A VELHA CHAMINÉ

   Do alto da colina eu via aquela construção imponente, alta, parecia uma porção de tijolos sobrepostos, bem arrumadinhos, um por cima do outro. Me disseram que era... que era... uma chaminé! Eu como um menino bobinho não entendia dessas coisas e nem sabia para que servia, eu só via uma fumaça saindo lá de cima, naquela imensidão de campo com muito verde, muitas árvores, gado pastando e um casarão antigo onde eu via muitos homens trabalhando não sei em que, não sabia o que faziam ali. Eu só me lembro que eu andava muito por ali, por perto daquela... chaminé, de perto dava prá gente dizer que era um monstro, uma construção gigantesca. E aquela fumaça saindo lá de cima me impressionava, eu achava interessante, ficava horas ali por perto só admirando aquela perfeição de construção. Aliás eu nem sei dizer por que estou dizendo tudo isso, algo me impulsiona a dizer essas coisas que eu nem entendo bem.

   Agora estou vendo melhor, o mesmo lugar, o mesmo casarão, agora abandonado, não tem ninguém trabalhando e eu aqui confuso sem saber porque não vejo mais aquela chaminé que tanto me impressionou. Onde ela está? E meu corpo, não é mais o mesmo, que aconteceu? Por que estou passando por isso. Eu sei... tenho certeza... eu era um menino e via sempre aquela... chaminé ali e agora não estou vendo mais. Que se passa com a minha mente? Por que não estou vendo a chaminé que aquele menino (eu, né?) ficava por ali brincando, admirando, achando bonita aquela forma de construção que mais parecia um prédio alto, bem alto, só que não tinha janelas, só tinha uma abertura na parte de baixo e quando eu chegava perto um homem mandava eu me afastar, não podia ficar ali, era proibido. Muitas vezes ele me alertou, mas menino sabe como é, não gosta de obedecer certas ordens. E eu ficava por ali perto, para mim era um espetáculo.

   Puxa! Estou vendo novamente a chaminé, ela parece mais nova, parece até que acabaram de construir. E o casarão está tão bonito, bem pintado. Vejo pessoas circulando por lá, tem alguns automóveis, mas são bem antigos, não parecem nada com os de hoje. Mas aqui em cima dessa colina... o que faço aqui? Estou confuso. A chaminé está lá, imponente, bonita, fumaça saindo lá de cima.

Que confusão dos diabos, às vezes percebo uma coisa esquisita tentando confundir a minha visão, como se fosse uma névoa, agora mesmo estou vendo essa chaminé já bem corroída pelo tempo e vejo também muitos homens ao seu redor com cordas isolando a área. Eu estou bem perto dela, atravessei o cordão de isolamento e ninguém me viu, não sei o que vai acontecer, o meu desejo é chegar bem pertinho e tocar aqueles tijolos um em cima do outro. Peraí, ouço gritos, alguém pede para que eu saia imediatamente do local, gritos e mais gritos. Eita, um estrondo danado, puxa vida! Muita poeira agora, não enxergo mais nada. Socorro, alguma coisa me atingiu, estou ferido... Meu Deus! Ai! Preciso correr! Preciso corr...

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 22/04/2022
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