A MOÇA DA LIMPEZA

Eu acordei com um suspiro. Era mais um dia cinzento e solitário. Olhei para o canto do quarto e como de hábito lá estava a sombra como se somente à espera que eu acordasse para me acompanhar de perto mais uma vez. A sombra era presença diária desde o fatídico dia do acidente de carro quando perdi a minha esposa Sarah.  

Sarah era alta e esguia, com longos cabelos brilhantes e olhos de um verde profundo. Sua presença atraía as pessoas, iniciando conversas e trazendo sorrisos. Ela se portava com confiança, força e clareza de olhar e eu me apaixonei desde o primeiro momento que a vi. 

 Mas agora Sarah era só uma dolorosa lembrança que eu carregava comigo. A tristeza é algo invisível, porém é sentida quase como uma névoa que paira no ar. Traz exaustão e faz tudo parecer muito difícil. Cada momento pode parecer uma eternidade de desespero, sem trégua nem mesmo durante o sono quando os pesadelos se seguem em vez de alívio. Essa era minha sina diária por quase um ano desde que perdi Sarah. 

  Lentamente me arrastei até a cozinha, onde a sombra já me aguardava, a presença dela já nem mais me chamava tanta atenção. Preparei um café fraco e sem graça. Sentei-me à mesa e olhei para a foto emoldurada da minha falecida esposa e não pude evitar as lágrimas que começaram a escorrer. 

  O início do dia se arrastava como tantos outros. Eu vagava sem rumo pela casa repleta de lembranças de Sarah. Cada cômodo guardava histórias de nossa vida juntos, revirando memórias em cada detalhe. Mas as lembranças me doíam e eu tentava desesperadamente fugir delas. 

  Passei o resto do dia sem fazer nada de útil. Assisti a alguns programas de TV que não me interessavam, folheei algumas revistas velhas que já tinha lido e cochilei no sofá, sempre acompanhado de perto pela sombra. A casa estava uma bagunça, mas eu não tinha ânimo para limpá-la. Para quê? Ninguém vinha visitar-me mesmo. Minha última visita tinha sido meu amigo rabino Levi há mais de um mês e só, eu vivia recluso saindo apenas para comprar o básico para minha subsistência. 

  Na quarta-feira, porém, algo diferente aconteceu. Estava como de hábito deitado no sofá desanimado e observando a sombra no canto da sala enquanto pensamentos sombrios enchiam minha cabeça. Despertei de meus devaneios quando ouvi a campainha tocar. Continuei deitado pois não queria saber de nada e nem de ninguém. A campainha soou novamente, aguardei mais um pouco e a campainha soou pela terceira vez. “Não adianta, quem está aí não vai desistir tão fácil!” pensei. Me levantei com dificuldade e fui caminhando até a porta. Antes, porém, observei por uma fresta da persiana. Para minha surpresa, vi uma jovem parada na entrada a qual eu nunca tinha visto. Ela tinha cabelos castanhos cacheados, um sorriso doce e olhos verdes que me lembrava minha esposa Sarah, fiquei alguns segundos observando estupefato. A jovem aguardava pacientemente e usava um uniforme branco além de carregar uma bolsa com o que pareciam ser produtos de limpeza. 

  Cautelosamente abri a porta: 

  - Boa tarde, senhor Jacob - ela disse com uma voz suave e agradável. - Eu vim fazer a faxina da sua casa. 

  Eu fiquei confuso. Faxina? Do que esta moça estava falando? Eu não tinha contratado ninguém para limpar a minha casa. Será que o meu amigo Levi tinha mandado aquela moça para ajudar-me? Lembrei-me que durante nossa conversa ele mencionou casualmente o estado em que se encontrava a casa. Por um momento me senti envergonhado. 

  - Quem é você? - eu perguntei desconfiado. Ela não demonstrou nenhuma contrariedade. 

  - Meu nome é Alice - ela respondeu. - Eu trabalho para uma empresa de serviços domésticos. O senhor não me esperava? - Disse sorrindo. 

  Eu hesitei. Não queria ser rude com a moça, mas também aquilo era estranho, seria tão somente um engano? 

  - Não, eu não esperava ninguém - eu disse confuso. - Tem certeza de que este é o lugar certo? Quem te chamou exatamente? 

  - Foi o rabino Levi - ela disse. - Ele me ligou ontem e disse que o senhor precisava de uma mãozinha com a limpeza. 

  Achei estranho que o rabino Levi não tivesse me avisado sobre isso, mas resolvi não questionar. Talvez ele quisesse me fazer uma surpresa. Talvez ele se preocupasse comigo mais do que eu pensava. Também era típico de meu amigo Levi fazer coisas que ninguém esperava. 

  - Ah, sim... - eu disse. - Bom, entre então. 

  Com um movimento abri espaço para ela entrar na casa. Quando passou por mim, senti o leve aroma de flores. Uma pontada de nostalgia me atingiu quando notei a semelhança daquele perfume com alguém que eu amava muito. Não era completamente igual - na verdade, havia pequenas diferenças nas notas do perfume, mas a semelhança era suficiente para me tocar. 

  - Obrigada - ela disse com um sorriso. 

  Meu coração pulsou mais rápido e eu continuei a olhar para ela enquanto entrava, incrédulo e perguntando-me se era realmente o rabino Levi que a tinha enviado. A moça me parecia simples e gentil e não me parecia que ela trouxesse má intenção. Nesse momento olhei e vi o rabino Levi parado do ouro lado da rua. Ele me olhou de volta e acenou parecendo satisfeito. Fiz menção de chamá-lo, mas ele começou a caminhar apressado. Fiz uma anotação mental para falar com ele e agradecê-lo na próxima oportunidade. 

  Alice começou a limpar a casa com eficiência e cuidado. Animado por sua presença eu também comecei a trabalhar e a ajudar, ela relutou a princípio, mas depois aceitou a ajuda. 

  Nós varremos o chão, tiramos o pó dos móveis, lavamos os pratos, arrumamos as roupas e trocamos os lençóis da cama entre outras tarefas. Ela praticamente não falava, apenas sorria quando eu olhava para ela. De minha parte sendo eu tímido por natureza fiquei meio sem graça também, mas o mutismo dela não me incomodou, afinal, eu estava satisfeito como há muito tempo não me sentia. Em dado momento percebi surpreso que a sombra não estava mais ali, aquela tristeza e inquietação sumiu sem deixar rastro. Isso era realmente surpreendente, como a sombra sumiu? Há mais de um ano ela estava ali, mas agora não havia vestígios dela. Alice quebrando seu mutismo olhou para mim, sorriu e disse baixinho: "A felicidade é como uma nova luz, ela expulsa a escuridão." eu concordei meio confuso com um aceno de cabeça, mas não consegui entender o que ela quis dizer. Eu não pude deixar de me emocionar com essa frase pois ela captava muito bem o momento que eu estava vivendo ali.  

  Alice havia me trazido paz com seu trabalho gentil e isso me alegrou muito. Ela me lembrava a minha esposa quando era jovem. A mesma cor de cabelo, os mesmos olhos verdes, o mesmo sorriso doce. Eu me lembrei dos bons tempos que passamos juntos, das risadas, dos abraços, dos beijos. Porém desta vez as lembranças não me feriram ou me atormentaram. 

  Eu senti uma ponta de felicidade no meu peito. Há quanto tempo eu não me sentia assim? Há quanto tempo eu não tinha companhia? Há quanto tempo eu não via alguém cuidar da minha casa? 

  Nós terminamos a faxina em pouco mais de quatro horas. A casa ficou com outro aspecto e Alice me ensinou algumas dicas de limpeza, como usar vinagre para polir metais, para higienizar o banheiro e até mesmo para desengordurar eletrodomésticos. 

  Ela se aproximou de mim e disse: 

  - Pronto, senhor Jacob. A sua casa está limpinha e cheirosa. 

  - Obrigado, Alice - eu disse. - Você fez um ótimo trabalho. 

  - Nós fizemos um ótimo trabalho - ela me corrigiu rindo e com um olhar cheio de carinho. 

  Ela pegou a sua bolsa e se dirigiu à porta. 

  - Até a próxima quarta-feira - ela disse. 

  - Então você vai voltar na próxima quarta-feira? - eu perguntei animado. Ela assentiu com a cabeça e então eu disse: - Obrigado novamente, foi um ótimo dia e melhorou o meu humor, Alice. 

  Inesperadamente ela me deu um abraço apertado antes de sair. Aquilo mexeu comigo de forma estranha, senti o coração acelerar. Uma paz me invadiu naquele momento. A sensação de paz era como aquele abraço caloroso, envolvendo-me e levando embora todas as tensões e preocupações da vida. Era como se minha alma tivesse recebido um lugar de descanso, a salvo das lembranças sofridas e das dificuldades. 

  Me parecia então que Alice era algo mais que uma simples arrumadeira, mas também um anjo da guarda, cujo toque trouxe luz para as sombras de minha vida. 

  Quando ela se foi, fui para o sofá e fiquei pensando naquela sensação de paz que eu havia sentido. O que aconteceu foi algo que eu não poderia explicar, mas de algum jeito, aquela aparição revelou-me um lugar na minha vida onde eu tinha me esquecido. Um lugar que eu sou feliz e satisfeito. 

  Desta forma pouco tempo depois que ela saiu eu já me vi ansioso para a próxima quarta-feira quando eu veria Alice novamente. 

  Á noite eu liguei para o rabino Levi para falar sobre Alice e agradecer. Quem atendeu foi a sua governanta, ela me disse que o rabino Levi saiu para acampar e que só voltaria daqui a três semanas ou mais. Isso era bastante comum, o Rabino Levi gostava muito de aproveitar os tempos livres para se conectar com a natureza e meditar. Durante esses períodos ele ficava isolado e praticamente incomunicável. Então eu não pude compartilhar minha gratidão naquele momento, polidamente eu disse adeus à governanta e fui para a cama. Antes de dormir olhei discretamente em volta do quarto procurando a sombra, mas ela não estava lá. Satisfeito adormeci pensando no rosto de Alice. 

  Os dias seguintes passaram rápido e mudei a minha rotina, passando mais tempo ao ar livre e até me aventurando em algumas trilhas ao longo da montanha adjacente à minha casa. Nesses passeios eu me lembrava muito de Alice e da minha doce Sarah, parecia que ambas estavam comigo em todos os lugares. Com grande satisfação não vi a sombra que sempre me acompanhava em lugar nenhum. 

  Finalmente chegou a quarta-feira, meu amigo Levi continuava em seu retiro e eu estava sendo completamente envolvido por minha saudade de Alice. 

  Alice chegou deslumbrante como sempre em sua simplicidade e beleza, seu sorriso meigo e sua energia contagiante. Começamos novamente a limpeza da casa que desta vez estava menos poluída, sem eu perceber comecei a contar coisas sobre a minha vida, detalhes sobre meu passado em que eu nem lembrava mais. Ela ouvia compreensiva e gentil, e quanto mais eu falava mais sentia que o peso do meu passado estava se dissipando. 

  Alice ouvia pacientemente sem nunca me interromper e em dado momento me disse: - Já percebeu que nossas vidas são como uma casa? Alguns cômodos estão bem arrumados, mas outros não tanto. Nosso trabalho é limpar esses cantinhos escondidos do passado, nos livrar da poeira e libertar essas lembranças. 

  Enquanto eu refletia sobre essas palavras percebi que elas eram a resposta para muitas perguntas que eu tinha. 

  No final da tarde eu me sentia feliz e aliviado, Alice me ajudava cada vez mais a encontrar o caminho para a liberdade. Despedimo-nos com um abraço longo e ela me disse: - Seja livre, saiba quem você é e viva uma vida cheia de amor. - Essas palavras reverberaram em meu coração, e desse dia em diante comecei a olhar para o meu passado com uma nova perspectiva. 

  Comecei a tomar novamente as rédeas da minha vida e voltar à minha rotina de antes da tragédia. Cada visita de Alice às quartas feiras funcionava como uma terapia. Após algumas semanas soube por um amigo comum que Levi tinha retornado, eu resolvi telefonar para ele. 

  - Alô? - ele atendeu. 

  - Oi, sou eu, Jacob - eu disse. 

  - Oi, Jacob! Como vai você meu caro? - ele perguntou. 

  - Vou bem, na verdade muito melhor agora que sinto que tenho algo que me motiva. - Eu respondi, pensando nas minhas conversas com Alice. 

  - Fico feliz em ouvir isso meu caro amigo, saiba que você está sempre presente em minhas orações. Tenho pedido que os anjos o guardem e o confortem. Bem… se não for indiscreto, posso perguntar o que aconteceu para essa mudança? 

  - Mas é justamente esse o motivo de minha ligação, quero te agradecer por ter enviado a moça da limpeza. 

  - Que moça da limpeza? - ele perguntou confuso. 

  - A moça que você mandou para limpar a minha casa - eu disse. 

  - Eu não mandei ninguém para limpar a sua casa - Disse Levi com evidente surpresa na voz. 

  - Como não? Ela me contou que foi você que ligou para ela - eu falei já ficando confuso também. 

  - Eu não liguei para ninguém meu caro Jacob. - 

  - Tem certeza? Então quem foi? - eu perguntei. 

  -Eu não sei, Jacob. Você tem certeza de que não está imaginando coisas? 

  - Claro que não! Ela estava aqui! Ela limpou a minha casa toda! Ela se chama Alice! - eu disse. 

  - Alice? - ele repetiu. 

  - Sim, Alice. Por quê?  

  - Jacob... Eu não chamei moça nenhuma da limpeza e nem conheço nenhuma Alice. 

  Será que eu estava ficando louco? Será que eu tinha inventado aquela moça da limpeza na minha cabeça? Não, não era possível! 

  -Você não se lembra há algumas semanas atrás quando passou em frente à minha casa e eu acenei para você? A moça estava comigo na porta. 

  -Jacob, eu me lembro sim, vi você na porta e não parei porque estava com pressa, mas não vi moça alguma. 

  Naquele momento comecei a ficar seriamente preocupado e imaginando todos os tipos de cenários. Seria possível que Alice fosse um espírito ou algo assim? Ou seria ela uma projeção da minha mente? Eu já não tinha certeza de mais nada, ninguém estava comigo na casa quando Alice estava lá. Será que eu era o único que a via? 

  - Jacob? Você ainda está aí? - Levi perguntou preocupado. 

  - Estou sim... Desculpe... Eu devo ter me confundido... - eu disse. 

  - Tudo bem, Jacob. Não se preocupe. Mas talvez você devesse procurar um médico. Você não parece muito bem, meu irmão. Talvez precise de ajuda - ele parecia genuinamente preocupado e disse isso com um tom gentil. 

  - Talvez você tenha razão... Obrigado por se importar comigo - eu disse. 

  - De nada, Jacob. Eu te amo meu irmão. Vou visitá-lo assim que puder, cuide-se. 

  - Obrigado meu amigo, você sabe que é sempre bem-vindo em minha casa. Tchau. - Respondi desligando o telefone. 

  Eu fiquei olhando para o nada. Eu não sabia o que pensar ou sentir. Lembrei de uma tia que ficou louca e não era mais a mesma pessoa. Será que eu corria o mesmo risco? Eu não queria acreditar em tal possibilidade, mas eu tinha que pensar nos fatos. Aquele mistério estava começando a me deixar intrigado. Neste momento lembrei da minha câmera de segurança que filmava o jardim da frente da casa. Talvez ela me desse alguma resposta... subi para meu quarto e iniciei o computador onde ficavam guardadas as imagens dessa câmera de segurança. Habilitando o vídeo, vi alguns arquivos contendo imagens mostrando todo o movimento deste lugar durante os últimos dias, principalmente quando eu saía para o jardim. Mas o que me interessava eram as gravações das quartas feiras em que Alice me visitou. 

  Localizei o arquivo correspondente à última quarta-feira e coloquei o cursor do mouse em cima, mas não cliquei para abrir. Eu estava ciente que talvez aqui eu pudesse arrumar respostas para minhas perguntas. Mas por mais estranho que pareça, será que era isso mesmo que eu queria? Neste momento tive medo do que eu pudesse ver ou descobrir. Eu estava tão bem e tão feliz nos últimos dias graças a Alice que fiquei com medo, talvez eu realmente não quisesse ver. Não seria melhor deixar tudo como está? Não! Eu precisava saber! Respirei fundo, fechei os olhos e cliquei...  

  Então uma imagem surgiu na tela mostrando a frente da minha casa e a minha porta. Localizei o horário aproximado da manhã em que Alice chegou e para minha consternação me via abrindo a porta e falando, mas não havia ninguém além de mim! Como isso era possível?! Eu observava as imagens incrédulo e estupefato. Localizei a gravação da outra quarta feira e novamente a cena se repetiu... Eu abria a porta, mas não havia ninguém! O mesmo acontecia em todas as quartas feiras que Alice veio em minha casa. Então subitamente tive uma epifania. Talvez Alice nunca tenha estado ali, talvez ela só fosse um produto da minha imaginação e dos meus desejos? Seria isso mesmo? Fiquei ali parado e perplexo, tentando processar a descoberta que acabara de fazer. Quanto mais eu pensava no assunto mais preocupado eu ficava. Mais uma vez pensei na possibilidade estar ficando louco e notei ao olhar para a porta do quarto que a sombra estava de volta, pequena, mas ali estava ela sem dúvida!  

  Passei o resto do dia em um estado de ansiedade, perturbado e confuso e a sombra que voltou a me seguir parecia que aumentava cada vez mais. Ela estava do tamanho de uma pessoa agora e me perseguia novamente por todos os lugares que eu ia. Naquela noite eu fui dormir inquieto e sonhei com Alice. Ela estava me encarando e me dando uma imensa sensação de calma. No sonho ela não dizia nada, mas me transmitia segurança e conforto com seu olhar.  

  Quando acordei, a sombra havia desaparecido e foi então que percebi que as paredes do quarto começavam a ficar mais claras à medida que o sol surgia no horizonte, eu me senti de ânimo renovado e tomei uma decisão. Eu tinha finalmente encontrado a paz interior que procurava e tinha certeza de que a sombra nunca mais me seguiria. 

  Olhei para a foto de Sarah e percebi que a saudade ainda existia, mas a dor havia se transformado em carinho. Eu estava tranquilo e feliz e finalmente pronto para enfrentar o futuro. 

  E na próxima quarta-feira, quando a campainha tocou, eu abri a porta sem hesitar. 

  Lá estava ela. A moça da limpeza. Alice. 

  Ela sorriu para mim e disse: 

  - Bom dia, senhor Jacob. 

  Sorrindo de volta eu disse: 

 - Bom dia, Alice. Entre, por favor. 

  

Eu não me importava mais com quem ela era ou de onde ela vinha, se era uma projeção de minha mente ou outra coisa qualquer. Eu só sabia que a presença dela me fazia bem. 

  Ela entrou na casa e começamos a limpar tudo com eficiência e cuidado. 

  Ela me lembrava a minha esposa quando era jovem. 

  Ela me lembrava de quando eu amava a vida 

  Ela me lembrava de mim mesmo quando era feliz. 

 E isso me bastava.