O nevoeiro
Acordei sentindo frio; o termostato devia ter se desligado por alguma razão, e através da janela o mundo lá fora estava absolutamente branco. Afastei as cobertas e sentei-me na cama.
- Dave?
Minha mãe havia aberto a porta do meu quarto sem bater, e me encarou com ar preocupado.
- Eu já ia levantar, mãe - respondi, calçando os chinelos.
- Tudo bem, só vim ver como você estava; a escola foi suspensa.
Olhei novamente para o clarão branco além da janela e fiz um gesto de cabeça.
- Nunca vi um nevoeiro tão forte... e o que houve com a energia?
- Uma pane de algum tipo na subestação, ao que parece. Vá se vestir, estou fazendo panquecas.
- Certo.
Quando desci ao andar térreo, minha mãe já me aguardava sentada à mesa; havia panquecas, leite, café e bacon com ovos.
- É melhor se alimentar bem - alertou. - Não sei quanto tempo o gás canalizado vai durar, e talvez tenhamos que cozinhar com lenha.
Franzi a testa.
- Sem eletricidade e sem gás, mãe? Vai me dizer que a água também está racionada?
Minha mãe colocou panquecas no meu prato e despejou uma dose generosa de xarope de bordo por cima delas.
- Acho que só podemos contar com a água da caixa - declarou, sem mudar de expressão.
Parei com o garfo no ar.
- Mãe, o que está acontecendo? É esse nevoeiro?
Ela balançou negativamente a cabeça e me encarou muito séria.
- Dave, o nevoeiro é para a nossa proteção. Nem queira saber o que pode estar acontecendo agora, fora dele...
- [23-02-2022]