A ALUCINAÇÃO DE VANDA

 

A chuva caía fina quando Vanda estava já perto de casa, apressou os passos e conseguiu chegar antes que engrossasse, apesar de ter se molhado um pouco. Colocou a chave na fechadura e abriu a grade, depois a porta bem devagar, como sempre fazia. Antes de chegar, durante o percurso trabalho/casa, ela teve um pressentimento de que alguém estava dentro da sua residência e como morava sozinha deixou esse pensamento tomar espaço em sua cabeça. Não devia, mas foi mais forte que ela. Ao abrir a porta tudo estava tranqüilo, o que a fez respirar aliviada. Era estranho, pensou Vanda, isso nunca tinha se passado em sua mente e agora esse pressentimento sem nenhum fundamento. Fechou a porta e passou a chave por dentro, um olhar ao redor, uma vistoria nos quartos, olhando inclusive debaixo de camas, cozinha, banheiro, tudo em ordem, nada de anormal.

 

Como de praxe tomou seu banho, enrolou-se na toalha e seguiu para seu quarto, sem precisar trancar a porta, afinal estava sozinha. Nesse ínterim a chuva engrossou e um relâmpago clareou o céu, o que a assustou. Em seguida um estalo, novo susto, um trovão fez a casa estremecer. Vanda sentou-se na cama e esperou alguns minutos até se refazer dos dois sustos. Vestiu uma roupa e foi esquentar o jantar. Chegando na cozinha teve a nítida impressão de ter escutado um barulho como se alfum objeto metálico houvesse caído. Mesmo com receio foi até a sala, bem devagar adentrou o quarto, atendeu a luz, tudo normal. Apagou e saiu, estava novamente na cozinha. Esquentou a comida, colocou no prato e pôs em cima da mesa. Novo barulho, dessa vez o som de algo caindo, alguma coisa que não soube precisar o que. Estava até perdendo o apetite, mas se refez e começou sua refeição. Passos no seu pequeno terraço, a maçaneta parecia fazer o barulho de alguém querendo abrí-la. Ficou em pânico parando de comer. Silêncio total, apenas a chuva caindo mais fraca. Voltou a comer.

 

O relógio de parede marcava 19:30 h. A luz do quarto que tinha apagado estava acesa. Ficou em dúvida, será que apagou mesmo? Foi até lá e acionou a tomada apagando-a. Voltou para a sala e sentou-se no sofá. Olhou para a porta, brechou pela abertura de vidro, verificou se tinha alguém no terraço, apesar da grade estar fechada, ainda bem que não tinha ninguém. Ficou pensativa, o que estaria acontecendo? Louca ela não era, gozava perfeitamente de suas faculdades mentais, estava só um pouco estressada por conta do excesso de trabalho nesse dia. Retornou ao sofá e ligou a tv, passava um noticiário local. Acalmou-se um pouco, pedindo proteção a Deus. Depois de ver televisão por um breve tempo perdeu o interesse e foi dormir, estava cansada.

 

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 01/03/2023
Reeditado em 01/03/2023
Código do texto: T7730571
Classificação de conteúdo: seguro