TODA A HISTORIA DE ROMA
Eu quero expressar com poucas palavras um reencontro histórico de uma cidade que remonta a cerca de 753 a.C., com a fundação de um pequeno povoado na península Itálica. Embora a fundação tenha ocorrido no século VIII a.C., o mais antigo registro escrito é o estabelecido pelo historiador Marco Terêncio Varrão (116 a.C. - 27 a.C.) durante o reino de Augusto, cerca de 500 anos após o fato. Com o tempo, Roma tornou-se o centro de uma vasta civilização que dominou a região mediterrânica durante séculos, e que seria derrubada por algumas tribos germânicas, dando início à era historiográfica da Idade Média.
Vejamos que estamos mostrando plenamente uma rica historia que se começa em uma época muito antiga e que suas particularidades nos mostram que se se passou por um grande desenvolvimento em que a arte quanto a politica desempenha um grande papel na historia do romano que hoje possamos compreender seus valores e mistérios profundos que nos faz ressaltar um verdadeiro costume e amor por Roma e que seja simplesmente Roma uma cidade guerreira que sempre desempenhou uma grande relatividade com o homem e com os deuses que podemos acreditar em suas palavras e construções de um grande povo que nos mostra hoje uma dignidade mais fértil e forte sob um grande domínio e força militar sob uma grande região que nos transformou e nos fez acreditar sob suas influencias e costumes que plenamente possamos conhecer na arte e na cultura tanto política quanto artística que se tem demonstrado um grande papel para o mundo inteiro em que o cinema nos retrata e se fez do mundo uma grande escala triunfal de certos filmes e grandes contos que me faz compreender a cultura e a historia narrada a fundo de um certo cartaz que dissimulamos o conhecimento e o desdobramento pela arte e cultura e que hoje possamos entender por onde o mundo se começou e suas variáveis formas de viver e que existe nos sonhos de cada um grandes processos mágicos que a cultura nos desdobra e nos faz contemplar um grande desejo pelos antepassados e que a cultura hoje em dia seja mais realista ao nosso ponto de vista em que se empenhamos a conservar adiante de tudo um finíssimo papel no desenvolvimento socialista em que possamos dizer que Roma tem classe, é significado de amor, é gloria e trabalho e desenvolvimento e que quero mostrar por completo aqui agora toda a sua historia em que se conservamos no tempo e no passado e hoje compreendemos sua origem bem mais clássica e melhor dês de seu reinado ate seu amadurecimento com a vida em geral .
Teatro da Roma Antiga
Mosaico romano retratando atores e um tocador de aulo (Casa do Poeta Trágico, Pompeia)
O teatro da Roma Antiga foi uma modalidade artística diversa, estendendo-se do teatro de rua e de acrobacia nos festivais à encenação das comédias de Plauto e Terêncio e das tragédias de Sêneca. Embora Roma tenha tido tradição própria na performance, a helenização cultural no século III a.C. teve um efeito profundo e energizante no teatro dessa civilização, estimulando o desenvolvimento de literatura de alta qualidade propícia à atuação.
O historiador Lívio postulou que os romanos teriam experimentado a arte teatral pela primeira vez no século IV a.C., por meio de uma performance de atores etruscos. Beacham defende que essa civilização já teria conhecido "práticas pré-teatrais" há algum tempo antes do registrado. O drama romano teve início de desenvolvimento em 240 a.C., com a execução de produções de Lívio Andrônico. Essa modalidade perdurou em popularidade na antiguidade tardia, pela metade do século IV d.C., com 102 de 176 ludos públicos tendo sido dedicados ao teatro, além de eventos com gladiadores e corridas de bigas, em número consideravelmente menor.
Reino de Roma
Reino de Roma (em latim: Regnum Romanum), também designado como monarquia romana ou período régio, é a expressão utilizada por convenção para definir o estado monárquico romano desde a sua origem (21 de abril de 753 a.C.) até a queda da realeza em 509 a.C.. A documentação deste período é precária e até mesmo os nomes dos reis são incertos, citando-se apenas os reis lendários, apresentados nas obras de Virgílio (Eneida) e Tito Lívio (Ab Urbe condita libri). Suas origens são imprecisas, se bem parece claro que foi a primeira forma de governo da cidade, um dado que a arqueologia e a linguística parecem confirmar.
Segundo a tradição lendária, Roma foi governada por sete reis. Os antigos atribuem a cada soberano uma inovação para a formação das instituições romanas: Rômulo (r. 753–717 a.C.) fundou a cidade e raptou as sabinas; Numa Pompílio (r. 717–673 a.C.) criou as instituições religiosas, os sacerdócios e os ritos; Túlio Hostílio (r. 673–642 a.C.) destruiu Alba Longa; Anco Márcio (r. 640–616 a.C.) fundou a colônia de Óstia; Tarquínio Prisco (r. 616–579 a.C.) realizou grandes trabalhos de construção em Roma; Sérvio Túlio (r. 578–535 a.C.) dividiu a sociedade romana em classes censitárias; e Tarquínio, o Soberbo (r. 534–509 a.C.) representou o típico tirano romano.
O rei (rex) acumulava funções executivas, judiciais, legislativas e religiosas. A ratificação de leis era feita pela Assembleia das cúrias, composta por todos os cidadãos em idade militar (até 45 anos), e o senado, ou "conselho de anciões", atuava como conselho régio e escolhia novos reis. Na fase final da realeza, a partir do fim do século VII a.C., Roma foi dominada pelos etruscos. Eles influenciaram os romanos tanto no plano cultural (disseminação do uso de túnicas, práticas religiosas e culto a novos deuses), como no plano material (ampliação do comércio e criação de canais de drenagem para secagem de pântanos locais).
As crônicas tradicionais, que chegaram até a atualidade através de autores como Tito Lívio, Plutarco, Dionísio de Halicarnasso entre outros, contam que houve uma sucessão de sete reis. A cronologia tradicional, narrada por Marco Terêncio Varrão, mostra que foram 243 anos de duração total para estes reinados, isto é, há uma média de 35 anos por reinado (muito maior que qualquer dinastia documentada), ainda reavaliada atualmente, desde o trabalho de Barthold Georg Niebuhr. Os reinados dos primeiros monarcas levantam grandes dúvidas aos historiadores, devido à sua grande duração média e ao fato de alguns parecerem estar arredondados.
Fundação
Lenda
Eneias carregando Anquises (enócoa com pintura negra ática c. 520−510 a.C.), Museu do Louvre
Verso de um didracma romano, autor anônimo (ca. 269-266 a.C.)
Na Eneida de Virgílio e na Ab Urbe condita libri de Tito Lívio, Eneias, filho da deusa Vênus foge de Troia com seu pai Anquises, seu filho Ascânio e os sobreviventes da cidade. Com este realiza diversas peregrinações que o levam, por fim, ao Lácio, na Itália, onde é recebido pelo rei local, Latino, que oferece a mão de sua filha, Lavínia. Isto provoca a fúria do rei dos rútulos, Turno, um poderoso monarca itálico que havia se interessado por ela. Uma terrível guerra entre as populações da península eclode e como resultado, Turno é morto. Eneias, agora casado, funda a cidade de Lavínio em homenagem a sua esposa. Seu filho, Ascânio, governa na cidade por trinta anos até que resolve se mudar e fundar sua própria cidade, Alba Longa.
Cerca de 400 anos depois, o filho e legítimo herdeiro do décimo-segundo rei de Alba Longa, Numitor, é deposto por um estratagema de seu irmão Amúlio. Para garantir o trono, Amúlio assassina os descendentes varões de Numitor e obriga sua sobrinha Reia Sílvia a tornar-se vestal (sacerdotisa virgem, consagrada a deusa Vesta), no entanto, esta engravida do deus Marte e desta união foram gerados os irmãos Rômulo e Remo (nascidos em março de 771 a.C.). Como punição Amúlio prende Reia em um calabouço e manda jogar seus filhos no rio Tibre. Por milagre o cesto onde estavam as crianças acaba se atolando em uma das margens do rio no sopé do monte Palatino onde são encontrados por uma loba que os amamenta; próximos às crianças estava um pica-pau, ave sagrada para os latinos e para o deus Marte, que os protege. Tempos depois, um pastor de ovelhas chamado Fáustulo encontra os meninos próximo ao pé da Figueira Ruminal (Ficus Ruminalis), na entrada de uma caverna chamada Lupercal. Ele os recolhe e leva-os para sua casa onde são criados por sua mulher Aca Larência.
Rômulo e Remo crescem junto dos pastores da região praticando caça, corrida e exercícios físicos; saqueavam as caravanas que passavam pela região à procura de espólio. Em um dos assaltos, Remo é capturado e levado para Alba Longa. Fáustulo, então, revela a Rômulo a história de sua origem. Este parte para a cidade de seus antepassados liberta seu irmão, mata Amúlio, repõe Numitor no trono e dá a sua mãe todas as honrarias que lhe eram devidas. Percebendo que não teriam futuro na cidade, os gêmeos decidem partir da cidade junto com todos os indesejáveis para então fundarem uma nova cidade no local onde foram abandonados. Rômulo queria chamá-la Roma e edificá-la no Palatino, enquanto Remo desejava nomeá-la Remora e fundá-la sobre o Aventino. Como forma de decidir, foi estabelecido que se deveria indicar através dos auspícios, quem seria escolhido para dar o nome à nova cidade e reinar depois da fundação. Tal gerou divergência entre os espectadores o que originou uma acirrada discussão entre os irmãos que terminou com a morte de Remo. Uma versão alternativa afirma que, para surpreender o irmão, Remo teria escalado o recém-construído pomério quadrangular da cidade e tomado em fúria, Rômulo tê-lo-ia assassinado.
Arqueologia
Mapa das Sete colinas de Roma
Cabanas primitivas encontradas no monte Palatino (século VIII a.C.) Autores clássicos como Tito Lívio, Plutarco e Dionísio de Halicarnasso basearam seus relatos em fragmentos de obras de escritores mais antigos, como Helânico de Mitilene, autor grego do século V a.C. Além disso, tais autores, tentaram encontrar explicações racionais para passagens improváveis do mito de criação da cidade, como a loba capitolina. Os romanos designavam pela mesma palavra, lupa, a fêmea do lobo e a prostituta. Dessa forma, historiadores afirmam que na realidade a ama dos gêmeos teria sido Aca Larência, mulher de Fáustulo, que teria exercido o ofício de prostituta. Os primeiros habitantes de Roma, os latinos e sabinos, integram o grupo de populações indo-europeias originárias da Europa Central que vieram para a península Itálica em ondas sucessivas em meados do milênio II a.C.; Velho Lácio (Latium Vetus) era o antigo território dos latinos, atualmente o sul do Lácio; em caso de perigo, as habitações latino-sabinas uniam-se em confederações para enfrentar seus inimigos. As colinas de Roma começaram a ser ocupadas nos primórdios do milênio I a.C.; restos arqueológicos datados entre os séculos XIV-X a.C. são as primeiras evidências de habitação no Palatino. Três recintos muralhados sucessivos sobrepostos foram datados no local, dois dos séculos VIII-VII a.C. e um dos séculos VII-VI a.C.
Localização
Roma cresceu na margem esquerda de um trecho navegável do rio Tibre, a cerca de 25 quilômetros de sua foz, portanto com acesso fácil ao mar Tirreno. Tinha as vantagens de uma posição ao mesmo tempo marítima e do interior. Situada a cerca de vinte quilômetros das colinas Albanas, que constituem uma defesa natural, numa planície suficientemente afastada do mar, a cidade não precisaria temer incursões dos piratas. Além disso, tanto o próprio rio (e a ilha Tiberina) como os montes Capitólio e Palatino operavam como cidadelas naturais facilmente defensáveis. Contudo, o maior trunfo de Roma quanto a sua localização foi a proximidade com o rio Tibre. Este desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento econômico da cidade porque as mercadorias que provinham do mar tinham que subir pelo curso do rio para serem dirigidas quer para a Etrúria, quer para a Campânia grega (Magna Grécia). Desse modo, Roma era capaz de monopolizar o tráfego terrestre, uma vez que estava situada na intersecção das principais estradas do interior italiano. Além disso, por haver importantes salinas nas proximidades da cidade, Roma conseguiu transformar-se em ponto de mercado perfeito da "via do sal", futuramente conhecida como via Salária.
Desenvolvimento
Urna funerária de terracota datada do século VIII a.C. encontrada no Lácio. Sua forma seria uma representação artística das habitações do período. Mais informações aqui
Roma inicialmente era um pequeno povoado ou grupo de povoados situado no Palatino e nas colinas vizinhas. Sua população girava em torno de poucas centenas de habitantes que baseavam sua economia na agricultura (trigo, cevada, ervilha, feijão), pecuária (cabras, porcos), pesca, caça e coleta; a manufatura de artigos cerâmicos, roupas e outros artigos de uso doméstico eram produzidos pelas famílias para consumo interno; não havia estratificação social definida. A partir de ca. 770 a.C. sítios arqueológicos da região, em especial necrópoles, começaram a demonstrar maior número de restos humanos, o que indica crescimento humano, influências externas derivadas de contatos comerciais, em especial com as colônias gregas da Campânia, maior especialização artesanal (emprego de roda de oleiro), e o aparecimento de classes sociais economicamente diferenciadas; tais processos intensificaram-se entre o final do século VIII e o VII a.C.
Muitas sepulturas do período, encontradas em diversos locais no Lácio, contêm indivíduos com ornamentos pessoas que ressaltam sua riqueza o que pode ser entendido como indícios da formação progressiva de uma aristocracia dominante, que controlou os meios de produção, bem como os excedentes, adquirindo uma característica hereditária na manutenção do poder. Nesse contexto, muitos assentamentos apresentam notório crescimento, tornando-se núcleos de poder que foram fortificados com terraços e fossas (restos de uma muralha datada de 730 a.C. foi encontrada no nordeste no Palatino); Roma, antes um pequeno povoado no Palatino, abrangia em meados do século VII a.C. o Vale do Fórum, o Quirinal, parte do Esquilino e o Célio. No final do século VII a.C. indícios arqueológicos apontam para um intenso processo de urbanização: cabanas foram substituídas por casas mais sólidas (alicerces de pedra, estruturas de madeira e cobertura de telhas); no Fórum foi aberta uma praça pública; vestígios de prédios públicos, santuários e templos foram detectados juntamente com telhas, terracotas e frisos decorativos.
Sociedade
Representação de uma família romana, Museu do Vaticano A base social romana eram as gentes (clãs), associações de parentesco entre famílias que acreditavam descender de ancestrais comuns que, de modo a expressar sua relação, utilizavam o mesmo nome. Nestas condições, cada membro de um gente (o "gentil") possuía dois nomes, um pessoal (prenome; p. ex. Marco, Cneu, Tito) e um gentilício (nome; por exemplo Márcio, Névio, Tácio); devido a autonomia evidência que as gentes possuíam no contexto social, especula-se que existam desde antes da formação do Estado roma no. Cada família que compunha a gente era controlada por um respectivo pater familias que exercia poder absoluto (in potestate) sobre sua propriedade, animais, escravos, filhos e mulher; baseado em seu poder (patria potestas), o pater famílias tinha o direito de matar ou vender qualquer membro de sua família, a representava em suas relações com outras famílias e com a comunidade e efetuava os ritos e sacrifícios em honra aos antepassados e deuses. Desse modo, mesmo adultos, seus filhos não adquiriam autonomia legal até a morte do pater familias, quando por direito próprio eram considerados patres familiarum.
A partir do termo pater foi cunhado o termo patrício, nome da camada social dominante em Roma. Esta camada ostentava maior número de rebanhos, terras e escravos, da mesma forma que a eles era legado o direito a exercer funções públicas, militares, religiosas, jurídicas e administrativas; por vezes apropriavam-se das ager publicus, terras que pertenciam ao governo. Abaixo dos patrícios estava a clientela (singular: cliente), classe constituída por plebeus, escravos libertos, estrangeiros ou filhos ilegítimos que associavam-se aos patrícios prestando-lhes diversos serviços em troca de auxílio econômico e proteção social. Esta relação entre patrícios e a clientela baseava-se principalmente em conotações morais, ao invés de legais, uma vez que o clientes gozava da "confiança" (fides) de seus senhores. A clientela tinha entre suas obrigações o cultivo de parte das terras dos patrícios, bem como prestações de serviços militares. Quanto maior fosse o número de clientes sob proteção de um patrício, maior era seu prestígio social e político.
Os plebeus (de plebs, multidão) eram camponeses, pequenos agricultores, artesãos e comerciantes. No período monárquico, os plebeus não possuíam direitos políticos embora estivessem sujeitos a carga tributária e a obrigações militares. Era proibido o casamento entre plebeus e patrícios para evitar a mistura de ambas as classes sociais. No limiar da pirâmide social romana estavam os escravos que eram vencidos de guerra ou plebeus endividados. No caso dos plebeus, a escravidão podia ocorrer de duas formas. A primeira ocorria quando uma família empobrecida vendia os seus próprios filhos, na condição de escravos. A segunda era uma forma de pagamento de dívidas, ou seja, o devedor, impossibilitado de saldar suas dividas, podia se tornar escravo do credor. Eram vistos como instrumentos de trabalho, sendo considerados como propriedade de seu senhor, podendo ser vendidos, trocados, alugados ou castigados. Como escravo, a pessoa não detinha nenhum direito, como o de se casar, deslocar-se de um lugar para outro, participar das assembleias e tomar decisões. Durante a monarquia eram pouco numerosos.
As mulheres romanas, as matronas (matronae), tinham direito de possuir propriedade, ser educadas e participar mais ativamente de atividades sociais, como os banquetes e campanhas eleitorais.
Instituições políticas
Senado
Cícero denuncia Catilina, afresco que representa o senado romano reunido na Cúria Hostília. Palazzo Madama, Roma
O termo latino senātus é derivado de senex, que significa "homem velho". Portanto, senado significa, literalmente, "conselho de anciãos". Sua origem possivelmente provém da estrutura tribal das comunidades do Lácio nas quais muitas vezes havia um conselho aristocrático de anciãos tribais. As famílias romanas primitivas eram denotadas gentes ou clãs que eram governadas por um patriarca, o "pai" (pater). Quando estas primeira famílias agregaram-se para formar Roma os patriarcas das principais gentes foram selecionados para participar de um conselho de anciãos (o futuro senado). Com o tempo, contudo, reconheceram a necessidade de um único líder, levando-o a eleger um rei (rex) e investir nele seu poder soberano. Quando o rei morria, o poder seria naturalmente revertido para eles. O senado tinha três responsabilidades principais: funcionava como repositório definitivo para o poder executivo, conselheiro do rei e como corpo legislativo em sintonia com o povo de Roma. Os senadores romanos reuniam-se em um templo (templum) ou qualquer outro local que havia sido consagrado por um funcionário religioso (áugure).
Durante a monarquia a mais importante função do senado foi a de selecionar novos reis. O período entre a morte de um rei e a eleição do próximo era conhecida como interregno, Quando um rei morria, um membro do senado (o inter-rei) indicava um candidato para substituí-lo. No primeiro interregno, ocorrido após o sumiço de Rômulo, o senado, que então era composto por cem homens, dividiu-se em dez decúrias, cada uma regida por um decurião que exerceu a função de inter-rei por cinco dias. Por um ano os decúrios alternaram-se no poder até que o novo rei foi aclamado. Após o senado dar sua aprovação inicial do candidato, ele era formalmente eleito pelo povo e, em seguida, receberia a aprovação final do senado. Assim, apesar do rei ser oficialmente eleito pelo povo, ef etivamente a decisão era do senado. O mais significativo papel do senado além das eleições reais era a de conselho consultivo do rei. Apesar do rei não estar limitado pelo conselho senatorial, o crescente prestígio do senado fez seu conselho cada vez mais imprudente. Tecnicamente, o senado poderia fazer leis, apesar de que seria incorreto ver os decretos do senado como legislação em sentido moderno. Apenas o rei poderia decretar novas leis, embora muitas vezes envolvesse tanto o senado quanto a assembleia curial (assembleia popular) no processo. No entanto, o rei era livre para ignorar qualquer decisão que o senado tivesse aprovado.
Assembleias legislativas
Muralha Serviana (em vermelho) e seus respectivos portões
As assembleias legislativas foram as principais instituições. Uma delas, a assembleia das cúrias, embora tivesse alguns poderes legislativos, possuía apenas direito de ratificar simbolicamente decretos emitidos pelo rei. As funções de outra, a "Assembleia calada" (comitia calata), eram puramente religiosas. Nesse período todos os cidadãos de Roma, ou seja, indivíduos em idade militar (até 45 anos), eram divididos num total de 30 cúrias, as unidades básicas de divisão nas duas assembleias populares. Os membros de cada cúria votariam, e aí a maioria determinava como que a cúria votaria antes da assembleia.
A assembleia das cúrias (comitia curiata) foi a única assembleia popular com algum significado político durante o Reino de Roma. O rei presidia a assembleia, e submetia decretos para a assembleia ratificar. Um inter-rei presidia a assembleia durante os períodos intercalares entre reis. Após a seleção de um novo rei e a aprovação inicial do senado ser concebida, o inter-rei realizava a eleição formal antes da assembleia das cúrias. O novo rei interpretava os auspícios (presságios dos deuses), e caso estes fossem favoráveis, eram concedidos poderes legais (a lex curiata de imperio) ao candidato. Nas Calendas (primeiro dia do mês) e nas Nonas (quinto ou sétimo dia do mês), esta assembleia se reunia para ouvir anúncios. Apelações ouvidas pela assembleia curial muitas vezes tratavam de questões relativas ao direito familiar.
Durante dois dias fixos na primavera, agendava-se a assembleia para testemunhos de vontades e adorações. Todas as outras reuniões não tinham datas pré-fixadas e eram realizadas conforme necessário. Ela também tinha jurisdição sobre a admissão de novas famílias para uma cúria, a transferência de família entre duas cúrias, bem como a transferência de indivíduos plebeus para o estado patrício (ou vice-versa), ou a restauração da cidadania a um indivíduo. A assembleia geralmente decidia tais questões sob a presidência de um pontífice máximo. Uma vez que a assembleia era principalmente uma assembleia legislativa, era (teoricamente) responsável por ratificar leis. No entanto, a rejeição de tais leis pela assembleia não impedia sua promulgação. Em algumas ocasiões a assembleia das cúrias reafirmou a autoridade legal de um rei, e por vezes ratificou a decisão de ir para a guerra.
A Assembleia calada (comitia calata) foi a mais antiga assembleia romana. Reunia-se no Capitólio e era convocada pelas assembleias das cúrias e/ou das centúrias. A assembleia tinha a função de inaugurar o rei das coisas sagradas (rex sacrorum) ou qualquer flâmine ou vestal. Ocasionalmente o povo era convocado para as reuniões que tratavam casos como o detentatio sacrorum, ou seja, situações onde um indivíduo renunciava o culto de seu gente e, através da adoção, prática muito corriqueira com finalidade de estabelecer-se laços entre os gentes, adotava o culto de seu novo gente. o povo tinha participação nominal na assembleia.
Magistraturas executivas
Circo Máximo (em vermelho)
Durante o reino de Roma, o rei era a principal magistratura executiva. Ele era o chefe executivo, sumo sacerdote, chefe legislador, juiz supremo, e comandante em chefe do exército. Seus poderes repousavam na lei e precedência legal, e ele só poderia receber esses poderes através do processo político de uma eleição democrática. Na prática, ele não tinha restrições reais em seu poder. Quando rebentava uma guerra, ele tinha a competência exclusiva para organizar as tropas, selecionar líderes para o exército, e conduzir a campanha como bem entendesse. Ele controlava todos os bens em poder do Estado, tinha a competência exclusiva para dividir a terra e os espólios de guerra, era o principal representante da cidade na relação com os deuses ou os líderes de outras comunidades, e podia decretar unilateralmente qualquer nova lei. De acordo com o historiador Salústio, o grau de autoridade legal (imperium) detido pelo rei romano era conhecido como legitimum imperium. Isso provavelmente significa que a única restrição sobre o rei era a mos maiorum. Isso, por exemplo, sugere (mas não exige) que ele deveria consultar o senado antes de tomar decisões.
Enquanto o rei podia declarar guerra unilateralmente, por exemplo, ele normalmente preferia ter essas declarações ratificadas pela assembleia popular, Além disso, ele normalmente não decidia questões que tratavam do direito familiar romano, antes deixava a assembleia popular decidir essas questões. Enquanto o rei tinha poder absoluto sobre os julgamentos criminais e civis, provavelmente ele só atuou em processos em seu estágio inicial (in iure), encaminhando em seguida o caso para um de seus assistentes (um juiz; em latim: iudex) para decisão. Nos casos penais mais graves, o rei podia remeter o processo para o povo, reunido em assembleia popular, para julgamento. Além disso,o rei costumava receber consentimento dos outros sacerdotes antes de introduzir novas divindades. Às vezes, ele apresentava seus decretos tanto à assembleia popular quanto ao senado para uma ratificação cerimonial, mas a rejeição de seus decretos não impedia a promulgação dos mesmos. O rei escolhia vários oficiais para ajudá-lo e concedia unilateralmente os seus poderes. Quando o rei deixava a cidade, um prefeito urbano (praefectus urbi) presidia a cidade em seu lugar. O rei também tinha dois questores como assistentes gerais, enquanto vários outros oficiais, os duúnviros perduliões (duumviri perduellionis), auxiliavam-o durante os casos de traição. Na guerra, o rei comandava ocasionalmente apenas a infantaria, e delegava o comando da cavalaria para um de seus guarda-costas pessoais, o tribuno dos céleres (tribunus celerum). Segundo algumas teorias, a partir do século VI a.C., com a decadência do sistema monárquico, os reis foram substituídos por mestres do povo (magistri populi) vitalícios (ditador) na conduta executiva.
Reis romanos
As crônicas tradicionais, que chegaram até a atualidade através de autores como Tito Lívio, Plutarco, Dionísio de Halicarnasso, etc., contam que houve uma sucessão de sete reis. A cronologia tradicional, narrada por Marco Terêncio Varrão, mostra que foram 243 anos de duração total para estes reinados, isto é, há uma média de 35 anos por reinado (muito maior que qualquer dinastia documentada), ainda reavaliada atualmente, desde o trabalho de Barthold Georg Niebuhr. Os gauleses, liderados por Breno, saquearam Roma após a vitória na Batalha do Ália em 390/387 a.C., de forma que todos os registros históricos da cidade foram destruídos, incluindo aqueles de fases mais antigas. Assim, as fontes posteriores, referentes ao período mais antigo, têm de ser analisadas com cautela, por terem sido escritas séculos depois dos eventos.
Os reinados dos primeiros monarcas levantam grandes dúvidas aos historiadores, devido à sua grande duração média e ao fato de alguns parecerem estar arredondados em torno dos 40 anos de duração. Este dado curioso, que se destaca ainda mais quando comparado com os reinados da atualidade, em que a esperança de vida é maior, era explicado nas tradições romanas devido a que a maioria dos reis havia sido parente de seu predecessor. Não obstante, é mais provável que somente os últimos reis tenham existido realmente, e por enquanto ainda não foram descobertas evidências históricas referentes aos primeiros.
Rômulo
Rômulo transporta rico espólio para o templo de Júpiter, Jean-Auguste Dominique Ingres, École des Beaux-Arts, Paris
Rapto das Sabinas, óleo de Pietro de Cortona (ca 1627–1629), Museus Capitolinos, Roma
Rômulo foi não só o primeiro rei de Roma, como também seu fundador, junto a seu gêmeo Remo. No ano 753 a.C., ambos começaram a construir a cidade junto ao monte Palatino, quando, segundo a lenda, Rômulo matou Remo por ter atravessado sacrilegamente o pomério. Após a fundação da urbe (cidade), Rômulo convidou criminosos, escravos fugidos e auxiliares para darem auxílio na nova cidade, chegando assim a povoar cinco das sete colinas de Roma. Para conseguir esposas para seus cidadãos, Rômulo convidou os sabinos a um festival, onde raptou as mulheres sabinas e as levou a Roma. Após a conseguinte guerra com os sabinos, Rômulo uniu os sabinos e os romanos sob o governo de uma diarquia junto com o líder sabino Tito Tácio.
Rômulo dividiu a população de Roma entre homens fortes e aqueles não aptos para combater. Os combatentes constituíram as primeiras legiões romanas; embora o resto tenha se convertido em plebeus de Roma, Rômulo selecionou cem dos homens de linhagem mais alta como senadores. Estes homens foram chamados pais e seus descendentes seriam os patrícios, a nobreza romana. Após a união entre romanos e sabinos, Rômulo agregou outros cem homens ao senado. Sob o reinado de Rômulo se estabeleceu também a instituição dos áugures como parte da religião romana, assim como a assembleia das cúrias. Rômulo dividiu o povo de Roma em três tribos: romanos (ramnes), sabinos (tícios) e o resto (lúceres). Cada tribo elegia dez cúrias (comunidade de varões), fornecendo também 100 cavaleiros (celeres) e 1 000 soldados de infantaria (milites) cada uma, formando assim a primeira legião de 300 ginetes e 3 000 infantes; ocasionalmente podia convocar uma segunda legião em caso de urgência. Estes contingentes tribais eram comandados pelos tribunos militares (tribuni militum) e tribunos de cavalaria (tribuni celerum).
Depois de 38 anos de reinado, Rômulo havia travado numerosas guerras, estendendo a influência de Roma por todo o Lácio e outras áreas circundantes. Pronto seria recordado como o primeiro grande conquistador e como um dos homens mais devotos da história de Roma. Após sua morte aos 54 anos de idade, foi divinizado como o deus da guerra Quirino, honrado não só como um dos três deuses principais de Roma.
Numa Pompílio
Numa Pompílio e a ninfa Egéria, óleo sobre tela (c. 1631-1633), Museu Condé
Numa Pompílio, de origem sabina, foi o sucessor de Rômulo. Relutante quanto ao cargo, foi convencido por seu pai com a alegação de que estaria servindo a vontade dos deuses. Recordado por sua sabedoria, seu reinado foi marcado pela paz e prosperidade. Numa reformou o calendário romano, ajustando-o para o ano solar e lunar, adicionando também os meses de janeiro e fevereiro até completar os doze meses do novo calendário. Instituiu numerosos rituais religiosos romanos (p. ex. a Agonália) e designou novos sacerdócios: os sálios (salii) para adorar Marte e um flâmine maior (flamen maioris) como sacerdote supremo de Quirino, o flâmine quirinal (flamen quirinalis). Organizou o território circundante de Roma em distritos, para uma melhor administração, e repartiu as terras conquistadas por Rômulo entre os cidadãos, organizando a cidade em grêmios e ofícios.
Numa foi recordado como o mais religioso dos reis, mesmo acima do próprio Rômulo. Sob seu reinado se erigiram templos a Vesta e Jano, se consagrou um altar no Capitólio ao deus da fronteira Término, e se organizaram os flâmines, as vestais e os pontífices de Roma, assim como o Colégio de Pontífices. A tradição conta que durante o governo de Numa um escudo de Júpiter caiu do céu com o destino de Roma escrito nele. O rei ordenou fazer onze cópias do mesmo, que foram reverenciadas como sagradas pelos romanos. Como homem bondoso e amante da paz, Numa semeou ideias de piedade e de justiça na mentalidade romana. Durante seu reinado, as portas do Templo de Jano estiveram sempre fechadas, como mostra de que não havia empreendido nenhuma guerra ao longo de seu mandato Após 43 anos de reinado, a morte de Numa ocorreu de forma pacífica e natural.
Túlio Hostílio
Túlio Hostílio derrota exército proveniente de Veios e Fidenas, óleo sobre madeira de Cavalier D'Arpino (ca. 1601), Petit Palais, Paris.
Túlio Hostílio, de origem latina, foi o sucessor de Numa Pompílio. Muito parecido a Rômulo quanto a seu caráter guerreiro, era completamente oposto a Numa em sua falta de atenção com os deuses. Túlio fomentou várias guerras contra Alba Longa, Fidenas e Veios, que granjearam a Roma novos territórios e maior poder. Foi durante o reinado de Túlio que Alba Longa foi completamente destruída, sendo toda a população escravizada e enviada a Roma. Desta forma, Roma se impôs à sua cidade materna como poder hegemônico do Lácio. Apesar de sua natureza beligerante, Túlio Hostílio selecionou um terceiro grupo de indivíduos que chegaram a pertencer à classe patrícia de Roma, eleito entre todos aqueles que haviam chegado a Roma buscando asilo e uma nova vida. Também erigiu um novo edifício para albergar o senado, a Cúria Hostília.
Em seu reinado o rei envolveu-se em tantas guerras que descuidou sua atenção das divindades, o que levou, segundo sustentam as lendas, a que uma praga se abatesse sobre Roma, que afetou muitos romanos, incluindo o próprio rei. Quando Túlio solicitou ajuda a Júpiter, o deus respondeu como um raio que reduziu a cinzas tanto o monarca como sua residência. Seu reinado chegou ao fim após 32 anos de duração.
Anco Márcio
Denário de Caio Censorino emitido em 88 a.C. com efígie de Numa Pompílio e Anco Márcio
Com a morte de Túlio Hostílio, os romanos elegeram o sabino Anco Márcio, um personagem pacífico e religioso. Era neto de Numa Pompílio e, como seu avô, apenas estendeu os limites de Roma, lutando em defesa dos territórios romanos quando foi preciso. Durante seu reinado fortificou o monte Janículo, na margem ocidental do rio Tibre, para assim garantir maior proteção à cidade por este flanco, também construindo a primeira ponte de Roma, a Ponte Sublícia, assim como a primeira prisão romana, a Prisão Mamertina. Outras das obras do rei foram a construção do porto romano de Óstia na costa do Tirreno, assim como as primeiras fábricas de salga, aproveitando a rota fluvial tradicional do comércio de sal (via Salária) que abastecia os agricultores sabinos.
A extensão da cidade de Roma foi incrementada devido à diplomacia exercida por Anco, permitindo a união pacífica de várias aldeias menores através de alianças. Graças a este método, conseguiu o controle dos latinos, realojados no Aventino, consolidando assim a classe plebeia de Roma. Todavia, ainda são evidentes os conflitos entre romanos e latinos durante seu reinado. Após 24 anos de reinado, morreu possivelmente de morte natural como seu avô, sendo recordado como um dos grandes pontífices de Roma. Foi o último dos reis latino-sabinos de Roma.
Tarquínio Prisco
Túlia dirige sobre o cadáver de seu pai, óleo sobre lona de Jean Bardin (c. 1735), Museu Estadual de Mogúncia
Tarquínio Prisco foi o quinto rei de Roma, e o primeiro de origem etrusca, presumivelmente de ascendência coríntia. Após emigrar a Roma, obteve o favor de Anco, que o adotou como seu filho. Ao ascender ao trono, combateu em várias guerras vitoriosas contra sabinos e etruscos, dobrando assim o tamanho de Roma e obtendo grandes tesouros para a cidade. Uma de suas primeiras reformas foi adicionar cem novos membros ao senado, procedentes das tribos etruscas conquistadas, pelo que o número de senadores ascendeu a um total de trezentos. Também ampliou o exército, duplicando o número de efetivos até 6 000 infantes e seiscentos ginetes. Além disso, a ele é creditada a criação dos Jogos Romanos.
Tarquínio Prisco utilizou o grande butim obtido em suas campanhas militares para construir grandes monumentos em Roma, dos quais destaca-se o grande sistema de esgoto na cidade, a Cloaca Máxima (cujo fim era drenar as águas de pequenos córregos que tendiam a estagnar nos vales situados entre as colinas de Roma para o rio Tibre), o Fórum Romano e o Circo Máximo, um grande estádio que albergava carreiras de cavalos e que contava com um templo-fortaleza sobre a colina do Capitólio, consagrado a Júpiter. Tarquínio foi assassinado após 38 anos de reinado pelos filhos de seu predecessor, Anco Márcio. Seu reinado é recordado por haver introduzido os símbolos militares romanos e os cargos civis, assim como pela celebração do primeiro triunfo romano.
Sérvio Túlio
Versão retocada digitalmente dum afresco etrusco situado na Tumba François, Vulcos. Nele estão representados o nobre etrusco Célio Vibena, Mastarna e Sérvio Túlio. Ver original aqui
Sérvio Túlio, genro de Tarquínio Prisco, assumiu o trono e, como seu predecessor, travou várias guerras vitoriosas contra os etruscos. O butim adquirido foi utilizado para o financiamento das primeiras muralhas que cercavam as sete colinas romanas sobre o pomério, as chamadas muralhas servianas, assim como um templo dedicado a Diana na colina do Aventino.
No âmbito bélicoSérvio Túlio introduziu novas táticas militares, aos moldes etruscos e gregos, e empenhou-se em tornar o exército romano mais disciplinado e basicamente composto de infantaria pesada, a exemplo das falanges hoplitas gregas. Seu exército, composto por 6 000 infantes e 600 ginetes, era formado de homens com quantidade mínima de bens chamados adsíduos (adsidui), de modo a diferenciá-los dos proletários (proletarii), os pobres da sociedade que compunham a infra classem ("classe inferior") e que não tinham direito a participar do exército. No âmbito social desenvolveu uma nova constituição para os romanos, com maior atenção às classes cidadãs. Instituiu o primeiro censo da história, dividindo a população de Roma em cinco classes censitárias, criando também a Assembleia das centúrias. Utilizou também o censo para dividir a cidade em quatro "tribos" urbanas (tribus urbanae), baseadas em sua localização espacial dentro da cidade, e o restante do território romano em 16 tribos rurais (tribus rusticae) estabelecendo a assembleia tribal (comitia tributa). As reformas de Sérvio supuseram uma grande mudança na vida romana: o direito a voto foi estabelecido com base na riqueza econômica, pelo qual grande parte do poder político permaneceu reservado às elites romanas. Contudo, no tempo de Sérvio, as classes mais desfavorecidas foram gradualmente favorecidas, para desta forma obter maior apoio por parte dos plebeus, razão pela qual sua legislação pode definir-se como insatisfatória para a classe patricial. O grande reinado de 44 anos de Sérvio Túlio terminou com seu assassinato em uma conspiração urdida por sua própria filha Túlia e seu marido Tarquínio, seu sucessor no trono.
A morte de Lucrécia, óleo sobre tela, Eduardo Rosales (ca. 1871), Museu do Prado
Os lictores trazem os filhos de Bruto, Jacques-Louis David (1784)
Tarquínio, o Soberbo
O sétimo e último rei de Roma foi Tarquínio, o Soberbo. Filho de Prisco e genro de Sérvio, Tarquínio também era de origem etrusca. Usou a violência, o assassinato e o terror para manter o controle sobre Roma como nenhum rei anterior havia utilizado, revogando inclusive muitas das reformas constitucionais que haviam estabelecido seus predecessores. Sua melhor obra para Roma foi a finalização do templo de Júpiter, iniciado por seu pai Prisco; chamou o escultor etrusco Vulca de Veios para produzir a estátua de Júpiter do templo.
Tarquínio aboliu e destruiu todos os santuários e altares sabinos da rocha Tarpeia, enfurecendo desta forma o povo romano. O ponto crucial de seu reinado tirânico sucedeu quando permitiu a violação de Lucrécia, uma patrícia romana, por seu filho Sexto Tarquínio. Um parente de Lucrécia e sobrinho do rei Lúcio Júnio Bruto (antepassado de Marco Júnio Bruto), convocou o senado que decidiu a expulsão de Tarquínio no ano 509 a.C. Tarquínio pode ter recebido então ajuda do lars Porsena que, não obstante, ocupou Roma para seu próprio benefício. Tarquínio fugiu em seguida para a cidade de Túsculo e posteriormente para Cumas, onde morreria no ano 495 a.C. Esta expulsão supostamente pôs fim à influência etrusca tanto em Roma como no Lácio e levou ao estabelecimento de uma constituição republicana. Após a expulsão de Tarquínio, o senado decidiu abolir a monarquia, convertendo Roma em uma república no ano 509 a.C. Lúcio Júnio Bruto e Lúcio Tarquínio Colatino, sobrinho de Tarquínio e viúvo de Lucrécia, se converteram nos primeiros cônsules[p] do novo governo de Roma. Neste mesmo ano, durante a embaixada de membros da família real em Roma, um estratagema conhecido como Conspiração Tarquiniana foi planejado por patrícios e membros do senado que eram apoiantes da monarquia tombada; entre os participantes do golpe estavam os filhos de Bruto, Tito Júnio Bruto e Tibério Júnio Bruto. O estratagema, contudo, mostrou-se falho, e os conspiradores foram condenados a morte.
Religião
Assim como as demais instituições romanas, as práticas religiosas da Roma Antiga, segundo a tradição, foram estabelecidas durante o Reino de Roma. De acordo com Tito Lívio, Numa Pompílio fundou a religião romana após ter dedicado um altar a Júpiter Elício no monte Aventino e consultar os deuses por meio de um augúrio. Ele dividiu o sistema de ritos religiosos romanos, o que inclui a forma e o tempo dos sacrifícios, a supervisão dos fundos religiosos, autoridade sobre todas as instituições religiosas públicas e privadas e instrução da população nos ritos celestes e funerários. Numa também estabeleceu as cerimônias (caerimoniae), originalmente as instruções rituais secretas, que são descritas como statae et sollemnes ("estabelecidas e solenes") e que foram interpretadas e supervisionadas pelo Colégio de Pontífices, flâmines, o rei das coisas sagradas e as vestais.
Sacerdócios
Áugure em representação etrusca da Tumba dos Áugures, Necrópole de Monterozzi
O Colégio de Pontífices, o sacerdócio mais importante da Roma Antiga, assim como o cargo de pontífice máximo (pontifex maximus), foram estabelecidos no reinado de Numa Pompílio. Os pontífice tinham a superintendência (judicial e prática) suprema de todos os assuntos, privados ou públicos, e da religião, além de serem os guardiões dos livros que continham as ordenações rituais dos romanos. Os detalhes acerca de suas atribuições e funções estavam contidos nos chamados livros pontifícios (libri pontificalis ou libri pontificii), os textos fundamentais da religião romana, que sobreviveram em transcrições fragmentárias e comentários, dos quais os primeiros escritos foram creditados a Numa Pompílio, a quem se atribui a codificação dos textos e princípios fundamentais do direito civil e religioso (ius divinum e ius civile) de Roma. Esses livros foram sancionados durante o reinado de Anco Márcio.
Os flâmines, sacerdotes romanos dedicados ao serviço de deuses particulares, estiveram entre os mais importantes sacerdócios da Roma Antiga. Durante a monarquia foram estabelecidos os três que compunham o grupo chamado flâmine maior, aqueles que eram escolhidos entre os patrícios e dedicados aos deuses Júpiter (flâmine dial), Marte (flâmine marcial), e Quirino (flâmine quirinal). Posteriormente estabeleceram-se outros 15 flâmines, os flâmines menores, que eram escolhidos entre os plebeus para dedicarem-se a deuses menores como Carmenta, Ceres, Flora, Pomona e Vulcano. Segundo Plutarco, Rômulo estabeleceu em seu reinado o sacerdócio dos dois primeiros, no entanto a maior parte dos estudiosos acredita que estes, assim como o flâmine quirinal, foram criados por Numa. Os flâmines, cujos cargos eram vitalícios, eram inaugurados pela assembleia calada e estavam sujeitos à autoridade do pontífice máximo. O rei das coisas sagradas, cargo característico da religião etrusca, assim como de algumas cidades latinas (Túsculo, Lavínio e Velitras), teve importância notória na religião romana. Em Roma, o sacerdócio foi deliberadamente despolitizadode modo que o rei das coisas sagradas não era eleito e sim escolhido pelo pontífice máximo entre os patrícios subordinados a ele, e sua inauguração era testemunhada pela assembleia calada. Com a derrubada em 509 a.C. dos reis de Roma, o rei das coisas sagradas assumiu algumas das obrigações sacrais antes exercidas por eles.
Cerâmica etrusca encontrada perto de Régia, no Fórum Romano, contendo uma inscrição de um rex (ca. séculos VI-V a.C.). Ainda é um mistério se a palavra rex gravada esteja mencionando um dos reis de Roma, ou então um rei das coisas sagradas
Busto do imperador romano Lúcio Vero (r. 161–169) como um arval
Museu do Louvre
As vestais, sacerdotisas castas da deusa Vesta, foram criadas, como sacerdócio, durante o reinado de Numa Pompílio. Contudo, segundo Tito Lívio, as origens das vestais provêm de Alba Lo nga. Numa, segundo Plutarco, fundou o Templo de Vesta, nomeou as primeiras quatro sacerdotisas (duas dos tícios e duas dos ramnes) e nomeou um pontífice máximo para assisti-las. Tarquínio Prisco (segundo Plutarco) ou Sérvio Túlio (segundo Dionísio de Halicarnasso) adicionou outras duas vestais ao templo, estas provenientes dos lúceres. Tinham como principais funções vigiar, em turnos, o fogo eterno que ardia no altar da deusa Vesta e as relíquias sagradas de Roma, as fatale pignus imperii, apresentar ofertas à deusa em prazos estabelecidos, participar da consagração de templos, banquetes sacerdotais e de festivais como o de Bona Dea e aspergir e purificar o santuário todas as manhãs com água, que, de acordo com Numa, deveria ser proveniente da fonte egeriana (frequentada pela ninfa Egéria). Posteriormente considerou-se que qualquer água que proviesse de uma fonte ou um riacho era aceitável. Em rituais sacrificiais oficiais, preparavam e aspergiam uma mistura conhecida como mola salsa (farinha de trigo e/ou cevada com sal) sobre a testa e entre os chifres de vítimas sacrificiais, bem como no altar e no fogo sagrado. Tal prática, muito popular durante os sacrifícios romanos, foi atribuída a Numa Pompílio.
Os áugures tiveram notória participação nas religião romana, uma vez que eram eles que interpretavam as vontades divinas acerca de ações propostas através da interpretação de auspícios e/ou augúrios. Durante o período monárquico um dos rituais dos áugures, a inauguração (inauguratio), que consistia em um rito no qual os deuses aprovavam por meio de sinais a nomeação e/ou posse de alguém, foi privilégio do rei e dos sacerdotes principais. Na república o rei das coisas sagradas, os flâmines maiores, os áugures e os pontífices adquiriram o direito de serem aprovados no ritual.
Os sálios, usualmente conhecidos como sálios palatinos (salii palatini), foram sacerdotes instituídos por Numa e eram escolhidos entre os patrícios de Roma para dedicarem-se a Marte Gradivo em seu templo no Palatino. Túlio Hostílio, em cumprimento de um voto feito durante a segunda Guerra com Fidenas e Veios, estabeleceu outro grupo de sálios, os sálios colinos (salii collini), que dedicavam-se a Quirino. Os sálios palatinos tiveram como uma de suas obrigações o cuidado dos 12 ancis de bronze (ancilia) de Marte que encontravam-se no Palatino. Além disso, celebravam, em 1 de março, o festival de Marte no qual percorriam a cidade carregando-os, cantando e dançando; no fim do percurso havia um celebração ao deus no Templo de Marte no Palatino.
Os feciais (fetiales), estabelecidos em Roma por Anco Márcio, foram um sacerdócio dedicado ao deus Júpiter. Suas principais funções consistiam na declaração formal de paz e de guerra, confirmação de tratados e, em casos específicos, o exercício de missões como diplomatas ou embaixadores. Outros, os irmãos arvais (fratres arvales), eram sacerdotes que dedicavam-se à prestação de oferendas públicas para os deuses campestres da fertilidade. Especula-se que tenham sido estabelecidos durante o reinado de Rômulo e que presumivelmente possuíam afinidades com os sacerdotes conhecidos como sodais tícios (titii sodales) que, segundo a tradição, foram estabelecidos por Tito Tácio.
Cultos e rituais
Esculturas representando a tríade capitolina, Museu Arqueológico Prenestino, em Palestrina
Modelo representando a estrutura do Templo de Júpiter Capitolino erigido por Tarquínio, o Soberbo
Na Roma Antiga os cultos (sacer; singular sacra) eram os cultos tradicionais, públicos (publica) ou privados (privata), ambos supervisionados pelo Colégio de Pontífices. A criação do culto público (sacra publica) é atribuída a Numa Pompílio, embora muitos considerem uma origem prévia, possivelmente anterior à fundação de Roma. Desse modo, Numa pode ser visto como o reformador e reorganizador do culto de acordo com seus próprios pontos de vista e sua educação. Os cultos públicos eram realizadas e custeadas pelo Estado, de acordo com as disposições deixadas por Numa, e contavam com a presença de todos os senadores e magistrados.
Os cultos públicos (sacer publica) eram realizados em nome de todo o povo romano ou suas subdivisões principais, as tribos e cúrias. Eles incluíam "ritos em nome do povo romano" (sacra por populo), ou seja, todos os feriados públicos (feriae publicae) do calendário romano e as outras festas que eram consideradas de interesse público, incluindo as relativas às colinas de Roma, aos pagos, às cúrias e aos santuários (sacelos). Os cultos públicos destinavam-se aos gentes, a uma família, ou a um indivíduo. Os indivíduos tinham cultos em datas peculiares para eles, tais como aniversários, o "dia da consagração" (dies lustricus), funerais e expiações. Famílias tinham seu culto caseiro ou na tumba de seus ancestrais. Estes foram considerados necessários e imperecíveis, e o desejo de perpetuar o culto familiar foi um dos motivos para a adoção na idade adulta. No seio dos cultos públicos havia os cultos ge ntilícios (sacer gentilicia), ritos privados particulares de uma gente. Estes ritos estavam relacionados com a crença de ancestralidade comum dos membros de uma gente, o que está na base das práticas de culto dos mortos.
Devido ao contato com os etruscos, os romanos assimilaram diversos deuses destes que começaram a ser cultuados por eles ao modo romano. Durante o processo de conquista ocorrido a partir da república, tais deuses tenderam a adquirir características de divindades cultuadas em outras regiões, em especial da Grécia. Roma não ofereceu nenhum mito nativo da criação, e a mitografia romana pouco explica o caráter de suas divindades, suas relações ou suas aspirações com o mundo humano, mas reconheceu que a teologia romana de deuses imortais (di immortales) que governaram todos os reinos dos céus e da terra. Havia deuses dos céus, deuses do submundo e uma miríade de divindades menores. Entre todos os deuses cultuados os que se destacavam compunham as chamadas tríades: a'tríade arcaica (Júpiter, Marte e Quirino, de origem indo-europeia) e a tríade capitolina (Júpiter, Juno e Minerva, de origem etrusca).
Segundo alguns estudiosos, Vulcano, deus das forjas e do fogo, tem seu nome originado de palavras latinas ligadas ao relâmpago (fulgur, fulgure, fulmen), que por sua vez estão relacionadas com chamas. Por outro lado, estudos recentes apontam para que possivelmente a palavra Vulcano esteja relacionada com o deus cretense Velcano, ligado à natureza e ao mundo inferior, que por sua vez está relacionado com o deus etrusco Velchans. Foi um dos mais antigos deuses romanos e a ele foi dedicado o mais antigo santuário de Roma, o Vulcanal no pé do Capitólio no Fórum Romano, que havia sido fundado por Tito Tácio no século VIII a.C. e foi ponto de encontro dos arúspices etruscos. Um fragmento de cerâmica grega encontrado no Vulcanal datado do século VI a.C. tem uma representação do deus Hefesto, o que pode ser encarado como um indicativo da união de ambos os deuses.
Ruínas do Templo de Vesta, Fórum Romano
Ruínas do Templo de Saturno, Fórum Romano
Vesta, deusa protetora do lar, tem seu nome proveniente, segundo Georges Dumézil, de uma raiz indo-europeia; segundo estudiosos, suas origens estão associadas com o deus védico Agni. Vinculada com o fogo sagrado da fecundidade, esteve envolvida em uma versão do nascimento de Rômulo, Sérvio Túlio e de Cêculo, fundador de Palestrina. Além de Vesta, os romanos cultuavam outras entidades que atuavam como guardiões do lar, assim como, por extensão, dos romanos: os lares, penates, gênios e junos. Os lares eram espíritos que atuavam tanto como entidades boas (protetores dos lares, famílias, marinheiros e militares, campos, estradas e da própria Roma) ou ruins. Os penates, originários de Troia (foram trazidos por Eneias), eram uma dupla de deuses protetores da despensa das residências romanas. Os gênios, segundo a tradição romana, eram entidades que atuavam como protetores de todos os homens (as mulheres eram protegidas pelas junos, servas da deusa Juno), de modo que cada um tinha o seu, até mesmo Roma; apresentavam-se como figuras aladas ou como homens com uma cornucópia.
Diana, deusa associada à caça, à Lua e aos partos, tem em seu nome uma raiz indo-europeia, a mesma da qual deriva o nome do deus védico Diaus e as palavras latinas deus e dies (dia, luz do dia); em tabuletas de Pilos o teônimo διϝια é, segundo estudiosos, uma referência a Diana. Seu culto presumivelmente iniciou-se em Aríciacom cultos ao ar-livre entre os latinos, tendo se espalhado para as cercanias de Roma onde, no século VI a.C., Sérvio Túlio erigiu no monte Aventino um templo dedicado a ela. O culto aos deuses romanos que simbolizavam o Sole a Lua (Luna), segundo a tradição, foi estabelecido em Roma por Tito Tácio, a partir de divindades sabinas. Sol foi identificado como o avô do rei latino. A Luna foram dedicados dois templos, um no monte Aventino, abaixo do Templo de Diana, e outro no Palatino.
No panteão romano havia uma infinidade de divindades ligadas com os cultos campestres. Ceres, deusa da fertilidade pastoral, agrícola e humana, hipoteticamente possui uma origem indo-europeia, como sugere a raiz de seu nome. Cultos arcaicos são evidenciados entre muitos vizinhos dos romanos, como latinos, oscos, samnitas e uma inscrição falisca datada de século 600 a.C. ressalta preces à deusa. Ao longo do tempo, em solo romano, o nome Ceres tornou-se sinônimo de grãos e, por extensão, de pão. Saturno, deus ligado aos primórdios da agricultura e do cultivo de parreiras, foi cultuado como uma das divindades fundadoras romanas; um templo iniciado durante o reinado de Tarquínio, o Soberbo e concluído em 497 a.C., localizado no Capitólio, foi dedicado a ele. Ops, esposa de Saturno, foi a deusa vinculada à colheita, riqueza, abundância e prosperidade; foi introduzida nos cultos romanos por Tito Tácio a partir de uma divindade sabina; a ela foi dedicado um templo no Capitólio, próximo aquele dedicado a seu esposo . Fauno, padroeiro da agricultura e protetor dos pastores, por vezes é identificado, nomeadamente na obra de Virgílio, como um dos antigos reis do Lácio, tendo sido filho de Pico, filho de Saturno. Foi, como Numa, um disseminador de cultos no Lácio e, segundo as tradições, em seu reinado chegaram ao Lácio os heróis Evandro e Hércules. Conso, deus protetor dos grãos e silos, de possível origem etrusca ou sabina, foi uma das mais antigas divindades agrárias romanas. Representado como uma semente, a ele foi dedicado um altar próximo do Circo Máximo. Mater Matuta, originalmente uma deusa sabina, foi incorporada ao panteão romano e a ela foi dedicado um templo erigido por Sérvio Túlio próximo ao local onde futuramente seria fundado o Fórum Boário.
Imagem do templo de Jano em um sestércio do reinado de Nero (r. 54–68)
Durante a monarquia, antes da propagação do culto de alguns deuses como Plutão e Prosérpina, os romanos criaram os primeiros conceitos de seu submundo através de divindades indo-europeias. Orco, deus dos mortos e dos juramentos, posteriormente associado com outro deus romano, Dis Pater, foi uma das primeiras divindades do submundo; seu culto foi amplo em meios rurais. Outra divindade importante do submundo foi Libitina, deusa dos funerais e sepultamentos. A ela foi dedicado um bosque situado no monte Esquilino que, assim como outras localidades associadas com entidades do submundo, foi considerado "insalubre e de mau agouro". Sérvio Túlio, em seu reinado, estabeleceu uma taxação conhecida como "imposto da morte" que consistia no pagamento de uma moeda para o templo de Libitina quando uma pessoa falecia.
Segundo autores clássicos, Rômulo e Tito Tácio, ou Numa Pompílio, estabeleceram o culto a Término, deus dos marcos de fronteira, a partir de uma divindade sabina, uma vez que a palavra Término (em latim: Terminus significava em latim pedra fronteiriça; presumivelmente esta divindade originou-se de um deus protoindo-europeu. Especula-se que uma pedra dedicada ao deus estava situada no monte Capitólio antes de Tarquínio Prisco ou Tarquínio, o Soberbo erigirem um templo no local; a pedra foi levada ao templo e acreditava-se que sua imobilidade era um bom presságio para a permanência das fronteiras da cidade. Fortuna, deusa romana da sorte e da fortuna, foi estabelecida por Anco Márcio] ou Sérvio Túlio. O primeiro templo dedicado a ela foi erigido durante o reinado de Sérvio Túlio nas margens do rio Tibre (em Trastevere). Sanco, originalmente uma divindade úmbria, introduzida ao panteão romano por Tito Tácio, foi o deus da verdade, honestidade e juramentos. Durante o reinado de Tarquínio, o Soberbo foi erigido um templo em sua homenagem.
Numa Pompílio associou Jano, deus dos começos e transições, ao primeiro mês do calendário, Janeiro. Devido a suas características como divindade, a ele foram associadas diversos elementos como a luz, a Lua, o Sol, o tempo, o movimento, o ano, as portas, e as pontes. Numa erigiu o Jano Gemino (Ianus Geminus), templo consagrado ao deus que foi ritualmente aberto em tempos de guerra e fechado quando as forças romanas descansavam, além de uma estátua, ambos localizadas em Argileto (antiga estrada romana). Especula-se que o epíteto Gêmeo (Geminus) tenha sido cunhado durante o reinado de Numa.
Festivais
Festival de Pales, ou O verão, óleo sobre lona, Joseph-Benoît Suvée (ca. 1783), Museu de Belas Artes de Ruão
Ave, Caesar! Io, Saturnalia!, óleo sobre painel, Lawrence Alma-Tadema (ca. 1880), Museu de Arte de Akron
Os calendários romanos mostram cerca de 40 festivais religiosos anuais. Alguns duravam vários dias, outros um único dia ou menos: havia no calendários os dias sagrados (dies fasti), em menor números, e os não sagrados (dies nefasti). A comparação de calendários religiosos romanos sobreviventes sugere que festivais oficiais foram organizados de acordo com grandes grupos sazonais que permitiram diferentes tradições locais. Alguns festivais podem ter exigido apenas a presença e os ritos de seus sacerdotes e acólitos, ou grupos específicos.
Um dos mais antigos rituais conhecidos dos romanos foi o Férias latinas (Feriae Latinae) celebrado desde antes da fundação de Roma, num contexto pastoril pré-urbano, de modo a reafirmar a aliança entre os membros da povos albenses (em latim: populi albenses; século X - século VIII a.C.) e da liga Latina (século VII-338 a.C.). Cada cidade latina enviava um representante com ofertas, tais como ovelhas, queijo, ou outros produtos pastorais. O líder romano que estivesse presidindo o festival oferecia uma libação de leite e realizava um sacrifício de uma ovelha, sendo a carne do sacrifício consumida como parte de uma refeição comunal. Em meio às festividades, figurinhas chamadas oscila eram penduradas nas árvores. A Lupercália, outro festival pastoral romano, presumivelmente foi estabelecido antes da fundação da cidade. Realizado entre 13-15 de fevereiro, tinha como finalidade evitar maus espíritos e purificar a cidade, propiciando sa úde e fertilidade. Na Antiguidade acreditava-se que o nome Lupercália demonstrava alguma ligação com o antigo festival grego de Licaia (em grego: λύκος; romaniz.: lukos; em latim: lupus) e a adoração do deus Pã, assumido como um equivalente do deus grego Fauno, instituído por Evandro; durante a república associou-se o festival à loba capitolina, uma instituição atribuída a Rômulo e Remo. Os ritos eram realizados pelos lupercos (Quintilianos [Quinctiliani] e Fabianos [Fabiani]), uma corporação de sacerdotes de Fauno, que vestiam-se apenas com pele de cabra.
A Parília, celebrada anualmente em 21 de abril, visava a purificação tanto dos pastores como das ovelhas. Esse festival era celebrado em reconhecimento da divindade romana Pales (patrona dos pastores e ovelhas) e, segundo Ovídio, antecede a fundação de Roma; durante a república tardia foi associado ao aniversário da cidade. A Cereália era um dos grandes festivais dedicados à deusa Ceres. Era realizado durante sete dias a partir de meados para o final de abril, no entanto, as datas são incertas. Sua natureza arcaica é evidência de sua relação com um ritual noturno descrito por Ovídio, no qual tochas eram amarradas na cauda de raposas vivas. A finalidade e origem desse ritual são desconhecidas, mas pode ter sido destinado a limpar as culturas e protegê-las de doenças e pragas, ou trazer calor e vitalidade para o seu crescimento.
A Lemúria era celebrada nos dias 9, 11 e 13 de maio. Durante esse festival, os romanos realizavam ritos para exorcizar os fantasmas (lemures ou larvae) de suas residências. Sua origem provém de outro festival, a Remúria, instituída por Rômulo para apaziguar o espírito de Remo. A Equíria, estabelecida por Rômulo, era dedicada ao deus Marte e ocorria em 27 de fevereiro, segundo o calendário romano. Neste festival, a divindade era celebrada através de corridas de cavalo, prática corrente em outras festividades como a Consuália. Segundo Tito Lívio, a Consuália foi criada por Rômulo em homenagem ao deus Conso com o intuito de atrair novos moradores para Roma. A Saturnália, estabelecida por Rômulo ou Numa Pompílio, era celebrada em honra ao deus Saturno, originalmente em 17 de dezembro. Era comemorada com um sacrifício no templo de Saturno e um banquete público, seguido por oferendas privadas, festas contínuas, e uma atmosfera de carnaval onde os mestres serviam os escravos.
Homens romanos com togas pretextas participando de uma cerimônia religiosa, provavelmente a Compitália. Afresco encontrado nos arredores de Pompeia
A Fornocália, instituída por Numa Pompílio, era dedicada à deusa Fornax a fim de que os grãos fossem devidamente cozidos. A Robigália, outro festival instituído por Numa, era realizada em 25 de abril e consistia no sacrifício de um cão para proteger as culturas de grãos de doenças. Devido à presença do rei e do flâmine quirinal nas festividades, especula-se que seja de origem sabina. A Fordicídia, realizada em 15 de abril, era um festival da fertilidade tanto das culturas como dos animais. Instituído por Numa, envolvia o sacrifício de uma vaca grávida para Telo, deusa da terra.
A Compitália, realizado uma vez por ano em honra aos lares compitais, foi, segundo alguns escritores, estabelecida por Tarquínio Prisco, em consequência de ter assistido o milagre do nascimento de Sérvio Túlio, que era supostamente o filho de um lar familiar, uma deidade guardiã da família; Dionísio de Halicarnasso afirma que quem estabeleceu o festival foi o próprio Sérvio Túlio. Celebrado dias depois da Saturnália, a Compitália consistia na oferenda de bolos de mel para os lares. Cada família depositava em frente à sua residência uma estátua da deusa Mania, assim como bonecos masculinos e femininos de lã em reverência aos lares e à deusa; os escravos ofereciam bolas de lã.
Direito romano
O célebre Lápis Níger, do Fórum Romano, está entre os mais antigos objetos romanos (século VII a.C.), Museu Nacional Romano
Durante a monarquia romana, segundo alguns autores, o conjunto de leis que vigorou em Roma foram as "leis do rei" (leges regiae). Suas origens remontam à instituição tanto do senado como da assembleia das cúrias por Rômulo. Sua função, mais do que apenas um instrumento do poder dos reis, era de criar leis que respondessem à necessidade de uma sociedade constituída por diferentes tribos, principalmente em assuntos em que os mores (costumes) não fosse suficientes. Concediam aos reis uma maneira de resolver questões religiosas e militares, quer diretamente quer por meio de algum auxiliar como o mestre do povo (magister populi) do período dos Tarquínios. Desse modo, enquanto por um lado as leis do rei criavam novas leis diferentes dos costumes, por outro lado transformaram alguns deles em leis.
As leis do rei foram estabelecidas com bases na influência externa sofrida pelos romanos ao longo dos séculos. Inicialmente nota-se uma clara influência grega, uma vez que desde o século VIII a.C. há indícios de relações comerciai s e/ou políticas entre romanos e gregos. Além disso, segundo autores clássicos, Rômulo estudou em Gábios, um centro sob influência grega. Outra influência é a sabina, que se reflete no uso de pele de boi como um suporte para a escrita, assim como no teor de algumas das leis. E por fim, a influência etrusca torna-se evidente a partir do governo dos reis etruscos tendo ela sido de natureza política, econômica e judicial. Um exemplo desta influência seria a postura dos reis em relação as gentes que perderam muito de suas funções durante seus reinados.
Segundo fragmentos de Sexto Pompônio e de outros autores clássicos, as leis do rei eram deliberadas tanto pelo senado como pela assembleia das cúrias (comitia curiata) e aprovadas pelo rei das coisas sagradas e pelo pontífice máximo. No entanto, há quem defenda que, devido ao poder dos reis, eram eles que decidiam, sem o veto das cúrias, tendo apenas o apoio do Colégio de Pontífices, além da deliberação do senado. Especula-se que as cúrias possuíam apenas a função de participar publicamente na promulgação das leis. Em certas ocasiões os reis realizaram assembleias comiciais semelhantes às do período republicano. Isso é atestado pelas palavras Q(uando), R(ex), C(omitiavit), F(as) presentes no primeiro calendário romano.
As leis do rei foi, em suma, aplicado para sancionar instâncias de natureza religiosa, no entanto, estas não foram as únicas sanções em uso. Outras incluem o confisco de propriedade e a pena de morte, que não foi administrada em nome de qualquer princípio sacro, mas na retribuição de um crime com um castigo igual.
FIM DO REINO E COMEÇO DA REPÚBLICA
Fragmentos de placas decorativas etruscas de terracota de Régia, no Fórum Romano (ca. século VI a.C.)
O período entre a fundação de Roma e a expulsão de seu último rei durou dois séculos e meio. Tendo começado, como outras cidades do Lácio, como um simples refúgio de pastores, o assentamento no Palatino expandiu-se até dominar todo o círculo das sete colinas. Lentamente, em paralelo com esse crescimento interno, uma sucessão de conquistas levou as fronteiras às duas margens do Tibre, até ao mar Tirreno, a uma longa faixa do Lácio, desde Óstia até Circeios, e desde a fronteira sabina e às terras altas dos volscos. Devido à política liberal, houve um constante fluxo de novos colonizadores, que trouxeram força e conhecimentos à comunidade. Com o passar do tempo, a presença dessa nova população, fora do círculo privilegiado dos fundadores, trouxe problemas que foram superados e contribuíram para a formação de legisladores e estadistas entre as classes dirigentes. Assim, após mais de dois séculos de existência, em 509 a.C., terminou o período real e a República Romana inicia-se sem que se verifique qualquer ruptura violenta das tradições.
Um dos principais fatores que sustentam a transição gradual é o grande contingente etrusco que habitava Roma no fim do reino. Um dos povos que mais influenciou Roma neste período, importaram para a cidade diversos elementos como o fasces (feixe de varas e machados que simbolizava o imperium dos reis), os jogos, os triunfos, certas práticas cultuais e cerimoniais, as túnicas, os deuses e as artes (arquitetura, cerâmica de búcaro, artes decorativas). Em 509 a.C., quando o senado destitui Tarquínio do trono e em seu lugar elegeu dois magistrados, inicialmente chamados de pretores e depois de cônsules, não se verifica uma expulsão maciça dos etruscos; tal característica da Roma arcaica de absorver os imigrantes também é atestada em muitas cidades etruscas onde pode-se há contingentes gregos, latinos e itálicos. Seja como for, com o fim do poder dos monarcas, os cônsules restauraram os trezentos membros do senado que haviam sido reduzidos sob Tarquínio e iniciaram seu mandato sob supervisão dos senadores que durante a república adquiriram plenos poderes de decisão dos assuntos do Estado e, até o advento do império, seriam a força atuante na política da Roma Antiga.
Os últimos reis romanos, ao contrário de seus antecessores, basearam sua posição no apoio popular e desafiaram o poder e os privilégios dos aristocratas. Para tanto, tal como os tiranos gregos, levaram a cabo uma ambiciosa política exterior, fomentaram as artes e empreenderam grandes projetos arquitetônicos. Além disso, tentaram legitimar sua posição atribuindo-se um especial e pessoal favor dos deuses (Sérvio Túlio alegou parentesco com Fortuna) e adotaram um governo de caráter populista; autores como Tim Cornell afirmam que as reformas de Sérvio Túlio se enquadram nesse âmbito. O caráter populista e aristocrático do regime dos últimos reis é confirmado pela posterior atitude romana com respeito à autoridade monárquica. Na República, a simples ideia de rei provocava profunda repulsa, uma vez que ia em desencontro com a ideologia aristocrática da classe dominante. Assim, dentre os membros da oligarquia rural, havia o horror de que um deles tentasse situar-se acima de seus iguais ao defender as necessidades das cl asses baixas e por isso ganhasse o apoio delas; Espúrio Mélio, Marco Mânlio Capitolino e os irmãos Graco foram executados pela acusação de monarquismo (regnum).
A HISTORIA DE ROMA
A história de Roma remonta a 753 a.C., com a fundação de um pequeno povoado na península Itálica. Embora a fundação tenha ocorrido no século VIII a.C., o mais antigo registro escrito é o estabelecido pelo historiador Marco Terêncio Varrão (116 a.C. - 27 a.C.) durante o reino de Augusto, cerca de 500 anos após o fato. Com o tempo, Roma tornou-se o centro de uma vasta civilização que dominou a região mediterrânica durante séculos, e que seria derrubada por algumas tribos germânicas, dando início à era historiográfica da Idade Média. Tornou-se a sede da Igreja Católica e, por pressão das circunstâncias políticas, seria obrigada a ceder parte de si, no seu interior, para formar um Estado independente, a Cidade do Vaticano. Continuou, no entanto, a desempenhar um papel importante na política global, tal como o fez na história e cultura dos povos europeus durante milênios.
Roma Antiga
Roma Antiga foi uma civilização que se desenvolveu a partir da cidade-Estado de Roma, fundada na península Itálica durante o século VIII a.C. Durante os seus doze séculos de existência, a civilização romana transitou da monarquia para uma república oligárquica até se tornar um vasto império que dominou a Europa Ocidental e ao redor de todo o mar Mediterrâneo através da conquista e assimilação cultural. No entanto, um rol de factores sócio-políticos iria agravando o seu declínio, e o império seria dividido em dois. A metade ocidental, onde estavam incluídas a Hispânia, a Gália e a Itália, entrou em colapso definitivo no século V e deu origem a vários reinos independentes; a metade oriental, governada a partir de Constantinopla passou a ser referida como Império Bizantino a partir de 476, data tradicional da queda de Roma e aproveitada pela historiografia para demarcar o início da Idade Média.
Origem
A etimologia do nome da cidade é incerta, e são várias as teorias que nos chegam desde a Antiguidade. A menos provável indica-nos que derivaria da palavra grega Ρώμη (Róme), que significa "bravura", "coragem". A mais provável é a ligação com a raiz *rum-, "seios", com possível referência a uma loba (em latim, lupa) que teria adotado os gémeos Rómulo e Remo que, segundo se pensa, seriam descendentes dos povos de Lavínio. Rómulo mataria o seu irmão e fundaria Roma.
Nas últimas décadas, os progressos na língua etrusca e na arqueologia na Itália reduziram as probabilidades destas teorias, introduzindo novas hipóteses possíveis. Sabe-se, atualmente, que o etrusco era falado desde a região que se tornaria mais tarde na província romana de Récia, nos Alpes, até à Etrúria, incluindo o Lácio e toda a região para Sul, até Cápua. As tribos itálicas entraram no Lácio a partir de uma região montanhosa no centro da península Itálica, vindos da costa oriental. Apesar das circunstâncias da fundação de Roma, a sua população original era, por certo, uma combinação da civilização etrusca e povos itálicos, com uma provável predominância de etruscos. Gradualmente, a infiltração itálica aumentaria, ao ponto de predominar sobre os Etruscos; i.e., as populações etruscas seriam assimiladas pelas itálicas, dentro e fora de Roma.
Os Etruscos dispunham da palavra Rumach, "de Roma", de onde pode ser extraído "Ruma". Adiante na etimologia, tal como na maioria das palavras etruscas, permanece desconhecido. Que talvez possa significar "teta" é pura especulação. As associações mitológicas posteriores colocam em dúvida esse significado; afinal, nenhum dos colonizadores originais foi criado por lobos, e é pouco provável que os fundadores tivessem tido algum conhecimento sobre este mito acerca deles mesmos. O nome, Tibério, pode perfeitamente conter o nome do Tibre (em italiano: Tevere). Acredita-se atualmente que o nome provenha de uma nome etrusco, Thefarie, e nesse caso o Tibre derivaria de *Thefar.
Primeiros povos itálicos
Mapa das línguas itálicas antigas
Roma cresceu com a sedentarização dos povos no monte Palatino até outras colinas a oito milhas do mar Tirreno, na margem sul do rio Tibre. Outra destas colinas, o Quirinal, terá sido, provavelmente, um entreposto para outro povo itálico, os Sabinos. Nesta zona, o Tibre esboça uma curva em forma de "Z" contendo uma ilha que permite a sua travessia. Assim, Roma estava no cruzamento entre o vale do rio e os comerciantes que viajavam de norte a sul pelo lado ocidental da península.
A data tradicional da fundação (21 de abril de 753 a.C) foi convencionada bem mais tarde, no final da República por Públio Terêncio Varrão, atribuindo uma duração de 35 anos a cada uma das sete gerações correspondentes aos sete mitológicos reis. Foram, no entanto, descobertas peças arqueológicas que indicam que a área de Roma poderá já ter estado habitada tão cedo quanto 1 400 a.C.. Estas descobertas arqueológicas também confirmaram que no século VIII a.C., na área da futura Roma, houve duas povoações fortificadas, os Rumi, no monte Palatino, e os Titientes, no Quirinal, e, mais a norte, os Luceres, que viviam nos bosques. Eram estas apenas três das numerosas comunidades itálicas que existiram no primeiro milénio a.C. na região do Lácio, uma planície na península Itálica. No entanto, desconhecem-se as origens destes povos, embora se admita que possam descender dos indo-europeus que migraram do Norte dos Alpes na segunda metade do segundo milénio a.C., ou de uma eventual mistura destes povos com outros povos mediterrânicos, talvez do Norte de África.
No século VIII a.C., os itálicos — Latinos (a Oeste), Sabinos (no vale superior do Tibre), Úmbrios (no nordeste), Samnitas (no Sul), Oscos e outros — partilhavam a península com outros grandes grupos étnicos: os Etruscos do norte e os Gregos do sul.
Os Etruscos estavam estabelecidos a norte de Roma, na Etrúria (uma zona correspondente ao actual norte do Lácio e Toscana). Teriam sido eles uma grande influência na cultura romana, como claramente demonstrado pela origem etrusca dos sete reis mitológicos.
Entre 750 a.C. e 550 a.C., os Gregos teriam já fundado várias colónias a Sul da península (que os romanos mais tarde designariam por Magna Grécia), como Cumas, Neápolis e Tarento, bem como nos dois terços orientais da Sicília.
Domínio etrusco
A Muralha Serviana herdou o nome do rei Sérvio Túlio e são as verdadeiras primeiras muralhas de Roma
Templo de Júpiter 526 a.C.-509 a.C.
Tumba etrusca
Após 650 a.C., os Etruscos tornaram-se dominantes na península Itálica, expandindo-se para o centro-norte da região. Alguns historiadores modernos consideram que a este movimento estava associado o desejo de dominar Roma e talvez toda a região do Lácio, embora o assunto seja controverso. A tradição romana apenas nos informa que a cidade foi governada por sete reis de 753 a.C. a 509 a.C., iniciando-se com o mítico Rómulo que, juntamente com o seu irmão, Remo, teriam fundado Roma. Sobre os últimos três reis, especialmente Tarquínio Prisco e Tarquínio, o Soberbo, informa-nos ainda que estes seriam de origem etrusca — segundo fontes literárias antigas, Prisco seria filho de um refugiado grego e de uma mãe etrusca — e cujos nomes se referem a Tarquinia.
O valor historiográfico da lista de reis é, contudo, dúbio, embora os últimos reis pareçam ter sido figuras históricas. Crê-se, também — embora contestado em controvérsia — que Roma teria estado sob influência etrusca durante quase um século, durante este período. Sabe-se, porém, que nestes anos foi construída uma ponte designada Ponte Sublício, que viria a substituir um baixio do rio Tibre utilizado para a sua travessia, e a Cloaca Máxima, o sistema romano de esgotos, obras de engenharia com um traçado típico da civilização etrusca. Do ponto de vista técnico e cultural, os Etruscos são considerados como o segundo maior impacto no desenvolvimento romano, apenas suplantados pelos Gregos.
Continuando a expansão, para sul, os Etruscos estabeleceram contacto directo com os Gregos. Após o sucesso inicial nos conflitos com os Gregos colonizadores, a Etrúria entraria em declínio. Aproveitando-se da situação, a cerca de 500 a.C., dá-se uma rebelião em Roma que lhe iria dar a independência dos etruscos. A monarquia foi também abolida em detrimento de um sistema republicano baseado num senado, composto pelos nobres da cidade, alguns populares representantes, que iriam garantir a participação política aos cidadãos de Roma, e magistrados eleitos anualmente.
Contudo, o legado etrusco mostrou-se duradouro: os Romanos aprenderam a construir templos, e pensa-se que os primeiros tenham sido os responsáveis pela introdução da adoração a uma tríade divina — Juno, Minerva, e Júpiter — possivelmente correspondentes aos deuses etruscos Uni, Menrva e Tinia. Em suma, os etruscos transformaram Roma, uma comunidade pastoral, numa verdadeira cidade, imprimindo-lhe alguns aspectos culturais da cultura grega, que teriam adoptado, como a versão ocidental do alfabeto grego.
República Romana
Fórum Romano
Expansão romana na península Itálica
No virar para o século V a.C., Roma uniu-se às cidades latinas como medida defensiva das incursões dos Sabinos. Vencedora da Batalha do Lago Regilo, em 493 a.C., Roma estabeleceu novamente a supremacia sobre as regiões latinas que perdera com a queda da monarquia. Após séries de lutas, a supremacia veio a consolidar-se em 393 a.C., com a subjugação dos Volscos (volsci) e dos Équos (aequi). No ano anterior, já teriam resolvido a ameaça dos vizinhos Veios, conquistando-os. A potência etrusca estava agora confinada exclusivamente à sua própria região, e Roma tornara-se na cidade dominante do Lácio. No entanto, em 387 a.C., Roma seria saqueada pelos Gauleses liderados por Breno, que já tinha sido bem-sucedido na invasão da Etrúria. Esta ameaça seria rapidamente resolvida pelo cônsul Marco Fúrio Camilo, que derrotou Breno em Túsculo pouco depois.
Para assegurar a segu rança do seu território, Roma empenhou-se na reconstrução dos edifícios e tornou-se ela própria a invasora, ao conquistar a Etrúria e alguns territórios aos gauleses, mais a norte. Em 345 a.C., Roma voltou-se para sul, a combater outros latinos, na tentativa de assegurar o seu território contra posteriores invasões. Neste quadrante, o seu principal inimigo eram os temidos samnitas que já haviam derrotado as legiões em 321 a.C.
Apesar desses e outros contratempos temporais, os Romanos prosseguiram a sua expansão casual de forma equilibrada. Em 290 a.C., Roma já controlava mais de metade da península Itálica e, durante esse século ainda, os Romanos apoderaram-se também das poleis da Magna Grécia mais a sul.
Planta de Roma nos tempos da República Romana
Segundo a lenda, Roma tornou-se numa República em 509 a.C., quando um grupo de aristocratas expulsou Tarquínio, o Soberbo. No entanto, foram necessários vários séculos até Roma assumir a forma monumental com que é popularmente concebida. Durante as Guerras Púnicas, entre Roma e o grande império mediterrânico de Cartago, o estatuto de Roma aumentou mais ainda, já que assumia cada vez mais o papel de uma capital de um império ultramarino pela primeira vez. Iniciada no século II a.C., Roma viveu uma significativa explosão populacional, com os agricultores ancestrais a trocarem as suas terras pela grande cidade, com o advento das quintas operadas por escravos obtidos durante as conquistas, os latifúndios.
Em 146 a.C., os Romanos arrasaram as cidades de Cartago e Corinto, anexando o Norte de África e a Grécia ao seu império e transformando Roma na cidade mais importante da parte ocidental do Mediterrâneo. A partir daqui, até ao final da república, os cidadãos iriam empenhar-se numa corrida de prestígio, suportando a construção de monumentos e grandes estruturas públicas. Talvez a mais notável tenha sido o Teatro de Pompeu, erigido pelo general Pompeu, que era o primeiro teatro de carácter permanente alguma vez construído na cidade. Depois de Júlio César regressar vitorioso das conquistas gálicas e subsequente guerra civil com Pompeu, embarcou num programa de reconstrução sem precedentes na história romana. Seria, no entanto, assassinado em 44 a.C. com a maioria dos seus projectos ainda em construção, como a Basílica Júlia e a nova casa do senado romano (Cúria Hostília).
Império Romano
No final da república, a cidade de Roma ostentava já a imponência de uma verdadeira capital de um império que dominava a totalidade do Mediterrâneo. Era, na altura, a maior cidade do mundo e provavelmente a mais populosa cidade já construída até o século XIX. Estimativas dos picos populacionais variam entre menos de 500 000 e mais de 3,5 milhões, embora valores mais populares pelos historiadores variem entre 1 milhão e 2 milhões. A grandeza da cidade aumentou com as intervenções de Augusto, que completou os projectos de César e iniciou os seus próprios, como o Fórum de Augusto, e o Ara Pacis ("Altar da Paz"), em celebração do período de paz vivido na altura (Pax Romana), redefinindo também a organização administrativa da cidade em 14 regiões. Os sucessores de Augusto tentaram prosseguir essa linha edificadora deixando as suas próprias contribuições na cidade. O grande incêndio de Roma, durante o reinado de Nero, iria destruir grande parte da cidade mas, por sua vez, iria permitir e impulsionar uma nova vaga do desenvolvimento edificador.
Por esta altura, Roma era uma cidade subsidiada, com cerca de 15 a 25 porcento do abastecimento de cereais sendo pagos pelo governo. O comércio e a indústria desempenhavam um papel menos significante quando comparado com os de outras grandes cidades como Alexandria, mas assim mesmo era uma grande metrópole e o maior centro comercial e industrial do mundo, por isso ela tinha uma dependência de outras regiões do império para obter géneros primários e matérias primas. Para pagar os subsídios de cereais, foram introduzidos impostos na vida dos cidadãos das províncias. Se assim não fosse, Roma seria significativamente menor.
A população de Roma entrou em declínio logo após o seu pico, no início do século II. No final desse século, durante o reinado de Marco Aurélio, uma praga devastaria os cidadãos a uma taxa de cerca de 2 000 por dia. Quando, em 273, a muralha Aureliana foi concluída, apenas restava uma fracção desse máximo da população de Roma: cerca de 500 000.
Um evento historiograficamente designado de crise do terceiro século delineia os desastres e problemas políticos do império, que praticamente entrava em colapso. O medo e a ameaça das invasões bárbaras esteve patente na decisão do imperador Aureliano que, em 273, terminou a circunscrição da cidade com a maciça muralha Aureliana, cujo perímetro rondava os 20 quilómetros. Roma permanecia a capital do Império, embora os imperadores aí permanecessem cada vez menos tempo. No final das reformas políticas de Diocleciano, no século III, Roma seria privada do seu tradicional papel de capital adm inistrativa do império. Mais tarde, os imperadores do Ocidente iriam governar o império a partir de Mediolano (atual Milão) ou Ravena, ou cidades na Gália e, em 330, Constantino I estabeleceu a segunda capital em Constantinopla. Por esta altura, parte da classe aristocrática romana transferia-se para o novo centro, seguida por muitos dos artistas e homens-de-ofício que viviam na cidade.
O Arco de Galiano, um dos poucos monumentos que restam da Roma Antiga do século III, servia de porta na muralha Serviana. Os dois portões laterais foram destruídos em 1447
No entanto, o senado, agora desprovido da sua influência política de outrora, preservava o seu prestígio social. Em 380, os dois augustos (Teodósio I no Oriente e Graciano no Ocidente) declararam reconhecer como única religião no império "a fé que a Igreja Romana havia recebido de São Pedro"A conversão do império ao cristianismo transformou o Bispo de Roma (mais tarde designado papa) na figura religiosa de maior relevo do Império Ocidental, como declarado oficialmente em 380, no Édito de Tessalónica. Apesar do seu papel cada vez mais passivo no império, Roma conseguiu preservar o seu prestígio histórico, e este período assistiria à última vaga de actividades edificadoras: o predecessor de Constantino, Magêncio, construiu notáveis edifícios, como a basílica no Fórum Romano, o próprio Constantino erigiu o seu famoso arco para celebrar a vitória contra o primeiro, e Diocleciano construiria as maiores termas de todas as existentes. Constantino tornou-se também no primeiro padroeiro de edifícios oficiais cristãos na cidade; doou ao papa o Palácio de Latrão e construiu a primeira grande basílica, a antiga Basílica de São Pedro.
Roma permanecia, contudo, um estandarte do paganismo, dirigida por aristocratas e senadores. Quando os Visigodos surgiram perto das muralhas em 408, o senado e o prefeito propuseram sacrifícios pagãos, e tudo indica que inclusive o papa estaria de acordo, se isso pudesse salvar a cidade. Ainda assim, nem as novas muralhas impediram que a cidade fosse saqueada, primeiro pelo visigodo Alarico a 24 de agosto de 410, e depois pelo vândalo Genserico em 455 a.C. e, mais tarde ainda, pelas tropas do general Ricímero (na maioria compostas por bárbaros) a 11 de julho de 472. Os saques da cidade, inéditos desde os tempos de Breno, alarmaram toda a civilização romana: a queda de Roma significava o derrube definitivo da ordem antiga. Muitos habitantes fugiram e, no final do século, a população de Roma caía para cerca de 30 000.
Planta da cidade durante o Império Romano
Ainda assim, o prejuízo dos saques terá sido provavelmente exagerado na historiografia da época. A cidade encontrava-se já em declínio, e muitos dos monumentos teriam já sido destruídos pelos próprios habitantes, que roubavam rochas dos templos, edifícios públicos e estátuas próximas para o seu propósito pessoal — é mesmo frequente encontrar nos dias de hoje estátuas e pedaços arqueológicos utilizados em casas habitacionais por toda a cidade. Além disso, muitas das igrejas teriam sido também construídas desta forma. Por exemplo, a primeira basílica de São Pedro foi erigida usando partes do Circo de Nero, abandonado. Esta atitude foi uma característica constante de Roma até ao Renascimento. A partir do século IV, eram comuns os éditos imperiais contra o roubo de pedras e, especialmente, do mármore — a sua própria repetição mostra o quão inefectivos seriam. Em algumas ocasiões, novas igrejas foram criadas directamente a partir de templos pagãos, provavelmente transformando um deus ou herói pagão para o correspondente santo ou mártir do cristianismo. Foi assim que o Templo de Rómulo e Remo se tornou a basílica dos santos gémeos Cosme e Damião. Mais tarde, o Panteão, "Templo de Todos os Deuses", se tornaria a Igreja de Todos os Mártires.
Roma medieval
As invasões bárbaras e o domínio bizantino
Durante a Guerra Gótica, Roma foi cercada várias vezes pelos exércitos bizantino e ostrogodo
A Coluna de Focas, o último monumento imperial do Fórum Romano
A antiga basílica de São Lourenço Fora de Muros foi construída directamente sobre a tumba do mártir romano favorito
Em 476, o último imperador do Ocidente, Rómulo Augusto, que vinha sendo manipulado (como a maioria dos imperadores neste período) pelo pai, o general Flávio Orestes, foi deposto pelas tropas bárbaras lideradas por Odoacro e exilado no Castelo do Ovo, em Nápoles. A Queda do Império Romano do Ocidente teria, no entanto, pouco impacto em Roma. Odoacro, e mais tarde os Ostrogodos, continuariam a governar a Itália a partir de Ravena. Entretanto, o senado, apesar de desprovido da sua grande influência há muito tempo, continuaria a dirigir Roma, com o papa provindo geralmente de uma família senatorial. Esta situação manter-se-ia até as forças do Império Romano do Oriente, encabeçadas por Belisário a mando de Justiniano, capturarem a cidade em 536.
Em 17 de dezembro de 546, os Ostrogodos de Tótila recapturaram a cidade e novamente a saquearam. Belisário recapturou a cidade, para a perder novamente em 549. Belisário foi substituído por Narses, que capturou Roma definitivamente em 552, terminando a Guerra Gótica que arrasou a península Itálica. A contínua guerra em redor de Roma entre as décadas de 530 e 540 deixaram-na praticamente abandonada e desolada. Os aquedutos não foram mais reparados, conduzindo a uma redução da população para cerca de 30 000 concentrados nas margens do rio Tibre, na zona do Campo de Marte, abandonando as zonas sem abastecimento de água. Existe mesmo uma lenda que fala de um momento em que Roma estaria completamente inabitada. O Imperador Romano do Oriente Justiniano (r. 527–565) tentou, ainda assim, garantir subsídios a Roma para a manutenção dos edifícios públicos, aquedutos e pontes, embora sem grande sucesso, já que toda a península da Itália estava dramaticamente empobrecida pelas recentes guerras. Transformou-se também no padroeiro dos estudiosos, oradores, físicos e magistrados que restavam, na esperança de que os mais novos procurassem uma melhor educação. Após as guerras, as estruturas do senado foram restabelecidas sob a supervisão de um prefeito e outros oficiais designados e responsabilizados pelas autoridades romanas (bizantinas) em Ravena.
No entanto, o papa tornara-se um dos ícones religiosos em todo o Império Bizantino e, efectivamente, mais poderoso localmente que os senadores ou quaisquer outros oficiais bizantinos. Na prática, o poder local de Roma recaía sobre o ṕapa e, ao longo das próximas décadas, o poder aristocrático senatorial, bem como a administração bizantina de Roma, iriam ser absorvidos pela Igreja Católica.
O reinado do sobrinho e sucessor de Justiniano, Justino II (r. 565–578) ficou marcado pela invasão dos Lombardos liderados por Alboíno (568). Com a captura das regiões de Benevento, Lombardia, Piemonte, Espoleto e Toscana, os invasores restringiram efectivamente a autoridade imperial a pequenas porções de terra ao redor de cidades costeiras, incluindo Ravena, Nápoles, Roma e a área da futura Veneza. A única porção ainda sob domínio bizantino era Perúgia, que permitia a ligação, repetidamente assediada, entre Roma e Ravena. Em 578, e novamente em 580, o senado, nas suas últimas intervenções de que há registo, foi obrigado a recorrer ao auxílio de Tibério II (r. 578–582) contra os duques que se aproximavam, Faroaldo I de Espoleto e Zoto de Benevento.
Maurício I (r. 582–602) iria inserir um novo facto no contínuo conflito estabelecendo uma aliança com Quildeberto II da Austrásia (r. 575–595). Os exércitos do rei dos francos invadiram os territórios da Lombardia em 584, 585, 588 e 590 e, no ano anterior, Roma tinha já sofrido uma desastrosa inundação do rio Tibre, seguida de uma praga de peste negra em 590 — esta última tornou-se famosa pela lenda associada à procissão do novo papa, Gregório I (r. 590–604), pela Tumba de Adriano, que fala de um anjo que surgiu sobre o edifício investindo a sua espada flamejante, como sinal de que a pestilência iria terminar. A partir deste ano a cidade manteve-se finalmente a salvo.
Entretanto, Agilolfo, o novo rei lombardo (r. 591–616) conseguiu assegurar a paz com Quildeberto II, reorganizou os seus territórios e prosseguiu os ataques a Nápoles e Roma em 592. Com o imperador ocupado com as guerras nas fronteiras orientais e os sucessivos exarcas incapazes de defender Roma das invasões, Gregório tomou a iniciativa de iniciar as negociações para um tratado de paz, que seria conseguido no outono de 598 — embora só mais tarde reconhecido por Maurício — durando até ao final do seu reinado.
A posição do papa ver-se-ia fortalecida pelo usurpador Focas (r. 602–610). Focas reconheceu a sua primazia sobre o Patriarca de Constantinopla e chegou mesmo a decretar o papa Bonifácio III (607) como "representante de todas as Igrejas". Foi no reinado de Focas que se assistiu à erecção do último monumento imperial do Fórum Romano, a coluna que ostentava o seu nome. Também doou ao papa o Panteão, já encerrado fazia séculos, o que provavelmente o salvou da destruição.
Planta de Roma na Idade Média
Planta medieval de Roma
Durante o século VII, um influxo de oficiais bizantinos e religiosos de outras partes do império culminou numa presença dominante da língua e aristocracia grega. No entanto, esta forte influência cultural bizantina nem sempre se traduziu em harmonia política entre Roma e Constantinopla. Na controvérsia sobre o monotelismo, os papas sentiram a grande pressão (chegando mesmo a traduzir-se fisicamente) por não conseguirem acompanhar as alterações nas orientações teológicas de Constantinopla. Em 653, o papa Martinho I seria deportado para Constantinopla e, logo após um breve julgamento, exilado para a Crimeia, onde faleceu.
Pouco depois, em 663, Roma recebia a sua primeira visita imperial dos últimos dois séculos, por Constâncio II — o seu pior infortúnio desde as Guerras Gálicas, já que o imperador tratou de retirar os metais que existiam na cidade, incluindo aqueles dos edifícios e estátuas, para disponibilizá-los para a construção de armamento para as lutas contra os Sarracenos. Contudo, durante a metade seguinte do século, e apesar das tensões várias vividas, Roma e o Papado continuaram a preferir a regência bizantina — em parte porque a alternativa seria a dominação lombarda e, por outro lado, porque a maioria dos alimentos trazidos para Roma provinham de estados papais de outras partes do império, particularmente da Sicília.
Em 727, o papa Gregório II recusou aceitar os decretos do imperador Leão III, o Isauro, estabelecendo a iconoclastia. A reacção inicial de Leão foi de tentar raptar o Pontífice, em vão, mas mais tarde mandaria uma força de tropas bizantinas, sob o comando do exarca Paulo, que seriam contidas pelos Lombardos de Tuscia e Benevento. A 1 de novembro de 731, foi convocado por Gregório III um sínodo em Roma para excomungar os iconoclastas, cuja resposta do imperador foi a confiscação de grandes porções de territórios papais na Sicília e Calábria e a transferência de várias zonas de domínio eclesiástico do papa sob controlo bizantino para o Patriarca de Constantinopla (a criação do patriarca de Grado, separando-o da jurisdição do Aquileia). Roma, sob domínio do papa, foi assim expulsa do Império Bizantino.
Durante este período, o Reino Lombardo atravessava uma fase de renascimento, sob a liderança de Liuprando. Em 730 mandou uma razia contra Roma para punir o papa, que teria apoiado o duque de Espoleto. Ainda que protegido pela muralha maciça da cidade, o papa pouco podia fazer contra o rei lombardo, que entretanto conseguia aliar-se aos bizantinos. Gregório III, compreendendo a impotência de resistir a tal aliança, foi o primeiro papa a pedir ajuda, pela primeira vez de forma oficial, ao reino dos Francos, então sob o comando de Carlos Martel (739).
O sucessor de Liuprando, Astolfo, foi ainda mais agressivo: conquistou Ferrara e Ravena, terminando assim o Exarcado de Ravena. Roma seria, provavelmente, a próxima vítima. Em 754, o papa Estêvão III dirigiu-se a França para nomear Pepino, o Breve, rei dos Francos, como patricius romanorum, i.e., protector de Roma. Em agosto do mesmo ano, o rei e o papa atravessaram os Alpes para derrotar Astolfo, em Susa, conseguindo fazê-lo prometer que iria desistir dos conflitos com o papa, devolvendo-lhe os territórios ocupados. No entanto, quando Pepino regressou a Saint-Denis, Astolfo faltou à promessa e cercou Roma durante 56 dias, em 756, desistindo assim que souberam da notícia do regresso de Pepino à Itália. Desta vez concordaria em entregar ao papa os territórios prometidos, e assim nasciam os Estados Pontifícios.
Em 771, o novo rei dos Lombardos, Desidério, concebeu um estratagema para conquistar definitivamente Roma e depor o papa Estêvão III. O seu principal aliado seria Paulus Afiarta, líder da facção lombarda residente na cidade. Contudo, o plano não seria bem-sucedido, e o sucessor de Estevão, o papa Adriano I invocou Carlos Magno a declarar guerra a Desidério, que seria finalmente derrotado em 773. O reino lombardo foi dissolvido, e Roma foi colocada na órbita de uma nova e grande instituição política.
O Sacro Império
A coroa do Sacro Império Romano-Germânico (século X),
no Schatzkammer de Viena
A 25 de abril de 799, enquanto o novo papa, Leão III, conduzia a tradicional procissão de Latrão em direcção à Igreja de São Lourenço em Lucina, ao longo da Via Lata , o trecho urbano da Via Flamínia (actual Via del Corso), dois nobres (seguidores do predecessor, Adriano), a quem não agradavam as fraquezas do papa em relação a Carlos Magno, atacaram o comboio processional deixando o papa gravemente ferido. Leão fugiu ao encontro do rei dos francos e, em novembro de 800, o rei entrou em Roma liderando um forte exército e um grande número de bispos francos. Carlos Magno organizou então um tribunal judicial para decidirem se Leão deveria continuar o Papado, ou se as reivindicações dos conjuradores seriam válidas ou não. No entanto, este tribunal fazia parte de uma cadeia de eventos minuciosamente planeados que iriam surpreender o mundo: O papa, naturalmente absolvido, e os conspiradores exilados, iria coroar Carlos Magno como Imperador Romano do Ocidente na Basílica de São Pedro, a 25 de dezembro de 800. Esta atitude cessou definitivamente a lealdade de Roma para com a sua "metade", Constantinopla, criando um império rival que, após uma série de conquistas por Carlos Magno, englobava agora a maioria dos territórios ocidentais cristãos.
As fronteiras do Sacro Império Romano-Germânico entre os anos de 962 a 1806, sobre as fronteiras da Europa moderna
Após a morte de Carlos Magno, a inexistência de uma figura de igual prestígio provocou alguns desentendimentos na nova instituição. Ao mesmo tempo, a Igreja Romana enfrentava as demandas laicas da própria cidade, apressadas pela convicção de que o romano, embora empobrecido e desvalorizado, retinha o direito de eleger o novo imperador Ocident al. O papa reivindicava um território que ia de Ravena a Gaeta, o que significaria a soberania sobre Roma. No entanto, esta soberania seria continuamente disputada ao longo dos séculos seguintes, e apenas os papas mais fortes politicamente conseguiram mantê-la. A principal fraqueza do Papado era a precisamente a necessidade da eleição de novos papas, de tempos a tempos, na qual as famílias nobres emergentes rapidamente procuravam obter um papel de liderança. As potências vizinhas, nomeadamente o Ducado de Espoleto e a Toscana, e mais tarde os imperadores, aprenderam como tirar partido desta fraqueza interna e, consequentemente, tornavam-se árbitros entre os candidatos.
Assim, o ambiente vivido em Roma era próximo da anarquia. O momento mais escandaloso verificou-se em 897 com a exumação do cadáver do Formoso para ser julgado num tribunal. Estas crises foram agravadas pelo surgimento de uma nova ameaça, os Árabes ou, como os italianos medievais os referiam, os Sarracenos: estes recém-chegados provindos do Norte de África já tinham conquistado a Sicília e a sua penetração no Sul da Itália estava a ser conduzida de forma eficaz. A infiltração de bandos de piratas levou o terror aos territórios em redor de Roma, ao qual o Pascoal I (r. 817–824) respondeu realojando os restos de todos os santos mártires entre os muros da cidade. Ainda assim, esta medida não impediu os muçulmanos de saquearem a Basílica de São Pedro em 846. Em 852, o Leão IV encarregou a construção de nova muralha ao redor de uma área na margem do Tibre oposta às sete colinas, que passaria a ser referida como "Cidade Leonina".
Comuna de Roma
Interior da Basílica de Santa Maria em Trastevere, uma das mais belas igrejas de Roma construídas ou reconstruídas durante a Idade Média
Por esta altura, a entretanto renovada Igreja Romana estava novamente a atrair peregrinos e prelados de toda as partes do mundo cristão, trazendo os seus dinheiros consigo: apesar da população reduzida (ca. 30 000), Roma transformava-se de novo numa cidade dependente dos consumidores, desta vez dirigida pela burocracia governamental. Entretanto, as outras cidades da península Itálica, dirigidas fundamentalmente por novas famílias que se iam sobrepondo à velha aristocracia, iam aumentando a sua autonomia formando uma nova classe de empreendedores, comerciantes e mercantes. Logo após o saque de Roma pelos Normandos, em 1084, a reconstrução da cidade foi suportada por famílias poderosas, como os Frangipane e os Pierleoni, cujo financiamento provinha do comércio e bancos, mais do que das terras. Inspirado pelas cidades vizinhas, como Tivoli e Viterbo, também o povo romano começou a considerar para a cidade o estatuto de comuna e, consequentemente, numa maior autonomia face à autoridade papal.
Impulsionados pelas palavras do contestado pregador Arnaldo de Bréscia, um idealista e feroz opositor da propriedade eclesiástica e da interferência da Igreja nos assuntos internos, os romanos rebelaram-se em 1143. O senado e a república romana renasciam, portanto. No entanto, a Roma do século XII partilhava pouco daquela que havia governado o Mediterrâneo 700 anos antes, e rapidamente o senado se via em esforço constante para sobreviver, alternando o suporte ao papa e ao Império Romano do Ocidente, num posicionamento político ambíguo. Em Monteporzio, a 1167, durante uma destas alternâncias, as tropas romanas seriam derrotadas pelas forças imperiais de Frederico Barbarossa. Curiosamente, o inimigo vitorioso seria brevemente afugentado pela peste e Roma manter-se-ia a salvo.
Em 1188, seria finalmente reconhecido o governo comunal pelo papa Clemente III, obrigado a pagar grandes somas aos oficiais da comuna, e os 56 senadores tornar-se-iam vassalos do papa. O senado sempre apresentou falhas no cumprimento das suas funções, o que levou a serem tentadas várias mudanças. Frequentemente apenas um senador encabeçava a instituição, o que levava, por vezes, a tiranias que não ajudavam à estabilidade do recém-nascido organismo.
Em 1204, instalava-se novamente o mau ambiente, desta vez confrontando a família do papa Inocêncio III e os seus rivais, os poderosos Orsini, conduzindo a novos distúrbios na cidade. Muitos dos edifícios antigos sofreram a destruição pelas máquinas utilizadas entre os lados rivais para cercarem os seus inimigos nas incontáveis torres e fortalezas, usadas na Itália medieval como símbolo de nobreza.
A Torre dei Conti foi uma das muitas torres construídas pelas famílias nobres de Roma como estandarte do seu poder e para defesa dos vários feudos que circundavam a cidade na Idade Média. Apenas subsiste um terço da torre.
As lutas entre os papas e o imperador Frederico II, também rei de Nápoles e da Sicília, levariam Roma a apoiar os gibelinos. Para afirmar a sua lealdade, Frederico enviou à comuna o Carroccio que teria ganho aos Lombardos na Batalha de Cortenuova em 1234, e que seria exposto no monte Capitolino. Ainda nesse ano, durante outra revolta contra o papa, os Romanos , liderados por Luca Savelli saquearam o Latrão. Curiosamente, Savelli era filho do papa Honório III e pai de Honório IV, embora nesta época os laços familiares não determinassem a sua lealdade. Roma não estava, decididamente, destinada a evoluir para uma comuna autónoma e estável, à semelhança de outras comunas como Florença, Siena ou Milão. As lutas intermináveis entre estas famílias nobres (Savelli, Orsini, Colonna e Annibaldi), o ambíguo alinhamento do papa, o orgulho da população que nunca abandonou o sonho e o esplendor do passado, e a fraqueza da instituição republicana continuamente privariam a cidade desta possibilidade.
Na tentativa de imitar outras comunas mais bem sucedidas, em 1252, o povo elegeu um senador estrangeiro, o bolonhês Brancaleone degli Andalò. Esperando conseguir a paz na cidade, Andalò suprimiu os nobres mais poderosos (destruindo cerca de 140 torres), reorganizou as classes operárias e emitiu um conjunto de leis inspiradas naquelas aplicadas no norte da Itália. No entanto, e apesar da postura rígida com que enfrentou as adversidades, faleceria em 1258 com a maioria das suas reformas por concretizar. Cinco anos depois, Carlos I de Anjou, mais tarde rei de Nápoles, seria eleito senador. A sua entrada na cidade verificar-se-ia apenas em 1265 para pouco depois a deixar em virtude da necessidade de fazer frente a Conradino da Germânia, o herdeiro dos Hohenstaufen que se aproximava para reclamar os direitos da sua família sobre o sul da Itália. A partir de junho desse ano, o governo de Roma era novamente caracterizado por uma república democrática, elegendo Henrique de Castela como senador. Conradino e a facção dos Guibelinos seriam derrotados na Batalha de Tagliacozzo (1268) e, assim, o governo de Roma passava novamente para as mãos de Carlos.
O Nicolau III, membro dos Orsini, seria eleito em 1277 e transferiria a sede do Papado do Palácio de Latrão para o Vaticano, por se localizar mais protegido, e proibiria o acesso ao estatuto de senador de Roma por parte dos estrangeiros. Sendo ele um romano legítimo, o povo elegeu-o para senado, e a cidade tornava-se novamente dirigida pela facção papal. Não obstante, Carlos foi eleito senador novamente em 1285 e, com as Vésperas Sicilianas, o seu carisma seria afectado de forma irreversível. Assim perdeu a autoridade na cidade, lugar que seria ocupado por um outro romano e também papa, Honório IV da família Savelli.
Cativeiro babilónico
O sucessor do Celestino V foi um enérgico romano da família Caetani, o papa Bonifácio VIII, que teria sido envolvido por hereditariedade nas disputas familiares com os tradicionais rivais da sua família, os Colonna. Não obstante, essa quezilha não o desviou na sua luta para reassegurar a supremacia universal da Santa Sé. Em 1300, Bonifácio VIII celebrou o primeiro Jubileu e fundou a primeira Universidade de Roma. O Jubileu seria, como se provou, um passo importante para Roma, já que aumentaria o seu prestígio internacional; consequentemente, a economia da cidade assistiria a um impulso, devido ao fluxo de peregrinos. Bonifácio morreu em 1303, pouco depois da humilhação do Atentado de Anagni (Schiaffo di Anagni, "Bofetada de Anagni") que assinalou o governo do Papado pelo rei de França, marcando um novo período de declínio para Roma.
Por essa razão, o sucessor de Bonifácio, o papa Clemente V, nunca chegou a entrar na cidade, dando início ao famoso período do Papado de Avinhão, também conhecido como "cativeiro de Avinhão" (em alusão ao cativeiro babilônico), em que o papa mudava a sede da Igreja Católica para Avinhão, situação que duraria por mais de 70 anos. Como consequência, verificou-se a independência do poder local, embora se revelasse muito instável; também a falta dos ingressos financeiros anteriormente suportados pela Igreja provocaram um profundo declínio de Roma. Por mais de um século, Roma parava o desenvolvimento edificador. Pior, muitos dos monumentos da cidade, incluindo as igrejas principais, davam os primeiros sinais de degradação.
O regresso do papa a Roma
Cola di Rienzo alvoraçou o Capitólio em 1347 para criar uma nova República Romana. Embora de curta duração, esta tentativa ficou registada na estátua perto da escadaria que conduz à praça de Michelangelo
Apesar do declínio e da ausência do papa, Roma não perderia o prestígio espiritual: em 1341 o famoso poeta Francesco Petrarca deslocou-se a Roma para ser distinguido como poeta no monte Capitolino. Entretanto, a nobreza e a classe pobre alinhavam-se para exigir o retorno do papa. De entre os vários embaixadores que neste período se deslocaram a Avinhão, destaca-se a figura simultaneamente bizarra e eloquente de Cola di Rienzo. À medida que aumentava o seu poder sobre a população, a 30 de maio de 1347 conquistou o Capitólio encabeçando a população, entusiasta. Embora de curta duração, o período da sua liderança sobre a população de Roma revelou-se um dos mais importantes momentos da história medieval da cidade; Cola esforçou-se por espalhar a aura rejuvenescedora do conceito comum de uma eventual independência italiana, no centro de um sonho confuso politicamente à semelhança do prestígio da Roma Antiga. Mais tarde, assumindo o poder de forma ditatorial, assumiu o título de "tribuno", numa clara referência à magistratura da plebe da era republicana. Di Rienzo considerava também o seu estatuto equivalente ao do Imperador Romano-Germânico. A 1 de agosto de 1347, conferiu a cidadania romana a todas as cidades italianas e preparou a eleição de um imperador romano para a Itália. Como medida de contenção, o papa declarava Di Rienzo como herético, criminoso e pagão, manipulando a opinião pública ao ponto de esta se começar a distanciar. A 15 de dezembro, Di Renzo foi obrigado a fugir.
Em agosto de 1354, Di Rienzo tornava-se novamente protagonista, quando o cardeal Gil Alvarez De Albornoz lhe confiou o cargo de "senador de Roma" no desenrolar do seu programa de certificação do governo papal nos Estados Pontifícios. Em outubro, o tirânico Cola, que se tornava uma vez mais impopular pelo seu contestado comportamento e pesadas dívidas, foi assassinado numa quezilha provocada pela poderosa família dos Colonna. Em abril de 1355, Carlos IV, da Boémia, entrou na cidade para o tradicional ritual de coroação como imperador. A sua visita foi assistida com grande desagrado pelos cidadãos, já que não era bem dotado financeiramente, por ter recebido a coroa de um cardeal e não do papa, e por se afastar escassos dias depois da coroação.
Com o imperador de regresso às suas terras, Albornoz podia agora reconquistar algum controlo sobre a cidade, mesmo permanecendo na segurança da sua cidadela em Montefiascone, na região norte do Lácio. Os senadores, agora designados directamente pelo papa, eram escolhidos de várias cidades de toda a Itália, embora a cidade fosse independente. O senado incluía agora seis juízes, cinco notários, seis marechais, vários familiares, vinte cavaleiros e vinte homens armados. Albornoz conseguia suprimir as famílias tradicionalmente aristocráticas, e a facção "democrática" sentiu-se suficientemente confiante para iniciar uma política agressiva. Em 1362, Roma declarava guerra a Velletri, cuja repercussão se traduziu numa guerra civil: a facção rural contratou um grupo de condottieri, os Del Cappelo (os "do Chapéu"), enquanto os romanos compravam os serviços das tropas alemãs e húngaras, acrescidos aos seus próprios 600 cavaleiros e 22 000 unidades de infantaria. Neste período, toda a Itália foi varrida pelos implacáveis grupos condottieri. Muitos dos Savelli, Orsini e Annibaldi, expulsos de Roma, tornaram-se líderes destas unidades militares. Quando a guerra com os Velletri terminou, Roma entregou-se novamente ao papa, Urbano V, com a condição de proibir Albornoz de entrar em Roma.
A 6 de outubro de 1367, em resposta às preces de Santa Brígida e de Francesco Petrarca, Urbano V finalmente se deslocou à cidade. Durante a sua presença, Carlos IV foi novamente coroado (outubro de 1368). Por esta altura, também se deslocou a Roma o imperador bizantino João V Paleólogo para solicitar uma cruzada contra o Império Otomano, embora sem sucesso. Poucos anos depois, descontente com o ambiente da cidade, Urbano V voltava para Avinhão, a 5 de setembro de 1370. O seu sucessor, Gregório XI, marcou o seu regresso a Roma para maio de 1372 mas, novamente, os cardeais franceses, com o apoio do seu rei, conseguiram persuadi-lo. Assim se manteve o papa até 17 de janeiro de 1377, altura em que Gregório XI reinstalava novamente a Santa Sé em Roma.
Não obstante, o comportamento incoerente do seu sucessor, o italiano Urbano VI, provocaria em 1378 o Grande Cisma do Ocidente, que deitaria por terra qualquer legítima tentativa de melhorar as condições da Roma, em declínio.
Roma moderna
O Renascimento em Roma
A Escola de Atenas, 1509, Stanza della Segnatura, pintura de Rafael Sanzio, Museus Vaticanos
Durante o pontificado do papa Nicolau V (p. 19 de março de 1447), o Renascimento entrava em Roma na mesma altura em que a cidade se tornava no centro do humanismo. Nicolau V foi o primeiro papa a incluir na corte romana académicos e artistas, como Lorenzo Valla e Vespasiano da Bisticci.
A 4 de setembro de 1449, Nicolau anunciou um Jubileu para o ano seguinte cuja consequência seria um novo influxo de peregrinos de toda a Europa. A multidão seria tanta que, em dezembro, na ponte Santo Ângelo, morreriam cerca de 200 pessoas "atropeladas" ou afogadas no rio Tibre. Nesse mesmo ano, reapareceu a peste na cidade, e Nicolau V fugiu de Roma.
Apesar da atitude condenável, Nicolau V conseguiu estabilizar o poder temporal do Papado, isolando-o da interferência do imperador. Desta forma, a coroação e casamento do imperador Frederico II, a 16 de março de 1452, não passou, portanto, de uma cerimónia civil. O Papado controlava agora Roma firmemente. A tentativa de Stefano Porcari, que almejava a restauração da república, foi implacavelmente suprimida em janeiro de 1453. Porcari seria enforcado juntamente com os seus ajudantes, Francesco Gabadeo, Pierto de Monterotondo, Battista Sciarra e Angiolo Ronconi. Não obstante, a reputação do papa seria questionada quando, ao início da execução, Nicolau V se apresentou demasiado bêbado para confirmar as graças que havia garantido a Sciarra e Ronconi.
Nicolau V foi também o projetista da remodelação urbanística, juntamente com Leon Battista Alberti, onde se inclui a construção da nova Basílica de São Pedro.
O sucessor de Nicolau V, o Calisto III, não continuou a política cultural de Nicolau, devotando-se à sua maior paixão, o amor pelos seus sobrinhos. O toscano Pio II, que tomou as rédeas após a sua morte em 1458, revelou-se um grande humanista, embora pouco fazendo por Roma. Foi durante o seu pontificado que Lorenzo Valla demonstrou que a Doação de Constantino tinha sido uma falsificação. Pio II foi também o primeiro papa a recorrer à luta armada, em campanha contra os barões rebeldes Savelli dos subúrbios de Roma, em 1461. Um ano depois, com a trasladação da cabeça do apóstolo Santo André para Roma, deu-se um novo afluxo de peregrinos. O pontificado do papa Paulo II (1464 - 1471) notabilizou-se unicamente pela reintrodução do Carnaval, que se tornaria um festejo muito popular em Roma durante os séculos seguintes. Ainda no mesmo ano (1468), foi desmontada uma conspiração contra o papa, organizada por intelectuais da Academia Romana, fundada por Pomponio Leto, resultando no aprisionamento dos envolvidos no Castel Sant'Angelo.
No entanto, o pontificado mais importante foi, sem dúvida, o de Sisto IV. Para favorecer um familiar, Girolamo Riario, instigou a conspiração por parte dos Pazzi (Congiura dei Pazzi) contra a família Médici, de Florença (26 de abril de 1478]) e, em Roma, combateu os Colonna e os Orsini. Apesar dos grandes custos desta política de intrigas e guerras, Sisto IV era um verdadeiro padroeiro da arte na mesma linha de Nicolau V: reabriu a academia e reorganizou o Collegio degli Abbreviatori e, em 1471, iniciou a construção da Biblioteca do Vaticano, cujo primeiro curador foi Platina. A biblioteca foi oficialmente fundada a 15 de junho de 1475. Sisto mandou restaurar várias igrejas, incluindo Santa Maria del Popolo, a Água Virgem e o Hospital do Espírito Santo, mandou pavimentar algumas ruas e foi também o responsável pela construção de uma ponte famosa sobre o Tibre que actualmente se conhece pelo seu nome. No entanto, o seu projecto de maior envergadura foi a Capela Sistina no Palácio do Vaticano. A sua decoração convocou alguns dos mais renomeados artistas de época, onde se incluem Mino da Fiesole, Sandro Botticelli, Domenico Ghirlandaio, Pietro Perugino, Luca Signorelli e Pinturicchio — já no século XVI, Michelangelo pintou-a com aquela que se tornaria na sua obra-prima, transformando a Capela num dos mais espectaculares monumentos em todo o mundo. Sisto morreu a 12 de agosto de 1484, e foi considerado o primeiro rei-papa de Roma.
Durante o pontificado dos seus sucessores, Inocêncio VIII e Alexandre VI (1492 - 1503), Roma sofria do caos, de corrupção e do nepotismo emergente. No intervalo de tempo entre a morte do primeiro e a eleição do segundo, ocorreram 220 assassinatos na cidade. Alexandre VI teve que enfrentar Carlos VIII de França, que invadiu a Itália em 1494 e entrou em Roma a 31 de dezembro desse ano. O papa foi obrigado a barricar-se no Castel Sant'Angelo, que havia se tornado numa verdadeira fortaleza por obra de Antonio da Sangallo, mas o hábil Alexandre saberia conquistar a ajuda do rei, designando o seu filho César Bórgia como conselheiro militar na subsequente invasão do Reino de Nápoles. Roma ficava, assim, segura. Entretanto, com a movimentação do rei para sul, o papa recambiava a sua posição, alinhando com a liga antifrancesa dos estados italianos que, finalmente, forçaram Carlos a bater em retirada para França.
Alexandre, considerado o papa mais nepotista de todos, favoreceu o seu implacável filho César Bórgia, criando para ele um ducado pessoal constituído por alguns dos territórios pertencentes aos Estados Pontifícios, e banindo de Roma a família Orsini, o inimigo mais insistente de César. Em 1500, a cidade comemorou um novo jubileu, mas as ruas tornavam-se cada vez mais inseguras, especialmente à noite, quando eram controladas por bandos de criminosos, os bravi. Não obstante, foi o próprio César a assassinar Alfonso de Bisceglie, a sua irmã Lucrécia e, presumivelmente, o filho do papa, Giovanni de Gandia.
O Renascimento teve um grande impacto no aspecto de Roma com trabalhos como a Pietà ("Piedade") de Michelangelo e os frescos do Aposento dos Bórgia, todos realizados durante o pontificado de Inocêncio. Roma atingiu o seu expoente de esplendor sob o papa Júlio II (1503 - 1513) e seus sucessores Leão X e Clemente VII, ambos membros da família Médici. Durante estes vinte anos, Roma tornara-se no maior centro de arte em todo o mundo. A velha Basílica de São Pedro foi demolida e recomeçada uma nova. A ci dade alojou artistas como Bramante, que construiu o Tempietto de San Pietro in Montorio e foi autor de um grande projecto para renovar a Cidade do Vaticano, Rafael, que em Roma se tornou no mais famoso pintor de Itália pelos seus frescos da Capela Nicolina, Vila Farnesina, Quartos de Rafael, entre outras obras de arte famosas, e Michelangelo, que iniciou a decoração do tecto da Capela Sistina e executou a famosa estátua de Moisés para a tumba de Júlio. Roma perdia parcialmente o seu carácter religioso para se tornar progressivamente numa verdadeira cidade do Renascimento, com um grande número de festejos populares, corridas de cavalos, festas, intrigas e episódios de negligência. A economia estabilizou-se com a presença de vários banqueiros da Toscana, incluindo Agostino Chigi, que foi um amigo de Rafael e também ele patrocinador das artes. Antes da sua morte prematura, Rafael foi também, e pela primeira vez, um promotor para a conservação das ruínas da Antiguidade.
O saque de Roma e a Contrarreforma
Em 1527, a política ambígua seguida pelo segundo papa da família Mécic, o Papa Clemente VII, resultou num dramático saque da cidade pelas tropas imperiais de Carlos V do Sacro Império, que devastou a cidade durante dias. Muitos dos cidadãos foram assassinados ou procuraram abrigar-se fora das muralhas. O próprio papa aprisionou-se no Castel Sant'Angelo. O saque marcava, assim, o fim da era de maior esplendor da Roma moderna.
O Jubileu de 1525 resultou numa farsa, com as reivindicações de Martinho Lutero a instaurar o criticismo e o despeito pela ganância do papa em relação a toda a Europa. O prestígio de Roma seria confrontado com o desmembramento das igrejas da Alemanha e Inglaterra. Ainda assim, o papa Paulo III (1534 - 1549) esforçou-se por apaziguar a situação convocando o Concílio de Trento, embora fosse, ironicamente, o mais nepotista dos papas. Paulo III chegou mesmo a separar Parma e Piacenza dos Estados Pontifícios para criar um ducado independente para o seu próprio filho, Pedro Luís Farnésio. Continuou, no entanto, o patrocínio pela arte, assistindo ao Juízo Final de Michelangelo, pedindo-lhe para renovar o Capitólio e assistir na construção da nova Basílica de São Pedro. Após o choque inicial do saque de Roma, convocou também o brilhante arquitecto Giuliano da Sangallo, o Jovem para fortificar as muralhas da "Cidade Leonina".
A necessidade da renovação dos costumes religiosos tornou-se evidente com o período de vacância que sucedeu à morte de Paulo III, com as ruas de Roma a tornarem-se palcos de sátiras sobre os cardeais que atendiam ao conclave. Os seus sucessores imediatos foram duas figuras de pouca autoridade que nada souberam fazer para escapar à real soberania da Espanha sobre Roma.
Paulo IV, eleito a 1555, era membro da facção anti-Espanha. A sua política resultaria num novo cerco à cidade pelas tropas do vice-rei napolitano, em 1556. Paulo apelou à paz, mas foi obrigado a aceitar a supremacia de Filipe II de Espanha. Foi um dos papas mais detestados de todos e, após a sua morte, a população revoltou-se atiçando fogo ao palácio da Santa Inquisição e destruindo a sua estátua de mármore no Capitólio. A perspectiva de Paulo sobre a Contrarreforma mostrou-se patente na ordenação de confinar os Judeus a uma área central de Roma, ao redor do Pórtico de Otávia, criando assim o famoso Gueto Romano.
A Contrarreforma seria considerada apenas pelos seus sucessores, o moderado Pio IV e o severo Pio V. Embora o primeiro fosse um nepotista, amante dos esplendores da corte, permitiu a introdução de costumes mais severos por parte do seu conselheiro, Carlos Borromeu, que estava prestes a tornar-se numa das figuras mais populares de Roma. Pio V e Borromeo entregaram à cidade o verdadeiro carácter da Contrarreforma. Toda a pompa foi retirada da corte, os bobos expulsos, e os cardeais e bispos foram obrigados a viver na cidade. Foram punidas severamente a blasfémia e a utilização de concubinas; as prostitutas foram expulsas ou confinadas a distritos reservados para o efeito. O poder da Inquisição dentro da cidade foi reajustado, e o palácio reconstruído com um novo espaço para prisões. Durante este período, Michelangelo abriu a Porta Pia e transformou as Termas de Diocleciano na espectacular basílica de Santa Maria degli Angeli, onde Pio IV foi enterrado.
Fontana dell'Acqua Felice na Praça de São Bernardo
O pontificado do seu sucessor, o papa Gregório XIII, foi um fracasso. As suas medidas iriam despertar novos tumultos nas ruas de Roma. O escritor e filósofo francês Montaigne defendia que "a vida e os bens nunca estiveram tão pouco seguros como durante o tempo de Gregório XIII, talvez", e que uma confraternidade chegou mesmo a realizar casamentos homossexuais na igreja de San Giovanni a Porta Latina. As cortesãs tão reprimidas por Pio tornavam-se agora prostitutas que trabalhavam abertamente nas ruas.
Sisto V tinha, no entanto, um temperamento distinto. Embora o seu pontificado tenha sido curto (1585 - 1590), tornou-se num dos mais eficazes na história de Roma. Sisto era ainda mais rígido que Pio V, e ganhou alcunhas como castigamatti ("castigador dos loucos"), papa di ferro ("Papa de ferro"), ditador e mesmo, ironicamente, demónio, já que nenhum outro papa o antecedeu na perseguição tão determinada da reforma da Igreja e costumes. Sisto reorganizou profundamente a administração dos Estados Pontifícios, e limpou as cidades de Roma de todos os bravos, prostitutas, procuradores, duelos, e afins. Nem os nobres ou cardeais se consideravam isentos do policiamento levado a cabo por Sisto. O dinheiro das taxas, que deixou de ser destinado à corrupção, permitiu a existência de um ambicioso programa de edificação. Alguns aquedutos mais antigos foram restaurados, e um novo foi construído, o Acqua Felice (do nome de Sisto, Felice Peretti). Foram também edificadas novas casas no desolado distrito de Esquilino, Viminal e Quirinal, enquanto que outras casas no centro foram demolidas para abrir novas e mais largas estradas. O objectivo de Sisto era tornar Roma num melhor destino para os peregrinos, e novas estradas permitiriam melhores acessos às basílicas. Os velhos obeliscos foram trasladados ou erigidos para embelezar São João de Latrão, Santa Maria Maior e de São Pedro, bem como a Piazza del Popolo, em frente à igreja Santa Maria del Popolo.
Unificação italiana
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Proclamação da República Romana
O governo pelo papado foi interrompido pela breve República Romana (1798), instituída segundo influência da Revolução Francesa.
Outra República Romana surgia em 1849, no seguimento das revoluções de 1848. Duas das figuras mais influentes da unificação italiana, Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi, lutaram ao lado da república.
O regresso do Pio IX a Roma, com a ajuda das tropas francesas, marcou a exclusão de Roma do processo de unificação da segunda guerra da independência italiana e da Expedição dos Mil, após as quais toda a península Itálica, à excepção de Roma e do Véneto, seriam unificadas sob a Casa de Saboia.
Em 1870, com o início da Guerra Franco-Prussiana, o imperador francês Napoleão III deixou de assegurar a protecção dos Estados Pontifícios. Pouco depois, o governo italiano declarava guerra aos estados. O exército italiano entrou em Roma a 20 de setembro, abrindo uma brecha na muralha, a Porta Pia, após um bombardeamento de três horas. Roma e todo o Lácio seriam anexados ao Reino de Itália.
O governo italiano ofereceu então a possibilidade a Pio IX de preservar a "Cidade Leonina", embora fosse rejeitada a oferta já que a sua aceitação traduzia-se no reconhecimento da legitimidade do governo do Reino de Itália sobre os seus antigos domínios. Pio IX declara-se assim "prisioneiro do Vaticano" embora, na verdade, nunca lhe tenha sido vedado o direito a deslocar-se. Oficialmente, a capital não seria trasladada de Florença para Roma até 1871.
Na actualidade
A Roma actual não só reflecte a estratificação das várias épocas ao longo da sua história, mas constitui também um metrópole contemporânea. O vasto centro histórico contém áreas que data desde a Roma Antiga, época medieval, vários palácios e tesouros artísticos do Renascimento, muitas fontes, igrejas e palácios do Barroco, bem como tantos outros exemplos de Art Nouveau, neoclassicismo, modernismo, racionalismo e quaisquer outros estilos artísticos dos séculos XIX e XX (com efeito, a cidade é considerada uma enciclopédia e um museu vivo dos últimos 3000 anos de história da arte ocidental). O centro histórico coincide praticamente com os limites das muralhas da Roma imperial. Algumas áreas foram reorganizadas após a unificação (1880–1910 - Roma Umbertina), e foram realizados alguns acrescentos e adaptações durante o período fascista, como a tão discutida Via dei Fori Imperiali, da Via della Conciliazione, em frente ao Vaticano (para cuja construção foi destruída uma grande parte do velho Borgo), a instituição de novos Quartieri (dos quais a EUR, San Basilio, Garbatella, Cinecittà, Trullo, Quarticciolo e, na costa, a restruturação da Óstia) e a inclusão da vilas fronteiriças (Labaro, Osteria del Curato, Quarto Miglio, Capannelle, Pisana, Torrevecchia, Ottavia, Casalotti). Estas expansões foram necessárias para albergar o aumento exponencial da população, consequência da centralização do Estado italiano.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Roma sofreu poucos bombardeamentos (com maior incidência em San Lorenzo), e foi declarada como cidade aberta. Roma caiu nas mãos dos Aliados a 4 de junho de 1944, e foi a primeira capital das nações do Eixo a cair.
Depois da guerra, Roma continuou a expandir-se devido ao crescimento da administração centralizada que resultou da unificação e à indústria, com a criação de novos quartieri e subúrbios. A população oficial actualmente ronda os 2,5 milhões; durante o horário laboral, os trabalhadores aumentam o valor para 3,5 milhões, o que representa um aumento dramático de valores anteriore s: 130 000 em 1825, 244 000 em 1871, 692 000 em 1921 e 1 600 000 em 1931.
Roma foi anfitriã dos Jogos Olímpicos de 1960, para os quais utilizou muitos dos sítios da Antiguidade, como a Villa Borghese e as Termas de Caracala como fontes de rendimento. Para os jogos olímpicos foram criadas novas estruturas, como o novo Estádio Olímpico (posteriormente aumentado e remodelado para a edição da Copa do Mundo da FIFA de 1990), o Villaggio Olimpico (Vila Olímpica, criada para acolher os atletas e posteriormente restruturado como um distrito residencial), etc.
Muitos dos monumentos de Roma foram restaurados pelo estado italiano e pelo Vaticano para o Jubileu de 2000.
Fachada do Palácio do Quirinal, residência oficial do Presidente da República Italiana
Como capital da Itália, Roma alberga as principais instituições da nação, como a Presidência da República, o governo seus ministérios, o parlamento, os principais tribunais judiciais, e os representantes diplomáticos na Itália de todos os outros países, e a cidade do Vaticano (curiosamente, Roma também alberga, na parte do território italiano, a Embaixada do Vaticano, o único caso de uma embaixada dentro dos limites do seu próprio território). Muitas instituições encontram-se alojadas em Roma, nomeadamente as de carácter cultural e científico — como o Instituto Americano, a British School, a Academia Francesa, os Institutos Escandinavos, o Instituto Arqueológico Alemão — pela nobreza da escolaridade na Cidade Eterna - e outras humanitárias, como a FAO.
Roma atualmente é um dos destinos turísticos mais importantes em todo o mundo, não só devido à incalculável imensidade de tesouros arqueológicos e artísticos, mas também pelo carisma das suas tradições únicas e a majestosidade das magnificentes villas (parques). De entre os mais significantes recursos, destacam-se os numerosos museus (como os Museus Capitolinos, os Museus do Vaticano e a Galleria Borghese), os aquedutos, fontes, igrejas, palácios, edifícios históricos, monumentos e ruínas do Fórum romano, e as catacumbas.
De entre as centenas de igrejas, estão em Roma as cinco basílicas maiores da Igreja Católica: a Basilica di San Giovanni in Laterano ("São João de Latrão", catedral de Roma), Basilica di San Pietro in Vaticano ("São Pedro)", Basilica di San Paolo fuori le Mura ("São Paulo fora dos Muros"), Basilica di Santa Maria Maggiore ("Santa Maria Maior"), e a Basilica di San Lorenzo fuori le Mura ("São Lourenço fora dos Muros"). O bispo de Roma é o papa; durante a actividade pastoral na cidade, é assistido por um vigário (tipicamente um cardeal).
Eu quero com muita satisfação agradecer ao grande povo de Roma e dizer simplesmente que fiz este trabalho com um incentivo de mostra a todos a grande historia de Roma e suas culturas porque como escritor sinto-me mais perto de um caminho de paz e amor por um grande entendimento e trabalho mais que conquistado de todas as minhas qualidades e muito obrigado a todos da academia Edu e muito obrigado!
Por: Roberto Barros