhada, no semiárido do estado de Pernambuco, foi o terceiro filho de José Ferreira dos Santos e Maria Sucena da Purificação.
Até os 21 anos de idade trabalhou como artesão. Era alfabetizado e usava óculos para leitura, características bastante incomuns para a região sertaneja e pobre onde ele morava. Uma das versões a respeito de seu apelido é que sua capacidade de atirar seguidamente, iluminando a noite com seus tiros, fez com que recebesse o apelido de lampião.
Sua família travava uma disputa com outras famílias locais, geralmente por limites de terras, até que seu pai foi morto em confronto com a polícia em 1919. Virgulino jurou vingança, e junto de mais dois irmãos, passou a integrar o grupo do cangaceiro Sinhô Pereira.
Em 1922 Sinhô Pereira abandonou o cangaço e passou a liderança de seu bando para Lampião. A primeira ação do bando comandado por Lampião foi invadir a cidade de Belmonte, Pernambuco, e assassinar o coronel e comerciante Luiz Gonzaga Lopes Gomes Ferraz. Após o ataque a Belmonte, o bando de Lampião foi visto entrando no estado de Alagoas. As ações do bando de Lampião passaram a ocorrer além das divisas de Pernambuco, chegando aos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, de forma que em janeiro de 1923 os chefes de polícia destes estados se reuniram pela primeira vez para discutir a criação de uma força-tarefa conjunta de combate ao cangaço.
Lampião e seu bando cruzaram a divisa de Alagoas com Pernambuco em junho de 1923 e atacaram o povoado de Belém de São Francisco, próximo a Salgueiro, roubando mercadorias no valor de um conto de réis. Além disso, sitiaram Salgueiro provocando a paralisação do comércio e o desabastecimento da cidade. Posteriormente atravessaram a divisa estadual e ingressaram no Ceará, onde o bando possuía apoio político.
Em julho, Lampião atravessa Pernambuco e invade o estado de Alagoas saqueando várias fazendas. Inicialmente as autoridades reagiram tentando perseguir o bando de Lampião a cada relato de sua presença, porém às custas de deixar cidades menores do interior nordestino desguarnecidas. Isso facilitava ataques, quando Lampião despistava a polícia através de mensagens de telégrafo noticiando sua presença em certas cidades que mobilizam grandes contingentes enquanto ele atacava cidades menos guarnecidas.
Com isso, os governos da Paraíba e Pernambuco (posteriormente os demais estados aderiram) criaram forças policiais móveis. Chamadas popularmente de "Volantes", essas forças passaram a ter permissão para entrar em estados vizinhos em busca de Lampião e seu bando. Em uma dessas missões em julho de 1925, uma força volante da Paraíba composta de dezenove homens comandados pelo sargento José Guedes combateu parte do bando de Lampião, formado por quinze cangaceiros, na fazenda Serrote Preto (localizada entre Pernambuco e Alagoas). No combate foi morto, Levino, irmão de Lampião.
Além do grupo principal, Lampião tinha o comando de diversos subgrupos paralelos, designando outros cangaceiros à frente, a exemplo de Corisco e Antonio de Engracia.
Lampião, Maria Bonita e grupo de cangaceiros (1936)
Encontro do fotógrafo Benjamin Abrahão Botto com Lampião e seu bando
Em 1930 se junta afetivamente a Maria Bonita na Bahia. No mesmo ano, aparece no jornal The New York Times. Em 1936, seu cotidiano na caatinga é fotografado e filmado por Benjamin Abrahão Botto.
Durante quase 20 anos, Lampião viajou com seu bando de cangaceiros, todos a cavalo e em trajes de couro, chapéus, sandálias, casacos, cintos de munição e calças para protegê-los dos arbustos com espinhos típicos da vegetação caatinga. Para proteger o "capitão" (como Lampião era chamado) e realizar ataques a fazendas e municípios, todos usavam sempre um poder bélico potente. Como não existiam contrabandos de armas para se adquirir, as mesmas eram, em sua maioria, roubadas da polícia e de unidades paramilitares. A espingarda Mauser e uma grande variedade de pistolas semiautomáticas e revólveres também eram adquiridos durante confrontos. A arma mais utilizada era o rifle Winchester. O bando chamava os integrantes das volantes de "macacos" - uma alusão ao modo como os soldados fugiam quando avistavam o grupo de Lampião: "pulando"
Lampião e seu bando atacaram fazendas e cidades em sete estados além de praticar roubo de gado, saques, sequestros, assassinatos, torturas, mutilações e estupros. Sua passagem causava terror e indignação nos moradores, fato citado amplamente na imprensa local:
“Não é uma vergonha o que se está passando ou melhor dizendo continua a ocorrer em o nordeste brasileiro? E os poderes públicos, que garantia offerecem ao sertanejo infeliz e batido por todas as calamidades? Até os magistrados já não escapam às sortidas de Lampeão. (...) Eis porque o sertanejo tem sempre nos lábios uma expressão de descrença quando se lhe promette a applicação de providencias no sentido de desinfestar o sertão das hordas de cangaceiros horríveis que tornam a região a mais infeliz do mundo”.[21]
Apesar disso, Lampião e seu bando eram frequentemente protegidos por coiteiros, conhecidos como fazendeiros, pequenos sitiantes ou mesmo autoridades locais que ofereciam abrigo e alimentos aos
bandos por um curto espaço de tempo nos limites de suas terras, facilitando o deslocamento dos cangaceiros pelo Nordeste e sua fuga das forças volantes do Estado.
Vida pessoal
Sua companheira, Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Déa ou como Maria Bonita conforme apelidada pela imprensa, juntou-se ao bando em 1930, sendo a primeira das mulheres a integrá-lo.
Virgulino e Maria Déa tiveram uma filha, Expedita Ferreira Nunes, nascida em 13 de setembro de 1932. O casal teria tido ainda dois natimortos.
Religião
Era devoto de Padre Cícero e respeitava as suas crenças e conselhos. Os dois se encontraram uma única vez, no ano de 1926, em Juazeiro do Norte.
Morte
Cruzes marcando o local da morte de Lampião e seu bando, em Poço Redondo, Sergipe
As cabeças dos cangaceiros incluindo Lampião (no primeiro degrau) e Maria Bonita (ao centro, no segundo degrau) na cidade de Piranhas em Alagoas
No dia 27 de julho de 1938, o bando acampou na fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. A volante chegou tão silenciosamente que nem os cães perceberam. Por volta das 5:00 h do dia 28, os cangaceiros levantaram para rezar o ofício e se preparavam para tomar café; quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.
Não se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais seguro, o bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os policiais do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues
da Silva abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa.
O ataque durou cerca de vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos trinta e quatro cangaceiros presentes, onze morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais apreenderam os bens e mutilaram os mortos. Apreenderam todo o dinheiro, o ouro e as joias.
A força volante, de maneira bastante desumana para os dias de hoje, mas seguindo o costume da época, decepou a cabeça de Lampião. Maria Bonita ainda estava viva, apesar de bastante ferida, quando foi degolada. O mesmo ocorreu com Quinta-Feira, Mergulhão (os dois também tiveram suas cabeças arrancadas em vida), Luís Pedro, Elétrico, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete (2) e Macela. Um dos policiais, demonstrando ódio a Lampião, desfere um golpe de coronha de fuzil na sua cabeça, deformando-a. Este detalhe contribuiu para difundir a lenda de que Lampião não havia sido morto e escapara da emboscada, tal foi a modificação causada na fisionomia do cangaceiro. "Feito isso, salgaram os seus troféus de vitória e colocaram em latas de querosene, contendo aguardente e cal." Os corpos mutilados e ensanguentados foram deixados a céu aberto, atraindo urubus. Para evitar a disseminação de doenças, dias depois foi colocada creolina sobre os corpos. Como alguns urubus morreram intoxicados pela creolina, este fato ajudou a difundir a crença de que eles haviam sido envenenados antes do ataque, com alimentos entregues pelo coiteiro traidor.
O Memorial da Resistência localizado em Mossoró no Rio Grande do Norte é um museu que retrata a história da luta da cidade nordestina ao resistir à invasão do bando de Lampião
Percorrendo os estados nordestinos, o coronel João Bezerra exibia as cabeças - já em adiantado estado de decomposição - por onde passava, atraindo uma multidão de pessoas. Primeiro, os troféus estiveram em Piranhas, onde foram arrumados cuidadosamente na escadaria da Prefeitura, junto com armas e apetrechos dos cangaceiros, e fotografados. Depois, foram levados a Maceió e ao sudeste do Brasil.
No IML de Aracaju, as cabeças foram observadas pelo médico Dr. Carlos Menezes. Depois de medidas, pesadas e examinadas, os criminalistas mudaram a teoria de que um homem bom não viraria um cangaceiro, e que este deveria ter características sui generis. Ao contrário do que pensavam, as cabeças não apresentaram qualquer sinal de degenerescência física, anomalias ou displasias, tendo sido classificadas, pura e simplesmente, como normais.
Do sudeste do País, apesar do péssimo estado de conservação, as cabeças seguiram para Salvador, onde permaneceram por seis anos na Faculdade de Odontologia da UFBA. Lá, tornaram a ser medidas, pesadas e estudadas, na tentativa de se descobrir alguma patologia. Posteriormente, os restos mortais ficaram expostos no Museu Antropológico Estácio de Lima localizado no prédio do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, em Salvador, por mais de três décadas.
Durante muito tempo, as famílias de Lampião, Corisco e Maria Bonita lutaram para dar um enterro digno a seus parentes. O economista Sílvio Bulhões, filho de Corisco e Dadá, em especial, empreendeu muitos esforços para dar um sepultamento aos restos mortais dos cangaceiros e parar, de uma vez por todas, a macabra exibição pública. Segundo o depoimento do economista, dez dias após o enterro de seu pai, a sepultura foi violada, o corpo foi exumado, e sua cabeça e braço esquerdo foram cortados e colocados em exposição no Museu Nina Rodrigues.
O enterro dos restos mortais dos cangaceiros só ocorreu depois do Projeto de Lei nº 2.867, de 24 de maio de 1965. Tal projeto teve origem nos meios universitários de Brasília (em particular, nas conferências do poeta Euclides Formiga), e as pressões do povo brasileiro e do Clero o reforçaram. As cabeças de Lampião e Maria Bonita foram sepultadas no dia 6 de fevereiro de 1969. Os demais integrantes do bando tiveram seu enterro uma semana depois.
Cronologia
• 15 de julho de 1895 – Nasce Antônio Ferreira da Silva, que se tornaria o cangaceiro Antônio Ferreira. Seus pais eram Maria Lopes de Oliveira, conhecida como dona "Maria Jacosa", e Venâncio Nogueira, seu patrão.
• Venâncio Nogueira doa a ele o sítio Passagem das Pedras, no riacho São Domingos, em Serra Talhada, Pernambuco.
• José Ferreira da Silva, conhecido como "Zé Ferreira" e natural da fazenda Carro Quebrado, em Triunfo - PE, casa-se com "Maria Jacosa" e assume a paternidade da criança.
Cartaz distribuído pelo governo baiano, em 1930, oferecendo a recompensa de 50 contos de réis pela captura de Lampião
• 7 de novembro de 1896 — Nasce Levino Ferreira da Silva, o cangaceiro Vassoura, primeiro filho biológico de Zé Ferreira com Maria Jacosa.
• 4 de junho de 1898– Nasce Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, no sítio Passagem das Pedras, em Serra Talhada, Pernambuco.
• 8 de março de 1911 — Nasce Maria Gomes de Oliveira, vulgo Maria Bonita, na fazenda Malhada Caiçara, em Paulo Afonso, na Bahia. Seus pais eram José Felipe e Maria Joaquina da Conceição, conhecida como Maria Dea. Alguns estudiosos do cangaço revelam que não há certeza sobre a data de nascimento de Maria Bonita, e também que ela não seria filha de José
Felipe, mas de um senhor chamado Agripino, ex-namorado de Maria Dea. Segundo o pesquisador Valdir de Moura Ribeiro, o nascimento de Maria Bonita foi em 10 de janeiro de 1910.
• 1916 — Zé Caboclo é preso pelo inspetor Manoel Lopes sob a acusação de roubo de bodes. Os irmãos Ferreira (Antônio, Levino e Virgulino) também são acusados do crime por Domingos Rodrigues, pagando a ele uma indenização financeira.
• Após este incidente, foram encontrados dois chocalhos pertencentes a Zé Saturnino nas vacas dos Ferreiras. Zé Saturnino então pega três chocalhos dos Ferreiras e coloca em vacas suas.
• O jovem Virgulino pega um burro pertencente a Zé Saturnino, que acusa os Ferreiras de ladrões. Virgulino Ferreira, ofendido, manda ele ir buscar o burro em sua casa, e então mata nove reses de Zé Saturnino.
• Saturnino foi falar com Zé Ferreira, arbitrariamente proibindo seus filhos de cuidar do rebanho em campo. Esta ordem de Saturnino não foi acatada pelos irmãos Ferreira, e eles foram emboscados por Saturnino na fazenda Pedreira, em Lagoa da Água Branca. Nesta ocasião Antônio Ferreira, o irmão mais velho de Virgulino, foi ferido.
• Zé Ferreira foi então até Serra Talhada (PE) pedir ajuda ao Coronel Antônio Timóteo de Lima, latifundiário pertencente à mesma corrente política da família Nogueira (Venâncio Nogueira era o pai biológico de Antônio Ferreira). No entanto, nenhuma providência foi tomada.
• Quelé do Cipó, parente de Zé Saturnino tentou apaziguar a questão, propondo reconciliação entre Saturnino e os Ferreira, mas Zé Saturnino não quis saber de qualquer tentativa de acordo.
• 5 de agosto de 1917 — É fundado o povoado de Nazaré do Pico, distrito de Floresta - PE.
• 1917 — Na tentativa de evitar mais conflitos, Zé Ferreira, homem calmo e sensato, vende suas terras e vai morar na fazenda Poço do Negro, próximo ao povoado de Nazaré do Pico, em Floresta, Pernambuco.
• 10 de fevereiro de 1918 — Zé Saturnino vai buscar um dinheiro em Nazaré do Pico, quebrando um acordo de não ir à cidade onde a família Ferreira morava. Ele então é emboscado por Virgulino e seu primo Domingos Paulo. No dia seguinte Zé Saturnino, acompanhado por 15 homens, cerca a fazenda Poço do Negro, residência dos Ferreira. No conflito, um dos homens de Saturnino é baleado, o cabra Zé Guedes.
• 1919 — Nazaré do Pico é invadida por Jacinto Alves de Carvalho. Virgulino, agora chamado de Lampião, defende o povoado.
• José Alves Nogueira, tio de Zé Saturnino, é emboscado por Virgulino Lampião. João Flor, padrinho de Virgulino, vai até o local do embate, pensando que era Jacinto novamente atacando o povoado. Contudo, ele descobre que o ato fora cometido por seu próprio afilhado, iniciando um atrito entre ele e os Ferreira.
• Levino Ferreira da Silva dá um tiro no canto da rua e Odilon Flor, filho de João Flor, revida, quase atingindo Lampião na cabeça. Começa o tiroteio e Levino é ferido e vai até a casa de Chico Euzébio, onde é preso e levado para Floresta. Levino é solto e os Ferreiras vão embora para Água Branca, em Alagoas.
• 1920 - Lampião junta-se ao cangaceiro Antônio Matilde e ataca por diversas vezes a fazenda Pedreira, pertencente a Zé Saturnino. Dos cabras que acompanhavam Lampião, podemos destacar os cangaceiros Antônio Ferreira, Levino Ferreira (Vassoura), Antônio Rosa, Baião, Manoel Tubiba, Cajazeira, Baliza, Zé Benedito, Olímpio Benedito e Manoel Benedito.
• Ze Saturnino vendo prejuízos a seu gado e à sua fazenda, procurou seu tio, o famoso cangaceiro Cassimiro Honório, que
trouxe vários cabras para defesa da fazenda do sobrinho. Lá, alguns combates com o bando de Lampião foram travados. Entres os cabras de Ze Saturnino podemos citar Nego Tibúrcio, Zé Guedes, Zé Caboclo, Vicente Moreira, Batoque e o famoso Marcula.
• Maio de 1920 — Em Alagoas, Zé Ferreira manda o filho João Ferreira comprar remédio para um sobrinho doente. O delegado Amarílio prende João Ferreira, como isca para tentar prender seus irmãos foragidos.
• Maria Jacosa, mãe de Lampião, fica preocupada e resolve ir embora da região. Ela adoece e morre na fazenda Engenho de Luiz Fragoso. Dezoito dias após sua morte, Zé Ferreira, pai de Lampião, Antônio e Vassoura, é morto pelo tenente José Lucena de Albuquerque Maranhão e os irmãos Ferreira resolvem entrar de vez na vida do cangaço.
• 1921- Os Ferreira entram no grupo dos Purcinos e matam o viajante Arthur Pinto. O tenente Zé Lucena vai até Poço Branco (AL), onde trava tiroteio com o grupo dos Purcinos. O cangaceiro Gafanhaque é morto. Nesse ano os Ferreiras e os Purcinos matam ainda 6 irmãos da família Quirino, de Júlio Batista.
• Junho de 1921 — Os Ferreiras entram no grupo de Sebastião Pereira e Silva, vulgo Sinhô Pereira, cangaceiro famoso de Serra Talhada - PE.
• 8 de agosto de 1921 — Combate na centenária fazenda Carnaúba, em Serra Talhada (PE), entre Sinhô Pereira e capitão Zé Caetano sendo morto o cangaceiro Luiz Macário, e vitória da força volante.
• Setembro de 1921 — Combate na fazenda Feijão entre Sinhô Pereira e tenente João Marques de Sá. Vitória dos cangaceiros sem morte nenhuma.
• Outubro de 1921 — O bando de Sinhô Pereira e Lampião vai para o Ceará, onde travam combate na fazenda Mandaçaia, não
sofrendo nenhuma baixa em ambas as partes. Quatro dias depois travam combate na vila de Coité morrendo um soldado e saindo dois bandidos feridos. Depois houve outro combate onde foi morto o cangaceiro Pitombeira e saíram feridos o cangaceiro Lavandeira e dois soldados.
• 23 de junho de 1922 — Lampião assalta a fazenda da Baronesa de Água Branca, na cidade de Água Branca (AL), roubando aí grande quantia em dinheiro, sendo pela primeira vez comandante de um grupo próprio.
• 18 de julho de 1922 — Combate em Poço da Areia (AL) contra a força de 120 soldados do tenente Medeiros, além de parte da família Quirino. Baixas após assalto: O sargento Agapito e dois soldados, contra 20 cangaceiros de Lampião. Neste combate saiu gravemente ferido o cangaceiro Fiapo I, sendo morto por Lampião depois.
• Agosto de 1922 — Devido aos pedidos da família, o cangaceiro Sinhô Pereira vai embora da fazenda Preá, no Ceará, com destino a Goiás, para juntar-se ao primo e ex-cangaceiro Luiz Padre.
• 20 de outubro de 1922 — Invasão de São José do Belmonte (PE) onde é morto o rico comerciante e chefe político, coronel Luiz Gonzaga Lopes Ferraz. Lampião não tinha nenhuma inimizade com o coronel mas atacou a cidade e matou o comerciante a pedido de Yoyô Maroto, parente de Sinhô Pereira e inimigo político de Gonzaga. Depois disso a viúva vai embora do estado.
• 31 de julho de 1923 — De surpresa, Lampião entra em Nazaré do Pico e vai ao casamento de sua prima e ex-amor de infância Maria Licor Ferreira com Enoque Menezes com o intuito de acabar o casamento sendo repelido pelo padre Kerlhe que pede para ir embora e deixar o casamento acontecer. Ele decide ir embora, mas deixa a ordem para ninguém no povoado dançar.
• 1 de agosto de 1923 — Combate na praça de Nazaré entre Lampião e a força do sargento Sinhorzinho Alencar com a ajuda dos civis nazarenos João Flor, Euclides Flor, Manoel Flor, Davi Gomes Jurubeba, Pedro Gomes de Lira e Zé Saturnino e mais seis homens. Lampião vai embora. Depois desse ocorrido João Flor consegue alistar sua família na Força Volante de Combate ao Banditismo de Pernambuco por influência dos irmãos Pessoa de Queiroz. Tem início a Força de Nazaré, a mais ferrenha perseguidora de Lampião.
• 12 de agosto de 1923 — Combate na fazenda Enforcado, na Serra do Pico, em Floresta (PE) entre o grupo de Lampião e os nazarenos. Saíram feridos o bandido Miguel Piloto e os nazarenos Pedro Gomes de Lira, Olímpio Jurubeba e Adão Thomaz Nogueira.
• 5 de janeiro de 1924 — Lampião invade a cidade de Santa Cruz da Baixa Verde - PE em busca de matar o seu ex-amigo Clementino Quelé. Nesse combate Lampião incendiou 3 casas e foi repelido pela força policial comandada pelo tenente Pedro Malta. Nesse combate morreram Pedro Quelé e Alexandre Cruz, ficando ferido Deposiano Alves Feitosa.
• 11 de janeiro de 1924 — Lampião ataca novamente Santa Cruz da Baixa Verde - PE. Foi repelido por Clementino Quelé, que depois entrou na polícia.
• Janeiro de 1924 — Lampião ataca o povoado de Tupanaci, em Mirandiba - PE onde na ocasião encontrava-se um pequeno grupo de cangaceiros comandados por Tibúrcio Severino dos Santos, vulgo Nego Tibúrcio, ex-cabra de Zé Saturnino e odiado por Lampião. Lampião então entra em combate e mata Tibúrcio e seus cabras, partindo o cangaceiro em vários pedaços e jogando o corpo no meio da rua.
• Março de 1924 — Combate de Lampião na Serra do Catolé, em São José do Belmonte - PE. Lampião é gravemente ferido no pé, sendo cuidado pelo Dr. José Cordeiro e pelo Dr. Severino Diniz,
da cidade de Triunfo - PE. A pedido do padre Kerlhe, pensou em se entregar para a polícia, mas depois voltou atrás e continuou no cangaço.
• 27 de julho de 1924 — Lampião manda um subgrupo com 84 cangaceiros, tendo o comando dos cangaceiros Antônio Ferreira, Levino Ferreira, Sabino Gomes, Paizinho, Meia-Noite e o fazendeiro Chico Pereira atacar e saquear a cidade de Sousa - PB. Tudo na cidade virou alvo de saque, os cangaceiros roubaram o comércio, residências, tendo a cidade um prejuízo incalculável. O principal alvo era o coronel Otávio Mariz, desafeto de Chico Pereira, que fugiu. O juiz Dr. Archimedes Soutto Mayor foi humilhado em praça pública pelo bando. O destacamento local era comandado pelo tenente Salgado, que nada pôde fazer. Depois desse ataque, o coronel Zé Pereira, de Princesa Isabel - PB, nunca mais deu proteção ao cangaceiro.
• 14 de novembro de 1924 — Lampião ateia fogo na casa da fazenda Lagoa do Mato, de Pedro Thomaz Nogueira, sendo perseguido pelos nazarenos Manoel Jurubeba, Manoel Flor, Inocêncio Nogueira e Levino Caboclo até chegar na fazenda Baixas de Antônio Feitosa, em Floresta - PE. Lá houve novo combate entre Lampião, com quinze a 20 bandidos, contra os nazarenos Euclides Flor, Olímpio Jurubeba, Elói Jurubeba, Pedro Lira, Abel Thomaz, Manoel Thomaz e Davi Jurubeba, que saiu ferido no tornozelo. Foram mortos o bandido Manoel de Margarida e os nazarenos Olímpio Jurubeba e Inocêncio Nogueira.
• 11 de fevereiro de 1925 — Lampião entra pacificamente na cidade de Custódia - PE.
• 20 de fevereiro de 1925 — Lampião tenta entrar pacificamente na vila de Espírito Santo, município de Tabira - PE nos dias de hoje, para visitar seu primo Herculano Ferreira, porém é surpreendido por um ataque da Família Gomes dos Santos, importante família do pajeú daquela época com vários
fazendeiros em Serra Talhada, Floresta e na Vila de Espírito Santo Tabira. O ataque foi comandado pelo Tenente Anselmo Saraiva de Moura, vindo de Serra Talhada, que havia comprado uma grande fazenda no Sitio Cajá, tendo trazido a sua família para morar e defender aquela vila.
• 4 de julho de 1925 — Lampião ataca a fazenda Melancia, em Flores - PE. O proprietário Zé Calu é violentado pelo grupo. Em seu socorro vieram os sargentos Imbrain e Zé Guedes, que com trinta soldados vão atrás do grupo, que se aloja na fazenda Barra do Juá, onde são mortos dois cangaceiros. Dali, os cangaceiros vão para o sitio Tenório, em Flores, Pernambuco, onde o soldado Berlamino Morais em pleno combate viu um vulto de cangaceiro em cima de uma pedra gritando e atirando. Belarmino então atira e mata. Era o cangaceiro Levino Ferreira da Silva, irmão de Lampião. No outro dia, ao saber disso, o capitão Zé Caetano e o cabo Pedro Monteiro vão até a fazenda Tenório e encontram os 3 corpos sem as cabeças, prática esta utilizada pelos cangaceiros para dificultar o reconhecimento pela polícia.
• 14 de novembro de 1925 — Combate na fazenda Xique-Xique, em Serra Talhada - PE entre Lampião e a força volante composta de Euclides Flor, Manoel Flor, João Jurubeba, Aurelino Francisco, Hercílio Nogueira, Ildefonso Flor e o rastejador Batoque. Neste combate é morto o soldado Ildefonso Flor. Dois cangaceiros são capturados, Mão Foveira e Cancão.
• 4 de fevereiro de 1926 — Combate na fazenda Caraíbas, em Floresta - PE entre Lampião com sessenta cangaceiros e a força volante do tenente Optato Gueiros com 35 soldados. O tenente Higino Belarmino, o cabo Manoel de Souza Neto e o rastejador Batoque saíram feridos. Foi morto os soldados Aristides Panta, Benedito Bezerra de Vasconcelos e Antônio Benedito Mendes e também 6 cangaceiros de Lampião.
• 18 de fevereiro de 1926 — Ataque de Lampião a Nazaré do Pico com cinquenta cangaceiros. No povoado estavam apenas Lúcio Nogueira, Abel Thomaz, Aureliano Nogueira, Manoel Jurubeba, Gomes Jurubeba e João Jurubeba. Depois chegou Odilon Flor com Euclides Flor, Vicente Grande, Manoel Lira, Antônio Capistrano e Quinca Chico. Lampião recuou que com raiva tocou fogo nas fazendas de Euclides, João Flor, Afonso Nogueira e Praxedes Capistrano.
• 20 de fevereiro de 1926 — A Coluna Prestes passa próximo ao povoado de Nazaré com seiscentos homens sendo perseguida pela força legalista comandada pelo major Otacílio Fernandes, que ao entrar no povoado trocou tiros por engano com os habitantes.
• 23 de fevereiro de 1926 — Lampião ataca a fazenda Serra Vermelha, em Serra Talhada - PE e Antônio Ferreira mata Zé Alves Nogueira, tio de seu inimigo Zé Saturnino. Zé Nogueira havia sido sequestrado pela Coluna Prestes na passagem da mesma pela região e tinha acabado de chegar em casa cansado da violência sofrida pelos revoltosos . Sua morte gerou grande ódio na família Nogueira.
• 12 de março de 1926 — Lampião recebe a patente de capitão do Exército Patriótico de Padre Cícero em Juazeiro do Norte - CE. Lampião tinha bastante respeito e devoção ao padre e sua chegada na cidade foi com festa, sendo até entrevistado. Foi a última vez em que reuniu toda a família para tirar uma foto. Recebeu muita munição e ordens para combater a Coluna Prestes.
• 20 de abril de 1926 — Lampião ataca o povoado de Algodões, que se encontrava com os soldados doentes de malária.
• 3 de julho de 1926 — Lampião ataca as cidades de Cabrobó - PE, Ouricuri - PE e Parnamirim - PE.
• 7 de julho de 1926 — Lampião manda o cangaceiro Sabino Gomes atacar a cidade de Triunfo - PE, saqueando o comércio
local. Houve troca de tiros com a polícia, saindo mortos 2 soldados e o comandante da polícia local.
• 1 de agosto de 1926 — Lampião, com oitenta cangaceiros, ataca a fazenda Serra Vermelha, em Serra Talhada - PE. A família Nogueira, composta do major João Alves Nogueira, do seu filho Neneco e dos seus netos Luiz, Dãozinho, Raimundo e Gentil Nogueira, combate, saindo mortos o cabra Zé Paixão e Antônia, ambos moradores de João Nogueira, este tio-sogro de Zé Saturnino.
• 26 de agosto de 1926 — O cangaceiro Horácio Novaes pede a Lampião para atacar a família Gilo, na fazenda Tapera, em Floresta - PE, por conta de uma mentira que Horácio contou a Lampião sobre o patriarca da família. Lampião então mata 12 pessoas da família e na hora de mostrar uma carta ao patriarca o mesmo responde que não sabe ler e escrever sendo morto na mesma hora por Horácio Novaes. Lampião percebe a mentira de Horácio e ele sai do grupo indo embora para o sul do país.
O JUA, do municipio de Floresta, onde Lampeão matou 127 rezes, cujas ossadas estão visiveis na photographia. Informação presente na Revista da Cidade de 1928, onde mostra os restos mortais das vítimas da chacina protagonizada por Lampião em uma fazenda em Floresta, à dois anos antes
• 2 de setembro de 1926 — Lampião ataca novamente a cidade de Cabrobó - PE.
• 6 de setembro de 1926 — Lampião ataca a Fazenda Saco do Martinho, de propriedade do Tenente Coronel Martinho da Costa Agra Parnamirim - PE, morrendo 2 soldados.
• 16 de setembro de 1926 — Combate na fazenda Tigre, em Itacuruba - PE entre Lampião e o cabo Francisco Liberato. Lampião foi ferido na omoplata e o cangaceiro Moreno no pé. Lampião foi para a Serra da Cunha, em Tacaratu - PE tratar do
ferimento. Lá ficou escondido sobre a proteção do rico fazendeiro Ângelo Gomes de Lima, o Anjo da Gia.
• 11 de novembro de 1926 — Combate na fazenda Favela, em Floresta - PE entre Lampião e a força volante comandada pelo cabo Manoel de Souza Neto e o sargento Zé Saturnino. A força recuou, morrendo 5 soldados, sendo um deles João Gregório Ferraz Neto, da família nazarena. Do lado dos cangaceiros morreram cinco bandidos. Após o combate o capitão Muniz de Farias chegou à fazenda e mandou tocar fogo em tudo por ter raiva do dono da fazenda.
• 25 de novembro de 1926 — Lampião sequestra o viajante Mineiro Dias e vai até a Serra Grande, em Serra Talhada - PE. Nessa serra acontece o maior combate entre cangaceiros e a polícia. Participam do combate o major Theófanes Ferraz Torres, tenente Higino Belarmino, tenente Sólon Jardim, sargento Arlindo Rocha, cabo Manoel Neto, despedaçam Euclides Flor e mais 400 homens. Lampião, do alto da serra, ataca e mata onze da polícia e deixa onze feridos, entre eles Manoel Neto e Arlindo Rocha. De Lampião apenas Antônio Ferreira foi baleado.
• 25 de dezembro de 1926 — Por conta do ferimento e da falta de munição, gasta no combate da Serra Grande, os cangaceiros Antônio Ferreira, Luiz Pedro, Jurema e Biu vão até a fazenda Poço do Ferro, em Tacaratu - PE, pertencente ao coiteiro Ângelo Gomes de Lima. O cangaceiro Luiz Pedro estava limpando uma arma e acabou dormindo. Antônio Ferreira, em ato de brincadeira, balança a rede para acordá-lo e a arma dispara acidentalmente, atingindo Antônio Ferreira. Lampião é chamado até a fazenda. Chegando lá encontra Antônio ainda vivo e isenta Luiz Pedro de culpa. Logo depois, morre o cangaceiro Antônio Ferreira, seu irmão.
• Fevereiro a abril de 1927 — Lampião manda um subgrupo comandado pelo cangaceiro Jararaca atacar uma série de
cidades no estado de Pernambuco, assaltando o comércio local, fazendas e veículos de mercadorias, além de matar moradores que se opuseram à presença do bando.
• 15 de maio de 1927 — O grupo de Lampião passa pelo município de Luís Gomes - RN, na comunidade de Fazenda Nova, onde atacou e saqueou a casa do Coronel Antônio Germano. A tradição oral conta que o bando não subiu a serra porque Virgulino era devoto de Senhora Sant'Ana, padroeira da freguesia.
• 15 de maio de 1927 — Lampião tenta entrar na cidade de Uiraúna - PB com 35 cabras, sendo repelidos pela força policial comandada pelo tenente Nelson Furtado Leite e mais 14 homens. O combate durou cerca de uma hora, saindo vencedora a força policial, que perdeu apenas um soldado.
• 13 de junho de 1927 — Lampião ataca a cidade de Mossoró - RN. O bando de Lampião foi dividido em vários subgrupos comandados pelos cangaceiros Sabino Gomes, Massilon Leite, Jararaca e Luiz Pedro. A cidade estava totalmente organizada tendo à frente o prefeito Rodolfo Fernandes, que distribuiu seu pessoal nas 4 torres da cidade, que àquela altura era a segunda maior do estado. Lampião sofreu sua maior derrota. O cangaceiro Jararaca foi preso e enterrado vivo. Mossoró saiu vencedora.15 de junho de 1927 — Lampião, em fuga do combate de Mossoró, sequestra a senhora Maria Rocha e o senhor Antônio Gurgel, pedindo 80 contos de réis. Para isso ele vai até a cidade de Limoeiro do Norte, no Ceará, sendo recebido pacificamente pelo juiz Custódio Saraiva, que passou telegrama sobre o resgate do sequestro, que não chegou. Lampião dormiu na cidade e depois foi embora.
• 17 de junho de 1927 — Combate entre Lampião e a Força Volante na Serra da Micaela, em Jaguaribara - CE. Lampião com 42 homens e a policia com 815 homens comandados pelo major Moisés Leite de Figueiredo, cunhado do major Isaías Arruda,
este velho coiteiro de Lampião. Apesar de no combate terem sido mortos dois soldados e um saído ferido, o major Moisés, com grande número de policiais, foi acusado de covardia pelo tenente Joaquim Teixeira de Moura.
• 7 de julho de 1927 — Lampião, em fuga de Mossoró, passa um bom tempo na Serra do Coxá, em Milagres - CE. Depois de alguns dias saiu e foi para a casa de Zé Cardoso na fazenda Ipueiras, em Aurora - CE. Lá era coito de seu velho amigo Isaías Arruda, o que fez Lampião confiar. Chegando nessa fazenda Lampião almoçou e logo depois o dono ofereceu 8 cabras para participar do bando, o que foi recusado por Lampião desconfiado de traição. Realmente estava combinada entre o major Moisés e seu cunhado Isaías Arruda essa estratégia. Lampião resolve ir embora, sendo atacado pelo major Moisés com quinze soldados.
• 9 de julho de 1927 — Lampião passa pelo Morro Dourado, em Milagres - CE em rumo a cidade de Santa Inês - PB.
• 27 de março de 1928 — Lampião vai até a fazenda Batoque, em Jati - CE do coiteiro Antônio da Piçarra. A Força de Nazaré entra no estado cearense. O cangaceiro Sabino Gomes conversava ao pé de uma fogueira quando é atingido na boca por Hercílio Nogueira, dos nazarenos. Lampião bate em retirada, sendo perseguindo pela polícia. Duas semanas depois, não aguentando ver tanto sofrimento com o ferimento de Sabino, o cangaceiro Mergulhão a pedido mata Sabino com um tiro de misericórdia.
• 21 de agosto de 1928 — Lampião atravessa de canoa o Rio São Francisco, entrando no estado da Bahia com os cangaceiros Luiz Pedro, Ezequiel Ferreira, Moreno, Virgínio Moderno e Mergulhão.
• 26 de agosto de 1928 — Lampião entra na cidade de Bonfim, Bahia. Houve pequeno combate com a força do tenente Manoel Neto.
• 1 de março de 1929 — Lampião entra pacificamente na cidade de Carira, Sergipe.
• 25 de novembro de 1929 — Lampião entra em Nossa Senhora das Dores - SE. De lá vai de carro até a cidade de Capela - SE. Lá visita o comércio local, assiste a um filme no cinema e recolhe dinheiro com os comerciantes locais.
• 16 de dezembro de 1929 — Lampião entra na cidade de Pombal - BA.
• 22 de dezembro de 1929 — Lampião entra em Queimadas - BA. Lá, ele assaltou a casa de João Lantyer de Araújo Cajahyba, cortou os fios do telégrafo e sequestrou os telegrafistas Joaquim Cavalcante e Manoel Evangelista, pelos quais recebeu o resgate de 500 mil réis. Depois, foi até a cadeia e prendeu o sargento Evaristo Costa e outros 7 soldados. Foi almoçar e depois voltou para a cadeia e soltou todos os presos. Mandou os todos os 7 soldados ajoelharem e matou um por um. Pela noite, saqueou o comércio, conseguindo 20 contos de réis. Foi ao cinema da cidade e depois mandou fazer um baile.
• 23 de dezembro de 1929 — Lampião invade a cidade de Quijingue, Bahia. Lá ele fez um baile e deu dinheiro para o povo.
• 25 de dezembro de 1929 — Lampião ataca a cidade de Mirandela, Bahia. A força policial comandada por Francisco Guedes de Assis repele o ataque, travando pequeno combate no qual são mortos os civis Manoel Amaral e Jeremias Dantas e mais um soldado. Nesse combate é ferido o cangaceiro Luiz Pedro. Lampião então entra na cidade e saqueia o comércio local.
• 1930 — Lampião passa por Nossa Senhora das Dores em Sergipe pela segunda vez, onde seu bando cometeu atrocidades como a morte de um rapaz que apresentava problemas mentais e a castração de Pedro Batatinha, que vinha da Malhada dos Negros a fim de arrancar um dente que muito o afligia e foi mutilado pelos cangaceiros Fortaleza e Cajueiro na presença de
Lampião — que testemunhou indiferente o ato e em seguida arrancou parte da orelha da vítima.
• 4 de junho de 1930 — Lampião ataca trabalhadores de uma estrada de ferro próxima a Juazeiro - BA, matando 35 reféns e causando fuga dos moradores da cidade para a vizinha Petrolina - PE.
• 17 de agosto de 1930 — Lampião ataca a localidade de Tucano - BA, matando um tenente, um sargento e dois praças.
• 17 de outubro de 1930 — Lampião ataca a cidade de Simão Dias - SE. Invadiu casas, saqueou o comércio local e humilhou alguns moradores, levando a morte à esposa do latifundiário Martinho Ferreira Matos, que estava de resguardo quando foi violentada por Lampião.
• dezembro de 1930 — Lampião conhece Maria Bonita, casada com o sapateiro Zé de Neném. Ela já era apaixonada pelo cangaceiro e fugiu com ele deixando uma carta para o ex-marido. Foi a primeira mulher a participar do cangaço.
• 24 de maio de 1931 — Combate em Tanque do Touro entre o bando de Lampião e o tenente Arsênio. Nesse combate, a cangaceira Dadá, esposa de Corisco, tem um filho que nasce em pleno tiroteio. A criança, de nome Josafá, morre dois meses depois.
• Junho de 1931 — Ataque surpresa de Lampião à contingente da polícia baiana leva à morte de 18 soldados, com exceção do oficial Tenente Arsênio de Souza, que apesar de sobreviver, sofre agressões.[31]
• 28 de julho de 1931 — O Governo da Bahia contrata a Força de Nazaré, comandada pelo tenente Manoel de Souza Neto, para combater Lampião naquele estado. Faziam parte daquela força o sargento Davi Jurubeba, Euclides Flor, Manoel Flor, João Gomes de Lira, Pedro Gomes de Lira, Herculano Nogueira, João Cavalcanti, Vicente Grande, Henrique Gregório e Antônio Capistrano, tudo gente do povoado.
• 6 de setembro de 1931 — Combate na fazenda Aroeiras, em Glória - BA entre Lampião e a força volante do tenente Manoel Neto, com quinze soldados. Neste combate acontece episódio épico em um riacho onde Manoel Neto e o famoso cangaceiro Corisco ficam frente a frente, tendo o cangaceiro fugido em disparada. Não houve baixas nesse combate.
• 5 de janeiro de 1932 — Lampião invade a cidade de Canindé - SE. Nesta cidade, violenta várias moças e saqueia o comércio local.
• 8 de janeiro de 1932 — Lampião encontra-se com 32 cangaceiros na fazenda Maranduba, em Poço Redondo - SE. A força do tenente Manoel Neto, com 100 soldados, vai em perseguição, travando grande combate. Na frente da força estavam os soldados João Cavalcanti e Hercílio Nogueira, que tombaram mortos. Adalgísio Nogueira, irmão de Hercílio, tentou socorrer e também foi alvejado, morrendo no local. Foi o maior combate de Lampião na Bahia. A força recuou com seis soldados mortos e 12 feridos. Os cangaceiros perderam 3 cabras e um outro que de tão ferido Lampião matou.
• 20 de janeiro de 1932 — Lampião invade a cidade de Olindina - BA.
• 22 de abril de 1932 — Lampião trava combate na fazenda Caldeirão contra força do tenente Abdon Menezes e Manoel Neto.
• 11 de agosto de 1932 — Combate entre o bando de Lampião e o tenente Ladislau na fazenda Cajazeira, em Cipó - BA. Após ferir um soldado, o bando foge deixando cavalos e munição para trás.
• 13 de setembro de 1932 — Nasce Expedita Ferreira Nunes, filha de Lampião e Maria Bonita em Porto da Folha - SE.
• Janeiro de 1935 — Durante viagem de caminhão na divisa entre Alagoas e Pernambuco, fazendeiros são saqueados pelo grupo de Lampião, composto na ocasião por oito homens e três mulheres.
• 23 de outubro de 1937 — Um subgrupo de Lampião, comandado por Corisco e Gato ataca violentamente a cidade de Piranhas - AL. O intuito era resgatar a cangaceira Inacinha, companheira de Gato.
• 27 de julho de 1938 — Bando de Lampião é atacado por volante, com morte de onze cangaceiros incluindo Lampião e Maria Bonita.
Representações na cultura popular
Compositor
"Mulher Rendeira" é um antigo tema popular, muito cantado nos sertões nordestinos ao tempo de Lampião, e cuja origem é controversa. Segundo a versão mais conhecida do padre Frederico Bezerra Maciel, regionalista pernambucano e biógrafo de Lampião, o mesmo teria escrito os versos da versão original da música. A ele se acrescenta Câmara Cascudo, segundo o qual Lampião teria feito escrito a letra em homenagem ao aniversário de sua avó d. Maria Jocosa Vieira Lopes ("Tia Jacosa") em 15 de setembro, que era uma rendeira. Compôs a música entre setembro de 1921 e fevereiro de 1922, quando apresentou a música em Floresta (Pernambuco). A música tornou-se praticamente um hino de guerra dos cangaceiros do bando de Lampião, tendo inclusive relatos de que o seu ataque a Mossoró em 1927 teria sido feito com mais de 50 cangaceiros cantando "Mulher Rendeira".
Por isso foi incluído no premiado filme "O Cangaceiro", de Lima Barreto, que o celebrizou no país e no exterior. Na ocasião, sofreu uma adaptação do compositor Zé do Norte (Alfredo Ricardo do Nascimento), autor de outras músicas do filme, que manteve a sua estrutura original. Há também uma gravação de um antigo cabra do bando de Lampião, o cangaceiro Volta Seca.
Música
• "Cangaceiro", música da banda Soulfly. A letra trata explicitamente sobre Lampião: "Sou Lampião, sou bandido, eu sei que algum dia minha cabeça vão degolar." (1998)
• "Ratamahatta", música da banda Sepultura. Cita Lampião junto com Zumbi dos Palmares e Zé do Caixão como personagens brasileiros (1996)
• "Candeeiro Encantado", música de Lenine, faz alusão a Lampião
• "O Encontro de Lampião com Eike Batista", música da banda El Efecto
• "Acende Lampião", música da banda T-Remotto
Literatura
• Capitães da Areia, romance de Jorge Amado (1937), faz citações a Lampião
Cinema e Televisão
• O Cangaceiro, dirigido por Lima Barreto (1953)
• A Morte Comanda o Cangaço, filme brasileiro dirigido por Carlos Coimbra(1960)
• O Lamparina, produzido por Mazzaropi e dirigido por Glauco Mirko Laurelli (1963)
• Lampião, o Rei do cangaço, filme dirigido por Carlos Coimbra(1964)
• Corisco, o Diabo Loiro, direção de Carlos Coimbra (1969)
• Lampião e Maria Bonita, minissérie brasileira produzida pela Rede Globo (1982)
• O Cangaceiro Trapalhão, dirigido por Daniel Filho (1983)
• Corisco e Dadá, dirigido por Rosemberg Cariry(1996)
• Mandacaru, telenovela brasileira produzida pela Rede Manchete (1997)
• Baile Perfumado, dirigido por Lírio Ferreira e Paulo Caldas (1997)
• Canta Maria, dirigido por Francisco Ramalho Jr (2006)
• Cordel Encantado, telenovela brasileira produzida pela Rede Globo (2011)
• Feminino Cangaço, documentário dirigido por Lucas Viana e Manoel Neto (2013)
• A Luneta do Tempo, filme brasileiro dirigido e escrito por Alceu Valença (2016)
• O Cangaceiro do Futuro, série da Netflix (2022)
Teatro
• Lampião no Inferno, musical de 1975, escrito por Jairo Lima, e dirigido por Luiz Mendonça.
• Carnaval
• "O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida" (2023), tema de enredo criado pelo carnavalesco Leandro Vieira para o desfile da escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, sendo campeã do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Baseado em histórias de literatura de cordel sobre Lampião.[
Maria Bonita
Maria Gomes de Oliveira (Paulo Afonso, 17 de janeiro de 1910— Poço Redondo, 28 de julho de 1938), conhecida como Maria de Déa ou Maria Bonita, foi uma cangaceira brasileira. Era a companheira de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião e a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros.
Biografia
Origem
Filha de Maria Joaquina Conceição de Oliveira, conhecida como Dona Déa, e de José Filipe Gomes de Oliveira, Maria nasceu e cresceu em uma família humilde, no povoado de Malhada da Caiçara, que atualmente se localiza no município Paulo Afonso,
na época pertencente ao município de Santo Antônio de Glória, atualmente conhecido como Glória, no sertão baiano.
Primeiro Casamento
Aos quinze anos, em um matrimônio arranjado pelas famílias, casou-se com seu primo, o sapateiro Zé de Neném.
O relacionamento era conturbado, e Maria sofria em um matrimônio infiel, com constantes agressões do marido alcoólatra. Maria era espancada sempre que contestava as atitudes adúlteras do marido. Por vingança, passou a trair o marido com diversos homens. Um dia, seu matrimônio ruiu de vez, quando Virgulino Ferreira da Silva entrou em sua vida, tendo-se verdadeiramente apaixonado por ele, formando um triângulo amoroso.
União com Lampião e Ingresso no Cangaço
Em 1929, ainda casada, tornou-se a amante de Virgulino Ferreira da Silva, conhecido também como o Lampião. Nesse mesmo ano, decidiu fugir com ele, para fazer efetivamente parte do bando de cangaceiros, assim se tornando a mulher de Lampião, com quem viveria por nove anos. Entre o bando, Maria começou a ser chamada de Maria da Déa, ou Maria do Capitão, e assim a nova cangaceira aprendeu cada lei do bando.
Conhecida por sua beleza e personalidade forte, diferentemente de todas as outras mulheres do cangaço, Maria nunca foi abusada pelos cangaceiros, e tinha diversas regalias. Andava com vestidos de seda, luvas com estampas florais, sandálias e botas de cano curto. Também usava joias caras, broches, portava moedas de prata e enfeites de ouro decoravam seus cabelos. No pescoço e nos pulsos, usava o mesmo perfume francês que Lampião. Quando estava ao lado do marido nos campos de batalha, vestia botas de couro e roupas de algodão.
Constantemente traída por seu companheiro, Maria tinha diversas crises de ciúmes de Lampião, mas o cangaceiro tratava sua esposa com paciência e carinho. Em 1931, inclusive, os dois viajaram para uma
fazenda, a fim de desfrutar da lua de mel que nunca tiveram. Para a jovem cangaceira, no entanto, aquilo não era o suficiente. Diversos relatos afirmam que Maria, por vingança, iniciou um caso extraconjugal com João Maria de Carvalho, um comerciante. Do amante, ela ganhava sapatos, roupas e outros presentes, e Lampião jamais desconfiou, ou Maria pagaria com sua própria vida.
Logo depois de sua lua de mel na fazenda, Maria engravidou. Comprovadamente ela teve uma filha com Lampião, batizada como Expedita Gomes de Oliveira Ferreira, a única reconhecida legalmente, que sob as regras do cangaço, foi entregue para ser criada por um casal de amigos vaqueiros. Saudosa pela filha perdida, Maria amarrou um pano em seus seios cheios de leite para que eles não vazassem mais. Existem, porém, dúvidas sobre o parentesco dos supostos gêmeos Arlindo e Ananias Gomes de Oliveira. Ambos até então considerados filhos de Maria Bonita e Lampião. Outras fontes afirmam que eles eram, na verdade, irmãos caçulas de Maria, Morte
Em 28 de julho de 1938, quando os cangaceiros estavam acampados na Grota de Angicos, em Poço Redondo, no Sergipe, o bando foi atacado de surpresa pela polícia armada oficial, conhecida como volante. Eles foram mortos a tiros e posteriormente, degolados, Maria, tentando fugir, foi baleada duas vezes: uma no abdômen e outra nas costas, e logo em seguida foi decapitada viva por José Panta de Godoy, o mesmo que lhe deu os tiros.
Representações na cultura popular
Nome
A baiana Maria Gomes de Oliveira era chamada desde a infância de Maria de Déa, em referência a sua mãe. Nem a família nem o bando de Lampião a tratavam por Maria Bonita, apelido que só se difundiu após sua morte. Há algumas versões sobre a origem desse nome. Uma delas diz que se tratou de invenção dos repórteres dos jornais do Rio de Janeiro, possivelmente inspirados no filme Maria Bonita, lançado
em 1937 e baseado na obra de mesmo nome de Afrânio Peixoto, de 1921. Outra, que teria sido dado por soldados que se impressionaram com a beleza da cangaceira quando ela foi morta em 28 de julho de 1938.
Patrimônio histórico
Em 2006 a Prefeitura de Paulo Afonso restaurou a casa de infância de Maria Bonita, instalando o Museu Casa de Maria Bonita no local.
Na cultura
Em 2018 a jornalista Adriana Negreiros lançou o livro Maria Bonita pela Objetiva.
Moreno (cangaceiro)
Antônio Ignácio da Silva (Tacaratu, 1 de novembro de 1909 — Belo Horizonte, 6 de setembro de 2010), mais conhecido pela alcunha de Moreno, foi um cangaceiro pertencente ao bando de Lampião e Maria Bonita.
Após a morte destes, fugiu de Pernambuco e adotou o pseudônimo de José Antônio Souto, fixando-se em Minas Gerais. Foi um dos integrantes do bando com maior longevidade, e um dos últimos a morrer.
Biografia
Origem
Filho de Manuel Ignácio da Silva (o Jacaré) e Maria Joaquina de Jesus, Antônio perdeu o pai na adolescência, quando este foi morto pela polícia nas proximidades de São José do Belmonte, em uma suposta queima de arquivo.
Ingresso no cangaço
Exerceu a profissão de barbeiro, mas seu desejo era ser soldado da polícia. O sonho terminou quando foi preso e espancado por policiais
de Brejo Santo, após ser acusado injustamente de roubar um carneiro. Libertado, matou o homem que o denunciou, que seria o verdadeiro ladrão.
Foi contratado por um proprietário rural para defender sua fazenda do ataque de cangaceiros, mas terminou integrando-se ao grupo de Virgínio, cunhado de Lampião, de quem tornou-se amigo.
Moreno era conhecido por não gostar dos rifles de repetição americanos, muito usados na época e ter, a sua disposição, um mosquetão.
Casamento
Na década de 1930 casou-se com Durvalina Gomes de Sá, a Durvinha. O casal teve um filho, que não pôde permanecer com o bando, pois seu choro poderia denunciá-los. A criança foi deixada então com um padre, que a criou.
Vida após o cangaço
Dois anos após a morte de Lampião, o casal fugiu para Minas Gerais. Por precaução, Moreno passou a chamar-se José Antônio Souto, e Durvalina tornou-se Jovina Maria. Estabeleceram-se na cidade de Augusto de Lima, e prosperaram vendendo farinha. Tiveram mais cinco filhos, e mudaram-se para Belo Horizonte no final da década de 1960.
Ainda com medo de serem descobertos e mortos, mantiveram o passado em segredo até para os filhos. A situação manteve-se até meados da década de 2000, quando a existência do primogênito foi revelada. Encontrado em 2005, Inácio Carvalho Oliveira pôde finalmente reencontrar seus pais biológicos. Só então é que a família conheceu a história do passado no cangaço; Durvinha morreu pouco tempo depois.
Morte
Deprimido com a morte da esposa, a saúde de Moreno passou a ficar cada vez mais debilitada. Ele morreu no dia 6 de setembro de 2010 em Belo Horizonte, aos 100 anos de idade.
Durante o sepultamento foi realizada queima de fogos de artifício, a pedido do próprio Moreno, que pensou que nunca teria uma cova; o temor de morrer como um cangaceiro, decapitado e com o corpo deixado no mato, não o abandonou nos 70 anos que manteve seu disfarce.
Dadá (cangaceira)
Sérgia Ribeiro da Silva mais conhecida como Dadá (Belém do São Francisco, 25 de abril de 1915 — Salvador, 7 de fevereiro de 1994), foi uma cangaceira - única mulher a usar fuzil no bando de Lampião.
Biografia
Origem
Nasceu em Belém do São Francisco, onde viveu seus primeiros anos de vida e teve algum contato com índios. A família muda-se para Macururé, na Bahia, onde é raptada aos doze anos por Corisco (Cristino Gomes da Silva Cleto) - apelidado de Diabo Louro, de quem seria prima.
Ingresso no cangaço
Com 12 anos de idade foi violentada pelo cangaceiro Corisco, sua defloração foi tão violenta que lhe causou hemorragia e ela quase morreu. Passou três anos de sua vida na casa dos parentes de seu estuprador, pois não podia voltar para casa. Quando mulheres puderam entrar no cangaço, com a entrada de Maria Bonita, ela se juntou ao cangaço.
A relação, que começara instintiva, transforma-se com o tempo. A vida nômade, seguindo o companheiro, que era o segundo homem na hierarquia do bando, a chegada dos filhos fez com que, mais que uma
amante, Dadá se tornasse a companheira de Corisco, com quem, ainda no meio das lutas, veio a se casar.
Tiveram sete filhos, que eram ocultamente deixados em casas de parentes para serem criados. Destes, apenas três sobreviveram.
O bando de Lampião dividia-se, como forma de defesa, em partes menores, a mais importante delas era justamente a chefiada por Corisco. A esposa tinha uma pistola, que ele dera, para sua defesa pessoal, e também lhe ensinou a ler, escrever e contar.
Num dos ataques feitos pelas volantes (em outubro de 1939, na fazenda Lagoa da Serra em Sergipe), o Diabo Louro é ferido em ambas as mãos, perdendo a capacidade para atirar. Dadá, então, torna-se a primeira e única mulher a tomar parte ativa - e não meramente defensiva - nas lutas do cangaço.
Se o marido era temido como um dos mais violentos bandoleiros, consta que muitas pessoas tiveram sua vida poupada graças à intervenção de sua companheira. Dadá também era chamada "Suçuarana do Cangaço".
Morte de Corisco
Em busca do cangaceiro Corisco, a polícia castiga o irmão de Dadá, que tinha sido levada pelo bando. Quem conta essa cruel história é Dona Joana, irmã de Dadá.
Tendo Lampião sido executado em 1938, Corisco, que estava em Alagoas com parte do bando, empreendeu feroz vingança. Como seus companheiros tiveram as cabeças decepadas, e expostas no Museu Nina Rodrigues de criminologia, na capital baiana, Corisco também cortou a cabeça de muitas vítimas, então.
O cangaço definhava, sobretudo pela disparidade de armamentos: os volantes tinham uma arma que os cangaceiros nunca conseguiram obter: a metralhadora. A própria Justiça passa a oferecer vantagens para os bandoleiros que se rendessem.
A 25 de maio de 1940 Corisco e seu bando é cercado em Brotas de Macaúbas, pela volante do tenente Zé Rufino. Dissolvera o bando, e abandonara as vestes típicas, procurando passar por simples retirantes.
Uma rajada da metralhadora rompe os intestinos de Corisco. Dadá é ferida na perna direita.
O último líder do cangaço morre dez horas depois do ataque, sendo enterrado em Jeremoabo e, dez dias após, exumado e a cabeça decepada é enviada ao Museu, junto às demais do bando.
Prisão
Dadá, colocada em condições infectas, tem seu ferimento agravado para uma gangrena, que restou-lhe, na prisão, à amputação quase total da perna. Por essa situação, o célebre rábula baiano Cosme de Farias, representa Dadá na Justiça, pleiteando sua libertação, em 1942.
Vida após o cangaço
Dadá passou a viver em Salvador, lutando para ver a legislação que assegura o respeito aos mortos fosse cumprida - e a tétrica exposição do Museu Antropológico Estácio de Lima, localizado no prédio do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues tivesse fim. Só a 6 de fevereiro de 1969, no governo Luiz Viana Filho, foi que os restos mortais dos cangaceiros puderam ser inumados definitivamente - tendo, porém, o museu feito moldes para expor, em substituição.
Por sua luta e representatividade feminina, Dadá foi, na década de 1980, homenageada pela Câmara Municipal de Salvador. Na Bahia, que tivera Gláuber Rocha e tantos outros a retratar o cangaço nas artes, Dadá era a última prova viva a testemunhar o cotidiano de lutas, dificuldades e, também, de alegrias e divertimentos. Deu muitas entrevistas, demonstrando sua inteligência e desenvoltura.
Morte
Morreu em Salvador, em 1994.
Representações na cultura popular
Cinema e Televisão
• Corisco & Dadá(1996), filme de Rosemberg Cariry. No filme Dadá é interpretada por Dira Paes.
• A Mulher no Cangaço (1976), curta-metragem de Hermano Penna.
• Corisco o Diabo Loiro (1969), filme de Carlos Coimbra. No filme Dadá é interpretada por Leila Diniz.
• Lampião e Maria Bonita(1982), minissérie da Rede Globo com direção de Paulo Afonso Grisolli e Luís Antônio Piá. Na minissérie Dadá é interpretada por Lu Mendonça.
Moderno (cangaceiro)
Virgínio Fortunato da Silva, vulgo Moderno (Rio Grande do Norte, 1903 —Monteiro, 1936), foi um cangaceiro brasileiro.
Biografia
Origem
De acordo com alguns pesquisadores, o local mais provável do nascimento de Virgínio foi em Alexandria, no Estado do Rio Grande do Norte, no ano de 1903.
Ingresso no cangaço
Atuou como negociador de miçangas antes de ingressar no cangaço.
Inicialmente casado com Anália Ferreira (Angélica), irmã do cangaceiro Lampião, seguiu seu cunhado no cangaço.
Após ficar viúvo, casou-se com Durvinha, com quem teve dois filhos.
Integrava uma das facções mais cruéis do bando de Lampião, atuando nos estados de Alagoas, Sergipe e Bahia. Era conhecido como o "capador oficial" do bando de Lampião, visto que sua marca era a castração realizada nas vítimas. Liderou um bando próprio, integrado, entre outros, por Moreno, o qual acabaria se casando com Durvinha após a morte de Virgínio em 1936,
Morte
Virgínio foi gravemente ferido na virilha quando estava com o bando de Corisco, no município de Monteiro. Não resistindo, veio a óbito no ano de 1936.
Volta Seca
Antônio dos Santos (Saco Torto, 13 de março de 1918 – Estrela Dalva, 2 de fevereiro de 1997), conhecido como Volta Sêca, foi um cangaceiro sergipano do bando de Lampião.
Biografia
Entrada no cangaço
O cangaceiro mais jovem do bando de Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião. Antônio dos Santos, mais conhecido como Volta Sêca, ingressou no grupo de Lampião com apenas 11 anos, por causa de brigas frequentes com sua madrasta e, também, segundo ele, por fugir da política por ter assassinado o homem que estuprou sua irmã, indo para o grupo. Suas funções diárias se limitavam a banhar os cavalos, lavar louças, roupas sujas e espionar cidades que havia muitos policias em ronda, passando-se desde logo a ser o famoso Volta Sêca. Tanto apanhou que se passou a ser um dos cangaceiros mais violentos de todo o bando. Apesar de semialfabetizado, escrevia com muita facilidade versos e também compunha músicas que o bando inteiro conhecia e entoava com entusiasmo quando estava acampado em alguma fazenda sob proteção do próprio dono.
Prisão
Volta Seca foi preso 3 vezes, tendo fugido nas duas primeiras. Foi sentenciado a 145 anos, mais tarde a pena foi reduzida para 30, e finalmente para 20, não a tendo cumprido integralmente porque o presidente Getúlio Vargas lhe concedeu o perdão em 1954.
Vida após o cangaço
Gravou, em 1957, o LP de 10 polegadas "As cantigas de Lampeão", com direção do maestro Guio de Morais e narração do locutor da Rádio Nacional, Paulo Roberto. Lançado pela gravadora Todamérica, o disco continha as músicas do Cangaço, entre elas "Mulher Rendeira" e "Acorda Maria Bonita"
Zé Baiano
Zé Baiano, pseudônimo de José Aleixo Ribeiro da Silva (Chorrochó, c. 1900 – Frei Paulo, 7 de junho de 1936), foi um cangaceiro que integrou o bando de Lampião.
Biografia
Atuação no cangaço
Lampião e seu bando invadiram Alagadiço pela primeira vez em 1930, arrombando casas e roubando pertences dos moradores. Pelo povoado estar em uma posição estrategicamente privilegiada, e por não contar com destacamento reforçado de polícia, os cangaceiros transitavam livremente pela região. Lampião voltou mais três vezes à Alagadiço; na segunda ocasião, procurou o coiteiro Antônio de Chiquinho, querendo informações sobre um destacamento policial que perseguia seu bando. A última visita de Lampião ao povoado foi em 1934, quando deixou Zé Baiano no comando da região. Acompanhado de seus comparsas Demudado, Chico Peste e Acelino, ele aterrorizou a localidade, cometendo atrocidades, saqueando e impondo sua própria lei em Frei Paulo e vizinhanças. O bando costumava esconder-se da polícia nas casas de fazendeiros, ou então na mata.
Conhecido por sua crueldade, tinha o costume de marcar com um ferro em brasa as iniciais "JB" no rosto ou no púbis de mulheres de cabelo curto ou por estarem usando vestidos cujo comprimento ele considerava inconveniente, passando a ser conhecido por isso como o "ferrador de gente".
Devido à cor de sua pele, foi apelidado também de "pantera negra dos sertões".
Morte
Cansado de ser perseguido pelos policiais devido ao envolvimento com o cangaço, o coiteiro Antonio de Chiquinho armou uma emboscada para Zé Baiano e os demais cangaceiros, num povoado do município de Frei Paulo. Durante uma entrega de alimentos em 7 de julho de 1936, acompanhado dos conterrâneos Pedro Sebastião de Oliveira (Pedro Guedes), Pedro Francisco (Pedro de Nica), Antônio de Souza Passos (Toinho), José Francisco Pereira (Dedé) e José Francisco de Souza (Biridin), Antônio deu fim a Zé Baiano e seu bando.
Antonio de Chiquinho manteve segredo do fato durante quinze dias, temendo represálias de Lampião. O cangaceiro, contudo, decidiu não se vingar após ser convencido por Maria Bonita que o empreendimento poderia ser perigoso, pois o povoado contava com a presença de um canhão.
Foto das cabeças cortadas do bando de Lampião
A foto das cabeças cortadas do bando de Lampião é uma fotografia de autoria desconhecida mas que se tornou célebre em escala mundial quando foi publicada no ano de 1938. Trata-se de uma foto exibindo as cabeças dos integrantes do bando de Lampião que haviam sido capturados e mortos por soldados liderados pelo tenente João Bezerra da Silva na madrugada de 28 de julho daquele mesmo ano. As cabeças foram dispostas nos degraus da escadaria do Palácio Dom
Pedro II, que é a atual sede da prefeitura do município brasileiro de Piranhas, no estado de Alagoas. A imagem é considerada uma fotografia icônica e histórica.
Contexto
Na madrugada do dia em que a foto foi tirada, 45 soldados armados de fuzis, duas metralhadoras e comandados pelo tenente João Bezerra obtiveram êxito em atacar e matar os integrantes do bando de Lampião. Foram todos então decapitados. As cabeças dos integrantes do bando foram colocadas em latas de querosene para evitar a deterioração. Durante o dia, o soldado Josias Valão fez o arranjo das cabeças na escada, incluindo chapéus, rifles e outros pertences do bando na escada da prefeitura de Piranhas, a quarenta quilômetros da Fazenda Angicos, já no município de Poço Redondo. As cabeças seguiram então por um cortejo por várias cidades nordestinas, até serem levadas para o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, na Bahia. Lá, as cabeças ficaram expostas no museu do Instituto entre os anos de 1938 e 1969, quando foram entregues então aos seus respectivos familiares.
Leituras adicionais
• "A guerra das imagens: Lampião descobre a fotografia", artigo que integra o livro Conflitos: Fotografia e Violência Política no Brasil 1889-1964.
Hino de Pernambuco
Coração do Brasil! em teu seio Corre sangue de heróis - rubro veio Que há de sempre o valor traduzir És a fonte da vida e da história Desse povo coberto de glória,
O primeiro, talvez, no porvir. "Salve! Oh terra dos altos coqueiros! De belezas soberbo estendal! Nova Roma de bravos guerreiros Pernambuco, imortal! Imortal! Esses montes e vales e rios, Proclamando o valor de teus brios, Reproduzem batalhas cruéis. No presente és a guarda avançada, Sentinela indormida e sagrada Que defende da Pátria os lauréis. "Salve! Oh terra dos altos coqueiros! De belezas soberbo estendal! Nova Roma de bravos guerreiros Pernambuco, imortal! Imortal!
Do futuro és a crença, a esperança, Desse povo que altivo descansa Como o atleta depois de lutar... No passado o teu nome era um mito, Era o sol a brilhar no infinito Era a glória na terra a brilhar! "Salve! Oh terra dos altos coqueiros! De belezas soberbo estendal! Nova Roma de bravos guerreiros Pernambuco, imortal! Imortal! A República é filha de Olinda, Alva estrela que fulge e não finda
De esplendor com seus raios de luz. Liberdade! Um teu filho proclama! Dos escravos o peito se inflama Ante o Sol dessa terra da Cruz!" "Salve! Oh terra dos altos coqueiros! De belezas soberbo estendal! Nova Roma de bravos guerreiros Pernambuco, imortal! Imortal!
Eu quero aqui com muito amor e introito a nação dizer que estou muito feliz por essa raríssima obra feita por mim para todos verem que falo sobre um renascimento profundo que conto a história real de um povo que sofreu demais e nasceu da catinga ao vasto sertão que hoje ficara toda a minha expressão e sentimento como um fogo acesso e conquistado do fundo de minha alma e quero desejar a todos vocês que me curtem e dedicar esse livro a grande academia Edu e dizer que podem curtir e ler um pouco da história de nosso povo e muito obrigado a todos por esse amor. Um forte e fiel abraço do escritor Roberto Barros!
Por: Roberto Barros