O SONHO DE CLEIDE
A menina moça acordou cedo, tomou seu café e foi olhar a natureza da imensa propriedade do pai. Cleide fazia isso constantemente, adorava olhar a mata, ouvir o canto dos pássaros, o mugido do gado e o cacarejo das galinhas. Era um passatempo. Voltava para dentro de casa, lia um ou outro livro da biblioteca, de preferência romace.
A família era composta por seu pai, sua mãe, ambos idosos acima de sessenta anos, seu irmão mais velho e outro mais novo que ela. Tinha um empregado que cuidava das terras e uma porção de trabalhadores com diversas atividades. Era um clima de tranqüilidade na fazenda. Cleide tinha apenas dezessete anos.
Certa manhã Cleide levantou-se assustada, não quis tomar o café da manhã e nem foi apreciar a natureza da sua propriedade, preferiu conversar com os pais sobre um sonho que tivera, um sonho confuso. Contou aos genitores que a fazenda era invadida e que bandidos mascarados ateavam fogo e deixavam um rastro de mortes e destruição. Pediu ao pai que saíssem dali e fossem todos dar um passeio ou fazer uma viagem, mesmo que fosse para uma cidade próxima. Ele não acreditou e acalmou a filha dizendo que isso era bobagem. Mas Cleide estava aflita e algo lhe dizia que falava a verdade, porém mesmo com toda a sua insistência não foi atendida. Tomou seu café e saiu sem rumo em direção a cidade andando cerca de quase uma hora. Já perto de chegar na cidade cruzou com alguns homens mal encarados montados em cavalos. Olhou para aqueles homens e teve um mal pressentimento, mas continuou seu percurso. Deu algumas voltas pela cidade, conversou com alguns conhecidos, sentindo de repente seu coração acelerar. Ele lhe pedia para voltar para casa. Ela atendeu. Durante o trajeto de volta cruzou com os mesmos homens que encontrou na ida notando que eles estavam apressados. Quando se aproximava de sua propriedade percebeu uma fumaça densa, o que a fez apressar os passos. A porteira estava aberta e grandes labaredas destruíam a casa principal da fazenda e outras menores que existiam ali. Cleide se desesperou e esperou pelo pior, o que realmente constatou. Um dos empregados bastante ferido foi em sua direção e contou o ocorrido. Correu para a casa em chamas e viu seu pai caído no chão da sala com uma arma na mão, estava muito ferido e precisou ser socorrido pelos demais empregados que se aproximaram da casa. Sua mãe estava no chão desfalecida e seus dois irmãos foram localizados nos fundos da casa também feridos, porém sem gravidade. Eles haviam se protegido dos tiros disparados escodendo-se num galpão que também foi atingido pelas chamas. Contaram que a fazenda foi invadida por salteadores que exigiram dinheiro e joias, conseguindo esse intento e fugindo em seguida.
No dia seguinte, Cleide estava no hospital da cidade para saber da saúde de seu pai, o que mais sofreu com o assalto a sua propriedade, os demais feridos já haviam sido liberados e estavam bem. O caso foi parar na Polícia que passou a investigar o caso.