SÓ CHOVEU NA PONTE

Durante a nossa vida passamos por momentos que nos denotam estranhezas, mas, dentre alguns já vividas, tenho um desses inesquecíveis que a gente não se contenta em deixar só para nós. Por isso eu te conto.

Eu havia acabado com o expediente diário na fábrica e deveria voltar para casa bem rápido, pois o ônibus da empresa contratada saia da fábrica rigorosamente dentro do horário pré-estabelecido. Corri para embarcar no dito cujo que diariamente me conduzia de casa para o trabalho e vice-versa. Dentro dele todos os ocupantes eram os mesmos diariamente. Éramos bons companheiros: proseadores, piadistas, risonhos e brincalhões: parecíamo-nos familiares.

Da janela do ônibus via-se que naquela tardezinha de verão o céu estava claro e com bastante nuvens brancas esparsas em várias direções. Tudo era normalidade naquele entardecer.

Depois de trafegar por algumas ruas das proximidades, entramos na Rodovia Anchieta que tinha por destino a cidade de São Paulo. A velocidade que íamos creio não ser superior a setenta quilômetro. De repente avistamos uma nuvem espessa e bem escura na nossa frente, quando alguém falou:

- Nossa! Lá na frente está chovendo bastante. Parece trovoada!

Outro colega confirmou ao amigo do lado, dizendo-lhe:

- Caramba! Parece trovoada mesmo, olha lá um relâmpago, viu? E ele disse, vi. A seguir ouvimos um assustador ribombo de trovão sobre nossas cabeças, e todos confirmaram numa só voz dizendo - sim, é trovoada mesmo, e ela está bem perto da gente.

Estávamos a uns cinquenta metros de uma pequena ponte e, tão logo o motorista ligou o limpador do para-brisa e bruscamente diminuiu a velocidade porque logo passariamos sobre a tal referida ponte bombardeados com uma gigantesca trovoada e tudo teria que ser cauteloso.

Passamos o viaduto e a cinco metros distante dele não havia mais nenhum pingo d’água. O asfalto estava seco. Adimirado com o ocorrido o motorista parou o ônibus e quase todos os passageiros desceram para conferir visualmente o que estava acontecendo ali, pois só chovia sobre a pequena ponte da Rodovia Anchieta que não deveria ter mais de setenta metros de comprimento e uns doze metros de largura. E todos disseram: - que foi isso? Que absurdo!

E os comentários prosseguiam todas as vezes que passávamos por ali.

José Pedreira da Cruz
Enviado por José Pedreira da Cruz em 09/06/2023
Reeditado em 27/06/2023
Código do texto: T7809408
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