O SUMIÇO DE MARIA ZILDA
Carlos dirigia seu carro com certa velocidade, a estrada estava deserta e precisavam chegar logo ao hospital. Nele estavam sua esposa Paula e a filhinha Maria Zilda, de apenas dois anos, que necessitava ser atendida, pois passara mal em casa. Chegaram ao centro médico da cidade e deixaram a menina nas mãos dos médicos e ficaram no aguardo na recepção. Houve então a necessidade de um documento para o atendimento e só Paula sabia onde estava, de modo que ela mesma pegou o veículo e se dirigiu a sua casa para trazê-lo na seqüência. Na volta, apressada, Paula perdeu o controle da direção e caiu em uma ribanceira, ficando bastante ferida. Outros motoristas que presenciaram o acidente informaram as autoridades e uma ambulância foi em socorro removendo-a para o hospital, por coincidência o mesmo onde a filha estava sendo atendida. Carlos tomou conhecimento e se desesperou, tendo que dar atenção agora às duas, mãe e filha. Os demais familiares ficaram sabendo e alguns se dirigiram ao hospital para ajudar Carlos.
Já quase anoitecendo Carlos foi autorizado a ver a esposa que teve uma pequena melhora e ela lhe pediu para que cuidasse da pequena Maria Zilda, única filhinha do casal. Ele prometeu e nesse exato momento Paula expirou, deixava de existir a mulher que ele mais amava neste mundo. A filha recuperou-se e voltou para casa, enquanto o corpo da mãe seguia para o necrotério para as providências de praxe. No dia seguinte o sepultamento contou com a presença de toda a familia.
Passaram-se alguns dias, Carlos sozinho com a filha queria fazer tudo pela filha atendendo ao apelo de Paula, que adorava a menina, mas ele estava muito triste com essa perda, chorava bastante e tinha que deixar Maria Zilda com os avós maternos para poder trabalhar. Uma certa noite quando voltava do trabalho, bastante cansado, ele sentou-se em um banco de praça para meditar. Sentia-se exausto e nem tinha mais vontade de dirigir, preferia tomar um táxi e andar um pouco a pé para relaxar. Nesse momento ele visualizou uma imagem vinda do fundo do parque e que conhecia muito bem. Era Paula, ostentando um semblante de tristeza e pedindo mais uma vez que tomasse conta de sua filha. Assustado ele levantou-se e correu para abraçá-la, mas foi em vão, a imagem desapareceu.
Deixou passar alguns meses e foi dar um passeio com Maria Zilda em um grande parque da cidade onde existia uma variedade de divertimentos e uma área com brinquedos para crianças. Em determinado momento houve um tumulto e a menina soltou-se de suas mãos se perdendo na multidão. Carlos enloqueceu e tentou encontrar a filha a todo custo. Lamentavelmente não a viu mais, porém passou o resto do dia na busca e perguntando a um e a outro. Tudo em vão. Notificou as autoridades que se encarregaram da procura, no entanto todo esforço foi inútil, a menina simplesmente sumiu.
Essa busca durou quase dois anos sem sucesso até que certa noite quando voltava do trabalho lembrou-se daquela aparição no parque, momento em que visualizou a falecida esposa. Ela vinha pelo mesmo local de antes e desta vez sorria, estava com uma criança nos braços. Era Maria Zilda. Carlos correu ao seu encontro, mas como da outra vez a imagem desapareceu.