Os quatro anéis do poder
Em um sonho, Aziz encontrou a velha cidade dos homens desconfiados, que está além dos bosques de pinheiros, nos sonhos de penumbra, onde não se pode chegar sem um guia que seja iniciado nos caminhos da feitiçaria. Aziz buscava por algo, algo valioso e de muito poder que lhe foi prometido por um príncipe. Andar por entre aquelas ruas o fazia sentir-se curioso com o que poderia acontecer e descobrir, o ar inerte de suspense que preenche a cada visão de árvores retorcidas, tais como se pudessem contar os segredos das entranhas da terra, o fascinava. Os seus pacatos habitantes que se escondiam em suas casas, desconfiado dos raros transeuntes que ali passavam de tempos em tempos. E certamente eles viram a passagem de Aziz, por entre as frestas das portas e das janelas de suas casas.
E quando atravessou a cidade, Aziz encontrou na encruzilhado um cavalo preto de olhos amarelos que o guiou por tortuosos caminhos até a entrada de um antiquíssimo cemitério, onde o cavalo cessou sua caminhada na porta e acenou em um gesto que sugeria que Aziz deveria seguir adiante. Aziz reconheceu aquelas catacumbas, era um cemitério que há muitos pesadelos atrás haviam atravessado sozinho e encontrado uma asquerosa bruxa que, naquele pesadelo, cavou uma cova e se horrorizou com o que havia visto no fundo da cova. Dentro da cova havia um gato preto de olhos amarelos que disse, no sonho, com uma voz rouca e tenebrosa: - Eu sou Lúcifer. Naquele sonho, como nitidamente se lembrava dentro deste, Aziz, começou a procurar pelo túmulo e o encontrou, e dessa vez, ele mesmo começou a cavar a terra até que o buraco se tornou tão profundo ao ponto de cobrir-lhe o corpo, e no fundo do buraco encontrou um pequeno baú feito de madeira.
Após arrebentar o baú, Aziz descobriu em seu interior quatro anéis com pedras preciosas e um pergaminho com os seguintes dizeres: “No dedo de Solomon, deves usar Shura, forjado de ferro, cravejado com uma rubi de implacável vermelho incandescente que lhe dará o poder sobre o fogo e pode incendiar a tudo ao redor do feiticeiro que o usar, no dedo do tempo (médio) está Obin, feito de chumbo, cravejado com uma ametista de um hipnótico violeta meia-noite que lhe dará o poder de viajar além de seu corpo através dos espaços para qualquer lugar que quiserdes. E usarás no dedo solar, Amonir, feito de ouro de Ofir, cravejado com lápis lazuli de celestial anil, que te darás o poder de ficar invisível e conhecer os pensamentos dos outros…” Nada falava, porém, sobre o último anel feito de um material desconhecido e cravejado com uma enigmática esmeralda de verde intenso com de muitas florestas.
E usando o anel Obin, Aziz voou pelos espaços infinitos e não foi mais visto na cidade dos homens desconfiados, que espreitavam pelas frestas os transeuntes que por ali passavam de tempos em tempos em busca de poder.