UM LOBO E SUA LUA
Um lobo solitário saiu pelo mundo em busca da aventura tentando encontrar a si mesmo. Já não lhe servia aquele lugar, queria mais, tinha sede de viver. Encerrado dentro da sua floresta pessoal, não enxergava mais o sol. Depois de muito vagar pela escuridão, visualizou uma lua linda, brilhante e cheia de vida, que iluminava o mundo. O lobo seguiu a lua e apaixonou por ela. O brilho dela o cegava, era o brilho que ele precisava.
Ele cantou, uivou, até que a lua lhe deu seu amor e seu brilho. O lobo então foi feliz, porque nunca havia sido amado por uma lua. Ela de tão feliz, brilhou mais e ficou grande, tão grande que não cabia mais no universo. O lobo renovado de amor, com a força de um semi-deus, voltou ao seu mundo e mesmo distante, via a lua todas as noites, e para ela cantava um amor imaginário, que iluminava. Porém, quando abriu as portas do seu mundo, as sombras que ali ficaram, as dores que esperaram por ele, o poder que lhe comandava, foram mais fortes que o amor da lua e ele descobriu que só queria o brilho dela, para a si mesmo salvar.
Ela se escondeu atrás das nuvens negras, chorou. Ela perdeu seu brilho e não mais pôde iluminar o lobo. Ele por sua vez, quando não mais pode usar o brilho dela, pois a escuridão que havia nele não permitiu nem amar, tampouco brilhar, descobriu que não era um lobo e sim um cão velho, cansado, que sempre voltaria para sua morada escura, porque lobo que é lobo, sempre se molha, enfrenta o perigo e luta.
A lua? Ela cresceu, ficou cheia, recuperou seu brilho e voltou a iluminar os céus daqueles que admiram a vida da noite, que ainda acreditam. Quem sabe, iluminará outros lobos, que em troca do seu brilho lhe dê amor. Ainda escuta ao longe, um lamento triste, de um lobo-cão, que espera outra lua. Talvez, essa lua também brilhe, mas nunca o fará cantar como cantou.
- E a lua retornou a ser o que era!...
- Fim....
_______________________________