DESNOTÍCIAS DE UM DÉSPOTA
Concluí que viver em conjunção com um sujeito destrambelhado já seria um disparate.
Uma criatura que, despudoradamente, destitui do lar o parceiro, não é digno de desvelo.
Acho desnecessário dizer que o desplante cometido não foi desavisado. Ele tinha algo de desmedido em seus pequenos detratos.
No início ele se mostrou benevolente, amável, sem cometer quaisquer desajustes. Porém, seus desmandos revelavam alguns desacertos.
Era mesmo dissimulado.
Algumas situações me causavam desapontamentos.
Ele ficava reticente ao proferir despalavras, desencontrando-se nas desordens que ele próprio punha no Livro da Lei.
A Nação se convergia num evidente desespero. As almas, até ali íntegras, desarticulavam-se como um pergaminho despedaçado, num desarranjo sem precedentes. Desoladas, as personalidades curvam-se nos recônditos da tristeza e, desmotivadas, não sabem mais a quem recorrer.
Muitas das suas descrições noticiosas ora desmancham as mais lúcidas veracidades. No entanto, o mais desastroso é que suas desairosas sentenças desanuviam as mentes e implantam nelas uma sombra desmedida.
Sou vítima de uma mentira que destrói minha tão cara realidade. Mantenho-me de pé, desesperado. Sinto-me num desamparo que não sei onde vai desaguar.
Ao me associar jamais supus que ele fosse um dia agir como um autêntico déspota.
Aguardo pois, ansioso, os desdobramentos desta detestável faceta, sabendo que não posso destravar os pinos das decisões. E que, apesar das desgraças que atacam, não fique para sempre refém das desditas.