O VELHINHO
Francisco de Paula Melo Aguiar
O velhinho era educado e confundia respeito com trocadilho.
Ele trabalhava entregando cartas, pois, era funcionário dos correios na cidade.
Quando chegava à porta de qualquer casa para entregar a correspondência enviada para alguém ali residente, ele gritava assim:
Correios!....
Correios!...
Correios!...
Dona ... como são bonitos seus seios?..
Tem água para beber, estou com sede...
Como jabá demais...
Tem cama?
Posso me deitar?
Agente se ama...
Aí a Dona... dizia:
O velhinho está falando putaria.
Não!
É gritaria, estou rouco, não louco, para beber água de coco e tomar soco.
Eu sou uma mulher casada, de família e respeito o meu marido, velho tarado...
Aos gritos chamava o marido e dizia na frente dele:
Esse carteiro safado chegou aqui agora misturando as palavras como feijão, arroz, milho e fava em saco de quem pede esmola, dizendo bom dia , o gato mia, o cachorro latia e que me comia.
O carteiro ficava amarelo, pedia desculpa, perdão ao marido da mulher e ia embora.
Na próxima casa, antes de entregar a carta e ou o telegrama a outra mulher, misturava a conversa de alho com bugalho.
Eita velhinho danado!