O HERÓI BOMBEIRO DE TRÊS RIOS (RJ)
Eram sete horas da manhã de quarta-feira do dia 02 de julho de 2008. O jovem Ricardo Monteiro, bom mineiro, residente na cidade de Belo Horizonte, retornava da região sudeste do Estado do Rio de Janeiro, onde se localiza o município de São José do Vale do Rio Preto, com vinte e cinco anos, solteiro, cútis branca e com roupas bem esportivas, adentrava naquela hora com o automóvel de marca gol na cidade de Três Rios (RJ). Sendo uma promissora cidade do império marcada pela coroa portuguesa, e renomada pelo grande fazendeiro Antônio Barroso Pereira, conhecido como o patriarca das Sesmarias e fundador de relegados valores culturais daquele apropriado município. Ressalta-se que D. Pedro II, emérito imperador o consagrou como Barão de Entre – Rios. E por causa desse jubilado, ali nasceu a pequena rodoviária que leva o seu nome – Estação Entre - Rios, abrolhando com o progresso daquela época formou um grande entreposto às margens dessa rodovia culminando com o nome Entre - Rios.
Sabe-se que a influência da magnitude do império elevou em sua instância os trilhos e projeções do comercio com a Estrada de Ferro D. Pedro II, desbravando os primeiros sinais do crescimento, onde o Barão não assistiu o avanço da rede ferroviária, encravada na fumaça da máquina do desenvolvimento, e por demais, podia-se contar com a rodovia e ferrovia, na formalização entre os rios que banham a cidade, despontando melhorias nos diversos setores.
Não tardou, e naquele município toponímico Entre - Rios travou uma das batalhas entre diversos órgãos com a propositura de manter sob qualquer preço o seu nome original, posto que por razões de outrem e desconhecidas sob o pesado manto de existir o mesmo nome em outros municípios brasileiros, daí, venceu a forte conotação com máxima brevidade Entre - Rios para Três Rios, velando em soma ao arbítrio sob forte influência dos mais importantes rios que cortam em seus leitos, o rio Piabinha, Paraibuna e o rio Paraíba do Sul. Destarte, erigiu a cidade de Três Rios localizada na região Centro-Sul no Estado do Rio de Janeiro com um fundo econômico razoável na indústria e comercio com vários cotejos fortes em manter acessas o elo com o artesanato em cerâmicas, pinturas, bordados e esculturas, além da riqueza mineral.
Assim, Três Rios dispondo de vários meios de comunicação, detêm várias rádios entre elas, a Rádio AM Três Rios, ainda dispõe de um Campo de Pouso na Ilha di Capri que fornece uma boa decolagem e aterrissagem aos aparelhos de pequeno porte, havendo também um robusto e firmado símbolo no centro da cidade, o Monumento da inauguração de um ramal da Estrada de Ferro Central do Brasil, localizada no Pátio da própria Estação. Há também o enorme monumento do Zumbi dos Palmares, no bairro Mortada do Sol, citando ainda a Casa de Pedra, mencionada como a Estação de carga Entre – Rios, e que atualmente funciona a Casa de Ciência na Rua Barão de Entre - Rios, além de tantos outros que guarnecem e vivificam a cultura daquela gente detentora de uma amizade e hospitaleira.
Nessa passagem, Três Rios é uma cidade em potencial com horizontes que, desenham as artes como a Casa da Cultura na Praça São Sebastião, o Teatro Celso Peçanha com preposições de largas linhas arquitetônicas nos dois pavimentos que fecham o conjunto majestoso e compatível com o que mais pode proporcionar com os traços do Grupo de Amadores Teatrais Viriato Corrêa – GATVC, sem se falar da maestria da música do Grêmio Musical 1º de Maio, no centro, e o Coral Municipal com as vozes assertivas nos elementos da alegria.
Podemos viajar e desfrutar o que concretamente Três Rios dispõe em beleza e graciosidade com três bibliotecas, Escolas de Samba, blocos Carnavalescos, Igrejas, Capelas e tantos outros atrativos culturais na interação do mundo de quem visita. Agora, partindo ao governo municipal, sobressai a personalidade de Celso Alencar Ramos Jacob, um trirriense com as mais belas qualidades, traçando ao seu povo as melhores reservas do desenvolvimento, acrescentando os mais intensos projetos nas instâncias da boa gestão com diretrizes voltadas entre a comunidade e o governo.
É nesta proeminente cidade, saindo da zona urbana, um jovem vestindo uma bermuda de cor verde e camisa estampada em várias cores, segura uma mochila, ocasião em que avista o veículo adentrar na rodovia, acena pedindo uma carona, minutos em que Ricardo Monteiro manobra à direita atendendo o desconhecido. O rapaz agradece, e logo indaga:
-Você não é destas bandas?
-Não. Eu sou de Minas Gerais. E você para onde vai?
-Eu vou passar as minhas férias na casa do meu pai em Betim. Você tem algum remédio para dor de cabeça?
-Sim, por favor, pegue no porta luvas.
Aliviando a dor após tomar o remédio, o rapaz fica calado enquanto Ricardo prossegue a viagem. Sem demora, Ricardo observa no horizonte uma fumaça negra e apressa pisando firme o pé na embreagem, logo, estaciona no acostamento e diz para o carona.
-Companheiro! Dê uma olhada no carro enquanto vou olhar aquele fogo. Se eu não voltar dentro de dez minutos, ligue para 193 e peça uma guarnição do Corpo de Bombeiro mais próxima. Parece-me que é um incêndio de grandes proporções. Eu vou dá uma olhada.
-Meu camarada deixa isso de lado, com fogo não se brinca. Vamos embora!
Advertiu o jovem carona.
Sem se preocupar, Ricardo atravessa a autoestrada apressado, instantes em que olha uma residência pegando fogo com labaredas com mais de dois metros. A rua completamente cheia de fumaça, as pessoas não conseguiam respirar, outros corriam com baldes de água, enquanto o fogo dominava vorazmente com largas chamas. E não demora Ricardo ouve uma mulher gritando e pedindo ajuda em tom elevado.
-Ó meu Deus! Salvem o meu filho que está no berço dormindo. Ai! Salvem minha gente! Pelo amor de Deus! Não deixem meu filhinho morrer.
A agonia da mulher era tão arrepiante que Ricardo não tomou precauções e sem qualquer equipamento de segurança, arregaça as mangas da camisa adentrando pelos fundos da casa, saltando por cima das labaredas a procura do recém-nascido. Naquele local a temperatura ultrapassava os limites toleráveis da vida humana. Contudo, a fumaça e o calor das brasas com o vento que assoprava, tornava-se insuportável, e o mineiro não media esforços, quando uma parede transversal na antessala se desmorona quase aos seus pés, impossibilitando de prosseguir por aquela via, formando montes de pedregulhos e aprisionando os passos da salvação. Sem demora, a respiração de Ricardo se embalava com a fumaça vindo de um dos cômodos e por trás de uma larga travessa de madeira, precipitou-se entre o segundo quarto da casa transformando-se numa condição perigosa.
A mãe da criança corria de uma ponta da rua a outra mergulhada na ansiedade. Não obstante a clareza do ato colossal, Ricardo atravessa obstáculos com a camisa amarrada no rosto, momento em que ouve um choro de criancinha. Ainda com muita energia nos braços, procura no corredor estreito os meios de alcançar. Todavia, o fogo já havia tomado o teto da casa e se alastrava por todos os cantos, ouvindo apenas o gemido seco e estridente do neném. Ricardo Monteiro debelava mais coragem em socorrer aquela vida minúscula, sucedendo aos efeitos ardorosos. Não havia alternativas de entrar, porém, com ânimo derruba uma parede com um pontapé. Surpreso, nota o grande milagre da vida aos olhos, pois, o fogo permaneceu ao redor do berço, sem que nada acontecesse com a criança. Em verdade real, o dedo de Deus não permitia a incineração daquele inocente na combustão crucial que se alastrava em segundos.
Assim, no meio da fumaça e com o rosto coberto na altura dos olhos, Ricardo empurrava um pedaço de madeira do teto, aquiescendo com o entusiasmo, o valente soldado do fogo, homem audaz e corajoso, impôs com determinação a retirada da criança do berço. A iminência bate de frente e mais uma vez é impedido de sair do local, pois a fumaceira e o calor das chamas ardiam em sua volta. Nestas condições, Ricardo Monteiro enrola no edredom que se encontrava no berço fazendo um pacote com o corpo da criança, apressado, retira o cinto da calça com a marca da fivela o símbolo da corporação militar, apesar de colocar no meio do edredom a carteira de documentos.
Mais o fogo não perdoa, e nem dar espaço para diminuir as chamas, e no caso presente, a destruição é avassaladora, desmoronando e queimando tudo pela frente numa conflagração desvairada. E não há tempo nem mesmo para pensar ou improvisar a saída, todos os ângulos da tragédia eram consumidos numa velocidade assustadora. Com manifestação repentina, Ricardo arremessa com violência por entre as chamas o pacote com o corpo da criança envolvido no edredom que logo cai no meio da rua. Alguns populares que jogavam água com baldes, correram para verificar o que era lançado de dentro das chamas. E de repente, um senhor idoso conhecido por Sebastião pegou e abriu o pacote envolvido com o edredom, ouvindo o gemido do bebê sem nenhuma queimadura no corpo.
Uma mulher acabrunhada disse logo:
-Isto é um milagre de Deus! Nossa! Vejam essa criança chorando de alegria sem nenhuma queimadura. É um milagre minha gente!
A genitora aflita e lamentando, percebe entre a fumarada a multidão aglomerada em volta do neném, e diz com um ar de alegria recebendo o filho.
-É meu filho! Graças à Deus não teve um arranhão. Deus é poderoso e com ele ninguém se queima ou se perde! Um filho de Deus salvou o meu filho.
Ao lado do senhor que abriu o pacote, aproxima-se o jovem que havia recebido a carona de Ricardo, e indaga.
-Hei! O senhor viu um homem branco trajando uma camisa cinza, calça preta com um boné de cor vermelha?
-Não. Eu não vi, cheguei da rua agora rapaz. Veja nos braços da mãe o maior presente de Deus, o filhinho renascido. Mais acolá tem gente que está aí desde o começo do incêndio. É muita tristeza tudo isso.
Inconformado o rapaz, insiste em perguntar a diversas pessoas, não encontrando uma resposta satisfatória, momento em inquire a mãe do bebê.
-Dona, por favor! A senhora viu um rapaz com uma camisa cinza e um boné vermelho por aqui?
A mãe do recém-nascido responde:
-Olha, é difícil em meio a esta confusão toda, perdi tudo menos o meu filho, mas eu me lembro de ter visto um homem de boné vermelho entrando pela parte detrás da casa. Também não posso garantir que seja a pessoa que você procura. Olhe, eu vou sair daqui por causa da fumaça.
O jovem averigua novamente.
-A senhora não sabe me dizer se ele entrou no fogo para salvar alguém?
-Não moço. Se for este rapaz que você procura, já deve ter ido embora. É seu parente?
-Não. É que eu fiquei aguardando o seu retorno no carro enquanto vinha para cá ver este incêndio, e até agora não mais voltou. Por isso estou preocupado do que possa ter acontecido com ele.
-Olha! É bom você dá mais umas voltas e perguntar aos vizinhos, pois aqui está lotado de gente e impossível de se ver.
Sem respostas, o jovem sai à procura.
Enquanto isso, Ricardo estava com uma das pernas presas entre os desmontes que caíram sobre as pernas, sem força e bastante debilitado, ainda consegue respirar entre a fumaça, retirando lentamente do bolso uma insigne de brasão de fogo com o seguinte lema: ALIENAN VITAM ET BONA SALVARE – quer dizer, salvar a vida e os bens alheios. A seguir, a respiração fracassa, e no meio das chamas excessivas, e com as pernas presas no desmonte, suspira no minguado ritmo da existência segurando com a mão direita a medalha de um soldado do fogo, elevando nas aspirações de ter cumprido fielmente a missão deflagrada entre os espinhos que sobem no caule de uma roseira. O sinal da preservação deste homem em salvar vidas, eleva no manto de todos os bombeiros, a desproporção em realizar as missões que somente os bombeiros se crucificam diariamente e a qualquer hora.
Ali mesmo, o fogo rosnou em sua volta, retornando nas labaredas vermelhas e amarelas de que o SOLDADO DO FOGO – RICARDO MONTEIRO era detentor das mais árduas missões de salvamento da vida. Nem mesmo as chamas foram capazes de atingir o corpo do herói soldado de Minas Gerais, que segurava com a mão direita a medalha, e nessa particularidade, a sua boca abria-se num sorriso largo e transparente, inundando o mar perverso da vibração oscilante. Podia-se examinar com detalhes que o fogo temia o cadete, o soldado e o guerreiro, batendo-se com veemência nas laterais em fortes labaredas, sem deslustre, imputava nas sombras o respeito ao pacífico estendido nas sobras de madeiras sem lhe tocar sequer uma língua de fogo.
Mais adiante, a senhora Marilu se aproxima da mãe do neném, e diz:
-Ah comadre, me conta como foi isso. Disseram-me que jogaram o bebê por cima das labaredas num edredom.
-Sim, e foi um milagre de Deus, e a vida do meu filho não ter sido atingida pelas labaredas.
Desejando saber detalhes, Marilu indaga.
-E quem fez esse ato heroico comadre?
-Não sei deve ter sido Deus mesmo. Pois é impossível alguém entrar lá, mesmo assim, não sei como tudo aconteceu, e no momento eu estava na casa vizinha.
-Comadre! O Sebastião achou dentro do edredom uma carteira com vários documentos. E nós já sabemos que é de uma pessoa estranha.
Surpresa, afirma a mãe do bebê.
-É mesmo? E de quem será estes documentos?
-Não sei. Quem sabe não seja do salvador do bebê.
A senhora apressada, convida Marilu.
-Vamos lá! Eu quero ver, e quem sabe não seja o amigo do rapaz que estava ainda pouco procurando por ele.
Partiram ao encontro do Sebastião, residente naquela redondeza, repassando de imediato os documentos à mãe do bebê, enquanto abria, disse.
-Veja comadre Marilu, o homem é sargento bombeiro da Corporação de Minas Gerais, aqui está a identidade dele. E tem um cartão que informa tudo: Primeiro Batalhão de Bombeiros Militar de Minas Gerais, Comando – Geral – Rua Piauí, nº. 1815 – Bairro Funcionários – fone Geral: (31) 3289.8001 – CEP 30150-321 – Belo Horizonte - MG. Ainda tem mais, Comandante – Tenente –Coronel Edson Hilário da Silva e Subcomandante – Major Clóvis Ferreira Lima.
-Ó meu Deus! Então liga para lá avisando.
-Calma. Já ligamos para tudo que é Corpo de bombeiros. Tenha calma.
Naquele momento, João Ferraz se aproxima e diz:
-Eu já liguei no início do incêndio para o número 193, e devem estar chegando há minutos.
Agradece a mãe do bebê.
-Obrigado João, mais o Bernardo pegou uma moto e foi lá na Rua Tiradentes, 287 – Cantagalo em Três Rios, onde fica a Corporação tendo inclusive feito um BO.
A moradora do bairro dona Joana também confirma.
-Eu liguei no fone (24) 2255-5766, e falei com o comandante e ele me falou que as viaturas já estavam a caminho.
A mãe do bebê com os documentos pergunta a alguns vizinhos.
- Vocês conhecem quem salvou o meu filho? O amigo dele disse que ele não retornou. É por isso que estou perguntando.
Ao ouvir o amigo carona de Ricardo, aproxima e identifica como sendo o proprietário do veículo estacionado no acostamento da autoestrada e que veio olhar a fumaça. Instantes em que pergunta assustado.
-Mais onde estará ele. Ele não voltou.
Um senhor idoso ouvindo complementou.
-Se foi ele que realmente entrou na casa, deve ter saído pelos fundos, e pela entrada da frente está tudo aos montes de pedregulhos e o fogo ainda castiga.
Há dez minutos atrás, na Rua Tiradentes, 287 no Cantagalo, a sirene toca por várias vezes e o alto falante reproduz dentro da Corporação Tática, alertando:
“ATENÇÃO, ATENÇÃO, VIATURAS DO CORPO DE BOMBEIROS, OCORRÊNCIA DE INCÊNDIO, CENTRAL, CENTRAL, É O COMANDANTE VAZ”.
Entre os corredores do pátio vermelho, os homens acionam os comandos numa rapidez incrível, bombeiros descem pelos ferros lisos, outros correm pelos corredores e a sirene toca, e a voz anuncia novamente.
“ATENÇÃO, ATENÇÃO, ATENÇÃO - VIATURAS DO CORPO DE BOMBEIROS, OCORRÊNCIA DE INCÊNDIO, CENTRAL, CENTRAL, É O COMANDANTE VAZ”.
O portão se abre, e as viaturas atravessam as ruas de Três Rios soando mais uma labuta de um dia sem demora e sem descanso, um dia em que os segundos são preciosos, os minutos vale uma vida de cada bombeiro, a guarnição dos combatentes do Corpo de Bombeiros de Três Rios com as sirenes ligadas, chegam ao local com três viaturas, uma de grande porte, chamada ABT – Auto Bomba Tanque com compartimento de transporte e reservatório para quatro mil litros, viatura ABSL – Auto Busca e Salvamento Leve, marca Mercedes Benz, modelo Sprinter 311, e a viatura ASE – Auto Socorro de Emergência, tipo furgão com equipamentos médicos e uma UTI móvel.
Ao adentrarem no local da tragédia, o Tenente Juarez informa pelo rádio móvel à central.
-CB – 095 - Tenente Juarez, atenção, local de incêndio real em largas proporções, sem confirmação de vítimas com risco de explosão, atuante manobra realizada com o canhão lançador de água. Casa destruída sem procedência de vítimas ou feridos.
Centro de Operações responde:
-Confirme em seguida os objetivos, laudos e a situação.
- Ok.
A viatura com Auto Bomba Tanque lança através daqueles hidrantes posicionados nas residências conjugadas o material da operação em ação (água). Em poucos instantes, o corpo de Bombeiros cessa o fogo, embrenhando-se nos destroços a procura de vítimas e bens. Momentos em que a população gritava, outros choravam, alertando sobre a presença de um homem no interior da casa. Desta forma operante, os bombeiros com agilidade ingressam no interior, e o Sargento Miguel se surpreende ao deparar com o corpo estendido de um homem.
-Capitão Augusto! Capitão Augusto! Há uma vítima com as pernas presa por baixo dos escombros.
-Acione os adaptadores de carretel para a retirada do material, urgente.
-Sim Capitão. Parece incrível este cara pereceu brigando com o fogo. Mais o que ele estava fazendo aqui?
Com as evoluções paralisadas e a combustão exterminada, o soldado Jorge auxilia o Sargento Miguel e Capitão Augusto puxando os braços do homem e colocando numa posição mais amena, instantes em que fala com ar de surpresa.
-Vejam! Este homem possui uma medalha da corporação militar em sua mão direita. Quem é este bombeiro?
-Não conheço, e não é da nossa corporação, deve ser do Rio ou de Campos. Disse o Capitão Augusto.
As lágrimas derramam nas faces dos bombeiros que não entendem como o homem bombeiro partiu.
-Meu Deus! Este homem é um bombeiro! Valha-me Cristo! Nem mesmo o fogo tocou em seu corpo. Parece que ele lutou o bastante, e suas mãos estão avermelhadas. Como pode esse acidente não ter atingido o seu corpo com a elevação da temperatura? Ligue para o Centro de Operações urgente.
O corpo do jovem é retirado e levado na maca. E a população observa os bravios homens do fogo limpando os olhos.
O Tenente indaga aos presentes:
-Vocês conhecem este homem? Tal questionamento faz parte da vistoria e perícia do local do sinistro.
A senhora Raimunda que estava ao lado da maca disse;
-Eu nunca vi este homem por aqui, pois eu moro há mais de vinte anos e nunca o vi. Mais a Marilu andava com os documentos dele.
O jovem que havia recebido carona na estrada identifica o bombeiro Ricardo Moreira e derrama seu pranto deslizando na face ao Tenente Juarez, dizendo:
-Por favor! Este homem andava comigo, e peguei carona no seu carro ao sair da cidade, e próximo daqui ele parou o carro para ver melhor uma fumaça que vinha provavelmente desta casa. Antes, ele havia me pedido um favor. Estou triste por não ter feito o seu pedido. Me ajudem pelo amor de Deus!
Condoído o Tenente Juarez pergunta.
-Mais o que ele lhe pediu?
-Acaso não voltasse dentro de dez minutos que eu avisasse o Corpo de Bombeiros. Mais o cara não se identificou e saiu. Tenente, eu me sinto culpado por tudo isto.
-Acalma-se, por favor! Você não é culpado. Sargento chame a senhora que se encontra com os documentos para averiguações.
Um senhor não identificado se aproxima e diz que dentro do edredom continha uma carteira com vários documentos. Instantes que o Tenente averigua e confirma através do Rádio Móvel para o Centro de Operações que a única vítima identificada é o corpo de um soldado do corpo de Bombeiro de Minas Gerais, relatando os fatos ocorridos.
A mãe do recém-nascido que o bombeiro salvou se apresenta ao Tenente, expondo uma lagoa de lágrimas e diz:
-Foi esse homem que salvou o meu filho. Ó meu Deus! Eu não vi este homem entrando na minha casa. Como pode dá a sua própria vida. Como pode! Ó meu Deus! Ó meu Deus tenha compaixão e misericórdia desse homem que salvou a vida do meu filho. E a família dele? Ó Jesus!
O Tenente Juarez consolando, afirma:
- Senhora, ele morreu para dá vida ao seu filho, sem se importa com a sua em perigo. É tudo que um soldado do fogo é capaz de fazer pelas pessoas e seus bens. A nossa missão é cumprir fielmente todos os dias esta tarefa.
Um senhor diz ao Tenente.
- Esse homem é um dos que o fogo não quis queimar nenhum pedaço do seu corpo. Veja que o fogo passou e nem sequer subiu na sua roupa. Um verdadeiro herói, um homem que deu a sua vida ao se lançar no fogo, e dessas coisas eu não compreendo como tudo pode acontecer.
O outro falou.
- Muito estranho tudo isso. Ele salvou a criancinha sem o fogo lhe tocar, mais foi impedido de se salvar por causa da escora que caiu sobre sua perna. Isto é que é ser bombeiro.
Sem delongas, a mãe do bebê completa.
- Tenente, eu vou registrar o nome dele no meu filho, pois será a maior honra da minha vida. Não há nada que pague esta bondade, somente o amor é capaz de fazer coisas até ao desconhecido. Deus há de guardar os melhores trunfos.
As lágrimas caem novamente do rosto da mulher e tudo se concretizava nas palavras que havia dito. A rede de televisão local invade o espaço transmitindo ao vivo o inusitado acontecimento. Crianças, mulheres, velhos e adolescentes olhavam o corpo estendido com a medalha na mão direita, e o sorriso no rosto do bombeiro, transmitia que estava feliz pelos atos aferidos e levados ao nome da honra pela vida. Na realidade, o bombeiro não mede o tempo e nem o espaço para prevalecer o emblema da salvação, passando naquela cidade como um herói mesmo desconhecido.
Em poucos instantes, um helicóptero de cor avermelhada do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ, localizado na Praça da República, nº. 45 – Centro, CEP 20.211-350 – tels. 3399-4000 – 33994001, aterrissa no local. Entre os ocupantes do aparelho, descia com uma farda de gala o Subsecretário da SESDEC e Comandante-Geral do CBMERJ, o renomado Coronel Pedro Marco Cruz Machado. De imediato, determinou que o corpo do militar fosse para o Quartel do Corpo de Bombeiros de Três Rios para uma solenidade pública ladeada com a presença da população e demais autoridades às 16 horas, tendo em vista a Comemoração Nacional dos Corpos de Bombeiros no dia 02 de julho de 2008, inclusive com manifestação aos 152 anos de existência do CBMERJ, transferindo para esta solenidade, a prova robusta em que um soldado Bombeiro da Corporação de Minas Gerais – Ricardo Monteiro bradou no dia do Bombeiro o ato heroico e desmedido na plena vocação de servir aos interesses da coletividade.
Horas depois, no pátio do Quartel Militar localizado no Cantagalo, após conhecer a criança salva, e prestar homenagens pelo dia do Bombeiro, a mãe da criança não se conteve em derramar lágrimas perante as demais autoridades presentes, tais como: O Secretário de Estado de Saúde e Defesa Civil, o Dr. Sérgio Côrtes, acompanhado do Chefe do Estado-Maior Geral e Subcomandante-Geral do CBMERJ, o Coronel BM José Paulo Miranda de Queiroz, também o Comandante da Academia de Bombeiro Militar D. Pedro II, o Ten.-c.el. BM Gilberto de Andrade Mendes, contando com a presença exponencial do prefeito Celso Alencar Ramos Jacob, e sem demora, a presença marcante do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, passando em revista a Guarda de Honra, que emocionado, abriu o seu discurso homenageando as autoridades, e enaltecendo a bravura do homem do fogo, o Soldado do fogo, o Mártir de Três Rios, outorgando beneméritos ao Subsecretário da SESDEC e Comandante-Geral do CBMERJ, o Coronel Pedro Marco Cruz Machado pelas inovações traçadas nas respectivas anuências promovidas em sua gestão, franqueando a palavra, o Comandante Geral, postulou em nome dos convidados os singelos agradecimentos, ilustrando que no dia Nacional dos Corpos de Bombeiros as atribuições divinas em que estes homens com vocação, laboram em prol da sociedade e dos bens alheios, salvando vidas.
Em seguida, com a palavra, o Prefeito municipal Celso Jacob cumprimentou as autoridades com as meras homenagens ao dia do Bombeiro e o aniversário da Corporação Militar, aduzindo em seu discurso sentenças com respingos de clamor pelo serviço prestado do Herói Soldado Bombeiro de Minas Gerais, afigurando de que “o homem acometido de intenso amor em salvar vidas, às vezes empresta a sua alma a um desconhecido como é o caso da criança que merece um reconhecimento especial, e que sem haver qualquer compensação, o bombeiro mineiro, habilitou com as suas últimas forças numa guerra contra o fogo, entregando a vida nas altas temperaturas, ileso, e sorrindo nas circunstâncias que fogem a qualquer normalidade. Como eu gostaria de abraçar e entregar a maior comenda do município de Três Rios, porém, já determinei ao meu secretário o mérito de construir no local da tragédia uma praça com uma estátua de bronze em homenagem ao HERÓI BOMBEIRO DE TRÊS RIOS. Senhor Governador Sérgio Cabral, Senhor Comandante Geral do Corpo de Bombeiro Militar do Estado do Rio de Janeiro, Coronel Pedro Marco Cruz Machado e demais autoridades, com dádivas e mui merecimentos, o meu governo já se encontra na assistência da família, e finalizando, eu particularmente me emocionei em saber que o nome completo da criança será o nome verdadeiro do soldado bombeiro, obrigado”.
E por fim, o Comando Geral do Rio de Janeiro com as mais altas honras militares, encaminhou ao Primeiro Batalhão de Bombeiro Militar de Minas Gerais, o corpo do SOLDADO BOMBEIRO DE TRÊS RIOS.
fotos: créditos Prefeitura de Três Rios e CBMERJ.
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