ELAS NÃO QUERIAM VOLTAR DAQUELA DIMENSÃO

   O sol estava se pondo quando Nana foi até aquela enorme pedra de onde se via todo o vale naquela cidadezinha do interior, era uma visão panorâmica, de uma beleza indescritível, passava momentos ali para pura reflexão, já estava acostumada, ia sempre sozinha. Tinha alguns problemas familiares e gostaria muito de vê-los solucionados, mas como? Não tinha como imaginar uma mudança de vida no auge dos seus dezessete anos, era praticamente uma fedelha dependente do pai que a tratava com rispidez, apesar de fazer os seus serviços domésticos e ainda freqüentar a escola no turno da tarde, a noite novas atividades rotineiras a esperavam e ela resolvia tudo com a maior presteza, mas seu pai não reconhecia, não a tratava como merecia e ela se aborrecia muito com essa situação, mas para evitar problemas maiores ficava na dela, ia agüentando calada até o dia que fosse possível. Tinha vontade de desaparecer dali, ir para bem longe, mas gostava da compreensão da mãe que sempre a consolava e lhe pedia calma, no que Nana atendia. Ali naquela pedra era o seu refúgio todas as tardes quando voltava da escola, era um ponto de parada para sua reflexão. Ai dela se o pai descobrisse que ela ali ficava sem fazer nada.

   Certo final de tarde quando voltava da escola Nana encontrou casualmente duas amigas do vilarejo onde residia, fazia dias que não as via, eram Maria Augusta e Martha, por elas nossa amiga nutria profunda afeição, eram pessoas em quem ela podia confiar de olhos fechados. Se abraçaram, riram e bateram um papinho, mas perguntada sobre para onde ia fugindo do roteiro normal de sua casa Nana achou por bem dizer a verdade, até compartilharia o problema que passava com elas, pois eram de sua inteira confiança e poderia até ouvir uns conselhos. Como Maria Augusta e Martha tinham ido resolver um problema no centro e precisavam chegar em casa logo, marcaram para a tarde seguinte de se encontrarem na pedra, local bastante conhecido pelas amigas. E assim foi feito, quando largou da escola Nana foi com mais pressa para o local combinado e lá viu logo Maria Augusta e Martha que a esperavam. Trocaram ideias e ambas ficaram sabendo do problema de Nana, ficando elas muito sentidas. Os conselhos das amigas foram os melhores possíveis, que tivesse calma e perseverança que tudo sairia bem no final. Na hora de se despedirem daquele local maravilhoso, deslumbrante, as três se abraçaram prometendo voltar outras vezes para essa que era considerada uma terapia, um momento de prazer com a natureza e com Deus, que com certeza ouvia as preces, notaram um feixe de luz que descia do céu já alaranjado pelo desaparecimento do sol que se recolhia num belíssimo crepúsculo. Ficaram as três abismadas, surpresas, com aquele magnífico espetáculo nunca visto. Lágrimas de emoção desceram por aquelas faces jovens, no entanto as três tiveram a nítida impressão de que estavam sendo sugadas por uma espécie de redemoinho. Como se estivessem anestesiadas se deixaram levar sem nenhuma reação, também se tornou impossível qualquer ato que por alguma delas pudesse ser executado. Aquele céu alaranjado começou a se transformar e Nana, Maria Augusta e Martha viram um novo sol e um dia bem claro, porém o que mais chamou a atenção do trio foi o lugar onde foram parar. Que era lindo não tiveram dúvidas, até se sentiram bem depois do susto, mas estavam agora em um local desconhecido, mesmo assim as meninas não tiveram medo, era como se algo extraordinário estivesse acontecendo, ficaram então tranqüilas e sorridentes, no entanto surpresas. Uma grande sensação de prazer tomou conta delas, mentalmente Nana percebeu que estava sendo observada, só que essa sensação de dava uma imensa paz de espírito. O mesmo sentiram suas amigas Maria Augusta e Martha, elas também estavam maravilhadas com o acontecido.

   Foram momentos de puro êxtase, elas tiveram absoluta certeza de que fizeram uma viagem para outra dimensão onde somente bons flúidos existem. A pedra lá estava vazia, ninguém a contemplar o horizonte, aquela beleza natural, aquelas três jovens não pretendiam mais voltar, as suas mentes estavam condicionadas a um mundo que elas não conheciam, mundo completamente diferente deste em que ora vivemos. Se confrontaram com pessoas de mentalidades superiores em relação às da Terra, criaturas altamente cultas e que sabiam da presença delas para um aprendizado necessário, pois só pessoas escolhas é que usufruem desse privilégio de visitar e conhecer outras dimensões do Universo. Nana, Maria Augusta e Martha conheceram edificações suntuosas, ficaram maravilhadas e até se hospedaram em um magnífico ponto de apoio a visitantes com a finalidade de guardarem muitas informações para serem desenvolvidas na Terra em momentos oportunos. As três amigas viram o sol nascer várias vezes, viram o brilho das estrelas bem mais de perto e uma linda lua prateada que dava a impressão de estar próxima a elas. Uma paz nunca conhecida se instalou em seus corações, estavam felizes, uma felicidade aquém da que conheciam no planeta Terra. Essa felicidade as fazia compreender o amor que tinham com os seus familiares, um amor que nunca terá fim e que percorrerá inúmeras dimensões. Não sentiam falta dos familiares, nessa dimensão essa separação simplesmente não existe, a alma se encarrega de tudo para que o amor esteja sempre presente e essa foi a razão de quererem ficar nessa dimensão. Nana, Maria Augusta e Martha tiveram essa oportunidade de visitarem uma dimensão bem superior a nossa, muito além nos projetos de vida e amor, mas infelizmente tinham que voltar para a Terra, tinham que terminar suas tarefas terrenas, tinham que conhecer uma verdade que poucos conhecem e muitos não merecem conhecer. Elas receberam flúidos positivos e implementados com amor e se conveceram de voltar.

   Ali na pedra o sol já começava a se esconder deixando o céu alaranjado, era hora de Nana voltar para sua casa depois de uma tarde de estudos. Maria Augusta e Martha ali estavam. As três estavam a contemplar o crepúsculo lindo desse lugar maravilhoso. Não queiram comparar o tempo de visitação em outra dimensão com o tempo que elas estavam ali na pedra contemplando a natureza, é impossível a compreensão. Elas apenas relembraram aquele feixe de luz vindo do céu e seguiram cada uma para sua casa.

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Esta história é fictícia, mas os nomes dos personagens resolvi colocá-los como uma homenagem a três grandes escritoras recantistas que eu muito admiro por terem trabalhos excelentes aqui no RL, sem desmerecer os demais poetas e escritores deste site, a quem peço desculpas, quem sabe, talvez outro dia poderão ser honrados com essa minha gratidão. São elas Nana Gonçalves, Maria Augusta da Silva Caliari e Marthamaria.

  

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 10/08/2022
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