O Pecador da esperança.
Tudo me diziam todos, por ávidos de saber sobre si mesmos. Fui firme até as raízes fazerem nervuras no trilho e descarrilar os trens. Silenciei. Nunca mais usei suas palavras. Despejei tudo gritado. Agora sou o verbo; pensei. Comecei a escolher as frases que eram sentenças de mim mesmo. Minhas todas as palavras, e não existe sim; nem não. O que o olho não vê está ali; fantasma do medo de saber. Existe a ideia muda, inflando a grande explosão. Agora vem os cacos de letras estalando na vidraça um micra espessa. Não rompe. Palavras quebradas são letras mortas. Chamei os adivinhos. Fizeram sinal de silencio, e a luz apagou. Quando voltaram a mim, trouxeram cordas para a Ágora. Nenhuma palavra fazia sentido mais. Disseram que a verdade solapou todas as ideias e me apontavam as cordas. Havia muralhas de carrancas que eram as cabeças dos oráculos. No centro uma cega vendada com as pernas arreganhadas debochava da justiça. Agora eu era um embrião adulto, afogado numa placenta nojenta. Foi o inferno gelado, que desde antes , Dante, inventou para mim: Eu; o pecador da esperança