ENCONTRO PROVIDENCIAL

Era um dia de domingo em que o almoço seria na casa do neto e a avó teve como incumbência levar sorvete e refrigerante.

Ela vestiu uma calça branca, uma blusinha rosa com os ombros de fora passou a maquiagem básica e se dirigiu ao supermercado. Nos domingos sempre é tranquilo, muita gente está passeando e poucos fazendo compras.

Alguns entram rápido para pegar a cerveja, o gelo, ou o carvão; outros a lasanha congelada, ou alguns dos pratos prontos que são oferecidos, e outros, como ela, vão atrás do sorvete ou alguma sobremesa.

Ao entrar no mercado pegou seu carrinho pequeno e ao passar por algumas gôndolas acabou levando outros produtos que estava precisando.

Ao encontrar o freezer dos sorvestes começou observar os preços altos das marcas quando, de repente, um adulto do sexo masculino caiu de paraquedas na sua frente e começou a comentar sobre os preços altos dos produtos. E dessa conversa vieram outras, outras e mais outras. Ele tinha um rosto bonito, trajava bermuda, camiseta com suor marcado, alguns dentes precisando de tratamento, mas especialmente inteligente, educado e sensível. Falou que gostava de transmitir conhecimento e que era professor.

Falou de Freud, do amor entre duas mulheres, que acreditava que podia existir, mas o amor entre dois homens, esse não existe. Disse que homem não ama, não tem a sensibilidade inerente a mulher para amar alguém. Concluiu que ele tinha razão.

E a conversa continuava. A hora estava passando e ela estava sendo aguardada. Tentou despedir por três vezes, e em todas ele segurou sua mão e a beijou, dizendo que ela era uma mulher muito bonita, e se desculpando por conversar demais. Ela queria escutar ele, mas, em outra oportunidade e chegou a dizer que lhe informasse o telefone, ao que ele disse que não tinha telefone nenhum, pois não gostava.

Na quarta tentativa finalmente se despediram e ele desapareceu.

Ela ainda comprou algumas coisas, mas não o viu mais. Foi até o Caixa, pagou suas compras e olhou para todos os lados, tentando ver se o via, ele simplesmente sumiu, desapareceu do mesmo jeito que chegou.

Ana Amelia Guimarães
Enviado por Ana Amelia Guimarães em 20/06/2022
Reeditado em 21/06/2022
Código do texto: T7542059
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