O C a B i D e

o CaBiDe

j.torqu4to – julho 2022

Cidade Universitária - Maceió.

NO PALCO DO AUDITÓRIO DA RÁDIO DIFUSORA DE ALAGOAS, NA PRAÇA DOS MARTÍRIOS, UMA MULTIDÃO DE FARDAS ESCOLARES PRINCIPALMENTE MOLEDO FEMININO, GRITAVAM FEITO LOUCAS MESMO, PUXAVAM OS CABELOS, ARRACAVAM SUTIENS E JOGAVAM NO PALCO.

LÁ ENTRE O CONJUNTO MUSICAL, UM CARA COM A CALÇA JUSTA BOCA SINO, UM PAR DE BOTAS COM SOLAS GROSSAS E UMA FIVELA ESPELHADA, A CAMISA MANGA COMPRIDA, ERA LISTADA DE AZUL, VERMELHO E BRANCO, COM A GOLA ARMADA ALTÍSSIMA ESTILO ELVIS, CABELOS LISOS E LONGOS CAINDO DE UM LADO E CABEÇA A BALANÇAS, CANTAVA “ERA UM GAROTO QUE COMO EU, AMAVA O BEATLES E OS ROLING STONES” COM UM PANDEIRO SEM COURO A BATER NAS COXAS.

ESTONTEANTE, NÃO PARECIDA UM AUDITÓRIO E SIM UM ESTÁDIO DE FUTEBOL LOTADO, UMA FESTA DE GRITOS E MÚDICAS, O PRÉDIO VELHO, ESTREMECIA.

AI ELE ACALMOU A TURMA BARULHENTA COM A ROMÊNTICA MÚSICA “O CARPINTEIRO” A BALADA AO SOM DO PANDEIRO NAA COXAS.

AO TERMINAR O PISO DE MADEIRA SUPORTOU HEROICAMENTE O BARULHO E OS PULOS DO AUDITÓRIO EM FÚRIA DE ÊXTASE. ERA TEMPORADA DA “JOVEM GUARDA” OU IÊ, IÊ, IÊ.

DESCIA O CANTOR AO MEIO DA MULTIDÃO, ARMADO SÓ DE UMA CANETA BIC, O “PAPEL” ERAM COXAS, OMBROS, BRAÇOS, FACE ETC. ASSIM DISATRIBUÍA SEUS AUTÓGRAFOS.

A LUZ APAGOU NESTA DÉCADA.

NA PENUMBRA DO QUARTO, SENTADO A UM CANTO NUM SOFÁ VELHO, ELE OLHAVA

O CABIDE

A TV TRANSMITIA UMA PARTIDA DE FUTEBOL SOB UMA TORCIDA VIBRANTE.

O JORNAL AO CHÃO, HAVIA A MANCHETE DE UMA NOVA EPIDEMIA QUE CHAMAVAM DE CORONA (CORAÇÃO) E QUE VINHA GENTILMENTE OUTORGADA, DA CHINA. COISA SEM IMPORTÊNCIA VITAL PARA O PERSOBAGEM QUE OLHAVA A JANELA NOTURNA DE SEU QUARTO.

AS LUZES QUE BRILHAVAM HOJE, NÃO SE COMPARAVA AS LUZES QUE NRILHARAM ONTEM.

NA PARECE, DEPENDURADO A UM PREGO, UM CABIDE EXPUNHA UMA CAMISA LISTRADA DE AZUL, VERMELHO E BRANCO, COM A GOLA ALTA E DURA.

ELE SE LEVANTOU E FOI ATÉ A BASE DA PAREDE DONDE ESDTAVA O CABIDE.

SE AJOELHOU, PASSOU O DEDO INDICATIVO NO CHÃO E SE SURPREENDEU AO VER QUE AQUILO ERAM GOTAS DE VERDADE, QUE CAIAM DA CAMISA.

ERAM GOTAS TRANSLÚCIDAS DE UMA COISA QUE MATERIALMENTE NÃO EXISTE.

MAS FAZ BEM OU MAL FISICAMENTE, QUANDO ATINGE A ALMA.

A CAMISA NO CABIDE

“SUAVA” SAUDADES.

GOTAS QUE CAÍAM AO CHÃO

SAUDADES CHORADAS PELO CABIDE.

Torquato