Morrer
Vi a planície verdejante e o riacho que se retorcia em meio a ela.
Da altitude em que voava, vi animais minúsculos que corriam por entre um pujante arvoredo.
Vi minha sombra atravessar velozmente os espaços... Eu era um pássaro! Mas, como?
Um pássaro de grandes asas. Planava livre e com facilidade.
Sentia o vento no rosto. A brisa guardava o frescor das manhãs daquela primavera. Uma sensação inexplicável de liberdade tomava conta de mim. Eu voava!!!
Lembro-me bem que ainda ontem, revirava em um leito de hospital, sentindo dores terríveis... Lembro-me de diversos médicos entrando no quarto.. o corre-corre dos enfermeiros... o sono profundo e aquela sensação de paz. Como eu poderia estar agora, voando? Eu morri?
Lembro-me de te ver ao meu lado, segurando minhas mãos... Lembro também das lágrimas que vi nascerem em seus olhos e rolarem pelas suas faces, já marcadas pelo tempo... Onde estou? Que lugar é esse? Como vim parar aqui? Onde está você?
Não desejo essa liberdade, se o preço dela for a sua tristeza Não desejo ser feliz se por isso tenha que aceitar a sua ausência. Não quero morrer para você... Não quero que você morra para mim...
Uma velha e frondosa árvore me chamou a atenção. Voei até ela e pousei no alto de sua galhada. Vi um ninho. Voei para perto dele... Lá havia outro pássaro. Era igual a mim.
Você?...
Mas....como?