PACTO
Visitava o mausoléu de granito do falecido marido todo sábado. Sempre levava para o morto aquilo que gostara em vida, cachaça. Umas velas pretas também.
A cidade toda dizia que ela honrava o pacto que ele fizera com o outro. À quem dizia que era crendice, faziam lembrar o fato de todos os credores dele terem morrido em um desabamento de barracão e dela ter pego uma indenização gorda do hospital onde ele faleceu.
No final das contas só houve certeza do acordo com o capiroto em sua morte. Isolada em uma UTI para COVID, gritando, mesmo sem ar, por um padre ou um pastor.