RELEASE HISTÓRICO DE TODAS AS BANDAS NACIONAIS DE ROCK, MPB E BOLSA NOVA POR ROBERTO BARROS

Eu quero aqui dizer com muito amor profundo em belas palavras que a música nacional nos revela o que somos porque sua letra possa nos formalizar sob os nossos dilemas que traçamos em plena vida que se tem na alma um pedacinho do Brasil em que se faz rock nacional sob uma genuinidade mais voltada a vida cotidiana dos jovens brasileiros que passam em sua fase adolescente como um filme mais voltado a sua vida que simplificamos uma relação de fatos e ideias que nos faz reagir sob um destemido desejo fantástico onde se descrevem todas historias imotivadas de sonhos entre belas fantasias que procuramos respostas do passado ao futuro em que somos simplificados por uma harmonia em que se aplica humor, caráter, amor, ódio, medo, aventura e m todas tonalidades que a vida nos proponde sob um ego de se viver feliz em que nos implica ressuscitar sob as velhas e inquietas tolices da juventude que nos ensina a viver e precisamos melhora a velha republica que possa estar um pouco alienada com seus desenvolvimentos que nos excita a prescrever em letras algumas reformas que talvez o rock possa nos consolar porque o Brasil precisa crescer junto com o povo que amam seus direitos e que a música pode unir e mudar grandes gerações facilitando o progresso e o crescimento da juventude que fez o Brasil crescer e uniu todas as classes sob um direito popular de conquistar a vida e assim se tornamos mais Brasileiros e vamos falar da bolsa nova que mostrou a origem fundamental do nosso povo Brasileiro que brotou como uma semente sob vários estados brasileiros e nos fez entender o trabalho realista e cultural do brasileiro que nasceu entre rios e mares navegantes que hoje são histórias Portuguesas que colonizou o nosso Brasil e Ao longo dos séculos XIX e XX, os portugueses constituíram a maioria esmagadora de imigrantes na cidade do Rio de Janeiro. Distribuídos por toda a cidade, dominaram determinados segmentos ocupacionais, com grande destaque para o comércio a varejo e para a comercialização de alimentos.

A cidade é mencionada oficialmente pela primeira vez quando a segunda expedição exploratória portuguesa, comandada por Gaspar lemos, chegou em janeiro de 1502, à baía, que o navegador supôs, compreensivelmente, ser a foz de um rio, por conseguinte, dando o nome à região do Rio de Janeiro que hoje é chamada a cidade maravilhosa onde nasceu a bolsa nova, Bossa nova é o termo pelo qual ficou conhecido um movimento de renovação do samba irradiado a partir da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro no final da década de 1950 e que, por conseguinte, passou a dar nome ao estilo de interpretação e acompanhamento rítmico dele surgido, que ficou conhecido como “batida diferente”

Eu quero aqui dizer com muito amor profundo em belas palavras que a música nacional nos revela o que somos porque sua letra possa nos formalizar sob os nossos dilemas que traçamos em plena vida que se tem na alma um pedacinho do Brasil em que se faz rock, samba, MPB, a velha bolsa nova e que tudo simplifica uma intima e profunda interação com o nosso povo que cresceu em um país republicano que também conhecemos como país das maravilhas naturais em que não vamos trocar a música sem soar dá alma a melhor criação de um artista que ama seu país, que cresceu nele e morrera feliz simplesmente pela maneira de ser brasileiro e se sentir feliz e a melodia possa nos dizer ainda em pleno vazio o melhor valor das coisas existe e que devemos sempre amar profundamente o lado brando da vida que se destaca sob uma relatividade de vida e assim se tornamos Brasileiros!

Barão Vermelho é uma banda de rock brasileiro fundada em 1981, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Juntamente com Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e os Titãs é considerada uma das quatro bandas brasileiras mais influentes fundadas na década de 1980.

História

O Começo (1981-1982)

Após assistirem a um show da banda Queen no Morumbi, em São Paulo, surgiu o desejo em Guto Goffi (Flávio Augusto Goffi Marquesini), bateria, e Maurício Barros (Maurício Carvalho de Barros), teclado, de 19 e 17 anos de idade respectivamente, de formar uma banda de rock. Em outubro de 1981, os dois estudantes do Colégio da Imaculada Conceição, no Rio de Janeiro, escolheram o nome: Guto sugeriu e Maurício concordou que a banda usaria o codinome do aviador alemão Manfred von Richthofen, principal inimigo dos Aliados na Primeira Guerra: Barão Vermelho. Dias depois, a dupla se uniu a Dé (André Palmeira Cunha), baixo, e Frejat (Roberto Frejat), guitarra. Os ensaios ocorriam sempre na casa dos pais de Maurício e, como a banda ainda não tinha vocalista, através de uma amiga de escola, Guto conseguiu contato com um vocalista chamado Léo Guanabara (que veio a ser conhecido como Leo Jaime). No entanto, seu timbre da voz foi considerado suave demais para o rock da banda, fazendo com que seus integrantes não o aprovassem. Leo Jaime não se aborreceu com isso, pois já integrava três bandas (entre elas João Penca e Seus Miquinhos Amestrados), e indicou Cazuza (Agenor de Miranda Araújo Neto). O Barão Vermelho então estava completo.

Barão Vermelho e Barão Vermelho 2 (1982-1984)

Em 1982, o som do Barão Vermelho, lançado nas lojas dia 27 de setembro, se espalhou um pouco e agradou muito o produtor Ezequiel Neves (José Ezequiel Moreira Neves, jornalista) e o diretor da Som Livre, Guto Graça Mello. Juntos, eles lançaram a banda e, com uma produção baratíssima, em quatro dias, foi gravado o primeiro álbum do Barão: "Barão Vermelho". Das músicas mais importantes, destacam-se "Bilhetinho Azul", "Todo Amor Que Houver Nessa Vida", "Ponto Fraco" e "Down Em Mim". Depois de alguns shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, a banda voltou ao estúdio, agora por um mês inteiro, e gravou o LP "Barão Vermelho 2", lançado em 1983.

Maior Abandonado e Rock In Rio (1984-1985)

Embora o quinteto pudesse ser promissor, as rádios não pensavam assim, e se negavam a tocar suas músicas. Só depois que Ney Matogrosso gravou "Pro Dia Nascer Feliz", é que as rádios passam a tocar a versão original do Barão Vermelho. Nessa mesma época, Caetano Veloso reconheceu Cazuza como um grande poeta e incluiu a música "Todo amor que houver nessa vida" no repertório do seu show. A banda começou a ter o destaque que merecia, a repercussão foi tanta, que eles foram convidados para compor a trilha sonora do filme Bete Balanço, de Lael Rodrigues, em 1984, e o seu som se espalhou pelo Brasil. Aproveitando o embalo, o grupo lançou o terceiro disco, Maior Abandonado, em 1984, conseguindo vender mais de 100 mil cópias em apenas seis meses.

Em 1984, o Barão Vermelho tocou com a Orquestra Sinfônica Brasileira, e em 1985, foi convidado para abrir os shows internacionais do Rock in Rio. Depois de tanto sucesso, estava claro para todos que a carreira da banda estava consolidada.

Sem Cazuza e Volta ao Sucesso (1985-2001)

Cazuza já havia expressado o seu desejo de fazer trabalhos solo, e era apoiado por Frejat, contanto que, para isso, ele não abandonasse a banda. A saída, no entanto, anunciada primeiramente ao público no final de um show, foi conturbada, causando uma ruptura na forte amizade que unia Cazuza e Frejat e que só veio a ser reconciliada anos depois. Com a saída, Cazuza ainda levou consigo algumas músicas para o seu primeiro disco solo. A banda superou, lançando a música "Torre de Babel", agora com Frejat no vocal.

Em 1986, lançaram o quarto disco —"Declare Guerra"— e, embora as composições contassem com a ajuda de grandes nomes, como Renato Russo e Arnaldo Antunes, o álbum não foi muito promovido (até mesmo porque Cazuza era filho do presidente da Som Livre, o que gerava conflito de interesses nos bastidores, ainda que não da parte dos músicos). A banda então, sentindo-se abandonada, assinou um contrato com a Warner e, em 1987, lançou o álbum Rock'n Geral, que contava com a participação mais ativa dos outros membros nas composições. Embora o disco tenha recebido boas críticas, ele não vendeu mais que 15 mil cópias. No mesmo ano, Maurício deixou a banda, e entraram o guitarrista Fernando Magalhães e o percussionista Peninha.

Somente com três dos integrantes originais, a banda lançou, em 1988, o disco Carnaval, misturando rock pesado e letras românticas. O álbum estourou nas rádios por conta da música "Pense e Dance", da novela "Vale Tudo", de Gilberto Braga, e foi um sucesso absoluto, garantindo ao Barão Vermelho a oportunidade de abrir a turnê de Rod Stewart no Brasil. No ano seguinte, 1989, ainda com a popularidade em alta, o Barão lançou o sétimo disco Barão ao Vivo, gravado em São Paulo, e, nesse mesmo ano, a gravadora Som Livre lançou a coletânea "Os melhores momentos de Cazuza e o Barão Vermelho", incluindo vários sucessos como "Pro dia nascer feliz", "Bete Balanço" e muitas outras. Esse álbum tem ainda várias raridades como a música "Eclipse Oculto" (inédita) e "Eu queria ter uma bomba", música que só era encontrada na trilha nacional da novela "A gata comeu", exibida em 1985.

Em 1990, depois de constantes desentendimentos, o baixista Dé abandonou a banda, dando lugar a Dadi, ex integrante dos "Novos Baianos" e do "A Cor do Som". Ao mesmo tempo, Maurício Barros regressa aos teclados da banda. Também nesse ano, o Barão grava o disco Na Calada da Noite, mostrando o lado mais acústico do grupo. É nesse álbum que está a música "O Poeta está Vivo"; uma alusão a Cazuza, que morreria alguns meses depois de complicações causada pelo vírus da AIDS.

Ainda em 1990, todos os integrantes da banda são apontados como os melhores de suas categorias, e em 1991, a banda é escolhida, por unanimidade de público e crítica da revista Bizz, como a melhor banda do ano. Em 91 e 92, o Barão Vermelho recebe o Prêmio Sharp de melhor conjunto de rock, e, ainda em 92, são eleitos como a melhor banda do Hollywood Rock daquele ano. O baixista Dadi foi então substituído por Rodrigo Santos.

Em 2001, após apresentar-se no Rock in Rio 3 Por Um Mundo Melhor, os integrantes resolveram dar uma "pausa" na banda a fim de desenvolverem projetos pessoais.

Retorno (2004-2007)

Barão Vermelho 2017 - Foto: Luís Parente

No ano de 2004, o Barão Vermelho se reuniu novamente e lançou um álbum homônimo, com o puro rock'n'roll do início da carreira, incluindo "hits" como "Cuidado" e "A Chave da Porta da Frente".

Em agosto de 2005, a banda gravou o primeiro DVD da carreira. Gravado no Circo Voador, o MTV ao vivo - Barão Vermelho teve alguns sucessos como a inédita "O Nosso Mundo" e a regravação de "Codinome Beija-Flor", com a inclusão da voz de Cazuza pelo telão do show. O álbum fez sucesso e garantiu mais um disco de ouro à banda.

Após uma turnê de 2 anos, no dia 12 de janeiro de 2007, a banda faz seu último show no Rio de Janeiro, antes de nova parada "de férias" - a segunda na década. Seus integrantes passaram a dedicar-se a projetos solo. Antes da segunda parada, a banda lançou um livro sobre sua carreira e o DVD com o histórico show no Rock in Rio I.

30 Anos de Carreira, turnê comemorativa e a morte de Peninha (2012-2016)

Em 2012, Frejat e Rodrigo Santos confirmaram através de entrevistas e nas redes sociais o segundo retorno da banda após 5 anos. A reunião foi uma comemoração pelos 30 anos de carreira do grupo e do lançamento do primeiro disco. Além das comemorações com uma turnê durante seis meses, ocorreu o relançamento do álbum Barão Vermelho, gravado em 1982, remixado e remasterizado, com faixas bônus, raridades e uma música inédita. O show contava com o baixista Dé Palmeira como convidado especial. Estavam previstos nessa época um novo show em parceria com a MTV Brasil, com transmissão ao vivo direto da Praia do Arpoador, no Rio de Janeiro e um documentário, contando a história do grupo, algo que não aconteceu. Após esses eventos, a banda entrou novamente em recesso, a partir de março de 2013, sem previsão de volta.

Três anos após a última reunião, no dia 19 de setembro de 2016, o percussionista Peninha faleceu vítima de uma hemorragia estomacal[4]. O músico estava internado no Hospital da Lagoa, zona sul do Rio de Janeiro desde o início do mês com problemas digestivos.

Retorno sem Frejat (2017-atualmente)

Em 17 de janeiro de 2017 a banda anunciou retorno oficial aos palcos, porém, sem a participação de Roberto Frejat. Em seu lugar, entra o cantor e guitarrista Rodrigo Nogueira, também conhecido como Rodrigo Suricato, líder da banda Suricato, revelada no talent show Superstar, da Rede Globo, em 2014. Frejat também declarou que atualmente não têm interesses profissionais com o grupo e que pretendia se reunir com o Barão quando a banda completasse 40 anos de existência em 2021, mas isso não estava nos planos dos outros integrantes, que decidiram voltar aos palcos com o novo vocalista. A banda também lançou o documentário planejado em 2013, intitulado Porque a gente é assim, dirigido pela cineasta Mini Kerti. O longa metragem fecha o ciclo de Frejat no grupo. Em novembro de 2017, o baixista e ocasional vocalista Rodrigo Santos deixa a banda para se dedicar exclusivamente aos seus projetos pessoais.

Cinema

O Barão teve uma participação no cinema em 1984 com o filme Bete Balanço, onde Cazuza (ainda vocalista na época) compôs a música tema do filme, ambos fazendo o papel de si mesmos, e Cazuza interpretando Tininho, um compositor.

Blitz é uma banda de rock brasileira. É uma das bandas precursoras do chamado "BRock" O grupo foi formado na cidade do Rio de Janeiro em 1982. Originalmente foi formado por Evandro Mesquita (voz e guitarra), Fernanda Abreu (backing vocal), Marcia Bulcão (backing vocal), Ricardo Barreto (guitarra), Antônio Pedro Fortuna (baixo), Billy Forghieri (teclados) e Lobão (bateria).

Carreira

1981–83: As Aventuras da Blitz e Radioatividade

No início de 1981 Evandro Mesquita e Lobão foram convidados por Mauro Taubman, dono da grife Company, para tocarem no Caribe, bar que o empresário estava inaugurando na orla de São Conrado Embora na época tocassem apenas por passatempo, os dois aceitaram e recrutaram amigos músicos para fazer a apresentação na estreia do bar, em 21 de fevereiro, gerando grande repercussão no local, o que levou a uma série de outras apresentações com uma rotatividade de músicos convidados, mantendo apenas os dois fixos. Buscando profissionalizar-se, os dois amigos buscaram músicos para juntar-se a eles, trazendo Fernanda Abreu e Marcia Bulcão para os backing vocals, Ricardo Barreto na guitarra, Antônio Pedro Fortuna no baixo, Billy Forghieri nos teclados, além do próprio Evandro no vocal e Lobão na bateria. Em 15 de janeiro de 1982 a banda sobe no palco do Circo Voador, maior casa de shows carioca da época, tocando pela primeira vez sob o nome de Blitz – nome sugerido por Lobão (e logo aceito pelos demais) inspirado pela quantidade de vezes que Evandro era parado pela polícia e multado. A repercussão chamou atenção da EMI, que assinou contrato com a banda e, em 20 de julho, é lançado o primeiro single, "Você Não Soube Me Amar". Em três meses o compacto com apenas essa faixa vendeu 100 mil cópias, se tornando a canção de maior sucesso deles.[6] Na sequência foi lançado o primeiro álbum , As Aventuras da Blitz 1, que vendeu 300 mil cópias e gerou grande repercussão pela mistura de músicas humoradas e figurinos futuristas.

As divergências artísticas de Lobão e Evandro cresciam descontroladamente e, dias depois do lançamento do disco, Lobão decidiu deixar a banda, sendo substituído por Juba na bateria. A BLITZ se tornou uma das pioneiras do movimento do rock brasileiro da década de 1980. O segundo single lançado, "Mais Uma de Amor (Geme Geme)", se tornou o segundo maior sucesso da banda, embora tenha esbarrado na censura pela composição com teor sexual. "Cruel Cruel Ezquizofrenético Blues" foi lançada como terceiro single. Em junho de 1983 é lançado o novo single do grupo, "Dois Passos do Paraíso", trazendo uma temática mais leve para que não fosse barrada pela censura. Na sequência é lançada "Betty Frígida", a canção mais ácida da banda, que contava a história de uma relação sexual que foi ruim para ambos os lados. Em 10 de setembro é lançado o segundo álbum, Radioatividade, com uma grande festa organizada na sede da EMI, que reuniu grandes artistas como Caetano Veloso e Paulo Cézar Lima. A turnê da banda, dirigida por Patrícya Travassos, alcançou um público recorde e os primeiros shows bateram 50 mil pessoas. O terceiro e último single lançado foi "Weekend".

1984–86: Blitz 3 e separação

Em 23 de março de 1984 o grupo participa do especial infantil Plunct, Plact, Zuuum... 2, da Rede Globo, onde também interpretaram uma nova faixa, "A Verdadeira História de Adão e Eva", incluída na trilha sonora do programa. Em 7 de julho o grupo realiza seu show de maior repercussão na Praça da Apoteose, que arrastou 30 mil pessoas. Em 14 de setembro a banda estrela seu próprio especial na Rede Globo, Blitz contra o Gênio do Mal, misturando dramaturgia e musical. Logo após é lançado o novo single, "Egotrip". O terceiro álbum, BLITZ 3, é liberado em 15 de dezembro, tendo três formatos com capas diferentes, produzidas pela empresa de design A Bela Arte.[22] Em 1985 a banda se apresentou em duas datas da primeira edição do Rock in Rio – 13 de janeiro, para um público de 110 mil pessoas, e 20 de janeiro, para 200 mil pessoas. Logo após, "Eugênio" e "Louca Paixão" foram lançados como segundo e terceiro singles do álbum, respectivamente. A superexposição e a demanda exagerada de trabalho gerou conflitos internos e os integrantes entenderam que era hora de dar um hiato nos trabalhos da banda, anunciando que trabalho seguinte, intitulado O Último da Blitz, seria o último No entanto, o álbum nunca chegou a ser gravado, uma vez que Ricardo e Márcia deixaram a banda no final de 1985 e, em 3 de março de 1986, a BLITZ anunciou sua separação oficial.

1994–99: Retorno, BLITZ Ao Vivo e Línguas

Em 1994 teve sua música "Mais uma de amor (geme geme)" como tema da novela A Viagem, da personagem interpretada por Fernanda Rodrigues. Nesse mesmo ano, alguns ex-integrantes se reuniram por 5 anos e gravaram os álbuns "BLITZ Ao Vivo" em 1994 e "Línguas" em 1997, periodo em que trocam de gravadora duas vezes. Formação do período: Evandro Mesquita, Juba, Ricardo Barreto, Antônio Pedro, Billy Forghieri e a estreante Hannah Lima nos vocais ao lado da veterana Márcia Bulcão.

2006–presente: Segundo retorno e estabilidade

Em 2006 a banda se reúne novamente e lançou os álbuns "Blitz – Ao Vivo e a Cores" e "Eskute Blitz", mas os únicos membros remanescentes da banda são Evandro Mesquita e Billy Forghieri. Em 2017, o álbum Aventuras II foi indicado ao Grammy Latino de 2017 de Melhor Álbum de Rock ou Alternativo em Língua Portuguesa.

Camisa de Vênus é uma banda brasileira de rock formada em Salvador em 1980 e encontra-se em atividade até hoje. Fez grande sucesso no cenário brasileiro dos anos 80, sendo uma banda tida como mais "suja" do que as outras pelo seu nome (na época era muito utilizado como sinônimo de preservativo) e pelos palavrões nas letras. Suas principais músicas são "Bete Morreu" e um cover de "Negue", do primeiro disco; "Eu Não Matei Joana D'Arc", "Hoje" e um cover de "Gotham City", do segundo álbum; "Silvia" e um cover de "My Way", do primeiro álbum ao vivo; "Simca Chambord", "Deus me Dê Grana" e "Só o Fim", do terceiro disco.

História

A banda foi formada em 1980 quando Marcelo Drummond Nova, que trabalhava na rádio Aratu em Salvador, conheceu Robério Santana, que trabalhava na TV Aratu Conversando sobre música os dois descobriram que tinham gostos em comum e decidiram montar uma banda. Marcelo Nova seria o vocalista e Robério Santana o baixista. Robério resolveu chamar seu amigo Karl Franz Hummel para assumir a guitarra base e este, por sua vez, chamou seu amigo Gustavo Adolpho Souza Mullem para tocar bateria. Se juntou ao grupo o guitarrista solo Eugênio Soares.

Nos ensaios, as pessoas que compareciam diziam que o som da banda era muito incômodo. Por isso, Marcelo Nova sugeriu o nome de Camisa de Vênus, por achar preservativo uma coisa muito incômoda. Após duas apresentações em Salvador, Eugênio Soares sai do grupo e Gustavo Mullem, que queria tocar guitarra solo, chama Aldo Pereira Machado para assumir a bateria. Esta seria a formação que tocaria junta até o primeiro fim da banda, em novembro de 1987.

Com a realização de alguns shows na capital baiana, uma pequena gravadora local, chamada NN Discos, se interessa pela banda e chama-os para gravarem um compacto, com a possibilidade de gravarem um álbum.[1] A banda grava duas músicas em Salvador: "Controle Total" e "Meu Primo Zé". O lado A continha uma música "chupada" de "Complete Control" do The Clash, mas com uma letra que falava da vida na Bahia. Já o lado B era composto de uma versão da música "My Perfect Cousin" do The Undertones. O compacto foi lançado em julho de 1982.

Após o compacto, a gravadora decide dar a oportunidade deles gravarem um álbum. Entretanto, com o sucesso de outras bandas do incipiente rock brasileiro dos anos 80 - o primeiro compacto da Blitz é de 1982, assim como o dos Paralamas do Sucesso e o do Kid Abelha -, a Som Livre se interessa em lançar nacionalmente o álbum. Então, Marcelo Nova é chamado para uma reunião com os executivos da gravadora Som Livre, Heleno de Oliveira e João Araújo, pai de Cazuza. Neste encontro, eles expõem um "problema" para Marcelo Nova: o nome da banda atrapalharia a divulgação do primeiro trabalho (nos jornais o Camisa de Vênus era tratado como "Camisa de…"). Eles sugeriram que o nome fosse trocado por outro "melhor". Marcelo Nova diz que aceitaria a troca de nome e propõe que o novo nome seja "Capa de Pica".

Esta reunião selaria o destino do Camisa de Vênus na gravadora Som Livre e o seu primeiro álbum homônimo, lançado em 1983, teria a distribuição prejudicada. O álbum continha a música Bete Morreu, que faria sucesso nacionalmente, mas que, pouco tempo depois, teria a sua execução radiofônica proibida em todo o território nacional pela censura.

Após o lançamento, a banda fica quase um ano sem gravadora, mas acaba assinando com a RGE. Assim, em 1984, sai o segundo álbum da banda, chamado Batalhões de Estranhos. O disco traz uma banda mais madura e com melhores recursos de estúdio à sua disposição, o que proporciona a realização de um som mais polido e menos agressivo. O segundo álbum da banda traz mais um sucesso radiofônico, Eu Não Matei Joana D'Arc e eles saem novamente em turnê.

Mudança de gravadora

Ao assistir um show da banda, André Midani (diretor da gravadora WEA, na época) vai ao camarim da banda perguntar o que ele precisava para "contratar aquele insulto". Fica acertado então que o Camisa de Vênus lançaria um álbum com o registro ao vivo de um show da turnê, produzido por Pena Schmidt e lançado ainda pelo selo RGE. Ao analisar o material, eles decidem lançar um show em Santos, realizado no dia 8 de março.

Marcelo Nova, que já tinha experiência de músicas censuradas, decide não enviar o álbum à apreciação da Censura, que continuava em vigor apesar do fim da ditadura militar. O álbum Viva foi lançado em 1986 e, quando estava com cerca de 40 mil cópias vendidas foi recolhido pela Polícia Federal por ordens da censura. O próprio Marcelo Nova presenciou cópias de seu disco sendo recolhidas em São Paulo.

Após este episódio, o álbum teve oito de suas dez músicas censuradas por conterem linguagem inapropriada. Entretanto, com a volta às vendas, apesar da proibição de execução radiofônica e, talvez, devido ao impulso conseguido com as notícias da censura do álbum, suas vendas atingem a marca de 180 mil.

Ainda em 1986, entram em estúdio novamente e gravam o álbum Correndo o Risco, o primeiro pela gravadora Warner. O álbum é produzido por Pena Schmidt continuando a parceria que se encerraria apenas com o fim da banda. Ele vende 300 mil cópias e a música "Só o Fim" torna-se a mais tocada nas rádios naquele ano. Além da já citada, são destaques do álbum as músicas "Simca Chambord" e "Deus Me Dê Grana".

Término da banda

Após mais uma turnê, a banda se reúne em estúdio para gravar um novo álbum. Chamam Raul Seixas para uma participação, o que resulta na composição e gravação de Muita Estrela, Pouca Constelação. Marcelo Nova e o Camisa de Vênus conheciam Raul desde uma apresentação no Circo Voador, no Rio de Janeiro em 1984, quando foram informados que Raulzito viria vê-los e acabaram tocando uma seleção de covers de clássicos do rock.

Assim, em outubro de 1987, lançam o primeiro álbum duplo do rock nacional, Duplo Sentido. A recepção ao álbum é inferior ao último, talvez em reflexo do grande número de músicas. Apesar disto, as vendas somam cerca de 40 mil, mesmo sem uma grande turnê de divulgação.

Desde o disco anterior da banda, Marcelo Nova vinha pensando em sair para seguir novos rumos. Também as relações entre os membros estavam desgastadas pelos vários anos de convivência. Então, logo após o lançamento deste álbum, ele anuncia à banda que estava deixando o grupo para seguir carreira solo, mas que eles poderiam continuar se quisessem. Entretanto, os demais membros decidem encerrar a carreira do grupo.

Volta em 1995

Em meados de 1995, Karl Hummel ligou para Marcelo Nova querendo voltar com a banda. Para convencer Marcelo Nova disse que tinha ouvido outro dia na TV que o Skank era a "nova sensação do rock nacional" e que, por isso, eles precisavam voltar. Eles chamam Robério Santana para reassumir o baixo, mas Gustavo Mullem e Aldo Machado decidem não participar. Gustavo Mullem estava trabalhando no exterior e Aldo Machado tornou-se cristão e não desejava mais tocar com o Camisa.

Para completar a banda, Marcelo Nova reúne metade do Camisa de Vênus original com metade da sua banda de apoio do álbum A Sessão sem Fim. Assim, completam a formação dois músicos antológicos do rock nacional, Luis Sérgio Carlini na guitarra solo e Franklin Paolillo na bateria, além de Carlos Alberto Calazans nos teclados, músico que acompanhava Marcelo Nova desde a sua saída do Camisa de Vênus.

Carlini havia sido o guitarrista do Tutti Frutti, a banda de Rita Lee nos anos 70 após a sua saída dos Mutantes e Paolillo tocou com Carlini no Tutti Frutti, participando do álbum Fruto Proibido, e também na formação original do Joelho de Porco.

Com esta nova formação o Camisa inicia uma série de shows e assina com a Polygram um contrato para o lançamento de dois álbuns. Assim, ainda em 1995, gravam um show realizado no Aeroanta, em São Paulo, e lançam o álbum ao vivo Plugado!. O álbum teve boa repercussão, apresentando o Camisa para uma nova geração de fãs.

Para consolidar esta fase, no ano seguinte, a banda entra em estúdio para gravar o disco Quem É Você?. Este álbum conta com a participação de Eric Burdon, lendário vocalista do The Animals, dividindo os vocais com Marcelo Nova e, também, produzindo um cover de Don't Let Me Be Misunderstood. Além disto, conta também com a participação dos Raimundos na faixa "Essa Linda Canção", que recebeu grande repercussão na MTV.

Após um ano em turnê, Marcelo Nova decide terminar com o Camisa de Vênus novamente e voltar com a sua carreira solo, no ano seguinte.

Reunião em 2004

Em janeiro de 2004, a banda se reúne para tocar na 6ª edição do Festival de Verão de Salvador e, também, para realizar outros shows. O Camisa se apresenta com Marcelo Nova, Karl Hummel e Gustavo Mullem - da formação original - mais Lu Stopa no baixo, Johnny Boy nos teclados e guitarra adicional, e Denis Mendes na bateria como banda de apoio. A apresentação é gravada e lançada no mesmo ano como um DVD ao vivo. No fim do ano, o Camisa de Vênus volta a se separar.

Reunião em 2007

Em 2007, se reúnem para uma turnê com alguns shows pelo Brasil, e também gravam um DVD ao vivo a partir de um show em Divinópolis. Nesta reunião a banda é formada por Marcelo Nova, Karl Hummel, Robério Santana e Gustavo Mullem, da formação original, mais Luiz Carlini e Denis Mendes.

Reunião em 2009

A banda se reúne novamente em 3 de maio de 2009 para um show na 5ª edição da Virada Cultural de São Paulo, com a seguinte formação: Marcelo Nova (vocal), Robério Santana (Baixo), Karl Franz Hummel (guitarra base), Gustavo Mullem (Guitarra solo), Ivan Busic (bateria) e Luiz Carlini (guitarra). Naquela mesma noite do festival também tocaram bandas de rock como Tutti Frutti, Joelho de Porco e Velhas Virgens. Após a apresentação, Robério Santana, Karl Hummel e Gustavo Mullem decidem continuar com a banda, mesmo sem a presença de Marcelo Nova. Assim, no início de 2010, a banda anuncia a volta oficial, porém, com a presença de Eduardo Scott (ex-Gonorreia) nos vocais e Louis Bear na bateria. Essa volta começa com uma série de shows pelo país juntamente com a banda Raimundos. No final de 2010, Robério Santana sai novamente do Camisa que continua com um músico de apoio no seu lugar, o baixista Jerry Marlon. A banda - agora formada por Hummel, Mullem e Scott, mais dois músicos de apoio no baixo e na bateria - faz planos para lançar discos em 2011. Assim, em 2011, a banda lança de forma independente uma coletânea - Mais Vivo do Que Nunca - com Scott interpretando os clássicos que foram eternizados na voz de Marcelo e com uma música inédita, "Sem Nada". Entretanto, em 2012, Marcelo Nova, alegando insatisfação com o que considera a má qualidade do lançamento e, também, com o fato da banda ter sido contemplada com uma verba de um edital de incentivo a cultura do governo baiano, entra na justiça para impedir que os três lancem mais álbuns utilizando o nome "Camisa de Vênus".

Em 2014, lança sua terceira temporada com apenas Gustavo Mullem e Karl Hummel da formação original, mais Eduardo Scott nos vocais, mas agora contando com Ivan Oliveira no baixo e Cloud na bateria.

Turnê de 35 anos

Em 2015, Marcelo Nova e Robério Santana anunciam uma turnê do Camisa de Vênus comemorativa dos 35 anos da banda, contando com músicos da banda da carreira solo de Marcelo como banda de apoio (Drake Nova, filho de Marcelo, na guitarra; Leandro Dalle na outra guitarra; e Célio Glouster na bateria). Nesta turnê, a banda passou pelas principais capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba e Recife. A atual formação foi definida como um “rolo compressor”[20] no palco, tocando ao menos uma canção de cada um dos seus sete álbuns lançados até então.[21]

Novo disco de inéditas

Show no Sesc Jundiaí em 22 de julho de 2016 - Turnê de lançamento de "Dançando na Lua"

Em julho de 2016, após 20 anos sem lançamentos, a banda anuncia a turnê "Dançando na Lua", homônima do novo álbum, contendo apenas faixas inéditas.

Em 22 de julho, é oficialmente lançado o novo álbum, sendo seu primeiro single a música "Raça Mansa".

Formações

Ver também: Lista de formações de Camisa de Vênus

Atualmente

Marcelo Nova: vocal.

Drake Nova: guitarra.

Leandro Dalle: guitarra.

Robério Santana: baixo.

Célio Glouster: bateria.

A Cor do Som é um grupo brasileiro que se criou a partir do séquito dos músicos que acompanhavam Moraes Moreira após a sua saída dos Novos Baianos. Originalmente esse era o nome da banda instrumental que acompanhava os Novos Baianos, título sugerido por Caetano Veloso.

História

A banda surgiu em meados de 1977, formada por músicos experientes no cenário nacional. Experimentando novos padrões de som, valeu-se das vivências anteriores com Moraes Moreira, Pepeu Gomes, entre outros, sendo considerado um movimento pós-tropicalista. Em seu primeiro disco homônimo (WEA 1977), tinha como integrantes Dadi Carvalho (ex-Novos baianos e Jorge Ben) no baixo, seu irmão Mú Carvalho (ex-A Banda do Zé Pretinho) nos teclados, Gustavo Schroeter (ex-A Bolha) na bateria e Armandinho Macêdo (Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar) na guitarra, bandolim, e guitarra baiana. A partir do segundo disco, Ao Vivo em Montreux, o percussionista (e colega de Armandinho na sua outra banda) Ary Dias passa a fazer parte do grupo.

Misturando rock, ritmos regionais, e música clássica, foram convidados por Claude Nobs a participar do Montreux Jazz Festival, na Suíça, tornando-se o primeiro grupo musical brasileiro a participar do evento. A apresentação contou com material quase todo inédito e rendeu um disco ao vivo. A partir do terceiro trabalho, Frutificar, passam a executar músicas cantadas a pedido da gravadora, o que os eleva a novos níveis de popularidade.

Após o disco Mudança de Estação, de 1981, Armandinho deixa o grupo para seguir com seu projeto anterior e alçar novos rumos em carreira solo. É então substituído por Victor Biglione, que grava Magia Tropical, de 1982, e As Quatro Fases do Amor, de 1983. Em 1984, lançam novamente um disco todo instrumental intitulado Intuição, já sem Victor Biglione, mas com participações de Egberto Gismonti, Tulio Mourão e Perinho Santana. No ano seguinte, com Perinho nas guitarras, lançam Som da Cor. Em 1986, gravam Gosto do Prazer (cuja faixa–título passa a fazer parte da trilha sonora da novela Hipertensão). Em 1987, nova mudança: saem Perinho Santana e Gustavo Schroeter e entram Jorginho Gomes (ex-Novos Baianos) na bateria e Didi - "Claudimar Gomes" (também experiente, tendo tocado com seu irmão Pepeu Gomes e outros) no baixo, levando Dadi a assumir as guitarras. Em 1996, o grupo reúne-se com a formação original para gravar o disco A Cor do Som Ao Vivo no Circo, registrado no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Recebem naquele ano o Prêmio Sharp de Melhor Grupo Instrumental.

Em 2005, com a formação original, o grupo apresentou-se no Canecão, no Rio de Janeiro. O show contou com a participação especial de Caetano Veloso, Daniela Mercury, Moraes Moreira, Davi Moraes, e o Coral dos Canarinhos de Petrópolis, além dos músicos Nicolas Krassik (violino), Nivaldo Ornelas (sax soprano), Marcos Nimrichter (acordeom e teclados), Jorge Helder (baixo acústico, violão, e baixolão), Jorginho Gomes (bateria e percussão), Marco Túlio (flauta), Francisco Gonçalves (oboé), Bernardo Bessler (violino), Marie Cristine (viola), e Marcio Mallard (cello).

O espetáculo gerou o CD e DVD A Cor do Som Acústico, lançado no mesmo ano com produção musical de Sérgio de Carvalho. Em 2006, são contemplados com o Prêmio Tim de Melhor Grupo, na categoria Canção Popular, por este disco. A banda segue fazendo apresentações esporádicas.

Dr. Silvana & Cia. é uma banda brasileira de pop-rock, formada em Rio de Janeiro, capital do estado de Rio de Janeiro.

Suas músicas ficaram conhecidas nacionalmente pelas letras bem-humoradas e de duplo sentido.

Carreira

O Dr. Silvana & Cia. foi formado em 1984, por Ricardo Zimetbaum, Cícero Pestana, Jorge Soledade e Edu Lissovsky, no Rio de Janeiro.

Lançou um compacto pela CBS em 1984, Eh! Oh!, e um LP pela mesma gravadora no ano seguinte, intitulado Dr. Silvana & Cia.[2] Duas músicas do disco transformaram-se logo em hit: Serão Extra e Taca a Mãe pra Ver se Quica.

Em 1985, o Dr. Silvana & Cia. participou da coletânea Que Delícia de Rock, também lançada pela gravadora CBS.

Em 1987, é lançado o segundo álbum, Tide.

Já no ano de 1989, o grupo lança o seu terceiro álbum: Ataca Outra Vez, agora pela gravadora RGE.

No ano de 1993, é lançado o quarto álbum do grupo, A Vingança, não tendo a mesma repercussão que seus álbuns anteriores.

Em 2005, é lançado o álbum Choco, Choco, Chocolate.

Em 2015, gravaram no Rio de Janeiro um DVD comemorativo de 30 anos de carreira.

Atualmente, a banda conta com nova formação e se apresenta em todo o Brasil em eventos próprios ou festas dos anos 1980.

Integrantes Atuais

Cícero Pestana (vocal e guitarra)

Vagner Beraldo (baixo)

Maurício Mello (bateria)

Egotrip foi uma banda brasileira de pop / rock.

História

O baixista Arthur Maia — que já havia trabalhado com veteranos da MPB como Gal Costa, Caetano Veloso, Roberto Carlos, Djavan e Milton Nascimento — fundou a Egotrip em 1985. Seu álbum de estreia autointitulado foi lançado em 1987. A canção "Viagem ao Fundo do Ego" fez grande sucesso logo em seguida, ao ser incluída na trilha sonora da novela Mandala, da Rede Globo. Outro grande sucesso do grupo foi a música "Kamikaze", que chegou ao topo de várias rádios do Brasil na época.

Egotrip não duraria muito, no entanto: eles se separaram depois que o baterista Pedro Gil (filho de Gilberto Gil ) morreu em um acidente de carro em 1990.

Integrantes

Arthur Maia (baixo, voz, teclado);

Nando Chagas (voz, guitarra, teclado);

José Rubens (saxofone, teclado);

Francisco Frias (guitarra, guitarra sintetizada, teclado, arranjos e programação de computadores);

Pedro Gil (bateria, teclado).

Engenheiros do Hawaii foi uma banda brasileira de rock, formada em 11 de janeiro de 1985[1] na cidade de Porto Alegre por Humberto Gessinger (vocal e baixo), Carlos Stein (guitarra), Marcelo Pitz (baixo) e Carlos Maltz (bateria), que alcançou grande popularidade com suas canções líricas e críticas. Antes de chegarem à sua formação final, a banda passou por algumas mudanças, sendo Gessinger o último integrante da formação original a permanecer na banda até a "pausa" ocorrida em 2008, por motivos particulares da banda.

Trajetória

Os primeiros anos (1984 – 1989)

Quatro estudantes da Faculdade de Arquitetura da UFRGS - Humberto Gessinger (vocal e guitarra), Carlos Stein (guitarra), Marcelo Pitz (baixo) e Carlos Maltz (bateria) - resolveram formar uma banda para uma apresentação em um festival da faculdade, que aconteceria por protesto à paralisação de aulas. O primeiro show da banda foi em 11 de janeiro de 1985, Escolheram o nome Engenheiros do Hawaii para satirizar os estudantes de engenharia que andavam com bermudas de surfista, com quem tinham uma certa rivalidade. Começaram a surgir propostas para novos shows e, depois, algumas apresentações em palcos alternativos de Porto Alegre, juntamente com uma série de shows pelo interior do Rio Grande do Sul. A banda, em menos de quatro meses de carreira, já consegue gravar duas músicas na coletânea Rock Grande do Sul (1985) com diversas bandas gaúchas, em razão de uma das bandas vencedoras do concurso adicionador à coletânea ter desistido da participação do álbum na última hora. Quando a banda seguiu com seus ensaios, durante a greve da faculdade, Carlos Stein realizou uma viagem que acabou inviabilizando sua permanência no grupo, e, tempos depois, ele passa a integrar a banda Nenhum de Nós. Meses passaram, e os Engenheiros do Hawaii gravam o seu primeiro álbum: Longe Demais das Capitais, em 1986. O norte musical do disco apontava para um som voltado à música pop, muito próximo ao ska de bandas como o The Police e Os Paralamas do Sucesso. Destacam-se as canções "Toda Forma de Poder", que foi tema das novelas Hipertensão da Rede Globo e Vitória da RecordTV. "Segurança", além de "Sopa de Letrinhas" e "Longe Demais das Capitais".

Antes de começarem as gravações do segundo disco, Marcelo Pitz deixa a banda por motivos pessoais. Com Gessinger assumindo o baixo, entra o guitarrista Augusto Licks, que havia trabalhado com Nei Lisboa, conhecido músico gaúcho. Os Engenheiros lançam o disco A Revolta dos Dândis, em 1987. A banda muda o direcionamento temático, iniciando uma trilogia baseada no rock progressivo, com discos com repetições de temas gráficos e musicais e letras em que ocorre a auto-citação. Os arranjos musicais são influenciados pelo rock dos anos 60, as letras são críticas, com ocorrência de várias antíteses, paradoxos e citações literárias de filósofos, como Albert Camus e Jean-Paul Sartre. Destaque para os hits "Infinita Highway", "Terra de Gigantes", "Refrão de Bolero" e a faixa título, dividida em duas partes. Começam os shows para grandes plateias nos centros urbanos do país, como o festival Alternativa Nativa, realizado entre 14 e 17 de junho de 1987. A partir desta data, os Engenheiros encheriam ginásios e estádios pelo Brasil afora. Porém, houve polêmicas e a banda chegou a ser acusada de elitista e fascista pelo conteúdo de suas letras. As polêmicas se intensificaram quando membros da banda se apresentaram com camisetas estampadas com a Estrela de Davi e a Suástica. O disco seguinte, Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém, de 1988, pode ser visto como uma continuidade do anterior, tanto pelo trabalho da capa do álbum como pelo tema e estilo de suas canções. Destaque para as músicas "Somos Quem Podemos Ser", "Cidade em Chamas", "Tribos & Tribunais", a faixa-título e "Variações Sobre o Mesmo Tema", esta última uma homenagem à banda Pink Floyd, com sua estética progressiva e dividida em três partes. O álbum também marca a saída dos Engenheiros da cidade de Porto Alegre, indo morar no Rio de Janeiro. Consolidada a nova formação, os Engenheiros lançam Alívio Imediato, de 1989, quarto disco da banda e o primeiro registro ao vivo. Suas canções mostram uma retrospectiva de suas principais canções e as novas perspectivas a serem incorporadas, em especial o som mais eletrônico, presente na faixa título e na música "Nau à Deriva", ambas gravadas em estúdio e as demais gravadas ao vivo no Canecão, no Rio de Janeiro.

Mudança para o Rio de Janeiro (1990 – 1993)

O disco seguinte, O Papa é Pop, de 1990 consolida a mudança de sonoridade da banda. Puxados pelo sucesso "Era um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones", regravação de uma velha canção do grupo Os Incríveis (por sua vez versão da canção "C'era un ragazzo che come me amava i Beatles e i Rolling Stones" de Gianni Morandi), e a faixa-título, o quinto disco dos Engenheiros investe no som progressivo, calçado nos solos de guitarra de Licks e em uma base mais eletrônica de teclados e bateria. Gessinger passa a assumir também o piano elétrico e começam a surgir as baladas de piano e voz da banda. São dele as canções "Anoiteceu em Porto Alegre", "O Exército de um Homem Só" (dividida em duas partes), "Pra Ser Sincero" e "Perfeita Simetria" (versão alternativa da canção "O Papa é Pop"). Em meio aos novos sucessos, uma antiga canção, "Refrão de Bolero", oriunda do segundo disco, A Revolta dos Dândis, também era bastante executada pelas rádios. Aclamados pelo público e massacrados pela crítica, os Engenheiros do Hawaii consagram-se no Rock in Rio II, arrancando elogios do jornal americano The New York Times, apesar de ignorados pela Folha de S. Paulo. O ano de 1991 marca o lançamento do sexto disco, Várias Variáveis, que completa a trilogia iniciada no segundo e terceiro discos da banda. Há redução dos efeitos eletrônicos e a retomada de um som mais rock 'n' roll, mas não repete o mesmo sucesso do anterior, mesmo tendo a canção "Herdeiro da Pampa Pobre", regravação de um antigo sucesso de Gaúcho da Fronteira, bastante executada nas rádios. Este é um dos discos que contém as melhores letras do grupo, porém, o som não é o forte do álbum, sendo o mesmo questionado até hoje pelo próprio Gessinger. Pode-se dizer que foi um disco seminal, pois canções como "Piano Bar", "Muros & Grades" e "Ando Só", em regravações em outros discos, estabeleceram-se como algumas das melhores da banda.

No ano seguinte, 1992, é lançado o sétimo disco, Gessinger, Licks & Maltz, ou GLM, inspirado no famoso logotipo ELP de Emerson, Lake & Palmer. O som continua mesclando elementos de MPB e rock progressivo, com destaque para as canções "Ninguém = Ninguém", "A Conquista do Espaço", "Pose (Anos 90)" e "Parabólica", canção que Gessinger fez em homenagem a sua filha Clara, nascida em fevereiro do mesmo ano. O oitavo disco dos Engenheiros é o semi-acústico Filmes de Guerra, Canções de Amor, de 1993, gravado ao vivo na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro. A banda considerava este disco como acústico, pois condicionava tal formato à ausência de bateria e às guitarras semi-acústicas. Na época não existia a febre de acústicos gravados pelos grandes nomes nacionais, o que denota o caráter visionário da banda. O disco foi gravado ao vivo por uma decisão da banda de gravar um álbum ao vivo a cada três álbuns, uma ideia da banda Rush, que faz o mesmo. Com guitarras acústicas, percussão, piano, acordeão e participação da Orquestra Sinfônica Brasileira em três faixas, regida por Wagner Tiso, as velhas canções – como "Muros & Grades", "O Exército de um Homem Só" e "Crônica" – e novas composições – como "Mapas do Acaso" e "Quanto Vale a Vida?", ganharam arranjos que apontavam para o blues, a música tradicionalista e a erudita, ressaltando a excelente qualidade das letras dos Engenheiros do Hawaii. A banda chegou a participar, ainda no mesmo ano, do festival Hollywood Rock Brasil, junto com os brasileiros do Biquini Cavadão, De Falla, Dr. Sin e Midnight Blues Band. Entretanto não foram bem recepcionados e receberam muitas vaias. Eles se apresentaram no mesmo dia de L7 e Nirvana. O ano de 1993 marca também a primeira excursão dos Engenheiros pelo Japão e Estados Unidos. Porém, no final deste mesmo ano, discussões e rixas internas acabaram por resultar na saída do guitarrista Augusto Licks. Inicia-se uma longa disputa jurídica pela marca "Engenheiros do Hawaii", tendo Gessinger e Maltz finalmente ficado com o nome da banda.

Tempos de tempestade e Gessinger Trio (1994 – 1999)

O passo seguinte foi remontar os Engenheiros, com a entrada do guitarrista Ricardo Horn. Posteriormente, também ingressam na banda: Paolo Casarin (acordeom e teclados) e o guitarrista Fernando Deluqui (ex-RPM). Após dois anos sem gravar, os Engenheiros lançam em 1995 o álbum Simples de Coração. O som é mais pesado, com climas regionais gaúchos dados pelo acordeão de Casarin. Destaque para as canções "A Promessa", "A Perigo", "Lance de Dados", "Ilex Paraguariensis" e "Simples de Coração". Havia ainda a canção "O Castelo dos Destinos Cruzados", em que o baterista Maltz assume os vocais. O disco Simples de Coração também teve uma versão em inglês, que não chegou às vendas. Os fãs mais assíduos têm apenas as MP3s. Paralelamente às gravações do Simples de Coração, Gessinger monta o trio "33 de Espadas", para tocar música instrumental. Ao fim da turnê de Simples de Coração, a banda passou por uma grave crise, pois a formação "quinteto" era temporária. Longe do sucesso de outros tempos, os Engenheiros começam a pensar em seguir outros caminhos. O "33 de espadas" faz sua estréia já com a formação que viria a se chamar "Humberto Gessinger Trio", tendo Luciano Granja na guitarra e Adal Fonseca na bateria. O grupo lançou o disco, também intitulado "Humberto Gessinger Trio" (HG3), em 1996. O clima enxuto do disco, basicamente com bateria, baixo e guitarra, lembra os primeiros trabalhos de Gessinger, como exemplificam as canções "Vida Real", "Freud Flintstone", "De Fé" e "O Preço". Paralelo a esse fato, Carlos Maltz envolve-se numa trilha mística e resolve abandonar os Engenheiros. A partir daí, o baterista monta o grupo "A Irmandade". Durante a turnê do Humberto Gessinger Trio, há uma constante troca de nomes da banda. Os shows que deveriam ser anunciados como HG3 ainda eram apresentados como Engenheiros do Hawaii.

A verdade é que para um produtor anunciar um show dos Engenheiros do Hawaii, banda nacionalmente conhecida era muito mais fácil e rentável que apresentar como Humberto Gessinger Trio, nome absolutamente desconhecido. Reconhecendo que era inviável seguir com o nome da nova banda, Gessinger volta a admitir-se como um Engenheiro do Hawaii. Para que haja alguma diferença entre o HG3 e o "novo" Engenheiros do Hawaii, ele convida Lúcio Dorfmann a assumir os teclados do grupo, configurando um novo som ao grupo, bem próximo ao pop que predominava no mercado musical da época. O disco Minuano, de 1997, marca a volta dos Engenheiros do Hawaii com este nome. O álbum mescla influências regionalistas, tecnologia e conta com arranjos de violino que lembram o folk, tornando este o disco mais leve e com a sonoridade mais vaga da banda. Emplaca o sucesso "A Montanha", além de outras belas canções como "Nuvem", "Faz Parte" e "Alucinação", uma cover para uma antiga canção de Belchior. O disco ainda marcou a saída dos Engenheiros do Hawaii da BMG. A saída se deu com o lançamento de um box em formato de lata, intitulado Infinita Highway, contendo o relançamento de todos os dez discos da banda até então. Todos foram remasterizados, com exceção dos dois últimos (Simples de Coração e Minuano foram gravados já para o formato CD). ¡Tchau Radar!, de 1999, marca a entrada dos Engenheiros para a Universal Music Group e exibe uma maior maturidade do grupo, onde as influências musicais da banda ficam mais evidentes (folk rock, rock'n roll dos anos 60, rock progressivo e MPB) com belas composições de Gessinger, como "Eu Que Não Amo Você", "Seguir Viagem" e "3 X 4" além de duas covers: "Negro Amor" ("It's All Over Now Baby Blue", de Bob Dylan) e "Cruzada" (de Tavinho Moura e Marcio Borges), esta contando com arranjos de orquestra, como é comum em várias faixas do álbum.

Nova fase (2000 – 2003)

Da turnê de ¡Tchau Radar!, surgiu o terceiro disco ao vivo da banda, e o décimo segundo de sua carreira: 10.000 Destinos. Novamente, Gessinger repassa o repertório consagrado da banda em novas versões divididas em um set acústico e um elétrico e conta com a participação de Paulo Ricardo, cantando "Rádio Pirata" do RPM, e do gaiteiro Renato Borghetti nas canções "Refrão de um Bolero" e "Toda Forma de Poder". Como faixas-bônus, gravadas em estúdio, acompanham as inéditas "Números" e "Novos Horizontes", além da regravação de "Quando o Carnaval Chegar", de Chico Buarque. Alguns meses após a apresentação no Rock in Rio III (2001), Lúcio, Adal e Luciano saem da banda e montam outro grupo, Massa Crítica, mudando novamente a formação dos Engenheiros. Lúcio, Adal e Luciano são substituídos por Paulinho Galvão (guitarra), Bernardo Fonseca (baixo) e Gláucio Ayala (bateria). Gessinger volta a tocar guitarra, após 14 anos responsável pelo contrabaixo dos Engenheiros. Com essa nova formação eles regravam algumas músicas da banda e lançam uma re-edição de seu último disco, agora intitulado 10.001 Destinos. Duplo, traz as mesmas faixas do disco precursor, e novas versões de estúdio das canções "Novos Horizontes", "Freud Flinstone", "Nunca Se Sabe", "Eu Que Não Amo Você", "A Perigo", "Concreto e Asfalto" e "Sem você".

Começava com esta formação, seguindo novamente o mercado musical (quando bandas mais pesadas começaram a ter mais espaço), de som mais limpo e pesado. Isso se confirma em 2002, com o lançamento do disco Surfando Karmas & DNA, disco que consolida a nova fase da banda, e que tem a participação especial do ex-Engenheiros Carlos Maltz na faixa "E-stória". São destaques do disco a faixa título e as canções "Terceira do Plural", "Esportes Radicais", "Ritos de Passagem" e "Nunca Mais". Há influência do punk rock e pop rock nas novas canções. O disco seguinte, Dançando no Campo Minado, de 2003, mantém a regra: sonoridade muito similar ao seu antecessor com músicas curtas, guitarras pesadas e poesia crítica de Gessinger denunciando os males da globalização, da desilusão política e ideológica e da guerra, nas canções "Fusão a Frio", "Dançando no Campo Minado", "Dom Quixote" e "Segunda Feira Blues" (partes I e II, esta última novamente com a participação de Carlos Maltz), porém, convivendo com um certo otimismo na parte mais emotiva da vida. Emplaca nas rádios a canção Até o Fim.

Acústico MTV e Acústico II: Novos Horizontes (Turnês Acústicas) (2004 – 2008)

Em 2004, os Engenheiros do Hawaii lançaram o CD e DVD Acústico MTV. O acústico tem as participações especiais dos músicos Humberto Barros (órgão Hammond) e Fernando Aranha (violões). Este último já havia feito uma participação especial no disco anterior. O disco se diferencia dos demais por não trazer participações especiais, apenas "fraternais": Clara Gessinger, filha de Humberto, divide os vocais com o pai na canção Pose (executada com parte da letra cortada) e Carlos Maltz, co-fundador e ex-baterista dos Engenheiros, que canta junto com Gessinger a canção Depois de Nós, de sua autoria. Além dos grandes sucessos, como Infinita Highway, Somos Quem Podemos Ser e O Papa é Pop e das canções recentes, como Surfando Karmas & DNA e Até o Fim, o disco traz as canções O Preço e Vida Real, ambas do álbum Humberto Gessinger Trio. Por fim, acrescentam-se ainda as canções inéditas "Armas Químicas e Poemas" e "Outras Frequências". Durante a turnê do Acústico, Paulinho Galvão deixa a banda e seu posto é assumido por Fernando Aranha. Nos teclados, por sua vez, o jovem Pedro Augusto assume o lugar de Humberto Barros, que já fazia parte da banda de apoio do Kid Abelha.

O novo disco, Novos Horizontes, foi gravado nos dias 30 e 31 de maio de 2007, em São Paulo, no Citibank Hall, e foi lançado em agosto de 2007 com nove faixas inéditas, além de nove regravações. O disco quebrou a seqüencia de a cada 3 discos em estúdio, ser gravado um "ao vivo". Também foi palco de novas experiências para Gessinger, como a viola caipira que usa em algumas músicas do álbum. Segundo ele, se tivesse que rever todas as obras dos Engenheiros do Hawaii, 'Novos Horizontes' é o que não mexeria em nada. Destaque maior para as faixas inéditas "Guantánamo", "Coração Blindado", "No Meio de Tudo, Você" e "Quebra-Cabeça". No fim de 2007, o então baixista Bernardo Fonseca sai da banda e Humberto Gessinger assume o baixo. Desde então a banda voltou a utilizar guitarras em seus shows. No ano de 2008, após shows pelo Brasil inteiro, a banda termina a turnê acústica, começada em 23 de julho de 2004 com o lançamento do Acústico MTV.

Atividades interrompidas

Junto com a turnê terminam, pelo menos temporariamente, as atividades d'os Engenheiros do Hawaii. O vocalista e líder da banda, Humberto Gessinger, declarou no site oficial da banda que os planos de retorno da banda são somente no ano de 2017. Lembrando que já é a quinta vez que Gessinger adia o retorno dos Engenheiros. Entre 2008 e 2012 Gessinger se dedicou ao Pouca Vogal, parceria com Duca Leindecker, vocalista do Cidadão Quem. Juntos eles cantavam novas baladas e grandes sucessos de suas bandas. Gessinger atualmente se dedica à sua carreira solo, que começou em 2013 com o lançamento do CD Insular, e continuou com o CD/DVD Insular ao vivo em 2014. No ano de 2016 ele começa uma nova turnê denominada "Louco Pra Ficar Legal", trecho da música "Pra ficar legal", de 2002. Também lançou 5 livros: Meu Pequeno Gremista e Pra Ser Sincero - 123 Variações Sobre Um Mesmo Tema no final de 2009, Mapas do Acaso - 45 Variações Sobre Um Mesmo Tema em fevereiro de 2011, Nas Entrelinhas do Horizonte em abril de 2012 e Seis Segundos de Atenção em agosto de 2013.

2017, 30 anos de A Revolta dos Dândis

No fim do ano de 2016 pairou no ar a expectativa de uma reunião da tão aclamada formação clássica GL&M, para a comemoração dos 30 anos do disco mais cultuado pelos fãs e até mesmo pelo Humberto Gessinger, Augusto Licks e Carlos Maltz: A revolta dos Dândis. Licks é totalmente avesso a aparições públicas, mas em 2015 criou um workshop intitulado "Do Quarto Para o Mundo", onde já visitou algumas capitais, e a grande surpresa foi subir no palco da cantora Tsubasa Imamura para uma participação em "Pra Ser Sincero, Gessinger / Licks" mais de 20 anos depois do último show com os Engenheiros. Já Carlos Maltz passou por um momento difícil no final deste mesmo ano, pois passou por um procedimento para tratar em aneurisma na aorta. Gessinger ficou mantendo os fãs de Carlos atualizados com notas em seu perfil do Facebook e Twitter, um fato que quase passou despercebido. Licks, então, entrou em contato com o ex-companheiro de banda. Até onde se sabe, foi a primeira vez que os dois se falaram desde a saída turbulenta de Licks dos Engenheiros, que segundo o próprio Maltz, foi uma das melhores coisas que lhe aconteceu neste momento tão difícil. Juntando tudo isso, surgiram rumores de que a tão aguardada reunião aconteceria. Infelizmente não aconteceu, sendo pouco provável que a marca Engenheiros do Hawaii volte a estar novamente em um show, seja com GL&M ou com outra formação, até mesmo porque a carreira solo de Humberto Gessinger é super bem sucedida, sucesso de público e crítica, um dos poucos artistas que consegue se manter com um público fiel e longe dos grandes holofotes da indústria de hoje em dia.

Um adendo sobre A Revolta dos Dândis: nessa fase da banda, a influência do filósofo existencialista francês Jean-Paul Sartre foi muito presente. Na canção “Infinita highway”, que mudou definitivamente a trajetória dos Engenheiros, por exemplo, há trechos como “a dúvida é o preço da pureza”, uma frase da obra O Muro, de Sartre. Esta música permite induzir a presença de uma temática existencial. Além da citação de O Muro em “Infinita highway”, Sartre é mencionado em “Guardas da fronteira” (“Acontece que eu não tenho escolha / Por isso mesmo é que eu sou livre / Não sou eu o mentiroso / Foi Sartre quem escreveu o livro”. O próprio Humberto Gessinger, líder da banda Engenheiros do Hawaii, afirma que "Infinita Highway" coloca sobre uma base musical progressiva reflexões existencialistas inspiradas por Sartre O segundo disco da banda, A Revolta dos Dândis, um dos mais aclamados pela crítica nacional, também é o que mais deixa transparecer as preferências de Humberto por Sartre. Ao mesmo tempo, o grupo foi acusado de elitista e fascista devido ao conteúdo de suas letras. Em resposta, Gessinger afirmou que o povo brasileiro entende tanto de existencialismo como de boxe, sendo os dois produtos de consumo. Entre as faixas que mais nitidamente evidenciam a filosofia existencial estão: Infinita Highway, Terra de Gigantes, Refrão de Bolero e a faixa que dá nome ao álbum, A Revolta dos Dândis[7][8][9].

Assim, do mesmo modo estão presentes no trabalho dos Engenheiros do Hawaii a filosofia de Camus, Nietzsche e Sartre; a linguagem social dos livros de Ferreira Gullar, John Fante, Arthur Rimbaud e George Orwell; bem como os aspectos regionais e nacionais, característicos das obras de Moacyr Scliar, Carlos Drummond de Andrade e Josué Guimarães.

Quando surgiu a banda Engenheiros do Hawaii, Gessinger utilizou-se de um experimentalismo de sons herdados da Bossa-Nova, Jovem Guarda, Tropicalismo e do Rock Progressivo, do qual ainda traz como marca em suas composições o conceitualismo, isto é, um engajamento em torno de um tema.

Formações

Humberto Gessinger é o único integrante da fundação do grupo que participou de todas as suas formações.

Última Formação

Humberto Gessinger - voz, baixo, bandolim, viola caipira, guitarra, acordeon, midi pedalboard, harmônica, violão e piano (1984-2008)

Gláucio Ayala - bateria e vocais (2001-2008)

Fernando Aranha - guitarra e violão (2004-2008)

Pedro Augusto - teclados (2005-2008)

The Fevers é uma banda brasileira de rock e pop formada no Rio de Janeiro em 1964[1] e associada a Jovem Guarda. Fez muito sucesso na segunda metade da década de 1960 e início da década de 1970, vindo se consagrar nos anos 1980 com as aberturas das novelas (Elas por Elas e Guerra dos Sexos, da Rede Globo). O grupo continua em plena atividade até os dias de hoje.

Histórico

Criada em 1964, a banda originalmente se chamava The Fenders[2] e seus membros originais eram Almir Bezerra (vocais e guitarra), Liebert (contrabaixo), Lécio do Nascimento (bateria), Pedrinho (guitarra), Cleudir (teclados). Em 1965, ao saber que The Fenders era uma marca registrada de guitarra tiveram que escolher outro nome, e por influência da música 'Fever' do Elvis Presley, decidiram colocar The Fevers. No primeiro semestre de 1965 chegou ainda o saxofonista Miguel Plopschi e em 1969 chegou para cantar as músicas em inglês o crooner Luiz Claudio.

Gravaram seus primeiros discos em 1965 e 1966 pela Philips, os compactos Vamos dançar o letkiss (versão de Letkiss), Wooly Bully (de Domingo Samudio, em versão) e Não vivo na solidão. Em 1966 apareceram no filme Na Onda do Iê-Iê-Iê.

Passando para a Odeon ainda em 1966, revelaram-se um dos mais importantes grupos vocais-instrumentais da Jovem Guarda. Fizeram (muitas vezes sem créditos nos discos) o acompanhamento instrumental de gravações de Eduardo Araújo (O bom), Deny e Dino (Coruja), Erasmo Carlos (os LPs O Tremendão e Você me acende), Roberto Carlos (gravações como Eu te darei o céu e Eu estou apaixonado por você), Golden Boys, Wilson Simonal (faixas como Mamãe passou açúcar em mim), Trio Esperança (LP A festa do Bolinha), Jorge Ben (o LP O bidu/Silêncio no Brooklin) e o primeiro LP de Paulo Sérgio.

O grupo foi eleito melhor conjunto para bailes em 1968 e lançou um LP chamado Os Reis do Baile. No ano de 1965, entra na banda o saxofonista Miguel Plopschi, em 1969 o vocalista Luís Cláudio entrou para a banda cantando os grandes sucessos em inglês; em 1975 entrou Augusto César, no ano seguinte Pedrinho sai da banda. Em 1979, com a saída de Almir, a banda convidou Michael Sullivan.

Em 1982 a música Elas por Elas (Augusto César e Nelson Motta) entrou na abertura da novela da TV Globo colocando o grupo como um dos grandes vendedores de discos e de shows do país. Em 1983, outra abertura de novela: a música Guerra dos Sexos (Augusto César e Cláudio Rabello) trouxe um público mais jovem a conhecer o trabalho do grupo. O componente Miguel Plopschi se desliga da banda e assume a direção artística da gravadora BMG nessa época.

Em 1984, ao fazerem participação especial no LP da recém-criada banda infantil Trem da Alegria, ajudaram a alçá-la ao estrelato, sendo parte fundamental na composição da lendária música Uni Duni Tê, uma das melhores músicas infantis já criadas no Brasil.

Em 1985, entra Miguel Ângelo como tecladista da banda, Michael Sullivan sai no ano seguinte. Em 1988, Augusto César grava um disco solo e convida o talentoso vocalista e guitarrista César Lemos que permanece 3 anos no grupo. Em 1988, é a vez de Cleudir sair.

Na década de 1990, outra mudança na banda: sai César Lemos e entra o guitarrista Rama. Por problemas de saúde, sai o baterista Lécio e entra Darcy. Em 1992, Almir Bezerra retorna à banda depois de 12 anos. Em 1994, Darcy dá lugar ao baterista Otávio. Com essa formação, The Fevers passa a década de 90 fazendo músicas de sucesso, porém como se tivesse começado uma nova banda. Em meados de 2000, Almir sai novamente da banda e quem assume o vocal principal agora é Luiz Claudio.

Em 2004, grande parte das obras de seu catalogo da EMI Music, remasterizadas foram lançadas em formato de box (caixas comemorativa), em Cd com o titulo “The Fevers Collection”. A coleção é composta por 21 títulos distribuídos em 10 volumes. O primeiro deles é o 0 (zero), chamado The Fevers e Amigos (1966), seguido pelo volume 1 – A Juventude Manda (1966) e A Juventude Manda 2 (1967), vol. 2 – O Máximo em Festa (1968), vol. 3 – Os Reis dos Bailes (1969) e The Fevers (1970), vol. 4 – The Fevers (1971) e A Explosão Musical dos Fevers (1971), vol. 5 – The Fevers (1972) e The Fevers (1973), vol. 6 – The Fevers (1974) e O Sol Nasce Para Todos (1975), vol. 7 – The Fevers Nadie Vive Sin Amor – Espanhol (1975), vol. 8 – The Fevers (1976) Muitas destas obras gravadas em vinil foram remasterizadas em processo digital por Marcelo Froes e relançadas em CD.

Os Fevers participaram ativamente da comemoração dos 40 Anos da Jovem Guarda. Ao lado de Erasmo Carlos , Wanderléa e Golden Boys , montaram sob direção geral de José Carlos Marinho, o projeto 40 Anos de Rock Brasil – Jovem Guarda, que excursionou pelas principais capitais atuando nos principais espaços de Mega Shows de todo Brasil, com extraordinária repercussão. O espetáculo foi registrado em DVD no Tom Brasil, São Paulo , premiado com Discos de Ouro e Platina. O Jovem Guarda – 40 Anos de Rock Brasil, manteve-se na estrada, com novo titulo, “Festa de Arromba”, tornou-se um dos principais espetáculos dirigido para Eventos Coorporativos. Em 2006, administrando o tempo entre shows e outros compromissos, gravaram ao vivo seu primeiro DVD numa grande apresentação realizada no Clube Português, em Recife. O repertorio foi composto por grandes sucessos, como : “Mar de Rosa”, “Agora Eu Sei”, “Hey Girl”, “Vem Me Ajudar”, “Nathalie”, “Onde Estão Seus Olhos Negros”, “Se Você Me Quiser”, “Cândida”, “Alguém Em Meu Caminho”, “Guerra dos Sexos”, “Elas Por Elas”, “Garoto Que Amava Beatles e Rolling Stones”, “Menina Linda” “Woolly Bully” e “For Ever”. Momentos especiais do DVD, além da perfeita performance dos Fevers foram as participações especiais de “ Renato e Seus Blue Caps ” e da Banda “ Pholhas ”. Sob Direção Artística de JC Marinho e produção Musical de Liebert Ferreira e Luiz Cláudio. No inicio de 2007 o DVD e Cd, com título homônimo, foi lançado pela gravadora Polydisc. Como esperado, a dobradinha novamente alcança novo record de vendagem, contabilizando mais um Cd e DVD de ouro para o grupo. Empolgados com o sucesso do DVD, costuraram novo show, lançando em agosto no palco do Canecão (Rio de Janeiro), o show “Vem Dançar”, com vendas de ingressos esgotadas. O repertório do espetáculo reproduz o do DVD, justificando muito bem o título “Vem Dançar”. O ritmo contagiante faz com que a platéia de um espetáculo à parte durante quase 2 horas do ritmo forte e contagiante da banda.

Um dos momentos mais importantes e emocionantes na carreira dos Fevers foi em 2008, o Concerto “FEVERS INTERNATIONAL TOUR”, no Ontário Place, em Toronto e em Mississauga, Canadá , onde foram homenageados pela comunidade portuguesa canadense. A turnê internacional teve seqüência em Julho de 2009, The Fevers apresentaram novamente no Canadá , desta vez com maior destaque no Chin Radio Pic Nic, considerado o maior pic nic ao ar livre do mundo, o evento reuniu uma platéia de mais de 150.000 pessoas no Ontário Place em Toronto, apresentaram-se novamente em Mississauga e em Winnipeg, todos os concertos tiveram lotação esgotada Este é o resultado do excelente trabalho da Banda The Fevers e a bom relacionamento que a Marinho Produções mantém com a comunidade empresarial internacional. A meta da produção e dos Fevers é manter o Show VEM DANÇAR para os próximos três anos, superando a quantidade e a qualidade dos shows realizados em 2010

Comemorando o sucesso e a carreira ininterrupta de quatro décadas, os FEVERS lançam um novo disco. E não é apenas “mais um disco” na extensa discografia da banda. É UM NOVO DISCO! Sim, eles não se acomodaram com o título de “A Banda mais Popular do Brasil” ou “A Melhor Banda de Shows”. O grupo resolveu inovar, registrando um de seus melhores trabalhos fonográficos até hoje. Um “frescor” de Anos 2.000 com a pegada dos FEVERS. Não é aquele som característico da banda, que só de ouvir já se identificava a fonte. Tem o toque do moderno com a qualidade da experiência de 47 Anos de Estrada.

Trazendo canções inéditas, algumas feitas por renomados amigos como os irmãos Rogério “Percy” Lucas e Robson Lucas (“Vício Sem Cura”), do grupo sulista Nenhum de Nós (“Você Vai Lembrar de Mim”), Alex Cohen e Michael Sullivan (“Vai e Vem”), Cesar Lemos, Karla Aponte e Elsten Torres (“When A Man Cries / Quando Um Homem Chora”, bem como, composições de integrantes da banda, “Sigo em Frente” (Luiz Cláudio e Francisdeo) e “O Pecado Mora Ao Lado” (Rama), este novo disco dos FEVERS aponta para o novo caminho e sonoridade da banda. Releituras do quilate de “Hey Jude” (John Lennon e Paul McCartney - Versão de Rossini Pinto), sucesso de seus shows desde 1969 e “Um Louco” (Ed Wilson), que a banda estourou em 1988, os FEVERS mostram a sua versatilidade em recriar clássicos de sua carreira para os novos ouvintes que estão chegando. Mensagens que a banda passa a seus fãs, de otimismo, alegria, confiança, com as regravações de “É Preciso Saber Viver” (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), “Boa Sorte” (O. Vera e H.Sotero – versão Paulo Coelho) e “Marcas do Que Se Foi” (Tavíto, Paulo Sergio Vale, Marcio Moura, Ribeiro, José Jorge e Ruy Mauriti). Para fechar o trabalho, o registro que mostra a cara dos FEVERS: a gravação de “Eu Nasci A Dez Mil Anos Atrás” ( Raul Seixas e Paulo Coelho), com uma pegada e uma energia que justificam tantas bandas e músicos contemporâneos prestarem homenagens ao grupo.

Para o resultado final com esta qualidade, buscou-se trabalhar com os melhores profissionais e o melhor de tecnologia em equipamentos. Com isso, “Didier Fernan”, dirigiu toda gravação no Estúdio Copacabana e em seu Home Estúdio (RJ), “Cesar Lemos” (ex-integrante FEVERS), foi o responsável pela gravação no Miami Beat Studio (Miami , EUA), “Guilherme Reis” mixou no Mega Studio (SP), e o festejado “Luigi Hoffer”, masterizou no DMS – Digital Mastering Solutions (RJ).

E os FEVERS não param. Este novo álbum, foi indicado ao Prêmio da Música Brasileira de 2011. Concorreu com The Fevers, as bandas Roupa Nova e Sua Mãe, na categoria "Melhor Álbum Canção Popular". A cerimônia do prêmio, aconteceu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em Julho de 2011, e a banda vencedora foi o Roupa Nova. Porém, para os Fevers foi uma grande vitória a indicação ao prêmio. Com agenda de shows muito requisitada, os Fevers mantém uma média anual superior a mais de 100 apresentações de Shows ao vivo, atuando de norte a sul do país e exterior.

Das festas populares, passando por eventos corporativos e recepções das camadas mais elitizadas da sociedade brasileira, Suas canções marcam épocas, o que prova que The Fevers, esta marcado nos corações de seus fãs e na musica popular brasileira. Fato este que independe de classe social e destaca o lado cult da banda, confirmando o resultado de pesquisa do programa Fantástico da TV Globo: The Fevers é a "Banda mais Popular do País". Nos dias de hoje a banda se apresenta pelo Brasil executando todos os grandes sucessos da sua carreira com Liebert, Luiz Claudio, Rama, Otávio Monteiro e Claudio Mendes.

Golden Boys é um grupo vocal do movimento Jovem Guarda no Brasil.[1] Eles são, na origem, um quarteto doo-wop, formado por três irmãos: Roberto (que faleceu em 2016), Ronaldo, Renato Corrêa, e um amigo, Waldir da Anunciação, falecido em 2004, que os irmãos Corrêa conheceram na Escola Ferreira Viana. Com o sucesso do grupo, Waldir passou a ser apresentado como "primo" para que os membros parecessem pertencer à mesma família.

Histórico

Os Golden Boys começaram a carreira muito jovens, por volta de 1958, como versão brasileira do conjunto americano The Platters. Destacaram-se em apresentações de rádio e televisão, e, inspirados nos quartetos norte-americanos, gravaram vários discos voltados para o público jovem.

Os irmãos Roberto, Renato e Ronaldo também atuaram como compositores de canções de sucesso gravadas por outros artistas, além de serem também produtores. Os Golden Boys excursionaram nos anos 60 por países da América do Sul e gravaram diversos álbuns.

Os maiores sucessos foram reunidos em uma coletânea de dois volumes da série Melhores Momentos. Algumas dessas faixas são "Cabeção" (Roberto Corrêa/ Silvio Sion), "Alguém na Multidão" (Rossini Pinto) e versões de músicas dos Beatles, como "Michelle" e "Ontem" ("Yesterday").

Após terem se dedicado ao "iê-iê-iê" brasileiro, no final dos anos 60 e início dos anos 70 participaram de vários álbuns de artistas da MPB e do pop-rock brasileiro, álbuns estes que futuramente se tornariam cult e objeto de desejo de colecionadores, como o clássico Carlos, Erasmo de Erasmo Carlos, nos discos de Marcos Valle, e até mesmo do álbum A Matança do Porco do grupo de rock progressivo Som Imaginário.

Os irmãos mais jovens formaram o Trio Esperança, com Regina, Mario e Evinha, mais tarde substituída pela irmã mais nova, Marizinha.

Grafite é uma banda brasileira que foi fundada em 1982. A banda começou a ganhar destaque pouco depois de ter sido fundada, aparecendo em vários programas de auditório da televisão brasileira, principalmente aquele protagonizado pelo apresentador Chacrinha, que foi responsável pela entrega de seus seis discos de ouro. Era formada por Chico Donghia, Humberto Donghia (Tuca) e Paulo de Tarso Donghia e segue em atividade nos dias atuais, cujo maior hit foi a canção "Mamma Maria".

A formação que emplacou o sucesso na década de 80 também contava com as participações de Cláudia Diniz e Sônia Mattos. O Grafitte totalizou mais de 2000 apresentações em shows ao vivo na sua carreira. Hoje, o Grafite tem mais de 10 milhões de exibições na internet. E ainda hoje, o sucesso Mamma Maria obtém mais de 5.000.000 de exibições no You Tube e cerca de 200 execuções em rádios brasileiras diariamente.

Histórico

Anos 80, lançamento e auge

A Banda Grafite foi fundada em meados de 1982 pelos irmãos Chico Donghia, Paulo de Tarso e Humberto Donghia emplacou os hits Seu Lugar (1983, composição de Chico Donghia) Siga-me (1985, de Vinícius Cantuária, recriada com a produção do renomado maestro e arranjador Lauro Salazar) e o sucesso Mamma Maria (1984, de Minellono e Farina, com versão em português de Paulinho Camargo), gravada originalmente pelo trio italiano Ricchi & Poveri, rearranjado pelo maestro Lincoln Olivetti, alcançando o topo das paradas de sucesso nacional durante vários meses, com milhares de execuções em todas as emissoras de rádio e televisão por todo o Brasil, além de execuções em Portugal.

O Grafite, que contava em sua formação original também com Cláudia Diniz, Sônia Mattos e Celso Escobar (substituído, pouco tempo depois, por Paulo Morais), começou a ganhar destaque aparecendo em vários programas de auditório da televisão brasileira, principalmente aquele protagonizado pelo apresentador Chacrinha, sendo premiada com 6 discos de ouro no programa Cassino Do Chacrinha (Rede Globo de Televisão), programa no qual a banda se apresentou mais de 40 vezes, tornando-se no maior palco de suas performances em televisão. A Banda também realizou centenas de performances musicais em programas de TV de outras emissoras, como Perdidos na Noite (apresentado por Fausto Silva), Programa Raul Gil, Programa do Gugu, Programa Sílvio Santos, Hebe Camargo, Barros de Alencar, Flávio Cavalcante, Bolinha, Xou da Xuxa e Jota Silvestre. Em 1989 chegou a realizar mais de duas mil apresentações em todo país.

Anos 90 e 2000

O Grafite realiza centenas de shows nos anos 90. Em 1992 iniciaram a gravação do LP Ninive (Oficina do Amor), voltado para músicas religiosas, sendo lançado oficialmente no ano de 1993.

No início dos anos 2000, levaram ao público o espetáculo "Beatles in Concert", período que rendeu duas apresentações no Cavern Club de Liverpool, na Inglaterra, e várias apresentações, durante anos no Teatro Municipal de Niterói (RJ)

Em 2007 a banda Grafite lança o DVD Festa Ploc 2, gravado no Circo Voador/RJ, com grandes sucessos dos anos 80.

Em 2009 realizaram uma apresentação que trazia dezenove de suas músicas e chamada "Grafite História 1982-1989". No ano seguinte, em parceria com a cantora catarinense Marília Dutra, a banda, novamente com Chico Donghia, Paulo de Tarso Donghia e Humberto Donghia na formação, regravou o clássico sucesso dos anos 80, Mamma Maria, estreando na novela Malhação, da Rede Globo. Desde 2012 com a formação atual, o Grafite gravou e lançou o álbum Beatles Boleros, em junho de 2017, em plataformas digitais pelo selo Seven Art-Sony Music.

Desde abril de 2015, a banda vem apresentando o espetáculo Beatles Flashback, em homenagem ao grupo honônimo, os Beatles.

Los Hermanos é uma banda brasileira de rock alternativo, formada no Rio de Janeiro, em 1997. O som do grupo foi fortemente influenciado por bandas do underground carioca dos anos 1990, tais como Acabou La Tequila, Carne de Segunda e Mulheres Q Dizem Sim, entre outras, e pelo som de bandas estrangeiras como Weezer e Squirrel Nut Zippers

História

1997 - 1998: O início e a repercussão

Até então estudantes da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Marcelo Camelo (jornalismo) e Rodrigo Barba (psicologia) formaram uma banda que contrapunha o peso do hardcore com a leveza de letras sobre o amor. Além disso, a banda contava com um saxofonista e, posteriormente, o tecladista Bruno Medina, estudante de publicidade na mesma faculdade, foi incorporado à formação do grupo. Com a entrada dos músicos Rodrigo Amarante (vocais, guitarra e percussão) e Patrick Laplan (baixo) e com a saída de três músicos de sua formação (o trompetista Márcio e os saxofonistas Carlos e Victor), a banda gravou, em 1997 seus primeiros materiais: as demos "Chora" e "Amor e Folia".

As demos repercutiram na cena underground do Rio de Janeiro e, posteriormente, os Los Hermanos foram chamados para tocar no "Superdemos", grande festival de música independente carioca e no festival Abril Pro Rock, de Recife, considerado um dos festivais que mais revelam artistas nacionais.

1999 - 2001: Los Hermanos e o sucesso

Em 1999, a banda assinou com a gravadora Abril Music e lançou seu primeiro álbum, o homônimo Los Hermanos, que repercutiu entre o público jovem, identificados com as letras estilo Jovem Guarda, misturadas a um conjunto musical influenciado pelo rock, ska e samba. O sucesso do álbum foi puxado pela música "Anna Júlia", escolhida - pela gravadora - como primeiro single do trabalho. O disco foi produzido pelo famoso produtor Rick Bonadio, conhecido por emplacar bandas-fenômenos. Segundo Bonadio, teria sido ele o responsável por convencer os integrantes da banda a inserir a canção na seleção do repertório final do álbum. O single é inspirado numa paixão do produtor da banda e levou a banda não só às rádios de todo o país, mas a eventos diversos, como feiras agropecuárias, estádios de futebol, e micaretas, e a tocar para mais de 80 mil pessoas em alguns festivais do país, mesmo com um único disco lançado. A banda era presença constante em programas populares de auditório em canais abertos. Em apenas um semestre, "Anna Julia" já figurava nas primeiras posições das principais rádios do país. Seu videoclipe, que contava com a atriz Mariana Ximenes, era constantemente exibido em programas dedicados ao gênero tanto nos canais abertos, como na MTV. Somente naquele ano, Los Hermanos já havia vendido 300 mil cópias e emplacado dois singles na parada de sucesso, como a já citada "Anna Julia" e o segundo single, "Primavera". O álbum emplacou também uma indicação ao Grammy de 2000.

Na entrega do Prêmio Multishow de Música Brasileira 2000, Marcelo Camelo demonstrou estar embaraçado ao ganhar de Chico Buarque na categoria de melhor música, com "Anna Julia". Envergonhado, disse: "Cara, eu não sei nem o que falar. Eu me sinto envergonhado de ganhar um prêmio em uma categoria em que o Chico Buarque esteja competindo".

Em 2001, a música "Anna Júlia" foi gravada pelo ex-beatle George Harrison. Antes de seu falecimento, Harrison se juntou ao vocalista Jim Capaldi, do Traffic, para gravar uma versão em inglês para o sucesso.

2001 - 2002: Bloco do Eu Sozinho

Dois anos depois, em 2001, o grupo lança o álbum Bloco do Eu Sozinho, também pela abril Music. Algumas das músicas desse álbum, foram tocadas no Rock in Rio III. A banda perdera o baixista Patrick Laplan, alegando divergências musicais, o qual montou sua própria banda, Eskimo. Bloco do Eu Sozinho surpreendeu grande parte do público por ser um álbum (quase) sem resquícios do anterior. Ao som da banda, acrescentaram-se levadas melancólicas do samba, da bossa nova e de outros ritmos latinos. A euforia do primeiro álbum não se repetiu nas vendas e a banda passou a tocar em lugares menores, com a diminuição de seu público. Porém, a partir desse ponto, a banda ganhava um grande aliado em sua caminhada, justamente o público, que se mostrava cada vez mais fiel. Músicas como o primeiro single "Todo Carnaval tem seu Fim", "A Flor", "Sentimental", entre outras, tornaram-se hits à parte do lado comercial. Depois de algum tempo do lançamento, a crítica especializada começaria a elogiar o álbum, que ganhou notoriedade no meio após ter chegado ao conhecimento de todos a divergência que havia entre a banda e a gravadora. O guitarrista Rodrigo Amarante, passou a ter mais espaço na banda, com composições como "Retrato Pra Iaiá", "Sentimental", "Cher Antoine" e "A Flor" (essa com Marcelo Camelo). Seguiram-se ainda participações no "Fordsupermodels" (a banda tocava em um palco, fazendo a trilha sonora para o evento de moda), e no Luau MTV, no qual foram incluídas, em versão acústica, músicas do primeiro e do segundo CD, e que mais tarde seria lançado em DVD.

2003 - 2004: Ventura

Marcelo Camelo na Fnac em 2003.

O ano de 2003 chegava e já na BMG, os Hermanos lançaram o álbum Ventura. Antes chamado de Bonança, foi o primeiro disco brasileiro a "vazar" em sua fase de pré-produção. O terceiro álbum apresentava um Los Hermanos multi-facetado. De "Samba a Dois" ao pop rock de "O Vencedor" ou dos diálogos de "Conversa de Botas Batidas" e "Do Lado de Dentro", Ventura vinha com status do álbum que consolidaria a banda no cenário nacional. O primeiro single, "Cara Estranho", marcou boa presença nas rádios e em premiações de videoclipes. Vieram depois "O Vencedor" e "Último Romance", essa última de Rodrigo Amarante, que assinou 5 das 15 músicas do álbum e passou a se destacar como compositor do cenário. A cantora Maria Rita em seu álbum homônimo, gravou três músicas de Marcelo Camelo: "Santa Chuva", "Cara Valente" e "Veja Bem Meu Bem". Os shows passaram a abrigar uma legião de fãs que passaram a ser a marca registrada da banda. Foi na turnê do álbum Ventura, que foi registrado o DVD Los Hermanos no Cine Íris - 28 de junho de 2004, gravado no Rio de Janeiro, com um repertório predominante do álbum. Foi nesta época que a banda gravou a trilha sonora do curta-metragem Castanho, de Eduardo Valente, na qual o estilo do disco ficou muito evidente na primitiva versão de "Conversa de Botas Batidas" e da canção conhecida só por "Tema do Macaco".

Na apresentação da banda no Video Music Brasil (VMB) do ano de 2003, foram apresentados pelo cantor e compositor Caetano Veloso. Ao anunciar a banda, Veloso colocou uma barba ruiva postiça, tal como todos os membros das primeiras filas da premiação. Ato classificado como "mico", pelo tecladista Bruno Medina.

Em janeiro de 2004, a banda se apresentou no programa Domingão do Faustão, da Rede Globo. Durante o programa, a banda tocou a música "Anna Júlia", devido a insistência do apresentador Fausto Silva em dizer que a banda "nunca mais tocara" a canção. A banda recebeu um e-mail de uma fã, questionando e criticando o apresentador. Essa crítica foi rebatida pelo tecladista Bruno Medina, no próprio site da banda.

Em julho de 2004, o vocalista Marcelo Camelo foi agredido pelo vocalista Chorão, da banda Charlie Brown Jr.. A agressão ocorreu na sala de desembarque do aeroporto de Fortaleza e o agressor, chegou a ser detido pela Polícia Federal. O Charlie Brown Jr., mesmo enviando uma nota pedindo desculpas pelo acontecimento, foi processado por Camelo e teve que indenizar o cantor da banda carioca por danos morais e ressarcimentos de compromissos cancelados. A agressão ocorreu por causa de declarações de Marcelo Camelo e de Rodrigo Amarante, à revista OI, sobre a então recente campanha publicitária da marca de refrigerantes Coca-Cola. Na ocasião, a banda paulista era a contratada e, no vídeo, questionava um rapaz que não estava de acordo com os itens oferecidos no comercial.

2005 - 2007: 4 e hiato

Em 2005 chega o quarto álbum da banda, 4. Produzido por Alexandre Kassin, que assinara os dois últimos, o álbum mostrava um conteúdo mais introspectivo e uma aproximação mais impactante com a MPB. O disco, no entanto, seria considerado "irregular" pela grande crítica. Seja no violão de "Sapato Novo" e na bossa de "Fez-se Mar", ou a predominância de um clima saudoso nas letras de Camelo e Amarante, 4 dividiu novamente o público: a banda estava em mais um novo rumo. O álbum teve como single de bastante repercussão a música "O Vento" do guitarrista Rodrigo Amarante. Seguiram-se a esse single "Condicional" e "Morena", ambas as músicas com clipes lançados ao mesmo tempo.

Em abril de 2007, a banda anunciou um recesso por tempo indeterminado nos trabalhos, alegando o acúmulo de muitos projetos pessoais ao longo de seus dez anos de carreira. Estavam previstos dois shows de despedida, a se realizarem nos dias 8 e 9 de junho de 2007, que posteriormente seriam lançados no CD e DVD Los Hermanos na Fundição Progresso - 09 de junho de 2007. Porém devido à grande procura por ingressos (que haviam rapidamente se esgotado), a banda decidiu fazer um show extra no dia 7 de junho (show que não foi incluído no DVD). O álbum foi oficialmente lançado em agosto de 2008 em parceria com o canal Multishow.

2009 - 2010: Reuniões esporádicas

Mesmo em recesso, a banda realizou duas apresentações no festival Just a Fest, nos dias 20 e 22 de março de 2009, nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente. Nos shows, abriu junto com a banda alemã Kraftwerk para a banda inglesa Radiohead.

Em 2010, a banda deu início a uma mini-turnê pelo Nordeste. Os shows em Fortaleza (no Ceará Music), Salvador e Recife foram confirmados por Bruno Medina em sua coluna no portal G1. No mês de outubro a banda tocou no festival SWU, realizado no interior de São Paulo. Apesar dessa pequena quebra no hiato, nenhuma notícia sobre álbum novo foi confirmada.

2012 - 2015: Turnês

Em novembro de 2011, Bruno Medina publicou em seu blog pessoal, no G1, que em 2012 o Los Hermanos sairía para uma turnê, as datas coincidem com o 15º aniversário da banda.

"Reconheço que, faz uns bons dias, venho pensando sobre a melhor maneira de começar a redigir este post que vocês agora leem; e não era para menos, afinal a mim foi delegada a delicada missão de tornar pública uma notícia que com certeza deixará muitos queixos caídos por aí, a começar pelo meu próprio. Sim, apesar das circunstâncias me envolverem diretamente, foi com surpresa que presenciei o encadeamento de uma série de felizes coincidências, sem as quais nada do que tenho para contar a vocês teria sido possível. Bom, acho que já fiz suspense o suficiente, portanto hora de parar de encher linguiça e ir logo ao que importa. É com enorme satisfação, um certo frio na barriga e a expectativa de despertar alguns sorrisos Brasil afora que anuncio: 2012 será ano de turnê do Los Hermanos.

A turnê aconteceu em 12 cidades do Brasil.

Em 5 de dezembro de 2014, a banda anunciou dois shows em mais uma reunião dos membros. As apresentações ocorreram em 30 e 31 de outubro de 2015 em comemoração ao aniversário de 450 anos da cidade do Rio de Janeiro. A pedido dos fãs, a banda também fez uma pequena turnê pelo Brasil.

2019: Novo retorno

No fim de dezembro de 2018, os quatro integrantes anunciaram a nova turnê da banda. No ano de 2019, o disco de estreia completa 20 anos. A estreia da turnê é prevista para o dia 5 de abril, na Arena Fonte Nova, em Salvador.

No dia 30 de março de 2019, a banda fez seu primeiro show desde 2015. No Lollapalooza Argentina, a banda tocou músicas de seus quatro discos.

No dia 2 de abril de 2019, após 14 anos, a banda lança o single "Corre, Corre".

No mês seguinte, na noite do sábado, dia 4, a banda faz grande show no Maracanã e toca 26 músicas, celebrando toda a discografia. O show foi transmitido ao vivo pelo canal pago Multishow.

A turnê conta com um setlist padronizado. Onde alguns shows foram abertos com "A Flor" e terminaram com um encore de "Deixa o Verão", "Azedume" e "Pierrot.".

Segundo o site setlist.fm, no show do Maracanã, o show foi composto por 10 músicas do disco Ventura, 6 músicas do 4, 6 músicas do Bloco do Eu Sozinho, 4 músicas do Los Hermanos (álbum de estreia) e o single "Corre, Corre". Das 27, Marcelo Camelo canta 16, incluindo "A Flor", que conta com a participação de Rodrigo Amarante, que por sua vez, canta 11 músicas do concerto.

No dia 14 de maio de 2020, a banda lança seu segundo álbum ao vivo Los Hermanos 2019, gravado durante a turnê de comemoração dos 20 anos do primeiro álbum.

Integrantes

Rodrigo Amarante - vocais, guitarra, percussão, baixo

Rodrigo Barba - bateria, percussão

Bruno Medina - teclado, vocal de apoio

Marcelo Camelo - vocais, guitarra, baixo

Os Incríveis é uma banda brasileira de rock formada em São Paulo, em 1962. Inicialmente, o grupo utilizava o nome The Clevers - seguindo a moda da época de nomes de conjuntos em inglês - e atingiu algum sucesso na época com versões de canções italianas e músicas instrumentais, chegando a comandar um programa de televisão. Em 1964, tocam como banda de apoio em uma apresentação que Rita Pavone fez na TV brasileira e recebem um convite da cantora para acompanhá-la em uma turnê europeia. Ao regressarem, começam uma briga com o seu empresário - o radialista Antônio Aguillar - que os leva a uma temporada na Argentina e a trocar o nome da banda. Continuam fazendo sucesso com o novo nome, lançando álbuns e compactos, participando de programas de tv - como o Jovem Guarda, e chegando a estrelar um filme - Os Incríveis Neste Mundo Louco - dirigido por Brancato Júnior. No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, lançam uma série de sucessos de impacto nacional, como "O Milionário", "Minha Oração", "Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones" e "Eu Te Amo, Meu Brasil". Entretanto, devido à pressão gerada pelo sucesso desta última canção - por parte da imprensa, do governo e da gravadora, a banda encerra suas atividades no início de 1972.

No ano seguinte, Mingo, Nenê e Risonho retomam o grupo acompanhados de músicos de estúdio e lançam 3 álbuns e diversos compactos. Em 1981, os músicos da formação original se reúnem para lançar um último álbum e se separam novamente. No início da década de 1990, alguns membros da banda chegaram a se apresentar em shows e programas de televisão como Os Incríveis, mas não houve a gravação de nenhum disco novo. Em 1995, Netinho produz o show Novo de Novo - para comemorar trinta anos da estreia do programa Jovem Guarda - e busca reunir a banda, mas, diante da negativa de vários membros, resolve montar o conjunto com novos músicos. A partir desta data, entre períodos mais parados e outros mais movimentados, o grupo continua fazendo apresentações pelo país, lançando um DVD em 2015 em comemoração aos 50 anos da troca do nome da banda. Em 2018, lançam o primeiro álbum com material inédito desde 1981 e continuam tocando pelo país regularmente.

Carreira

O início: The Clevers

Domingos Orlando (Mingo), Waldemar Mozena (Risonho) e Demerval Teixeira Rodrigues (Neno) eram três adolescentes paulistanos que conheceram Antônio Rosas Sanches (Manito) - que morava na mesma cidade, mas que havia nascido em Vigo, na Espanha - e resolveram montar uma banda com ele. O incentivo veio da família de Manito formada por pessoas que estavam sempre tocando instrumentos e cantando. Todos gostavam de rock - e dos estilos derivados que estavam na moda, como o twist. A dificuldade estava em encontrar um baterista, já que Mingo e Risonho tocavam guitarra; Neno tocava baixo e Manito tocava praticamente qualquer instrumento de sopro ou de teclas. Foi então que o quarteto conheceu Luiz Franco Thomaz (Netinho) - que nasceu em Itariri e tinha vindo de Santos para estudar - e, ao descobrir que ele já havia tocado bateria em uma orquestra, convidou-o para entrar no grupo. Mas tinha uma condição: ele precisava ter uma bateria. Netinho ligou para o seu avô pedindo o instrumento de presente e, a partir daí, carregou o apelido para toda a vida.

Assim, em 1962, os cinco começaram a ensaiar e a tocar em festas. O repertório era influenciado pelas músicas que faziam sucesso na época: twist, surf music e outros rocks instrumentais, influenciados por grupos como The Shadows e The Ventures. Nas festas, beneficiavam-se do fato de alguns deles já terem tocado em outros conjuntos que faziam relativo sucesso: The Jet Blacks e The Jordans. Assim, no ano seguinte, em uma dessas apresentações, são ouvidos pelo radialista e apresentador Antônio Aguillar que comandava um programa de TV chamado Ritmos para a Juventude, exibido pela TV Paulista. O apresentador utilizava o programa para promover bandas de rock que ele, então, passava a empresariar. E Aguillar já estava trabalhando justamente com aqueles dois grupos quando conheceu o quinteto. Logo, o apresentador apadrinha o grupo, dando a eles o nome de The Clevers e conseguindo um contrato para gravarem alguns compactos para a gravadora GEL, através do selo Continental, do diretor artístico Diego Mulero - o Palmeira da dupla Palmeira & Biá.

Sucesso

Em agosto de 1963, lançam o seu primeiro single, um 78 RPM com "Afrika" e "El Relicario", imediatamente estourando com o lado B. Após o sucesso inicial, a gravadora e o empresário pressionaram os rapazes para que gravassem alguma coisa cantando também. Assim, foi lançado em outubro "I Want You Baby" / "Look at My Eyes", com Mingo assumindo os vocais. Seguiu, ainda, mais um 78 RPM em novembro - com "El Novillero" e "Maria Cristina" - e um LP em outubro: Encontro com The Clevers (Twist). No final de novembro, a Folha de S.Paulo já está congratulando Aguillar por ter descoberto o grupo que mais fazia sucesso no momento. No início de janeiro de 1964, embarcam como atração principal em um cruzeiro marítimo - o Princesa Leopoldina - que percorreu diversas cidades do Brasil, como Santos, Rio de Janeiro, Belém e Manaus.

No início de 1964, enquanto estão no cruzeiro, a gravadora faz diversos lançamentos para aproveitar o sucesso. Logo, saem mais três 78 RPM: "Jalousie" / "Veneno", em janeiro; "Il Tancaccio" / "Clever's Surf", em abril; e "Menina dos Sonhos Meus" / "Se mi Vuoi Lasciari", em maio. Além disso, ocorre o lançamento de dois compactos duplos: Encontro com The Clevers (Twist), contendo material do primeiro álbum, sai em fevereiro; e The Clevers com Hully Gully - em que a gravadora busca pegar uma carona com a dança da moda, em maio. Finalmente, saiu também, no começo do ano, o segundo álbum de estúdio do grupo: Os Incríveis. Com a volta do quinteto após o cruzeiro e a continuidade do sucesso, gravam, em junho, o seu terceiro disco - Os Incriveis Vol. 2 - que é lançado no mês seguinte e rende críticas favoráveis ao grupo.

Rita Pavone

Em junho, sai a notícia de que Rita Pavone - cantora italiana que estava fazendo imenso sucesso no Brasil com sua canção "Datemi un Martello" - viria ao país para se apresentar em São Paulo como parte de sua turnê mundial que passaria pela América do Sul - apresentaria-se antes, também, em Buenos Aires.[8] Ao saber da notícia, Antônio Aguillar - cujo programa já se chamava Reino da Juventude e era exibido pela TV Record, após breve passagem pela TV Excelsior - foi falar com Paulo Machado de Carvalho, seu chefe, para conseguir uma aparição da cantora no seu programa. O dono da TV Record foi falar com Teddy Reno assim que a cantora desembarcou no Brasil, em 19 de junho, e ficou acertado uma aparição de Rita no programa de Aguillar e outra na TV Rio, associada da Record na capital da Guanabara. Assim, no dia seguinte, Rita comparece à gravação do programa - que seria exibido na tarde de domingo, cantando acompanhada do quinteto. A cantora e seu empresário gostam tanto da performance da banda que os convidam para serem a banda de apoio nos shows que Rita faria no Teatro Record. Desse modo, os Clevers ensaiam com a cantora na segunda-feira e a acompanham nos shows realizados em São Paulo - bem como a uma apresentação relâmpago em frente ao prédio da TV Rio, no dia 25 de junho, e em uma festa no Clube Atlético Monte Líbano, no dia 26

Após as apresentações, o conjunto foi convidado por Rita e seu empresário para realizarem uma turnê por mais de 30 cidades europeias, começando em agosto e terminando com o show de encerramento do 25º Festival Internacional de Cinema de Veneza, em 10 de setembro. Viajaram à Europa na companhia de Brancato Júnior, que seria o representante da banda por lá. Enquanto estavam na Europa, compraram equipamento de primeira linha para o grupo Enquanto o grupo se encontrava na Europa, sua gravadora não ficou parada e tratou de lançar um compacto simples - o primeiro da carreira da banda - com "Datemi un Martello" e "Sul Cucuzzolo", já em agosto, e um compacto duplo, em setembro: The Clevers Internacional, Após a volta da banda, saiu também o compacto duplo Veneno.

Esta viagem fez surgir um boato sobre um namoro entre a cantora e o baterista da banda, o Netinho. O namoro sempre foi confirmado pelo brasileiro - que chegou até a falar em casamento na época, mas Pavone nunca comentou o relacionamento. O que é certo é que a história rendeu - e rende até hoje- Muita cobertura de imprensa para o grupo. Além disso, Rita Pavone acabaria casando quatro anos mais tarde, em 1968, com o seu empresário.

Mudança de nome

Com a volta do grupo para São Paulo, em setembro, os músicos decidem trocar de empresário, separando-se de Antônio Aguillar e escolhendo Brancato Júnior para ser seu novo representante. Isto provoca uma briga, com Aguillar acusando Brancato de "envenenar" os músicos para "roubar" a banda dele. Como resultado, Aguillar proíbe-os de utilizar o nome The Clevers que ele havia registrado em julho como sua propriedade. Inicialmente, a banda e Brancato aceitam trocar o nome para Os Incríveis, fazendo o anúncio para a imprensa em novembro. Entretanto, a gravadora resiste à ideia de mudar o nome do grupo que estava gravando material para o lançamento de um novo disco em janeiro. Além disso, após o desentendimento, Aguillar também havia registrado a marca Os Incríveis através da qual produzia os LP's que eram lançados pelo grupo. Assim, inicia-se uma batalha judicial pelo nome da banda que teria fim apenas em julho de 1965, quando as partes concordam com Aguillar manter a marca "The Clevers" e ceder a marca "Os Incríveis" ao grupo e seu novo empresário.

Enquanto ainda estava acontecendo a briga judicial, a gravadora lançou um novo compacto simples, em janeiro - com "In Ginocchio da Te" e "Raunchy", e o quarto álbum da banda, no mesmo mês: Dançando com The Clevers - Os Incríveis Vol. 3. O álbum recebeu, novamente, resenha na Folha, mas o grupo chamava mais atenção pela briga judicial do que pelo conteúdo do disco.Ainda, em abril, sai o último compacto duplo com o antigo nome da banda: Sensacional. A banda, por outro lado, acompanhou a cantora italiana Stella Dizzy em sua apresentação na TV Rio em dezembro e viajou para a Argentina para cumprir compromissos por lá. O que deveria ser uma curta temporada, durou até o fim de maio, quando voltaram para o Brasil. Em Buenos Aires, tocaram, promoveram a banda e assinaram um contrato com a CBS Argentina para a gravação e lançamento de um disco por lá: Los Increíbles, que seria lançado no Brasil somente em fevereiro de 2019.

A Jovem Guarda e o sucesso

O sucesso veio durante o período da Jovem Guarda, com canções populares como "O Milionário", "Minha Oração", "Era um Garoto Que, Como Eu, Amava os Beatles e os Rolling Stones" - uma versão brasileira da música italiana "C’e come um regazzo me amava Beatles e Rolling Stones", de Gianni Morandi - e "Eu Te Amo, Meu Brasil", sendo esta última uma canção de exaltação da pátria brasileira que fez um enorme sucesso popular durante o governo militar do general Médici.

O fim da banda

Ao longo dos anos de 1970, ex-integrantes dos Incríveis formariam outras importantes bandas do rock brasileiro, Netinho montou a banda Casa das Máquinas e Manito juntamente com Pedro Baldanza e Pedro Pereira da Silva formaram o famoso grupo progressivo Som Nosso de Cada Dia.

Mingo, Nenê e Risonho

Reunião e novo fim

A volta

Entre 2001 e 2005 o grupo voltou a se reunir em algumas ocasiões.

Legado

Em 2005, "Os Incríveis" foi uma das bandas escolhidas para serem homenageadas no álbum "Um barzinho, um violão", onde foram regravadas músicas de bandas de grande sucesso das décadas de 1960 e 1970. Foi escolhida a música "O Vagabundo", interpretada pela banda Engenheiros do Hawaii.

Integrantes

Formação atual

Rubinho Ribeiro: vocal e guitarra (2010 - atualmente)

Sandro Haick: guitarra (1995 - atualmente)

Wilson Teixeira: saxofone (1995 - atualmente)

Leandro Weingaertner: baixo e vocais (1995 - atualmente)

Netinho: bateria (1962 - 1972; 1981; 1995 - atualmente)

Inocentes é uma das primeiras e mais importantes bandas de punk rock brasileiras, formada em 1981 por ex-integrantes de duas bandas da periferia de São Paulo, o Restos de Nada e o Condutores de Cadáver.

História

Início

O Inocentes foi formado em agosto de 1981, por três ex-membros do Condutores de Cadáver, o guitarrista Antônio Carlos Callegari, o baterista Marcelino Gonzales e o baixista Clemente, este, o mais experiente, pois já havia tocado no Restos de Nada, primeira banda punk paulistana. Os três chamaram o novato Maurício para assumir os vocais.

O nome Inocentes teria sido inspirado em uma música dos primórdios do punk inglês, de John Cooper Clarke, "Innocents", que fez parte da coletânea Streets do selo Beggar’s Banquet. Suas influências foram bandas como Buzzcocks, The Vibrators, Generation X, New York Dolls, The Saints e Ramones.

Em 1982, foram convidados, junto com Cólera e Olho Seco, a participar da coletânea Grito Suburbano, o primeiro registro sonoro das bandas punks brasileiras, lançada pelo selo Punk Rock Discos em 1982.

Com a explosão do movimento punk paulistano para todo o Brasil, o Inocentes conseguiu projeção nacional e se tornou um de seus porta-vozes. Eles viraram personagens do documentário em vídeo Garotos do Subúrbio, dirigido por Fernando Meirelles (diretor de Cidade de Deus), e exibido no MASP em 1982, e do curta Pânico em SP, dirigido por Mário Dalcêndio Jr.. No fim do mesmo ano, já com um novo vocalista, Ariel Uliana Jr., participam do festival O Começo do Fim do Mundo, no SESC Pompéia, em São Paulo, que foi registrado ao vivo e lançado em disco no ano seguinte em forma de coletânea.

Em 1983, fazem parte da invasão ao Rio de Janeiro por punks paulistanos, tocando no Circo Voador com sete bandas punk paulistas e mais Paralamas do Sucesso, de Brasília, e Coquetel Molotov, do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, entram em estúdio para gravar seu primeiro LP, Miséria e Fome; porém todas as treze músicas compostas que entrariam no disco foram censuradas, forçando a banda a alterar as letras de três delas, que foram registradas no compacto Miséria e Fome. Participam do média-metragem Punks, dirigido por Sarah Yakni e Alberto Gieco, e no fim do ano, já como um trio com Clemente nos vocais, a banda acaba em pleno palco do Napalm (casa noturna precursora do Madame Satã), devido aos rumos que o movimento punk havia tomado (as brigas entre gangs aumentavam a cada dia, não havia mais shows e zines).

O Inocentes voltou em 1984 com uma nova formação, Antônio "Tonhão" Parlato na bateria, André Parlato no baixo, Ronaldo dos Passos na guitarra e Clemente nos vocais e guitarra. E também com uma nova proposta, um som mais próximo do pós-punk e o objetivo de tocar além das fronteiras do movimento punk, fazendo parte parte do chamado rock paulista com bandas como Patife Band, Ira!, As Mercenárias, Voluntários da Pátria, Smack, 365, entre outras. Tocaram no Lira Paulistana, Zona Fantasma, Via Berlim, Rose Bom Bom e Circo Voador, no Rio de Janeiro, onde fizeram a abertura de um show da Legião Urbana.

Nesse mesmo ano, Grito Suburbano é lançado na Alemanha com o nome de Volks Grito, pelo selo Vinyl Boogie, e a banda é incluída na coletânea Life is Joke, que contou com bandas punk do mundo inteiro, lançada pelo selo Weird System também da Alemanha.

Os anos na Warner

Em 1986, Branco Mello dos Titãs leva uma demo deles para a Warner que os contrata, e lançam o mini-LP Pânico em SP, produzido por Branco e Pena Schmidt, tornando-se a primeira banda punk brasileira a gravar por uma multinacional. O disco é bem recebido pela mídia e a banda excursiona por todo o Brasil pela primeira vez. As vendas na Warner são boas, mas não são as esperadas pela gravadora. Apesar disso, a banda conquista respeito e público por todo o país. Pânico em SP apresenta uma sonoridade mais limpa, mas sem perder as raízes punk rock do grupo, incluído a regravação de "(Salvem) El Salvador", do compacto Miséria e Fome, e músicas antigas que ainda não haviam sido gravadas, como o ska "Não Acordem a Cidade", que também foi o primeiro vídeoclipe da banda. Devido à banda ter assinado com uma multinacional, na época alguns punks disseram que eles foram "vendidos" ao sistema. Este álbum foi mais tarde escolhido pela Rolling Stone Brasil como o sexto melhor álbum de punk rock brasileiro.

O segundo álbum pela Warner, Adeus Carne, sai em 1987 e foi produzido por Geraldo D’Arbilly e Pena Schmidt. Contém músicas que tocaram nas rádios rock, como "Pátria Amada" (que se tornou seu segundo vídeoclipe), "Tambores" e "Cidade Chumbo". O show de lançamento, realizado no Center Norte, no estacionamento do shopping na zona norte de São Paulo, reúne mais de dez mil pessoas. Apesar de tudo isso, a gravadora deixa a banda de lado por considerá-la "difícil" de trabalhar.

O terceiro álbum pela Warner só sai em 1989, produzido por Roberto Frejat, do Barão Vermelho. Segundo a banda, é um disco um tanto confuso, desde a capa, onde a banda aparece nua e algemada, até o conteúdo, uma mistura de rock’n’roll, punk rock e rap. Tudo isso foi resultado da pressão exercida pela gravadora em cima da banda, que faz com que o clima interno esquente, tornando-se insuportável. A capa foi o resultado de uma tentativa da banda em persuadir a gravadora a não colocar os quatro na capa novamente, mas eles adoraram a foto e ela acabou saindo assim mesmo. As gravações foram um tanto tumultuadas e a banda preferia esquecer os shows de lançamento em São Paulo e no Rio. O resultado de toda essa confusão foi a saída de Tonhão e de André Parlato, substituídos por César Romaro na bateria e Mingau no baixo, e a saída da banda da Warner.

Anos 90

No início dos anos 90 eles estavam sem gravadora, com poucos shows e pouco dinheiro. A banda tomava rumos cada vez mais distantes do punk rock que a consagrou. Em 1991, uma demo com a música "O Homem Negro" chegou à rádio 89FM e tocou sem parar. A música, uma mistura entre punk rock, rap e rock, conquistou novos fãs e abriu novos horizontes, e em 1992, lançam Estilhaços, um álbum quase acústico pelo selo Cameratti. Pela primeira vez a banda freqüenta o circuito de shows da Secretaria de Cultura da Cidade de São Paulo, fazendo vários shows gratuitos em casas de cultura pela periferia da cidade. A faixa "Faminto" toca nas rádios rock e a banda volta a excursionar.

Em 1994, as raízes punk rock começam a voltar no álbum Subterrâneos, lançado pela gravadora Eldorado. A banda participa do curta-metragem Opressão, de Mirella Martinelli, onde interpreta a si mesma e Clemente é assassinado em pleno palco por um bando de skinheads nazistas. O filme ganha vários prêmios pelo mundo. Nessa época, Clemente grava com Thaíde & DJ Hum, uma versão de "Pânico em SP" que acaba mudando a letra e o nome para "Testemunha Ocular". A música faz parte da coletânea No Majors Baby, produzida por Marcel Plasse para a gravadora Paradoxx, e é a primeira colaboração oficial entre músicos de rock e rap em São Paulo.

O Inocentes faz o show de abertura da apresentação que os Ramones fizeram no Olímpia, em São Paulo. Foram três dias de pancadaria, com Calegari voltando a banda, desta vez assumindo baixo no lugar de Mingau, que foi tocar com Dinho Ouro Preto. Os shows tiveram uma grande repercussão e, quando a banda se preparava para gravar seu novo álbum, saem César Romaro e Calegari. Ronaldo convoca Nonô, baterista do Full Range, e Clemente chama um velho amigo para assumir o baixo, Anselmo Guarde (ex-vocalista do SP Caos e ex-baixista do Viúva Velvet e do Fogo Cruzado). Com essa formação, no final de 1995, a banda entra em estúdio e grava o álbum Ruas, que foi lançado em 1996, pela gravadora Paradoxx. O novo disco retoma a pegada punk rock. A banda toca no primeiro Close-up Planet com Sex Pistols, Bad Religion, Silverchair e Marky Ramone, que acaba amigo da banda e divide vários shows pelo interior. A apresentação no Close-Up Planet repercute bem e novamente caem na estrada, chegando até Recife, onde se apresentam no Abril Pro Rock de 1997.

Em 1998, entram em estúdio e gravam Embalado a Vácuo. O álbum chega a ser lançado pela Paradoxx, que o vende para a Abril Music, que o relança, em 1999, com capa nova e duas faixas bônus. A música "Cala a Boca" toca nas rádios rock, e chega a ficar dois meses em primeiro lugar na rádio Brasil 2000, sendo só desbancada pelo Kiss, que desembarca no Brasil para um show no autódromo de Interlagos, como parte da turnê do recém-lançado Psycho Circus. Realizam dois shows, um com o Ultraje a Rigor, na USP, e outro com o Ira!, no SESC Itaquera, reunindo mais de dez mil pessoas por show. Seu último álbum pela Abril Music foi "O Barulho dos Inocentes", produzido por Clemente e Rafael Ramos, com versões de várias canções punks nacionais que a banda gostava. Chegaram a fazer uma versão para "I Wanna be your Boyfriend", dos Ramones. Também foi gravada uma versão para "Should I Stay or Should I Go" do The Clash, que não saiu no álbum.

Atualmente

Em janeiro de 2001, gravam um disco ao vivo no SESC Pompéia, em São Paulo, chamado 20 Anos ao Vivo e foi licenciado para o selo RDS. Fizeram o show de abertura do Bad Religion no Credicard Hall, e logo após Ronaldo dos Passos resolve deixar a banda e foi substituído por André Fonseca (do Okotô) nas guitarras. Nonô também sai da banda e começa uma troca constante de bateristas.

Ronaldo saiu e foi tocar com Kid Vinil no Magazine retornando algum tempo depois. Também saíram André Fonseca (ex- Patife Band, Okôto, Inocentes e Titãs) e o baterista Edgar Avian (ex- Gritando Hc, Predial e atual Supla) , e em seu lugar foi convocado Frederico Ciociola, o Fred. Em 2004, novamente com Ronaldo, gravaram o álbum Labirinto pelo selo Ataque Frontal, produzido pela própria banda. A primeira prensagem esgotou em menos de uma semana e a música "Travado" começa a ser executada nas rádios rock. A partir deste mesmo ano, Clemente assumiu o segundo vocal da Plebe Rude no lugar de Jander Bilaphra. Desde então, se divide entre as duas bandas.

Em 2007, com Nonô de volta à bateria e comemorando 25 anos de carreira, a banda gravou o DVD Som e Fúria, no Centro Cultural São Paulo. O registro foi lançado somente em 2009 pelo selo Monstro Discos.

Já em 2011, em comemoração aos 30 anos dos Inocentes e 25 anos de Pânico em SP, primeiro álbum da banda, a WEA relança os 3 primeiros álbuns da banda (Pânico em SP, Adeus Carne e Inocentes). Na época, for produzido um mini-documentário comemorativo.

No final de 2013 a banda lançou Sob Controle, pela Substancial Music. O álbum conta com duas músicas inéditas, novas versões de músicas registradas na edição comemorativa de 25 anos de Pânico em SP e gravações ao vivo de clássicos do grupo.

Ira! é uma banda brasileira de rock, formada em 1981, na cidade de São Paulo. A banda anunciou seu término em setembro de 2007, mas em 2014 retornou aos palcos.

Donos de alguns dos maiores clássicos da história do rock nacional, como Núcleo Base, Mudança de Comportamento, Tolices, Envelheço na Cidade, Dias de Luta, Tarde Vazia, O Girassol, Eu Quero Sempre Mais e Flores em Você, tema de abertura da novela O Outro, da Rede Globo em 1987, a banda tem seu nome inspirado no Exército Republicano Irlandês (do inglês Irish Republican Army). Depois de se afastar da mídia nos anos 1980 por preferir continuar atrelada às suas raízes punk, o Ira! retornou ao mainstream com o lançamento do seu Acústico MTV, em 2004.

História

Subúrbio

No final dos anos 70, no outono da ditadura militar, Edgard Scandurra, fascinado pelo punk rock e, em busca desse som, ia a shows na periferia da cidade, para trocar informações com o pessoal. Foi então que Edgard e seu amigo Dino Nascimento resolveram montar uma banda que tocasse punk, sem esquecer de Led Zeppelin e Jimi Hendrix. Nascia aí a banda Subúrbio. Hoje crítico musical, Régis Tadeu foi integrante da banda como baterista Nessa época, Edgard estudava no Colégio Brasílio Machado, onde volta e meia topava com Marcos Valadão Ridolfi, de apelido Nasi. Mesmo sem conhecê-lo, Edgard sentia simpatia pelo modo com que ele se vestia, e num desses encontros os dois acabaram se conhecendo, e ficando amigos.

Mais tarde, Edgard chamou Nasi para participar do Subúrbio, no festhits do Ira! Em 1980, Edgard foi convocado para servir ao exército e foi lá onde compôs "N. B." ("Núcleo Base").

Ira!

Em 1981, Nasi chamaria o amigo Edgard para tocar num show na PUC-SP e ali surgiria o Ira, ainda sem o ponto de exclamação. Completavam a formação o baterista Fábio Scattone e o baixista Adilson Fajardo.

Embora muitos acreditem que o nome "Ira" fosse inspirado no Exército Republicano Irlandês, ele nada mais do que remete ao sentimento de ira. Como houve muitos enganos sobre o nome, foi incrementado um ponto de exclamação na tentativa de acabar com outras interpretações, alterando, assim, para "Ira!".

Dois anos se passaram até que o produtor Pena Schmidt descobriu a banda, nessa época contando com Charles Gavin (que viria a se tornar membro dos Titãs) na bateria e Dino (companheiro da antiga banda Subúrbio) no contrabaixo, e os levou até a gravadora Warner, onde o Ira! gravaria seu primeiro compacto, IRA, que contava com as faixas "Gritos na Multidão" e "Pobre Paulista".

Os primeiros LPs

Em março de 1985, após trocar Dino por Ricardo Gaspa, e Charles Gavin pelo ex-titã André Jung, o Ira!, com ponto de exclamação, gravaria seu primeiro LP; Mudança de Comportamento, que conta com 11 faixas, entre elas "Núcleo Base", "Ninguém Precisa de Guerra", "Longe de Tudo" e "Ninguém Entende um Mod".

No ano seguinte, com maior prestígio dentro e fora da gravadora, a banda lançaria o LP Vivendo e Não Aprendendo. O disco, lançado em setembro, trazia faixas como "Envelheço na Cidade", "Vitrine Viva", "Pobre Paulista" e "Gritos na Multidão", sendo as duas últimas gravadas ao vivo na Broadway em São Paulo. A canção "Flores em Você" entrou na trilha sonora da novela O Outro da Rede Globo.

Quatro meses depois, a banda ressurgiria com o lançamento do álbum Psicoacústica. Dentre as oito longas faixas estavam "Rubro Zorro", "Manhãs de Domingo", "Farto de Rock 'n' Roll", e um rap de roda "Advogado do Diabo". No caminho para o quarto disco, Edgard Scandurra gravou um disco solo chamado Amigos Invisíveis, onde tocava todos os instrumentos.

Década de 90

O primeiro disco da década de 90 foi Clandestino. Depois, lançaram o disco Meninos da Rua Paulo, em 1991. O álbum continha uma versão de "Você Ainda Pode Sonhar", regravação em português de "Lucy in the Sky with Diamonds", dos The Beatles, originalmente gravada pela banda Raulzito e os Panteras, no disco de mesmo nome, em 1968. Em 1993, Nasi lança o primeiro disco solo com o projeto paralelo Nasi & os Irmãos do Blues. No mesmo ano, o grupo lançou o sexto disco, Música Calma para Pessoas Nervosas, obra que viria encerrar um ciclo do Ira! junto à Warner. Foi autoproduzido pelo grupo.

Em 1996, já na gravadora Paradoxx, o grupo lançou o disco 7 (o primeiro CD da banda, antes eram LPs). Como faixa bônus, o disco trazia "Nasci em 62", tirada de um show com participação de Arnaldo Antunes. O álbum foi gravado logo após uma turnê de quatro shows no Japão que culminaram com uma apresentação no Club Cittá. No final do ano Edgard lançou seu segundo disco solo, Benzina.

Em maio de 1998, o Ira! lança o Você Não Sabe Quem Eu Sou. Deixando a gravadora Paradoxx, o Ira! desenvolve o embrião do que viria a ser seu nono disco ao produzir um CD demo, baseado em covers, que acabaria por conduzir o grupo para a Abril Music. Em novembro de 1999 o Ira! lança o disco de covers Isso É Amor.

Anos 2000

Em 2000, a banda lança o MTV ao Vivo gravado no Memorial da América Latina em comemoração aos vinte anos de carreira. O Ira! se apresenta no Rock in Rio III, no ano de 2001, para 250.000 pessoas. Ricardo Gaspa lança seu projeto paralelo de surf music Huntington Bitches. Em 2001, o grupo lança o CD Entre Seus Rins, apenas com músicas inéditas.

Em 2004, lançam o Acústico MTV, que trouxe quatro faixas inéditas e também participações de três gerações diferentes na gravação: Os Paralamas do Sucesso, Samuel Rosa e Pitty.

Em 2007, retornando a inéditas, o grupo lançou o álbum intitulado Invisível DJ. Ao todo o disco contém 12 faixas, com a regravação de "Feito Gente", composta por Walter Franco na década de 70.

Brigas, término do grupo e projetos solo

Em 2007, após brigas com o irmão e empresário Airton Valadão, Nasi retirou-se da banda.

Com isso, os ex-integrantes do Ira! assumiram totalmente seus projetos, até então, paralelos. Nasi seguiu em carreira solo e lançou quatro álbuns, dois DVDs e sua biografia A Ira de Nasi, escrita pelos jornalistas Mauro Beting e Alexandre Petillo e publicada pela editora Belas Letras em meados de 2012. Frequentemente faz participações em shows de outras bandas e especiais.

Edgard Scandurra lançou seu DVD Ao Vivo, foi guitarrista das cantoras Bárbara Eugênia e Karina Buhr, fez parte da banda de apoio de Arnaldo Antunes, retomou à banda Smack - outra da qual fez parte no início dos anos 80, além dos projetos EST, junto com a cantora Silvia Tape, Les Provocateurs, Pequeno Cidadão, A Curva da Cintura, ao lado de Arnaldo e do músico do Mali Toumani Diabaté e participou de shows da banda Cidadão Instigado.

André Jung montou a banda F.A.U.T., ao lado de João Gordo; o projeto Urban ToTem; e foi produtor de alguns artistas do pop nacional surgidos no fim da década de 2000, como a banda Stevens e a cantora Manu Gavassi, além de ser patrocinado da Pearl Drums.

Gaspa retomou a banda Gaspa & Os Alquimistas, gravou seu primeiro álbum solo intitulado Gaspa The Bass Player, com as participações especiais de Marcelo Nova e Wander Wildner e realizou projetos musicais ao lado de Luiz Thunderbird.

Reconciliação de Nasi com seu irmão e ex-empresário

No dia 27 de junho de 2012, Nasi e Airton Valadão Júnior, irmão do cantor e ex-empresário da banda, anunciaram à imprensa uma reconciliação após cinco anos de brigas públicas e judiciais. Os irmãos encerraram os processos que moviam um contra o outro e a marca Ira! que pertencia a Júnior, voltou para Nasi. Na época, a volta da banda aos palcos não foi anunciada. No início do ano, em sua página no Facebook e no seu blog, o vocalista disse que não queria voltar com o grupo, mas estava disposto a retomar a amizade com Edgard Scandurra.

A volta e Rock in Rio VI

Em meados de 2013, a amizade entre Nasi e Edgard Scandurra foi retomada. A reconciliação foi celebrada em um show beneficente realizado em 30 de outubro do mesmo ano, no Espaço Traffô, localizado no bairro da Vila Olímpia, em São Paulo. O evento contou com a participação especial de Paulo Ricardo, Arnaldo Antunes, do trompetista Guizado, além de uma banda de apoio formada pelo multi instrumentista Johnny Boy, nos teclados; Daniel Scandurra, filho de Edgard, no baixo; e Felipe Maia, da banda Marrero, na bateria. A renda do evento foi revertida para a Escola NANE, especializada em crianças com dificuldade de aprendizado. Após esse show, surgiu a possibilidade de um retorno definitivo aos palcos.

Após um recesso de sete anos, a banda anuncia seu retorno oficial em janeiro de 2014, porém, sem a presença de André Jung e Ricardo Gaspa, membros da formação clássica. Para a nova turnê, foram escolhidos: Johnny Boy nos teclados, Daniel Scandurra no baixo e Evaristo Pádua na bateria (integrante da banda que acompanhava Nasi em sua carreira solo).

Ira! durante sua turnê Ira! Folk se apresentando em Belo Horizonte em 2016.

Desde então, o grupo vem excursionando por todo o Brasil com o show Núcleo Base. O grupo também passou pelo Palco Sunset do Rock in Rio em 18 de setembro de 2015, primeiro dia da sexta edição do festival. A apresentação, que uniu o Rock ao Hip-Hop e a Soul Music, contou com as participações especiais de Tony Tornado, ícone da black music brasileira e do rapper Rappin' Hood. O show homenageou Tim Maia, morto em 1998, com a música "Festa de Santo Reis".

Em 2016, a banda iniciou a turnê Ira! Folk, em um formato intimista, apenas com violões e baixo acústico. O show foi lançado em DVD em novembro de 2017, em parceria com o Canal Brasil

Formação atual

Nasi - voz (1981-2007, 2014-presente)

Edgard Scandurra - guitarra e vocais (1981-2007, 2014-presente)

Evaristo Pádua - bateria (2014-presente)

Johnny Boy - baixo (2019-presente) e teclados (2014-presente)

Mamonas Assassinas, anteriormente chamada de Utopia,foi uma banda brasileira de rock cômico formada em Guarulhos em 1989. Seu som consistia numa mistura de pop rock com influências de gêneros populares, tais como sertanejo, brega, heavy metal, pagode romântico, forró, música mexicana e vira. O único álbum de estúdio gravado pela banda, Mamonas Assassinas, lançado em junho de 1995, vendeu mais de 1 milhão 800 mil cópias no Brasil, sendo certificado com disco de diamante comprovado pela Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD). Com um sucesso "meteórico", a carreira da banda (sob o nome Mamonas Assassinas) durou um ano e meio, de outubro de 1994 a 2 de março de 1996, quando o grupo foi vítima de um acidente aéreo fatal sobre a Serra da Cantareira, causando grande comoção nacional. A banda continuou influenciando a cena musical nacional e sendo celebrada mesmo décadas após seu fim.

Carreira

Banda Utopia

Início: formação da banda

Ver artigo principal: Utopia (banda brasileira)

Em março de 1989, Sérgio Reis de Oliveira (que mais tarde adotaria o nome artístico de Sérgio Reoli), ao trabalhar na empresa de máquinas de escrever Olivetti, conheceu Maurício Hinoto, irmão de Alberto Hinoto (que mais tarde adotaria o nome artístico de Bento Hinoto). Ao saber que Sérgio era baterista, Maurício decidiu apresentar o irmão, que tocava guitarra. A partir daí, Sérgio conheceu Alberto e decidiram criar uma banda. Na época, Samuel Reis de Oliveira (que mais tarde adotaria o nome artístico de Samuel Reoli), irmão de Sérgio, não se interessava em música, preferindo desenhar aviões. Contudo, ao ver Sérgio e Bento ensaiarem em sua casa, Samuel se interessou pela música e passou a tocar baixo elétrico. Estava formada, assim, a "cozinha" da banda, com baixo, guitarra e bateria. Os três formaram o grupo Utopia, especializado em "covers" de grupos como Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Rush, entre outras.

Utopia se apresentando em Guarulhos, década de 1990.

O Utopia passou a apresentar-se na periferia da Grande São Paulo. Durante um show realizado em julho de 1990 no Parque Cecap, um conjunto habitacional de Guarulhos, o público solicitou que o trio executasse a canção "Sweet Child o' Mine", da banda americana Guns N' Roses. Como desconheciam a letra, pediram a um dos espectadores que subisse ao palco para ajudá-los. Alecsander Alves (que mais tarde adotaria o nome artístico de Dinho) voluntariou-se para cantar. Mesmo não sabendo a letra, sua performance e embromation provocaram grandes risadas da plateia. E foi assim que, com sua performance escrachada, garantiu o posto de vocalista da banda.

Em 1990, por intermédio de Sérgio, o tecladista Márcio Araújo (que mais tarde passou a ser conhecido como "O Sexto Mamonas") foi inserido ao grupo. O último integrante a entrar para o Utopia foi Júlio Cesar Barbosa (que mais tarde adotaria o nome artístico de Júlio Rasec). Júlio era amigo de Dinho e foi incorporado para auxiliá-lo nas canções cover em inglês, além de atuar como percussionista e realizar consertos de fios e cabos dos equipamentos da banda, quando necessário.

Com esta formação, a banda continuou tocando em locais de pouca expressão de São Paulo e região. Em uma das suas entrevistas, o baterista Sérgio Reoli revelou que os melhores shows para a banda eram os beneficentes porque não gastavam nem ganhavam dinheiro. Sérgio, também em entrevista, conta que eles foram fazer um show no interior e chegaram a dormir no próprio palco, já que o dinheiro mal deu para pagar a Kombi e ainda por cima, na volta, Dinho fez uma gracinha para uma menina dirigindo a Kombi e quebrou a caixa de marchas.

Rick Bonadio, gravação do vinil e o fracasso comercial

Em 1992, a banda conheceu Rick Bonadio, e em seu estúdio produziram o vinil Utopia, seu primeiro e único disco independente, composto por 6 canções. Das 1.000 cópias produzidas, apenas 100 foram vendidas. Naquela época, Márcio Araújo cursava engenharia civil na Universidade de Guarulhos, e a rotina de ensaios e viagens tornou-se um obstáculo para seus estudos e projetos profissionais. Por conta disso, ele passou a faltar nos ensaios de sábado quando havia aulas na faculdade e nas viagens em dias úteis. Pelo mesmo motivo, não chegou a gravar nenhuma das faixas do disco vinil Utopia, embora apareça na fotografia da capa. Após Márcio Araújo sair da banda, Júlio Rasec passou a ser o tecladista e back vocal da banda.

Aos poucos, os integrantes começaram a perceber que as palhaçadas e canções de paródia que faziam nos ensaios para se divertirem eram mais bem recebidas pelo público do que "covers" e canções sérias. Gradualmente, foram apresentando nos shows algumas paródias musicais, com receio da aceitação do público. O público, porém, aceitava muito bem as canções escrachadas. O Utopia percebeu a chave para o sucesso da banda.

Humilhação no Thomeuzão

O sonho da banda Utopia era cantar no principal ginásio da cidade de Guarulhos, o Ginásio Paschoal Thomeu (conhecido como Thomeuzão), que só recebe artistas famosos. Dinho e Júlio foram pedir para uma pessoa que cuidava dos eventos que ocorriam no ginásio, para fazer uma preliminar para um show de Guilherme Arantes, e ouviram: "Aqui é um ginásio para grandes bandas, não para bandinha". O vocalista Dinho, ao ser barrado, discutiu feio com a autoridade e disse que um dia eles seriam famosos, que o mundo dá voltas e, com isso, a prefeitura iria pedir para eles tocarem por lá.

Mudança de perfil e gravação da demo tape

Ver artigo principal: Mamonas Assassinas (fita demo)

Após perceberem que eles deveriam mudar de perfil, adotando uma veia mais cômica, eles gravaram uma fita demo com 2 canções. Rodrigo Castanho, produtor e técnico de masterização, foi quem acompanhou a gravação, que ocorreu em uma madrugada do mês de outubro de 1994, no antigo estúdio do produtor Rick Bonadio, na zona norte de São Paulo. Os músicos gravaram as faixas “Mina (Minha Pitchulinha)”, que mais tarde seria conhecida como “Pelados em Santos”, e “Robocop Gay”. Segundo Castanho, boa parte das letras foram criadas naquele momento.

As músicas não estavam totalmente prontas e durante aquela gravação fomos arrumando os arranjos e letras. Dinho fez boa parte das letras durante a gravação das bases. Risadas e mais risadas. Bagunça total, eles eram divertidos, espontâneos e ali naquele momento nasceram as primeiras canções. Tinha cortando meu cabelo quase careca e ele me apelidou de Skinhead e até usou essa palavra na canção ‘Robocop Gay’ só pra me zuar (não perdia a piada nunca).

Rodrigo Castanho, produtor e técnico de masterização, sobre a gravação da demo tape.

Na manhã seguinte, castanho encontrou-se com o produtor Rick Bonadio, e elogiou as canções, dizendo que havia "dado risada a noite inteira" Bonadio, então, escutou as faixas e adorou as canções (segundo o próprio, "a coisa mais engraçada que já havia ouvido na vida"). Ao ouvir "Mina (Minha Pitchulinha)", Rick imaginou que ela poderia ser a primeira canção de trabalho da banda, mas ela teria que ficar menos brega e ganhar uma sonoridade mais "rock n roll".

Bonadio se reuniu com o grupo e sugeriu que a mudança de perfil, além da composição das canções, deveria ser completa, a começar pelo nome. Os nomes sugeridos pelos próprios músicos foram: "Um Rapá da Zé", "Tangas Vermelhas", "Coraçõezinhos Apertados" e "Os Cangaceiros de Teu Pai". E então Samuel sugeriu "Mamonas Assassinas do Espaço", que foi reduzido para "Mamonas Assassinas". Este nome, de duplo sentido, casou-se perfeitamente com o novo perfil da banda.

Além do nome, como a banda passou a adotar uma via mais cômica, os integrantes trocaram seus nomes e seus figurinos, que passou a ser menos rock'n'roll, e mais caricato. Em 2010, a Rede Record, numa matéria de Arnaldo Duran para o Jornal da Record, mostrou a primeira apresentação do Utopia em um programa de televisão. Foi no programa Sábado Show, no quadro "Oficina", aberto a bandas de garagem. Nas imagens, é possível perceber o figurino dos músicos do Utopia. Bento, por exemplo, aparece com o cabelo curto e de boné. E os outros com cabelos bem compridos.

A partir da mudança de perfil, eles passaram a sempre se apresentar vestidos de Chapolin Colorado, de presidiários, bonés extravagantes e cabelos pintados, e, claro, com uma postura mais brincalhona no palco.

Uma nova gravação da demo foi feita. "Mina (Minha Pitchulinha)" ficou mais pesada e passou a ser chamada "Pelados em Santos". "Robocop Gay" ganhou uma nova mixagem e "Vira-Vira" foi gravada pela primeira vez.

Mamonas Assassinas

Rafael Ramos e o contrato com a EMI

A banda enviou a fita demo com as três canções ("Pelados em Santos", "Robocop Gay" e "Vira-Vira") para três gravadoras, entre elas Sony Music e EMI. Rafael Ramos, baterista da banda Baba Cósmica e filho do diretor artístico da EMI, João Augusto Soares, gostou tanto da sonoridade da banda que insistiu na contratação. Rafael dava dicas para o pai sobre bandas novas que enviavam suas canções para a gravadora.

Num primeiro momento, João Augusto Soares se negou a assinar com a banda. Mas Rafael insistiu, e conseguiu que em 7 de abril de 1995 seu pai assistisse a um show da banda. Conforme relata o livro Mamonas Assassinas: Blá, Blá, Blá - A Biografia Autorizada, "quando João Augusto de Macedo Soares, 39 anos, vice-presidente da gravadora EMI Odeon, seu filho Rafael, 16, e o produtor independente Arnaldo Saccomani enfim chegaram, a boate Lua Nua estava quase vazia. Eram dez e trinta da noite meio fria de 7 de abril de 1995."

Após assistir ao show, imediatamente João Augusto assinou contrato com eles.

O álbum homônimo e o sucesso comercial

O logotipo da banda formada em Guarulhos.

Porém, antes de gravar o disco, surgiu um problema: a EMI queria pelo menos 10 canções para o CD. A banda mentiu, informando que já tinham 7 canções e que em 1 semana poderiam compor as demais, sendo que na verdade eles só tinham as 3 enviadas a gravadora. Em uma semana, eles conseguiram compor 12 canções, totalizando 5 a mais do que o mínimo exigido pela gravadora. Em maio de 1995, a EMI mandou todos os integrantes para Los Angeles, nos Estados Unidos, para gravar o seu único disco. Eram para ser 15 faixas, só que uma delas acabou não sendo inclusa no CD: a canção "Não Peide Aqui Baby", que é uma paródia da canção "Twist and Shout", dos Beatles, foi censurada devido à grande quantidade de palavrões. Rick Bonadio (apelidado pela banda de "Creuzebek") ficou responsável por gravar, lançar os músicos e também vender os shows. Após gravar o disco, que foi lançado no dia 23 de junho de 1995, o disco passou desapercebido nas lojas. Porém, no dia seguinte, quando a 89 FM A Rádio Rock tocou a canção "Vira-Vira", os Mamonas estouraram de vez. Foi o disco de estreia que mais vendeu no Brasil e também o que mais vendeu cópias em um único dia: 25 mil cópias nas primeiras 12 horas após a canção ter sido executada.

Apesar de letras politicamente incorretas, por incrível que pareça, os Mamonas fizeram tremendo sucesso entre o público infantil Segundo Eduardo Vicente, doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) (em seu artigo Segmentação e consumo: a produção fonográfica brasileira - 1965-1999) "aparentemente, o fenômeno Mamonas demarcou uma tendência diferenciada na canção infantil, pela qual o visual clean e as letras inofensivas de apresentadoras (como Angélica, Xuxa e Eliana) foram substituídas pela incorreção política (e gramatical), pelas expressões de duplo sentido e pela aparência quase ofensiva de figuras como Tiririca (Sony, 1996) e Rodolfo & ET (Virgin, 1998)".

Mesmo assim, houve quem quisesse censurá-los. Por considerar as letras das canções indecentes demais, um diretor da Radiobrás resolveu proibir sua execução na rede oficial de rádio. A determinação foi retirada por ordem da presidência da Radiobrás. O diretor foi demitido.

Com o estrondoso sucesso comercial, saíram em uma exaustiva turnê, apresentando-se em programas como Jô Soares Onze e Meia, Domingo Legal, Programa Livre, Domingão do Faustão e Xuxa Park. Em fevereiro de 96, foram destaque da capa da Billboard, em reportagem sobre as inéditas vendagens do disco de estreia. Tocavam cerca de oito a nove vezes por semana, com apresentações em 24 dos 27 estados brasileiros (Distrito Federal incluso) e ocasionais dois a três shows por dia. O cachê dos Mamonas tornou-se um dos mais caros do país, variando entre R$ 40 mil, R$ 50 mil, R$ 70 mil e R$ 100 mil. Consequentemente, a EMI faturou cerca de R$ 80 milhões com a banda. Em certo período, a banda vendia 50 mil cópias por dia.

Bento Hinoto e Dinho, ambos guitarrista e vocalista em um show feito em Fortaleza, no Ceará, em Dezembro de 1995.

Por serem então queridos e admirados pelo público, todas as vezes que apareciam na televisão, a audiência triplicava. Como consequência disso, existia briga entre as emissoras para ter os Mamonas Assassinas nos seus programas. Segundo Rick Bonadio, a Rede Globo de Televisão tentou contratá-los por 3 anos exclusivos, mas a EMI, por considerar que isso iria atrapalhar os seus negócios, barrou (ela já havia barrado anteriormente, pelo mesmo motivo, a venda de produtos licenciados, que, por isso, só foram lançados postumamente). Na época que eles fizeram inúmeros shows, eles foram apelidados de "rolo compressor" porque as outras bandas e artistas tinham medo e não queriam tocar na mesma cidade que eles se apresentavam, uma vez que todo mundo queria assistir só os Mamonas. Este sucesso todo, porém, causou uma rejeição vinda de alguns círculos musicais e jornalísticos.

O logotipo da banda é uma inversão da logomarca da Volkswagen, colocada de cabeça para baixo (com a adição de uma barra horizontal para formar o A), formando assim um M e um A de "Mamonas Assassinas". Dois veículos da empresa alemã são citados nas canções: em "Pelados em Santos", a Volkswagen Brasília, e em "Lá vem o Alemão", a Volkswagen Kombi. Os Mamonas preparavam uma carreira internacional, com partida para Portugal preparada para 3 de março de 1996.

5 anos depois da humilhação, o tão sonhado show no Thomeuzão

Em janeiro de 1996, eles finalmente conseguiram realizar o sonho de tocar no Thomeuzão, em Guarulhos, que anos antes os havia rejeitado.

Esse show ficou marcado por vídeos amadores que mostram o momento em que Dinho senta no palco e em tom de desabafo, manda uma mensagem energética, repleta de energia positiva e críticas àqueles que não acreditaram no seu trabalho, dizendo que nunca se deve deixar de acreditar nos seus sonhos, pois os Mamonas sempre tiveram o sonho de tocar ali (no Thomeuzão) e tiveram a porta fechada na cara Este show recebeu um público de 18 mil pessoas. "Um juiz não queria deixar as crianças entrarem, mas tanta gente protestou que ele liberou depois", diz Ana Paula Rasec, irmã de Júlio.

No dia 2 de março de 1996, enquanto voltavam de um show em Brasília, o jatinho Learjet em que viajavam, modelo 25D prefixo PT-LSD, chocou-se contra a Serra da Cantareira, às 23h16, numa tentativa de arremetida, matando todos que estavam no avião.

O enterro, no dia 4 de março de 1996 no cemitério Parque das Primaveras, em Guarulhos, São Paulo, fora acompanhado por mais de 65 mil fãs (em algumas escolas, até mesmo não houve aula por motivo de luto). O enterro também foi transmitido em TV aberta, com canais interrompendo sua programação normal.

O acidente

A aeronave havia sido fretada com a finalidade de efetuar o transporte do grupo musical para um show no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, e estava sob o comando do piloto Jorge Luiz Martins (30 anos de idade) e do copiloto Alberto Yoshiumi Takeda (24 anos de idade). No dia 1º de março de 1996, transportou esse grupo de Caxias do Sul para Piracicaba, onde chegou às 15h55. No dia 2 de março de 1996, com a mesma tripulação e sete passageiros, decolou de Piracicaba, às 07h10, com destino a Guarulhos, onde pousou às 7h36. A tripulação permaneceu nas instalações do aeroporto, onde, às 11h02, apresentou um plano de voo para Brasília, estimando a decolagem para as 15h00. Após duas mensagens de atraso, decolaram às 16h41. O pouso em Brasília ocorreu às 17h52. A decolagem de Brasília, de regresso a Guarulhos, ocorreu às 21h58. O voo, no nível (FL) 410, transcorreu sem anormalidade. Na descida, cruzando o FL 230, a aeronave de prefixo PT-LSD chamou o Controle São Paulo, de quem passou a receber vetoração por radar para a aproximação final do procedimento Charlie 2, ILS da pista 09R do Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos (SBGR). A aeronave apresentou tendência de deriva à esquerda, o que obrigou o Controle São Paulo (APP-SP) a determinar novas provas para possibilitar a interceptação do localizador (final do procedimento). A interceptação ocorreu no bloqueio do marcador externo e fora dos parâmetros de uma aproximação estabilizada.

Sem estabilizar na aproximação final, a aeronave prosseguiu até atingir um ponto desviado lateralmente para a esquerda da pista, com velocidade de 205 nós a 800 pés acima do terreno, quando arremeteu. A arremetida foi executada em contato com a torre, tendo a aeronave informado que estava em condições visuais e em curva pela esquerda, para interceptar a perna do vento. A torre orientou a aeronave para informar ingressando na perna do vento no setor sul. A aeronave informou "setor norte". Na perna do vento, a aeronave confirmou à torre estar em condições visuais. Após algumas chamadas da torre, a aeronave respondeu e foi orientada a retornar ao contato com o APP-SP para coordenação do seu tráfego com outros dois tráfegos em aproximação IFR.

O PT-LSD chamou o APP-SP, o qual solicitou informar suas condições no setor. O PT-LSD confirmou estar visual no setor e solicitou "perna base alongando", sendo então orientado a manter a perna do vento, aguardando a passagem de outra aeronave em aproximação por instrumento. No prolongamento da perna do vento, no setor Norte, às 23h16, o PT-LSD chocou-se com obstáculos a 3.300 pés (1006 metros), no ponto de coordenadas 23° 25′ 52″ S, 46° 35′ 58″ O.

Em consequência do violento impacto com a serra, a aeronave explodiu e todos os ocupantes faleceram tragicamente no local: Alexandre Alves, o Dinho; o guitarrista Bento Hinoto; o tecladista Júlio Rasec; o baixista Samuel Reoli; o baterista Sérgio Reoli; o segurança Sérgio Saturnino, o Reco também chamado de anjo da guarda dos Mamonas; o roadie (técnico de apoio e primo de Dinho) Isaac Souto apelidado de Shure Lambers ; o piloto Jorge Luís Martini e o copiloto Alberto Yoshiumi Takeda.

Conclusões sobre o acidente

O que consumou o acidente foi uma operação equivocada do piloto Jorge Luiz Martins e seu copiloto, depois de uma longa escala de voos que passavam por cidades onde ocorreram as apresentações da banda, segundo o CENIPA, centro de investigações e Prevenções de acidentes aeronáuticos, que assim concluiu para explicar o acidente com o jatinho que causou a morte dos cinco integrantes do grupo. O que contribuiu para que o acidente ocorresse foi fadiga de voo, imperícia por parte do copiloto que não tinha horas de voo suficientes para aquele tipo e modelo de aeronave e não era contratado pela empresa de táxi aéreo MADRI, que transportava a banda, falha de comunicação entre a torre de controle e os pilotos, cotejamento e fraseologia incorretos das informações prestadas pela torre. A 10 quilômetros do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, os pilotos pediram à torre de controle o procedimento de aterrissagem. Após uma tentativa de pouso sem sucesso, a aeronave foi arremetida e foi pedido uma nova autorização de pouso que foi autorizada pela torre de controle, daquele aeródromo. No entanto, em vez de fazer uma curva para a direita, onde fica a Rodovia Dutra, por uma falha de comunicação e fatores humanos, os pilotos efetuaram uma curva com o avião para a esquerda, chocando-se com a Serra da Cantareira.

Mamonas Assassinas e o amor pela aviação

Os Mamonas Assassinas sempre tiveram uma certa relação com aviões.

Quando adolescente, Samuel costumava desenhar aviões.

No final dos anos 80, Sérgio, Bento e Samuel formaram a banda Ponte Aérea, que depois se tornaria Utopia.

Todos os integrantes do grupo moravam perto do Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos.

No disco homônimo do grupo Mamonas Assassinas, há um agradecimento a Santos Dumont : "Por ter inventado o avião, senão a gente ainda tava indo mixar o disco a pé" (o disco foi gravado e produzido nos Estados Unidos).

Um trecho da canção "1406" cita um avião: "Você não sabe como parte um coração, ver seu filhinho chorando querendo ter um avião".

Existem registros em que Dinho cita o cantor norte-americano Ritchie Valens, conhecido pela canção "La Bamba", morto em um acidente aéreo em 3 de fevereiro de 1959 (no qual também morreram os músicos Buddy Holly e The Big Bopper, este conhecido no Brasil pelo falsete "That's What I Like" de "Chantilly Lace", sampleado por Jive Bunny em uma mixagem que leva esta frase como título). Em um vídeo, Júlio e Dinho cantam a canção "Donna", de Valens. Durante uma entrevista ao Top 20 MTV, à época comandado pela apresentadora Cuca Lazzarotto, Dinho afirmou que os Mamonas Assassinas não lançariam um segundo disco: "Vamos fazer um show no interior e nós vamos de monomotor, você já ouviu falar em La Bamba?".

Em algumas oportunidades, o vocalista chegou a assumir o lugar do copiloto durante as viagens do grupo, chegando a levantar a hipótese que Dinho estava ao lado do piloto na cabine do avião durante o acidente, no lugar do copiloto Alberto Takeda. As brincadeiras com um possível acidente era constante, e diversas brincadeiras com a morte foram registradas.

Em uma entrevista dada em 1996, Sérgio disse: "O avião em que costumávamos viajar caiu em Brusque, Santa Catarina, em novembro. Morreram três pessoas. Falha humana. O cara que vendeu as camisetas da banda em Porto Seguro, Bahia, bateu com o carro depois do show e também embarcou”.

No dia 2 de março de 1996 (o próprio dia do acidente), Júlio disse a um amigo cabeleireiro que havia sonhado com um acidente de avião. O depoimento foi gravado e teve muita repercussão na época.

O ajudante de palco Isaac Souto (ex-coveiro e primo de Dinho) estava no avião e morreu no acidente após pedir para trocar de lugar com André Oliveira de Brito, o Ralado, "faz-tudo" dos músicos também conhecido como "sexto mamona".

Legado

"Eles fizeram sucesso sendo eles mesmos"

﷟HYPERLINK "https://pt.wikipedia.org/wiki/Mamonas_Assassinas#cite_note-38"

Em geral, os Mamonas conseguiram sucesso entre todas as faixas etárias, mesmo com canções "politicamente incorretas" que não deveriam tocar em rádios, por conta dos palavrões (e mesmo sendo formada pelos mesmos integrantes do "fracassado" grupo Utopia), e como se tornaram ídolos do público infantil.

Segundo a crítica especializada, a fórmula de sucesso do grupo estava calcada em letras de humor escrachado e canções ecléticas, de apelo pop, que parodiavam estilos diferentes, como rock, heavy metal, brega e até o vira português, entre outros. Para Rafael Ramos, produtor musical que descobriu os Mamonas, “tinha muita coisa estourando na época, mas ninguém fazia algo tão engraçado. O que veio depois era cópia. Eles eram muito carismáticos e, além disso, chegaram antes de muita gente”.

Outra questão levantada é qual o legado deixado por eles, já que as letras de suas canções eram apelativas - como a de "Robocop Gay", que sofreu duras críticas de grupos LGBTs - e mesmo sofrendo duras críticas da mídia especializada, e mesmo sendo tachados de ridículos e palhaços da canção pela crítica especializada.

Para muitos, a alegria e o humor irreverente, marcas do comportamento de seus jovens integrantes, liderados pela comédia natural do vocalista, aliado a letras irreverentes, figurinos exóticos e performance estilo pastelão, foi o legado deixado pelo grupo.

"Os Mamonas Assassinas foram os maiores heróis de carne e osso que o Brasil já teve. Heróis em cima do palco, onde tocavam sem reclamar até três vezes por noite. Heróis fora do palco, nas nossas casas, onde nos alegravam com suas canções bacanas e suas piadas debochadas."

﷟HYPERLINK "https://pt.wikipedia.org/wiki/Mamonas_Assassinas#cite_note-47"

Acontecimentos pós-acidente

Produtos licenciados lançados

A utilização do nome dos Mamonas Assassinas, sob licença autorizada pelos membros das famílias, foi motivo de muita disputa e especulação. As empresas queriam utilizar o nome dos Mamonas, em produtos alimentícios, refrigerantes, brinquedos, roupas, tênis e revistas em quadrinhos, entre outros, já que vários produtos piratas já estavam sendo comercializados aos montes. Assim sendo, no entender do empresário Sami Elia, não havia oportunismo no uso comercial que as empresas queriam dar à marca Mamonas, uma vez que as famílias dos integrantes da banda, de classe média baixa de Guarulhos, tinham todo o direito de usufruir do sucesso conquistado por seus filhos.

Desta forma, logo após a tragédia que vitimou a banda, milhares de produtos com a imagem da banda foram comercializados, a saber:

A Estrela lançou um brinquedo (uma meleca de plástico batizada de "Pum-pum Mamonas Assassinas"), que até outubro de 1996 havia vendido 300 mil cópias.

A Panini Brasil lançou um álbum de figurinhas que, até fevereiro de 1997, havia vendido 250 mil exemplares e 20 milhões de envelopes de figurinha Além de cromos com fotos da banda, o álbum era composto por caricaturas, ilustrações e uma HQ. Segundo o cartunista José Alberto Lovreto, foi-se criada uma história em quadrinhos que explicava para as crianças o sumiço repentino dos Mamonas Assassinas, para tirar aquele clima de tragédia.

CD-Rom

Ainda em 1996, a EMI lançou o CD-ROM Mamonas Assassinas, com imagens, videos, falas e fotos dos integrantes da banda Mamonas Assassinas, bem como histórias em quadrinhos, jogos eletrônicos e muito humor.

1996 - DVD MTV na Estrada

Poucos meses após o acidente trágico, a MTV Brasil lançou o DVD MTV na Estrada - Mamonas Assassinas, que traz imagens de shows do grupo em turnê pelo Brasil.[42]

1997 - Lançamento da edição histórica do álbum A Fórmula do Fenômeno, da Banda Utopia

1997 foi o ano do lançamento da edição histórica do álbum A Fórmula do Fenômeno, da Banda Utopia. Intitulado A Utopia dos Mamonas, continha todas as canções do A Fórmula do Fenômeno, e mais duas faixas não lançadas.

1998 - Lançamento do álbum Atenção, Creuzebek: a Baixaria Continua!

O ano de 1998 ficou marcado pelo lançamento do álbum Atenção, Creuzebek: a Baixaria Continua!, formado basicamente por versões ao vivo das canções do único álbum de estúdio dos Mamonas, extraídas de um show em São Paulo.

As inéditas "Joelho" (presente no vinil Utopia, de 1992) e "Onon Onon", além de uma versão em espanhol de "Pelados em Santos", intitulada "Desnudos en Cancún", foram lançadas como single promocional do álbum.[55]

2002 - Lançamento do DVD Show Ao Vivo em Valinhos 1996 (Arquivo Familiar)

Em 2002, foi lançado o DVD Show Ao Vivo em Valinhos 1996 (Arquivo Familiar), que traz imagens de um show realizado na cidade de Valinhos, São Paulo, em 1996, em comemoração aos 100 anos da cidade.

2006 - Lançamento do primeiro CD ao vivo: Mamonas Ao Vivo

O álbum Mamonas Ao Vivo foi lançado em 2006 e extraído de uma apresentação da banda no Anhembi, em São Paulo. Ele inclui a canção inédita "Não Peide Aqui Baby", que deveria ter sido lançada no álbum homônimo, mas que foi excluída por conter palavras de baixo calão.

2008 - Especial Por Toda Minha Vida - Mamonas Assassinas

No dia 10 de julho de 2008, a Rede Globo exibiu o especial Por Toda Minha Vida - Mamonas Assassinas, em homenagem ao grupo. O programa bateu o recorde de audiência do horário, com 26 pontos de média no IBOPE. O especial foi reprisado outras duas vezes, no dia 10 de março de 2010 e 5 de março de 2016, além de ter sido lançado em DVD pela Globo Marcas/Som Livre em 2009.

2009 - Documentário Mamonas, o Doc

Em 2009, foi lançado o primeiro documentário sobre a banda. Intitulado Mamonas, o Doc, o documentário é dirigido por Cláudio Kahns, e mostra a trajetória da banda desde antes da fama até o auge da carreira.

2011 - Documentário Mamonas para sempre

Em 2011, foi lançado o documentário Mamonas para sempre, também dirigido por Claudio Khans. No ano seguinte, os Mamonas Assassinas foram indicados ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro na categoria Melhor Trilha Sonora.

Em abril de 2013, o colunista Flávio Ricco, do portal UOL, informou que o diretor e produtor do documentário negociou com a Fox Channel a venda dos direitos para a realização de um filme sobre a banda.

2013 - Gravação da canção “Renato, o Gaúcho”

Em julho de 2013, Rick Bonadio, produtor musical do grupo, convidou o cantor Falcão, a banda Contra as Nuvens e os músicos Gee Rocha e Daniel Weksler, ambos do NX Zero, para gravar uma música inédita composta pelo tecladista Júlio Rasec e guardada desde então por sua irmã, Ana Paula, em um caderno. A canção, que sairia em um segundo álbum, é chamada “Renato, o Gaúcho”, e foi lançada na edição de 2013 reality show Fábrica de Estrelas, do Multishow, apresentado por Rick Bonadio. Foi feito um videoclipe para a canção, em que aparecem algumas imagens dos Mamonas.

2015 - Mamonas: 20 anos de Fenômeno

Em comemoração aos 20 anos do fenômeno Mamonas Assassinas, saiu a notícia que uma gravadora independente estaria produzindo um CD intitulado Mamonas: 20 anos de Fenômeno, que traria o registro de um show do grupo. Porém, a gravadora não anunciou qual o ano e o local deste show, nem o mês de lançamento deste novo disco.

2016 - Espetáculo O Musical Mamonas

Em 2016, foi lançado O Musical Mamonas em homenagem aos 20 anos de morte da banda, com texto de Walter Daguerre e direção de José Possi Neto.

2016 - Mamonas Assassinas - A Série

Em 2016, a Record anunciou o projeto de uma minissérie televisiva chamada Mamonas Assassinas - A Série, prevista para ir ao ar em julho do mesmo ano. Devido a problemas no enredo, porém, o projeto foi adiado.

Em 2018, a emissora paulista informou que o projeto havia sido retomado, mas ainda sem previsão de lançamento. O projeto inclui ainda um longa-metragem sobre a banda, com a compactação dos capítulos.

2018 - Canção "Vai Aê"

Em maio de 2018, Tor Sakata e Ruy Brissac lançaram a canção "Vai Aê", cuja letra foi postumamente atribuída a Dinho. A obra inacabada teria sido encontrada no ano anterior, em rascunhos do falecido cantor, por Santana, seu primo. Ruy Brissac, que fez o papel de Dinho no Musical, complementou a letra, inserindo alguns trechos novos.

Formação

Membros

A banda Mamonas Assassinas era formada por:

Dinho (Alecsander Alves) - era o vocalista principal e líder da banda Também tocava violão;

Bento Hinoto (Alberto Hinoto) - era o guitarrista da banda. Também tocava violão e fazia backing vocals;

Samuel Reoli (Samuel Reis de Oliveira) - era o baixista da banda e também fazia backing vocals;

Sérgio Reoli (Sérgio Reis de Oliveira) - era baterista da banda e também fazia backing vocals;

Júlio Rasec (Júlio César) - era o tecladista da banda Também fazia backing vocals e vocais.

Mercúrio Cromo é uma banda de rock brasileira com canções sobre variados temas e letras e composições que transitam entre a verve contestatória do punk rock a baladas típicas do pop rock, criada em 2005. Como o nome sugere, se orgulha de ser uma combinação, não necessariamente lógica, de músicos com gostos e influências musicais diversas.

A banda possui um álbum, dois Singles e um EP. Formada por Fábio Adorno, Nando Menezes, Rafael Arruda e Kairo Espósito em São Paulo, a banda abusava da liberdade criativa, poética e técnica até o álbum "Mercúrio Cromo" de 2012, recheado de canções com duração e letras pouco usuais no mercado musical de cunho comercial. Um Single em 2013, O Gigante Acordou foi lançado, mantendo influências do primeiro álbum, porém diminuindo um pouco a duração da composição, mas não deixando de lado – ao contrário, reforçando – sua veia crítica. Dedicada às manifestações populares de junho/julho de 2013, a banda começou a ganhar mais reconhecimento, tendo essa canção inclusive executada na rádio paulistana 89FM A Rádio Rock. No ano seguinte, 2014, lançaram uma releitura do “hino” Pra Frente Brasil, com um clipe polêmico, satirizando a Copa do Mundo realizada no país. A banda passou por algumas reformulações no período entre 2005 e 2013, sempre na bateria: Thiago Mendes entre 2005 e 2007; Kauê Moralez entre 2007 e 2010; Celso Fernando entre 2010 e 2013, até a consolidação de Samuel Souza no posto. Eles iniciaram a gravação do EP Mercúrio Cromo e após algum tempo liberaram a faixa "O Que Eu Sinto Por Você", primeira canção da banda a ter um clipe veiculado na televisão. O clipe foi dirigido por Maurício Eça, que já tinha dirigido clipes premidados para artistas como Racionais MC's, CPM 22, Pitty e Mafalda Morfina. O EP foi lançado no fim de 2014, as faixas "O Que Eu Sinto Por Você" e "Todo Mundo Sabe" ganharam clipes e a faixa Lorena ganhou um lyric vídeo, bem como um clipe também – este veiculado no canal Multishow.

História

A banda surgiu e se consolidou em São Paulo, cidade plural que tradicionalmente projeta as bandas de Rock para o cenário nacional. O grupo se utiliza de temas cotidianos, críticas políticas e letras poéticas e reflexivas com combinações de várias vertentes do rock, do pop e da MPB.

Surgida num condomínio residencial de classe média baixa na periferia de São Paulo, a primeira formação da banda contava com Fábio Adorno (baixo), Rafael Arruda (guitarra – amigo de adolescência do Fábio), Nando Menezes (vocal – então namorado de uma amiga em comum entre Fábio e Rafael), Kairo Espósito (guitarra – primo do Fábio) e Thiago Mendes (vizinho do Fábio).

Com o passar do tempo, e através de um longo processo de amadurecimento, que envolveu shows, gravações de Demos e mudanças de bateristas, a banda passou por modificações depois do álbum Mercúrio Cromo (2012), que, além de um novo membro, também foi modificado um tanto do estilo da banda, com variações de timbres e perspectivas artísticas.

O primeiro álbum, homônimo, foi lançado em 2012 e carrega alguns elementos e temáticas que variam do Punk ao Grunge, passando por hard rock e pop, e que imprimem um som um tanto pesado e uma dinâmica fora dos padrões comerciais. Gravado, Mixado e Masterizado em São Paulo, o disco tem referências a bandas como Pearl Jam, Mudhoney, Guns N' Roses, Ozzy Osbourne, e até mesmo Ramones.

Em 2013, lançaram o Single O Gigante Acordou, em meio às manifestações de Junho e Julho. Carregado nos tons políticos a faixa já traz alguns elementos que seriam consolidados mais adiante, como linguagens mais modernas de estrutura e timbres em instrumentos típicos de grandes clássicos do rock (como as guitarras Gibson Les Paul e SG, o baixo Fender Precision e o Microfone Shure SM-55), além da mensagem direta e de referências à famosas canções da música brasileira como “Brasil” do Cazuza, “Como Nossos Pais”, composição de Belchior eternizada na voz de Elis Regina, e “Geração Coca-Cola” e “Que País É Este” da banda Legião Urbana.

No primeiro semestre de 2014 a banda lança o provocativo single com a releitura de “Pra Frente Brasil”, famosa canção, muito vinculada ao terceiro título brasileiro da Copa do Mundo e ao futebol do país. Lançada junto com um clipe satírico em meio à Copa do Mundo de 2014, a canção foi o último lançamento da banda antes do EP, também chamado “Mercúrio Cromo”.

Lançado em fins de 2014 o EP trouxe consistente mundança na banda, nos mais variados aspectos artísticos e musicais. Proporcionou 3 canções de trabalho, executadas em algumas rádios do país, e com clipes em canais especializados como Woohoo, PlayTv e Multishow. A banda também participou de programas de rádio na KISS FM e na Rádio USP FM, e também em programas de TV em canais como MTV e Record News. Para a promoção do disco, realizaram inúmeros shows, em formatos "elétrico" e "acústico"

Integrantes

Nando Menezes — vocal Nascimento: 1978

Cantor e compositor, nasceu em São Paulo, cantou nas bandas Carnificina e InDust.

Fábio Adorno — baixo Nascimento: 1985

Compositor e baixista, sua carreira artística começou ainda aos 9 anos, desenhando, mas sua carreira musical confunde-se com a própria carreira do Mercúrio Cromo.

Rafael Arruda — guitarra, vocal Nascimento: 1985

Compositor e guitarrista, iniciou a carreira em 2003, em São Paulo. Tocou na banda Versus antes de fundar o Mercúrio Cromo. É também ator.

Kairo Espósito — guitarra, vocal Nascimento: 1988

Compositor e guitarrista, iniciou a carreira musical em bandas do bairro, em São Paulo. Antes da banda, dava aulas de guitarra.

Samuel Souza — bateria, vocal Nascimento: 1995

Compositor, baterista e amante do futebol, Samuel iniciou sua carreira muito jovem, tocando em bandas do bairro até ser incorporado ao Mercúrio Cromo.

Os Mutantes é uma banda brasileira de rock psicodélico formada durante o Movimento Tropicalista no ano de 1966, em São Paulo, por Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias. Também participaram do grupo Liminha e Dinho Leme

A banda é considerada um dos principais grupos do rock brasileiro. Assim como grande parte dos grupos dos anos de 1960, Os Mutantes foram fortemente influenciados por The Beatles, Jimi Hendrix e Sly & the Family Stone. No entanto, os músicos brasileiros eram também mergulhados em sua cultura local, exercendo sua própria criatividade na utilização de feedback, distorção e truques de estúdio de todos os tipos, assim como era feito pelo quarteto de Liverpool e pelo grupo The Beach Boys. Nesse sentido, os Mutantes foram pioneiros na mescla do rock and roll com elementos musicais e temáticos brasileiros. Outra característica do grupo era a irreverência. Pois como Os Mutantes, passou a existir uma espécie de mistura da música estrangeira com a brasileira e a adição de novas ideias, com doses de experimentalismo, abrindo, assim, o caminho para o hibridismo musical.

Os Mutantes iniciaram suas atividades em 1966, como um trio, quando se apresentaram no programa O Pequeno Mundo de Ronnie Von da TV Record. O grupo foi batizado como Mutantes pelo próprio Ronnie Von, antes da estreia na TV. O grupo até então chamava-se Os Bruxos e a sugestão veio do livro O Império dos Mutantes, de Stefan Wul. O grupo logo se tornou um dos principais expoentes da nova MPB, influenciada pela Tropicália, até terminar em 1978, com apenas Sérgio Dias como integrante original. Ao longo destes doze anos foram gravados nove álbuns, sendo que dois deles - O A e o Z e Tecnicolor - foram lançados apenas na década de 1990. Foi nessa década que foi reconhecida no cenário do rock nacional e internacional a importância dos Mutantes como um dos grupos mais criativos, dinâmicos, radicais e talentosos da era psicodélica e da história da música mundial. Em 2006, a banda se reuniu, sem Rita Lee ou Liminha, mas contando com a presença de Arnaldo Baptista e com Zélia Duncan nos vocais. No ano seguinte, Arnaldo e Zélia se desligaram da banda, que foi recomposta com outros músicos e continua a fazer shows sob a liderança de Sérgio Dias, único membro restante da formação original.

História

Anos 1960 e 1970

Origens

Os Mutantes, 1969. Arquivo Nacional.

Em 1964, os irmãos Arnaldo Baptista e Cláudio César Dias Baptista, juntamente com Raphael Vilardi e Roberto Loyola, fundaram o grupo The Wooden Faces. Um ano depois, conheceram e convidaram Rita Lee - então no Teenage Singers - a integrar a banda. Ainda entraria no grupo Sérgio, o caçula na família Baptista. A nova banda passou a se chamar Six Sided Rockers, depois O Conjunto e O´Seis.

Em 1966, eles gravaram compacto simples pela Continental com as composições "Suicida" (de Raphael e Roberto) e "Apocalipse" (de Raphael e Rita), que vendeu menos de duzentas cópias. Ainda naquele ano, Cláudio César, Raphael e Roberto deixariam o grupo. Arnaldo, Rita e Sérgio mantiveram o grupo, que foi rebatizado com o nome definitivo de Os Mutantes, o nome veio de O Império dos Mutantes, ficção científica de Stefan Wul publicado na Colecção Argonauta de Portugal.

Ronnie Von, uma das estrelas da Jovem Guarda (embora nunca tenha participado do programa apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa), comandava então o programa dominical O Pequeno Mundo de Ronnie Von, transmitido pela TV Record, e não havia gostado do nome anterior. Em 15 de outubro de 1966, Os Mutantes estrearam no programa. Impressionaram tanto que o grupo foi convidado a fazer parte do elenco fixo do programa. Eles também participaram das gravações do LP Ronnie Von - nº 3.

A aproximação com os Tropicalistas

No início de 1967, mudanças na direção artística do programa reduziram paulatinamente as apresentações dos Mutantes. Por discordar das novas diretrizes, eles deixaram a Record, já que também havia a possibilidade de realizar apresentações em outras emissoras. À convite do maestro Chiquinho de Moraes, da Rede Bandeirantes, Os Mutantes exibiram-se no programa "Quadrado e Redondo", apresentado por Sérgio Galvão. Nessa época, conheceram outro maestro, Rogério Duprat, que teria papel decisivo na história do trio. Apadrinhados por Duprat, Os Mutantes começaram a participar dos grandes festivais de música popular brasileira, que viviam sua fase áurea. O maestro sugeriu a Gilberto Gil que convocasse o grupo como banda de apoio para gravar "Bom Dia", que seria cantada por Nana Caymmi e inscrita no III Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record. Outra gravação de Gil classificada para o Festival era "Domingo no Parque". Apesar de nenhum de seus integrantes ler cifras e partituras musicais e conhecer a complexidade harmônica dos arranjos elaborados por Gil e Duprat, Os Mutantes se saíram muito bem nos ensaios e acabaram participando da gravação de ambas. "Domingo no Parque" ganhou o segundo lugar e aproximou os Mutantes do movimento tropicalista.

Em 1968, o trio assinou um contrato com a Polydor, graças a uma indicação do produtor Manoel Barenbein. Assim, foi lançado Os Mutantes, primeiro disco da banda. Com arranjos de Duprat e participação especial de Jorge Ben, o LP foi bastante inovador e experimental, além de muito influenciado pelo trabalho dos Beatles. Algumas das faixas que se destacaram são "Senhor F" (que contou com participação da mãe dos irmãos Baptista, Clarisse Leite, que tocou piano), "Panis et Circenses" (canção composta por Caetano Veloso e Gilberto Gil especialmente para os Mutantes) e "Trem Fantasma" (parceria entre os Mutantes e Caetano Veloso, que foi composta na casa do produtor Guilherme Araújo). O disco vendeu menos de 10.000 cópias, mas adquiriu status lendário ao longo dos anos.

Também naquele ano, a banda participou, ao lado de vários artistas, de Tropicalia ou Panis et Circencis, disco-manifesto do movimento tropicalista, gravando a faixa-título do LP. Ainda naquele ano, o grupo participou em duas sequências - filmadas na boate Ponto de Encontro - de As Amorosas, filme do diretor brasileiro Walter Hugo Khouri, estrelado por Paulo José, Lilian Lemmertz e Anecy Rocha. Em setembro, ainda participaram do III Festival Internacional da Canção, da TV Globo, defendendo "Caminhante Noturno" (de Arnaldo, Sérgio e Rita), que acabou classificada em sétimo lugar. Mas o episódio mais emblemático daquele festival foi a apresentação de Caetano acompanhado dos Mutantes como banda de apoio. Na final paulista do FIC, realizada no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, eles executaram "É Proibido Proibir". A canção de Caetano foi recebida sob intensas vaias pelo plateia que lotava o auditório. Mal os Mutantes começaram a tocar a introdução, espectadores enfurecidos atiraram ovos, tomates e pedaços de madeira contra o palco e deram as costas para a apresentação. Imediatamente, os Mutantes responderam, sem parar de tocar: viraram as costas para a plateia. Revoltado com a recepção, Caetano fez um longo e inflamado discurso que quase não se pode ouvir, por causa do barulho dentro do auditório.

No final daquele ano, os Mutantes estiveram no IV Festival da Música Popular Brasileira, defendendo "Dom Quixote" e "2001", esta última uma parceria de Rita Lee com Tom Zé.

O fim da Tropicália

No ano seguinte, os Mutantes excursionaram pela França, onde tocaram no célebre Mercado Internacional de Discos e Editores Musicais (Midem), na cidade de Cannes, e no tradicional Olympia, em Paris. Em fevereiro, foi lançado Mutantes, segundo disco da banda - e já com a participação do baterista Dinho Leme e do baixista Liminha. Um dos destaques do LP, a faixa "Caminhante Noturno" teve erradamente a omissão do nome de Sérgio Dias como coautor.

Os Mutantes, 1972. Arquivo Nacional.

Ainda em 1969, os Mutantes realizaram o seu último concerto com Caetano e Gil. Foi durante a conturbada temporada na boate carioca Sucata, no qual ocorreu o famoso incidente da bandeira nacional, supostamente desrespeitada, no entender dos militares que governavam o Brasil naquela época. Durante o espetáculo, foi pendurada no cenário uma bandeira, obra do artista plástico Hélio Oiticica, com a inscrição "Seja Marginal, Seja Herói" e a imagem de um traficante famoso à época, o Cara de Cavalo, que havia sido morto pela polícia. Os militares alegaram ainda que Caetano teria cantado o Hino Nacional inserindo versos ofensivos às Forças Armadas. Isto tudo serviu de pretexto político para que os militares suspendessem a apresentação e prendessem Caetano e Gil, posteriormente soltos e autoexilados no Reino Unido. O episódio é considerado como o fim do movimento vanguardista.

Ainda naquele ano, estreou o espetáculo Planeta dos Mutantes, misturando música, cenas bizarras e psicodelia. No final daquele ano, o grupo defendeu a canção "Ando Meio Desligado" no IV Festival Internacional da Canção.

A consolidação da banda

Em março de 1970, foi lançado A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado, considerado um marco na carreira do grupo, que tenta se distanciar do tropicalismo e abraçar de vez o rock. O maior destaque do LP foi a canção-título "Ando Meio Desligado" (de Arnaldo, Sérgio e Rita). Outro destaque fica por conta da regravação de "Chão de Estrelas" (de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa), que foi muito criticada pelos críticos e puristas daquela época. No final daquele ano e com o baixista Liminha integrado ao quarteto Arnaldo-Sérgio-Rita-Dinho, os Mutantes retornam à França para realizar algumas apresentações. Convidados pelo produtor Carl Holmes, aproveitaram para gravar algumas canções no estúdio Des Dames, com a intenção era lançar um álbum principalmente em inglês para atrair público internacional. Mas a Polydor desistiria do projeto mesmo com um álbum inteiro já gravado. Somente em 2000, o disco seria lançado, chamado Tecnicolor.

No início de 1971, a banda foi contratada pela Rede Globo para serem uma das atrações fixas do programa Som Livre Exportação. Inicialmente, o grupo gostou, mas depois se desinteressou pelo projeto. Ainda naquele ano, foi lançado Jardim Elétrico, álbum no qual foram utilizados alguns instrumentos fabricados por Cláudio Baptista, irmão mais velho de Arnaldo e Sérgio. Quatro faixas gravadas em Paris foram aproveitadas para o disco. Em 30 de dezembro de 1971, Rita e Arnaldo se casaram. Ela disse anos depois que o casamento foi apenas para ganhar independência dos pais e que os irmãos disputaram no palitinho quem assinaria a certidão. Na volta da lua-de-mel, o casal rasgaria a certidão de casamento no programa de televisão da apresentadora Hebe Camargo.

A expulsão de Rita Lee

Rita Lee em apresentação com Os Mutantes, 1972. Arquivo Nacional.

Em maio de 1972, com dois meses de atraso, foi lançado Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets. O título do disco é uma homenagem a Tim Maia, que era amigo dos Mutantes, e que chamava "baurets" os cigarros de maconha que costumava fumar. O LP mostrou a transição da banda em direção ao rock progressivo, com influências dos grupos Emerson, Lake & Palmer e Yes. A faixa "Cabeludo Patriota" sofreu com a censura e teve de mudar de nome para "A Hora e a Vez do Cabelo Nascer" e foram sobrepostos ruídos para esconder a frase "o meu cabelo é verde e amarelo". "Balada do Louco" (Arnaldo e Rita) foi o grande sucesso do álbum e um dos maiores da carreira do grupo. Outras canções foram bem executadas na mídia, como "Posso Perder Minha Mulher, Minha Mãe, Desde que Eu Tenha o Rock and Roll" (de Arnaldo, Rita e Liminha), "Vida de Cachorro" (de Arnaldo, Sérgio e Rita), "Cantor de Mambo" (de Élcio Decário, Arnaldo e Rita), "Todo Mundo Pastou" (de Ismar S. Andrade "Bororó") e "Rua Augusta" (Hervé Cordovil). Esse foi o último momento de Rita Lee com a banda, que saiu - ou foi convidada a sair - dos Mutantes, começando uma carreira solo.

Ainda em 1972, foi descoberto que havia sido instalado em São Paulo o primeiro estúdio de dezesseis canais do país. Os Mutantes tentaram convencer a Polydor a lançar mais um álbum da banda naquele ano, mas a gravadora, interessada em lançar a carreira solo de Rita Lee, determinou que apenas ela assinasse o disco, alegando que não ficaria bem para a banda lançar dois LP em um mesmo ano. Por isso, o LP Hoje É o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida ficou creditado apenas a Rita Lee, embora os Mutantes como um todo tenham participado ativamente do álbum tanto na composição quanto na gravação.

Rita acabou sendo expulsa do grupo, como admitiu Arnaldo em entrevista de 2007: "Mandei a Rita embora dos Mutantes".[17]

A fase progressiva

Já sem Rita Lee, em 1973 os Mutantes estrearam o espetáculo, "2000 Watts de Som" e gravaram O A e o Z, LP que marcou de vez a adesão do grupo ao rock progressivo. Todas as suas faixas foram compostas e executadas sob o efeito de ácido lisérgico (LSD), o que desagradou a Polydor, que não aprovou o trabalho, o considerou sem valor comercial e decidiu não lançá-lo. Além de não comercializar o disco, a gravadora decidiu demitir a banda. O álbum seria lançado somente em 1992, pela PolyGram.

Os Mutantes continuaram ativos, porém Arnaldo, debilitado pelo uso contínuo de drogas (em especial o LSD) e em depressão com o final do seu casamento, passou a apreesentar comportamentos patológicos, colecionando sacos cheios de lixo, comunicando-se numa espécie de idioma inventado por ele e fazendo planos de construir uma nave espacial. Arnaldo, então, deixou a banda, seguido pelo baterista Dinho. Em 1974, depois de uma briga com os demais integrantes, o baixista Liminha foi o próximo a abandonar o grupo.

A derrocada e o fim

Sérgio Dias decidiu manter a banda, mas teve de reformular toda a sua estrutura. No lugar de Arnaldo, Dinho e Liminha entraram respectivamente Túlio Mourão, Rui Motta e Antônio Pedro Medeiros. A nova formação conseguiu um contrato com a Som Livre em 1974, que lançou Tudo Foi Feito pelo Sol no mesmo ano.

Mesmo após o lançamento do LP, as discussões não cessaram. Em 1976, Sérgio demitiu Túlio e Antônio, substituídos por Luciano Alves e Paul de Castro. Arnaldo recusou todos os pedidos do irmão Sérgio para que voltassem a tocar juntos. No mesmo ano, a gravadora lançou Mutantes Ao Vivo, gravado no MAM do Rio de Janeiro. O álbum não agradou os fãs e a crítica.

Em 1978, Arnaldo, que havia formado a Patrulha do Espaço no ano anterior, se reuniu com a banda como convidado especial em uma única apresentação, mas não aceitou o convite de Sérgio para voltar aos Mutantes. Com mais alguns desentendimentos, Sérgio decidiu terminar com o grupo. O fim não poderia ser mais melancólico: aproximadamente duzentas pessoas comparecem ao último concerto do grupo, em 6 de junho em Ribeirão Preto.

Depois do fim

Lançamento de O A e o Z

Os Mutantes voltariam a ser notícia em 1992, quando os principais jornais brasileiros divulgaram que o grupo iria retornar em sua formação clássica. O que aconteceu na verdade foi um convite de Almir Chediak para que o grupo se reunisse em uma gravação. Sérgio tocou em alguns discos solo de Rita nas décadas de 1970 e 1980 e se apresentou em alguns concertos dela em 1992. Nesses espetáculos, a plateia gritava o nome de Arnaldo. Ainda naquele ano, Sérgio Dias convenceu Mayrton Bahia, diretor artístico da PolyGram, a lançar O A e o Z, gravado em 1973. A gravadora atendeu o pedido do ex-Mutante. Em 1996, o selo Natasha Records lançou um disco-tributo aos Mutantes, no qual os vários sucessos do grupo foram interpretados por artistas do cenário pop brasileiro, como Arnaldo Antunes, Kid Abelha, Lulu Santos, Pato Fu e Planet Hemp.

Lançamento de Tecnicolor

No ano 1999 a gravadora Universal, dona do catálogo da extinta filial brasileira da Polydor, finalmente resolveu lançar Tecnicolor, o álbum gravado pela banda durante sua passagem pela França em 1970. A ilustração e a caligrafia do álbum, na versão editada no ano de 1999, são da autoria de Sean Lennon.[12][13][14] Na época, em 1970, a PolyGran inglesa convidou o grupo a morar em Londres e pediu para que eles gravassem um álbum com canções em língua inglesa. Apenas Arnaldo Baptista sabia desse convite e só contou aos outros integrantes após regressarem ao Brasil.

Em fevereiro de 2005, a revista britânica Mojo incluiu o álbum Os Mutantes em sua lista de "50 Most Out There Albums of All Time" (algo como os "50 Discos Mais Experimentais de Todos os Tempos"). Eles obtiveram a 12ª posição na lista, à frente de nomes como Beatles, Pink Floyd e Frank Zappa. Ainda em 2005, a também britânica Q Magazine igualmente colocou o álbum em 12º lugar, em sua lista dos "40 greatest psychedelic albums of all time" ("Os 40 maiores discos psicodélicos de todos os tempos). Em 2012, a americana Rolling Stone incluiu também o disco de estreia na 9ª posição em sua lista dos "10 maiores discos de rock latino de todos os tempos"

Retorno em 2006

Em 2006, os Mutantes foram homenageados na mostra Tropicália - A Revolution in Brazilian Culture, no Barbican Hall, em Londres, o principal centro cultural da Europa. Alegando compromissos agendados na mesma data do convite, Rita Lee não aceitou o convite. Liminha também declinou. Sérgio Dias, Arnaldo Baptista e Dinho Leme (que não tocava profissionalmente há cerca de trinta anos) aceitaram. Ao grupo original, juntou-se a cantora Zélia Duncan no lugar de Rita Lee e músicos da banda de Sérgio. Todos os ingressos para o concerto foram vendidos antecipadamente, que teve como banda de abertura o grupo Nação Zumbi e o músico texano Devendra Banhart, um grande fã dos Mutantes. A primeira apresentação dos novos Mutantes se realizou com grande êxito no dia 22 de maio em Londres[22] e foi gravada para futuro lançamento em CD e DVD, pela gravadora Sony BMG. Depois do concerto em Londres, os Mutantes seguiram para temporada nos Estados Unidos. Eles se apresentaram no Webster Hall, em Nova York, no Hollywood Bowl, em Los Angeles, no The Fillmore, em San Francisco, no Moore Theatre, em Seattle e Cervantes Masterpiece Ballroom, em Denver - além de participarem do Pitchfork Music Festival, em Chicago. Ainda naquele ano, a gravadora Universal remasterizou todos os disco da banda dos anos de 1968 a 1972, fazendo uso das fitas originais.

Em 25 de janeiro de 2007, o grupo faz sua primeira apresentação no Brasil em quase trinta anos. O concerto fez parte dos festejos do 453º aniversário da cidade de São Paulo e levou cinquenta mil pessoas ao Museu do Ipiranga. Em seguida, o grupo realizou uma turnê pelo Brasil. Em setembro daquele ano, Zélia Duncan e Arnaldo Baptista anunciaram a saída dos Mutantes. Zélia alegou que queria se dedicar mais a sua carreira solo. Arnaldo queria se dedicar aos seus projetos pessoais, que incluem escrever uma autobiografia, lançar um livro de ficção (Rebelde Entre os Rebeldes) e dois álbuns da Patrulha do Espaço, e promover uma exposição com suas pinturas e esculturas.

Sérgio Dias e Dinho Leme mantiveram a banda, dessa vez com Bia Mendes nos vocais, que lançou em 25 de abril de 2008 "Mutantes Depois", a primeira canção inédita dos Mutantes em mais de três décadas. O compacto pode ser baixado gratuitamente na Internet. A canção está presente na trilha sonora da novela Os Mutantes - Caminhos do Coração.

Em 2013, a banda lança o álbum "Fool Metal Jack", em 2017, em novembro de 2013, lançam o single "Black and grey".

Em janeiro 2020, a banda lança o álbum Zzyzx, com apenas Sérgio Dias como membro original, o álbum apresenta 11 canções, sendo 9 delas em inglês, passeando por estilos como doo-wop, country folk rock.

Sérgio Dias com a "Guitarra de Ouro".

Inovações

A banda foi responsável por várias inovações técnicas e sonoras que, até então, eram desconhecidas ou pouco usadas pela indústria fonográfica no Brasil. Um dos maiores responsáveis por tais inovações foi Cláudio César Dias Baptista, irmão mais velho de Sérgio Dias e Arnaldo Baptista. Foi Cláudio César quem construiu, por exemplo, a "Guitarra de Ouro" usada por Sérgio Dias em quase todos os discos dos Mutantes, e o baixo Regvlvs usado primeiro por Arnaldo e posteriormente por Liminha. Outros equipamentos, como amplificadores, caixas e mesas de som, bem como pedais de efeito também foram projetados e construídos por Cláudio César para uso da banda. Após seu desligamento dos Mutantes, Cláudio César escreveu um livro sobre gravações em estúdio e começou a comercializar seus equipamentos sob a marca CCDB, prosseguindo no campo da eletrônica e engenharia de áudio até a década de 80.

Integrantes

Formação Clássica

Arnaldo Baptista - Teclado, baixo e vocais (1966 - 1973; 2006-2007)

Rita Lee - Vocais, percussão (1966 - 1972)

Sérgio Dias - Guitarra, vocais (1966 - 1978; 2006 - )

Dinho Leme - Bateria (1969 - 1973; 2006 - 2013)

Liminha - Baixo (1969 - 1974)

Nenhum de Nós é uma banda de rock brasileira, formada em 1986 na cidade de Porto Alegre. A banda é formada pelos músicos Thedy Corrêa, Carlos Stein, Sady Homrich, Veco Marques e João Vicenti. Com 35 anos de carreira, 17 discos, três DVDs e um EP, a banda já fez mais de 2000 shows e vendeu mais de 3,5 milhões de discos.

História

O início (1986 - 1987)

Sady Homrich e Carlos Stein se conheceram nos tempos da primeira série escolar, e, mais tarde, na 5º série, conhecem Thedy Corrêa. Na faculdade, Stein foi um dos fundadores do grupo Engenheiros do Hawaii. Depois de dois shows, saiu para formar o Nenhum de Nós com Corrêa e Homrich. Após algum tempo, foram chamados para abrir um espetáculo do DeFalla na Sociedade dos Amigos da Praia do Imbé (SAPI).[3] Antônio Meira, produtor, gostou da música dos jovens e eles, então, assinaram com a BMG Ariola e gravaram seu primeiro álbum. O disco, homônimo, foi lançado em 1987 e vendeu 30.000 cópias.

Sucesso nacional (1988 - 1993)

Em 1988, a música de trabalho do primeiro disco, Camila, Camila torna-se um hit nacional, chegando ao 3° lugar na parada brasileira. O sucesso promoveu novos shows no Rio de Janeiro e em São Paulo e o lançamento do 2° álbum. Cardume, produzido por Reinaldo Barriga, foi lançado em março de 1989 e vendeu 250.000 cópias, garantindo à banda seu primeiro disco de ouro. No álbum está incluída Astronauta de Mármore, versão da música Starman de David Bowie, que foi a música nacional mais tocada naquele ano.

1990 é marcado pela entrada do guitarrista Veco Marques. O 3° álbum da banda é lançado nesse mesmo ano, Extraño, com fortes influências da música gaúcha, com a participação de Luiz Carlos Borges A canção Extraño ganha clipe de grande repercussão para época. A canção Sobre o Tempo é incluída na trilha sonora da telenovela Barriga de Aluguel, da Rede Globo e ganha clipe especial do Fantástico (assim como O Astronauta de Mármore), alavancando as vendas do álbum, que chegou à 50.000 cópias vendidas. Em 1991, se apresentam no Rock in Rio II, no penúltimo dia do festival, marcando a entrada de João Vicenti como músico convidado.

Em junho do ano seguinte, é lançado o quarto álbum de estúdio da banda, também homônimo, com influências do pop da década de 70. O videoclipe de um dos singles do álbum, Ao Meu Redor, é eleito o melhor do Brasil pela votação do público na MTV e a banda vai para Los Angeles, representar o Brasil no MTV Video Music Awards 1992. Ainda neste álbum, está incluída uma versão da música Sangue Latino (do grupo Secos e Molhados) que ganhou uma versão dance que tocou nas rádios do país inteiro e também Jornais, que teve um clipe de muito sucesso no Top 20 Brasil, da MTV.

Rescindido o contrato com a BMG, a banda começa um novo projeto e passa o ano de 1993 entre os shows da turnê do quarto álbum e a composição de um novo trabalho.

Fase independente (1994 - presente)

Em 1994, é lançado o primeiro álbum ao vivo do Nenhum de Nós, Acústico ao Vivo, gravado no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, em 30 de março de 1994. Garantiu à banda seu segundo disco de ouro. A canção Diga a Ela foi lançada como single do álbum e ganhou um videoclipe ao vivo de alta rotação na MTV.

Em 1996, é lançado pela Velas o sexto disco da carreira da banda, o primeiro em que João Vicenti é reconhecido como membro oficial da banda. Mundo Diablo conta com parcerias com Edgard Scandurra (Ira!), Herbert Vianna (Os Paralamas do Sucesso), Flavio Venturini (14 Bis) e Fito Paez. Em 1997, a banda se apresenta, dia 1 de fevereiro, no festival Planeta Atlântida, que naquele mesmo dia contou também com Skank. Enquanto isso, o clipe de Vou Deixar Que Você se Vá fica em 1° lugar no Disk MTV.

Em dezembro de 1998, é lançado o álbum Paz e Amor, produzido por Sacha Amback. O álbum tem influência do novo rock inglês e tem elementos de música eletrônica.[6] No início de 2000, sai o álbum Onde Você Estava em 93?, que foi gravado em 1993, mas só foi lançado em 2000, pela ACIT, pois a BMG havia rejeitado-o por ser "não-comercial". No dia 5 de janeiro de 2001 é lançado Histórias Reais, Seres Imaginários, álbum muito bem recebido pelo público e que ainda garantiu um clipe para Amanhã ou Depois, música que ficou semanas nas paradas do Brasil inteiro e marcou a volta da banda para palcos não-sulistas. Em 2003, é lançado o segundo álbum ao vivo da carreira da banda. Acústico ao Vivo 2 é o registro dos sucessos da banda, pela segunda vez, no Theatro São Pedro, apesar de ser seu segundo álbum ao vivo e também o segundo em formato acústico, foi o primeiro disponibilizado no formato DVD. Assim como o primeiro, vendeu 100.000 cópias, garantindo à banda seu terceiro disco de ouro. Em 2005, é lançado Pequeno Universo, com 11 músicas originais inéditas e duas releituras, Eu e Você Sempre (Jorge Aragão) e Raquel (Jorge Drexler).

Em 2007, a banda lança seu terceiro álbum ao vivo, A Céu Aberto, em CD e DVD. Trata-se do registro ao vivo em comemoração aos 20 anos da carreira da banda, gravado no dia 24 de março de 2007 no Parque da Harmonia, em Porto Alegre.[18]

Em 2009, a banda lança o álbum Paz e Amor - Acústico, gravação inédita feita pelo grupo no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, em dezembro de 2000, durante a turnê do álbum Paz e Amor.

Após o lançamento do álbum Paz e Amor - Acústico, o grupo sai de um hiato de seis anos sem novas composições e lança Contos de Água e Fogo, em 2011, álbum que conta a participação de Duca Leindecker e Leoni.[19][20]

Em 2012, a banda lança seu décimo primeiro álbum de estúdio, Outros, um álbum inteiramente de covers.

Em 2013, a banda lança seu décimo segundo álbum de estúdio, Contos Acústicos de Água e Fogo, terceiro lançamento do grupo nos formatos de CD e DVD. O álbum conta com versões acústicas de músicas do álbum Contos de Água e Fogo, e, alguns outros sucessos dos outros discos.

Em 2015, a banda lança o álbum Sempre é Hoje que tem como singles: "Milagre" e "Foi Amor" (que conta com a participação da cantora Roberta Campos). Em 2018, lançam o EP Doble Chapa com seis faixas.

Integrantes

Thedy Corrêa: vocal, violão, baixo e harmônica

Veco Marques: guitarra, sitar, banjo, bandolim e guzheng

Carlos Stein: guitarra e violão

Sady Homrich: bateria e percussão

João Vicenti: teclados, gaita, backing vocals e acordeon

Os Paralamas do Sucesso (também conhecida somente por Paralamas) é uma banda de rock, formada no município fluminense de Seropédica, em 1982. Seus integrantes desde então são Herbert Vianna (guitarra e vocal), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria). No início a banda misturava rock com reggae, posteriormente passaram a agregar instrumentos de sopro e ritmos latinos.

Carreira

1977–83: Formação e Cinema Mudo

Em 1977, Herbert Vianna se mudou de Brasília para o Rio de Janeiro para fazer o Ensino Médio em um colégio militar e reencontrou Bi Ribeiro, amigo de infância da capital brasileira que estava no terceiro ano na mesma instituição. Os dois compartilhavam do gosto pelo rock e começaram a ensaiar juntos de forma amadora, uma vez que Herbert tocava guitarra e Bi baixo, convidando ainda para se juntar a eles o baterista Vital Dias, amigo do baixista. Em 1979, os três amigos deixaram de se ver por conta do vestibular e só voltaram a se reencontrar em 1981. Neste ano voltaram a ensaiar juntos em um sítio em Mendes, interior fluminense, e na casa da avó de Bi, em Copacabana, quando também passaram a compor canções de cunho humorísticas, como "Vovó Ondina é Gente Fina", "Mandingas de Amor", "Reis do 49" e "Pinguins? Já Não os Vejo Pois Não Está na Estação". Além disso, os amigos trouxeram Ronel e Naldo como vocalistas da banda, que foi batizada originalmente como As Cadeirinhas da Vovó.

Em 1982, os amigos decidiram se tornar uma banda profissional e passar a compor a sério, porém Ronel e Naldo não visavam seguir a carreira artística e decidiram não fazerem parte do projeto. Hebert, que até então tocava apenas guitarra, se tornou também vocalista da nova banda, batizada como Os Paralamas do Sucesso, e eles começaram a realizar shows oficialmente, trazendo um repertório que mesclava músicas próprias e covers de outros artistas. Em 1982, Vital faltou a uma apresentação na Universidade Rural do Rio e foi substituído por João Barone, que assumiu de vez o lugar na banda pela inviabilidade de continuar na carreira artística do baterista original, mantendo ainda uma relação de amizade com eles fora dos palcos. Neste ano a banda enviou a demo da canção "Vital e sua Moto" para a Fluminense FM, se tornando uma das mais tocadas na rádio no verão de 1983. Em janeiro a banda abre os shows de Lulu Santos no Circo Voador, fato que chamou atenção da EMI, com quem assinaram contrato. No mesmo ano a banda lança o álbum Cinema Mudo trazendo as canções humoradas escritas antes de se profissionalizarem, o que a banda era contra, porém tendo sido obrigados pela gravadora para garantir um lançamento sério futuro. Apesar dos Paralamas serem considerados parte da turma do "rock de Brasília" – como Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial –, por terem amizade com estas bandas, além de Herbert e Bi terem vindo da capital brasileira, o Paralamas foi formado no Rio de Janeiro.

1984–89: O Passo do Lui, Selvagem? e Bora Bora

Em 1984, a banda lançou finalmente o tão esperado álbum mais sério, O Passo do Lui, que teve enorme sequência de sucessos como "Óculos", "Me Liga", "Meu Erro", "Romance Ideal" e "Ska", além da aclamação crítica, levando o grupo a tocar no Rock in Rio, no qual o show dos Paralamas foi considerado um dos melhores. Depois de grande turnê, lançaram em 1986, Selvagem?, o mais politizado. O álbum contrapunha a "manipulação" desde sua capa (com o irmão de Bi no meio do mato apenas com uma camiseta em torno da cintura), e misturava novas influências, principalmente da MPB. Com sucessos como "Alagados", "A Novidade" (a primeira com participação de Gilberto Gil, e a segunda co-escrita com ele), "Melô do Marinheiro" e "Você" (de Tim Maia), Selvagem? vendeu 700.000 cópias e credenciou os Paralamas a tocar no cultuado Festival de Montreux, em 1987.

O show no festival da cidade suíça viraria o primeiro disco ao vivo da banda, D. Nele, a novidade, em meio ao show com os sucessos já conhecidos, era a inclusão de um "4º paralama", o tecladista João Fera, que excursiona com a banda até hoje, como músico de apoio. Os Paralamas também fizeram turnê pela América do Sul, ganhando popularidade em Argentina, Uruguai, Chile e Venezuela. O sucessor de Selvagem?, Bora-Bora (1988) acrescentou metais ao som da banda. O álbum mesclava faixas de cunho político-social como "O Beco" com as introspectivas "Quase Um Segundo" e "Uns Dias" (reflexo talvez do fim do relacionamento com a vocalista da banda Kid Abelha, Paula Toller). Bora-Bora é tão aclamado pela crítica quanto O Passo do Lui.

1990–95: Big Bang, Os Grãos e Severino

Big Bang (1989) seguia o mesmo estilo dos anteriores, tendo como hits a alegre "Perplexo" e a lírica "Lanterna dos Afogados". Seguiu-se a coletânea Arquivo, com uma regravação de "Vital" e a inédita "Caleidoscópio" (antes gravada por Dulce Quental, do grupo Sempre Livre). O começo da década de 1990 foi dedicado às experimentações. Os Grãos (1991), disco com enfoque nos teclados e menor apelo popular, não foi bem nas paradas (apesar de ter tido 2 sucessos, "Trac-Trac" - versão do argentino Fito Páez - e "Tendo a Lua") e nem vendeu muito, algo que também pode ser atribuído à grave crise econômica pela qual o Brasil passava. Após uma pequena pausa (na qual Herbert lançou seu primeiro disco solo), o trio retorna aos shows, que continuavam cheios, embora a banda passasse por fortes críticas da imprensa. No fim de 1993, a banda viaja para a Inglaterra, onde, sob a produção de Phil Manzanera, gravam Severino. O álbum, lançado em 1994, teve participação do guitarrista Brian May da banda inglesa Queen na música "El Vampiro Bajo El Sol". Este disco era ainda mais experimental, com arranjos muito elaborados, e foi ignorado pelas rádios e grande público, vendendo 55 mil cópias. Mas se no Brasil os Paralamas estavam esquecidos, no resto da América eles eram ídolos. Paralamas (1992), coletânea de versões em espanhol e Dos Margaritas (a versão hispânica de Severino) estouraram principalmente na Argentina.

1996–00: 9 Luas e Hey Na Na

A despeito das fracas vendagens do CD, a turnê de Severino estava sendo muito bem sucedida, com o público recebendo sempre bem os Paralamas. Uma série de três shows, gravada no fim de 1994, viraria em 1995 o disco ao vivo Vamo Batê Lata. Vamo Batê Lata era acompanhado de um CD com quatro músicas inéditas, e o sucesso de "Uma Brasileira" (parceria de Herbert com Carlinhos Brown e participação de Djavan), "Saber Amar" e a controvertida Luís Inácio (300 Picaretas) (que criticava a política brasileira e os Anões do Orçamento) atraiu a atenção de público e imprensa de volta aos Paralamas. A volta às canções de fácil compreensão e ao formato pop colaborou definitivamente para o retorno ao sucesso de crítica e público, resultando na maior vendagem da carreira da banda (900 mil cópias). Também começou aí a fase dos videoclipes superproduzidos, que levariam 11 VMB de 1995 a 1999, começando por Uma Brasileira, vencedor nas categorias Clipe Pop e Escolha da Audiência.

Nove Luas, de 1996 e Hey Na Na, de 1998 continuaram o caminho de êxito com faixas como Lourinha Bombril, La Bella Luna e Ela Disse Adeus (Nove Luas vendeu 250.000 cópias em um mês, enquanto Hey Na Na vendeu o mesmo em apenas uma semana). Em 1999 a MTV Brasil chamou os Paralamas para gravar um Acústico MTV. O álbum, com canções menos conhecidas e as participações de Dado Villa-Lobos, ex-Legião Urbana e Zizi Possi, vendeu 500.000 cópias, ganhou o Grammy Latino e teve turnê de shows lotados. Em 2000, lançaram uma segunda coletânea, Arquivo II, com músicas de todos os álbuns entre 1991 e 1998 (exceto Severino), uma regravação de "Mensagem de Amor" e a inédita "Aonde Quer Que Eu Vá", parceria de Herbert com Paulo Sérgio Valle (a dupla também escrevera sucessos para Ivete Sangalo).

2001–05: Acidente de Hebert, Longo Caminho e Uns Dias

Herbert Vianna e João Barone (no fundo).

Em 4 de Fevereiro de 2001, um ultraleve pilotado por Herbert Vianna teve um acidente em Mangaratiba. A mulher de Herbert, Lucy, estava a bordo e morreu. Herbert fora resgatado e levado para a capital. As sequelas foram duras (Herbert fora entubado e acabara ficando paraplégico), mas assim que Herbert mostrou que podia tocar, Bi e João resolveram voltar aos ensaios e gravar um disco cujas canções já estavam preparadas antes do acidente. Longo Caminho foi lançado em 2002. O som voltava ao princípio, sem metais, em busca de um som mais "cru". Uma apresentação no programa Fantástico, da TV Globo, serviu como a reestreia da banda, pós-acidente. A volta às turnês teve muito êxito, com shows lotados, até pela curiosidade do público em saber das reais condições de Herbert e da ansiedade em ver a banda reunida novamente.

Tudo isso, aliado aos novos sucessos radiofônicos ("O Calibre", "Seguindo Estrelas", "Cuide Bem do Seu Amor" - esta última incluída na trilha sonora da novela Sabor da Paixão), impulsionou as vendas de Longo Caminho, que chegaram a 300 mil cópias. Aproveitando o caráter fortemente emocional e emocionado dos shows da turnê, a banda grava Uns Dias Ao Vivo (2004), cheio de participações especiais (Dado Villa-Lobos, Andreas Kisser, Edgard Scandurra, Djavan, Nando Reis, Paulo Miklos, George Israel e Roberto Frejat). O disco mostrou uma banda pesada como quase nunca havia se visto. Velhos sucessos, como "Meu Erro", ganhavam versões turbinadas. As novas músicas soavam ainda mais cruas. Além de tudo, a banda decidira fazer a primeira parte da apresentação num pequeno palco armado no meio da pista. A proximidade com o público colaborou para que o resultado final ficasse caloroso e captasse fielmente a emoção dos shows.

2005–12: Hoje, Brasil Afora e Ao Vivo

Em 2005, os Paralamas lançam Hoje, o primeiro com músicas totalmente inéditas. A recepção foi boa e músicas como "2A", "Na Pista" e "De Perto" fizeram sucesso, embora não tenham sido grandes hits. Embora o disco voltasse a trazer um som mais solar, com a volta do uso de metais, não esquecia a parte pesada que havia sido abordada em Longo Caminho, em canções como "220 Desencapado", "Ponto de Vista" - que contou com o auxílio de Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura - e "Fora de Lugar". Ainda havia uma regravação de "Deus lhe Pague", de Chico Buarque, escolhida numa votação no site oficial da banda. No início de 2006, foi lançado o DVD Hoje Ao Vivo, contendo um show da banda (feito sem platéia, no Pólo de Cinema e Vídeo, no Rio de Janeiro), com as músicas do disco, além de duas versões para "O Muro", música que Herbert gravara em O Som do Sim, disco solo de 2000, e Busca Vida.

Ainda em 2006, é lançado documentário sobre Herbert Vianna, Herbert de Perto. A direção é de Roberto Berliner, que também dirigiu o DVD.

Em 2008, os Paralamas completaram 25 anos de carreira, comemorados com uma série de shows junto com os Titãs, também há 25 anos na estrada. no mesmo ano a música "Me Liga" entrou pra trilha sonora da novela Chamas da Vida da Rede Record. também a série de shows culminou em um espetáculo realizado na Marina da Glória, Rio de Janeiro, lançado em CD e DVD e intitulado Paralamas e Titãs: Juntos e Ao Vivo.

Em 2009, os Paralamas lançam seu mais recente disco, Brasil Afora, que ficou primeiramente disponível para download (com uma música à mais) e pouco depois foi lançado em CD. O disco conta com as participações de Carlinhos Brown e Zé Ramalho, fora uma versão de uma música de Fito Paez.

Em dezembro de 2010, os Paralamas gravam no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro o CD e DVD Multishow Ao Vivo Brasil Afora que contou com as participações de Pitty no clássico "Tendo a Lua" de Zé Ramalho no hit "Mormaço" . O lançamento do DVD ocorreu em Abril de 2011 em um especial do canal Multishow.

2013–presente: 30 Anos e Sinais do Sim

Em 2013, a banda comemora 30 anos de carreira com uma turnê nacional em várias regiões do país, que também inspirou um documentário produzido pelo canal Bis, com depoimentos Dado Villa-Lobos, Thedy Corrêa, Rogério Flausino, José Fortes (Empresário), entre outros, além dos integrantes da banda. Em agosto de 2014, em parceria com o canal Multishow e a gravadora Universal Music, a banda lança o álbum ao vivo Multishow ao Vivo Os Paralamas do Sucesso - 30 Anos, que registra em CD e DVD o espetáculo realizado durante a turnê de 30 anos no Citibank Hall, no Rio de Janeiro, no dia 26 de outubro de 2013 (que também havia sido transmitido ao vivo pelo canal à época).

Em 3 de março de 2015, o ex-baterista Vital Dias morreu em decorrência de um câncer. Em sua página oficial do Facebook, a banda postou uma mensagem dos membros, na qual diziam estar "solidários" e que mandavam "nossos pensamentos mais elevados para sua esposa, filhos e amigos nessa hora difícil".

Em 2016, juntamente com Nando Reis, Dado Villa-Lobos, Paula Toller e Pitty, a banda participou de uma turnê promovida pelo projeto Nivea Viva Rock Brasil, que ocorre anualmente desde 2012 e leva artistas para turnês pelo Brasil. A série de sete shows homenageou o rock brasileiro.

Em 2017 foi lançado o álbum Sinais do Sim, que teve a canção homônima como primeiro single. O álbum trazia as referências de rock e reggae, as canções de amor e a busca por uma sonoridade diferente, nesse caso mais crua e direta,. Os shows da turnê deste álbum trazia canções lado-b como “A Outra Rota” (Os Grãos, 1991) e “Capitão de Indústria” (de 9 Luas, 1996).

Em 6 de outubro de 2019, a banda se apresentou no Palco Mundo do Rock in Rio VIII.

Os Paralamas do Sucesso

Herbert Vianna - voz, guitarra e violão (1982-presente)

Bi Ribeiro - baixo (1982-presente)

João Barone - bateria (1982-presente)

Pitty é uma banda brasileira de rock formada em Salvador pela cantora Pitty Atualmente, os integrantes da banda são Pitty, Martin Mendonça, Daniel Weksler, Paulo Kishimoto e Guilherme Almeida. Outros que passaram pela banda foram Peu Sousa (ex-Trêmula, ex-Nove Mil Anjos), Joe, Brunno Cunha, Luciano Granja e Duda Machado. A banda está ativa desde 2003, sendo uma das principais bandas consagradas no Brasil emplacando vários sucessos no cenário brasileiro. A banda da cantora Pitty é uma das mais premiadas bandas brasileiras, vendendo em torno de 15 milhões de cópias.

Integrantes

Pitty - vocal e guitarra rítmica

Martin Mendonça - guitarra e vocal de apoio

Daniel Weksler - bateria

Guilherme Almeida - baixo

Paulo Kishimoto - teclados, lap steel, percussão e vocal de apoio

Rádio Táxi é uma banda de pop rock criada no início da década de 1980, em São Paulo, Brasil. Ela foi formada por ex-integrantes do Tutti Frutti, banda de apoio da cantora Rita Lee e dos Secos & Molhados: Wander Taffo, Lee Marcucci, Gel Fernandes e Willie de Oliveira, que após gravar o álbum Rádio Táxi em 1983, foi substituído por Maurício Gasperini.

Um dos maiores sucessos da banda é a música "Eva" (versão da canção homônima do italiano Umberto Tozzi), posteriormente regravada pela Banda Eva na década de 1990, da qual fazia parte a cantora Ivete Sangalo. Outro sucesso da banda é a canção "Garota Dourada", regravada por Pepeu Gomes.

Em 2019, o grupo se juntou com o Placa Luminosa para fazer uma turnê nostálgica pelo Brasil, que começou em São Paulo, no dia 3 de outubro, no Teatro Liberdade.

Raimundos é uma banda de rock brasileira formada em Brasília em 1987. O nome é derivado de uma de suas maiores influências, a banda Ramones. Com oito discos autorais, trinta anos de existência e mais de cinco milhões de cópias vendidas, é uma das principais bandas de rock no Brasil.

História

Primeira fase (1987-1992)

O grupo foi constituído em Brasília no ano de 1987. Era formado pelos vizinhos Digão, na bateria, e Rodolfo Abrantes, na guitarra. Eram influenciados pelas bandas Dead Kennedys, Suicidal Tendencies e Ramones, atuando como cover desta última. Na época, faltava um baixista, e então Canisso passou a tocar com a dupla.

A primeira apresentação da banda foi realizada na casa de Gabriel Thomaz, cantor do Autoramas, durante a virada de ano de 1988. Fred, que estava presente naquela apresentação, eventualmente se tornou baterista da banda Dentre suas influências, Raimundos também incorporou a cultura nordestina, em parte em virtude do compositor de forró Zenilton, considerado pelos integrantes da banda como sua maior influência nordestina. Rodolfo, mais tarde, recordou: "Minha família é da Paraíba, e eu me lembro que desde os dez anos, eu sempre ia naqueles churrascos com os meus pais. Tocava forró o tempo inteiro, e eu achava aquilo um saco. Só gostava das canções do Zenilton, por causa das letras sacanas, achava aquilo muito fera."

O ritmo da banda se manteve constante até sua separação, em 1990 Canisso começou a estudar Direito na Universidade de Brasília e teve filhos; Digão deixou de tocar bateria por problemas auditivos e começou a tocar guitarra; e Rodolfo por sua vez passou a cantar na banda Royal Street Flesh, casou-se e mudou-se para o Rio de Janeiro.

O retorno e o sucesso pelo Brasil (1993-97)

O retorno se deu em 1992 com uma oportunidade em tocar em um bar de Goiânia. Como Digão havia passado para a guitarra, a banda começou a procura por um baterista, chegando até a utilizar uma bateria eletrônica. Não obtendo bons resultados, recrutam Fred, que na época já era fã do grupo. No ano seguinte a banda gravou uma fita demonstrativa contendo "Nega Jurema", "Marujo", "Palhas do Coqueiro" e "Sanidade", iniciando então divulgação pelo país. A banda passou a ser reconhecida pela mídia e por outras bandas, e foi convidada a tocar no Rio de Janeiro. Nesta época, abriram apresentações de Camisa de Vênus e Ratos de Porão no Circo Voador, além de uma temporada para o Titãs.

Em 1994, lançam seu primeiro disco, intitulado apenas como Raimundos, pelo selo Banguela dos Titãs. O disco teve boa aceitação, vendendo mais de 150 mil cópias. O som pesado, com letras cheias de palavrões e com fortes influências nordestinas, chamou a atenção da mídia e do público, com canções como "Puteiro em João Pessoa". O grande sucesso do álbum foi a balada pornô-erótica "Selim", que impulsionou as vendas do disco e tornou a banda conhecida no país inteiro. O álbum foi de extrema importância para o cenário musical brasileiro, devido ao som inovador (intitulado "forró-core") e ao fato de ter sido um dos responsáveis pela "abertura de portas" para o rock dos anos 90, influenciando praticamente todas as bandas que se formariam depois.

Em 1995, voltam ao estúdio pra gravar Lavô Tá Novo pela gravadora Warner. Com mais ênfase no hardcore em detrimento ao forró, gerou sucessos como "Esporrei Na Manivela", "Pitando No Kombão", "O Pão da Minha Prima" e "I Saw You Saying (That You Say That You Saw)" e superou as vendas do original.[24][25] Os Raimundos se consolidaram com participações nos festivais Monsters of Rock e Hollywood Rock, onde tocaram ao lado de grupos clássicos como Motorhead e Iron Maiden.[26] Em 1996 a banda lança uma caixa com CD, história em quadrinhos e fita VHS chamada Cesta Básica.

Crise (1998)

Em 1997 vão até Los Angeles para gravar Lapadas do Povo. O disco deixa de lado letras e melodias engraçadas, investe no peso e em letras mais sérias. Entre as canções destacam-se "Andar na Pedra" com um clipe estrelado pelo ator Matheus Nachtergaele, uma regravação de "Oliver's Army" de Elvis Costello, e uma versão de uma canção dos Ramones, "Pequena Raimunda (Ramona)". Apesar das boas críticas, o disco acaba vendendo menos que os anteriores. Para piorar, em um show na cidade de Santos, litoral de São Paulo, um dos alambrados onde o público saía caiu, provocando a morte de oito pessoas e 67 feridos. Posteriormente classificado como "eterna ferida", a banda se abalou com o ocorrido e cancelou diversas apresentações.

Retorno ao sucesso (1999-2001)

Em 1999 a banda volta ao sucesso com Só no Forévis, o disco mais vendido da banda. Um fato curioso foi que a primeira tiragem do CD foi roubada, o que levou os Raimundos a saírem tanto nas páginas policiais quanto nas páginas de cultura dos jornais. Fora esse pequeno incidente, tudo tinha voltado como antes, com letras mais debochadas e bem humoradas, assim como nos primórdios da banda. O disco emplacou vários hits nas rádios e na MTV Brasil, como "A mais Pedida", "Me Lambe" e "Mulher de Fases", a música de maior sucesso da banda Para coroar a ótima fase, em 2000 a banda lança, no auge de seu sucesso, junto com a MTV, um álbum duplo ao vivo reunindo seus maiores sucessos, MTV Ao Vivo, gravado em Curitiba e São Paulo.

Saída de Rodolfo e Canisso (2002-05)

No começo de 2001, Rodolfo e sua esposa se converteram ao evangelho, e o músico decidiu deixar a banda para viver de acordo com sua crença. Os integrantes restantes resolveram retornar com a banda. Lançaram o disco Éramos Quatro, com uma regravação de "Sanidade" e diversas covers, especialmente dos Ramones. Na turnê do álbum entrou na Banda o guitarrista Marquinho (ex-Peter Perfeito).

No ano seguinte, em 2002, lançaram o primeiro álbum totalmente inédito, Kavookavala, que ao contrário dos antigos não foi trabalhado pela gravadora, e teve uma venda inexpressiva, além da saída do baixista Canisso no começo da turnê. A partir desse momento a banda entrou em crise com a gravadora Warner. Depois de um ano tentando se livrar da gravadora, a banda finalmente conseguiu em 2004.

Saída de Fred e Alf - retorno de Canisso e chegada de Caio (2006-10)

Em 2005 a banda volta à cena. Com o baixista Alf, também vocalista do Rumbora, a banda gravou o Ep Pt Qq cOisAh, que foi disponibilizado para download gratuito via o site da MTV.

Depois de um longo período fora da mídia, desgastes e concertos cancelados, surge a necessidade dos integrantes seguirem suas carreiras com projetos paralelos. Digão e Denis Porto lançam o Denis & Digão pela Universal Music, e o SuperGalo (Fred, Alf e inicialmente Marquim).

O tempo passou, e com ele vieram os choques de agenda, fato que ocasionou o retorno de Canisso, inicialmente apenas para um concerto. Fred, que já andava discordando musicalmente com Digão, resolveu sair da banda, já que tinha brigado com Canisso, que se torna fixo na banda novamente. Caio, baterista do Dr. Madeira, é chamado ao lugar de Fred. A banda voltou a fazer vários shows, lançou uma turnê em 2008, rotulada de "A volta de Canisso", continuaram fazendo shows de médio porte pelo Brasil inteiro, resgatando velhos fãs e conquistando o público mais jovem. Essa turnê conseguiu fazer a banda voltar à evidência. A principal aparição da banda, foi no programa Altas Horas, em abril de 2008. Nesse meio-tempo a banda baixou o cachê para ter mais shows, com Digão agendando os shows, e Canisso se tornando o produtor de estrada e cobrador dos cachês.

No ano de 2009, era possível perceber pistas de que a situação voltaria a ser favorável para a banda. Depois de sete anos longe da grande mídia, a banda se dizia preparada para voltar a tocar junto com os grandes nomes do rock mundial. Digão afirmou: "afinal, uma das bandas que mais fez sucesso nos anos 1990 e início dos anos 2000, jamais se acabaria aos poucos. Pelo contrário, o tempo serviu para aprendermos a não dependermos 100% da mídia sacana!".

Década de 2010

No final do ano de 2010 a banda volta a gravar um videoclipe da canção "JAWS"; em 18 dezembro de 2010 a banda realizou a gravação do DVD Roda Viva no Kazebre Rock Bar, em são Paulo. Cerca de 15 mil pessoas compareceram a gravação que conta com cerca de 25 faixas, além das participações das bandas Velhas Virgens e Dead Fish. O DVD foi lançado no dia 15 de janeiro no Circo Voador, no Rio de Janeiro, em um show com a participação do Dead Fish.

Em maio de 2011, a banda lançou seu DVD Roda Viva no Opinião em Porto Alegre. Em novembro do mesmo ano, apresentou-se no SWU Music & Arts Festival. Em fevereiro de 2012, gravou mais um Luau MTV, na praia do Pepê, no Rio de Janeiro, tocando seus clássicos marcantes.

Em 2012, os Raimundos lançaram em conjunto com seus ídolos do Ultraje a Rigor o álbum O Embate do Século: Ultraje a Rigor vs. Raimundos, onde as bandas tocavam músicas do repertório alheio. O álbum foi lançado no dia 20 de julho de 2012, pela gravadora Deck. As duas bandas se apresentaram juntas no programa "Agora é Tarde".

O oitavo disco de inéditas dos Raimundos e primeiro em doze anos,Cantigas de Roda, foi lançado em 2014. Produzido com a ajuda de Billy Graziadei, líder do Biohazard, começou a ser gravado em setembro de 2013 e foi totalmente financiado por crowdfunding, que alcançou R$ 122,7 mil apesar da mira inicial ser de R$55 mil Canisso descreveu o álbum como sendo de músicas pesadas. "Vai ser uma trilha sonora para rodinha, música de roda" Em julho de 2013 a banda disponibilizou a música inédita Politics" no seu site oficial para download, paralelamente a música também foi lançada na 89 FM A Rádio Rock. Em 13 de julho lançaram na internet o clipe da música em comemoração ao Dia Mundial do Rock. Em 2014, a banda tocou na terceira edição do Lollapalooza Brasil.

Em 2015, os Raimundos gravaram duas versões rock do samba "Meu Lugar", de Arlindo Cruz: uma para a abertura do campeonato mundial de skate bowl, o Oi Bowl Jam 2015, transmitido pela Rede Globo, chamada "Meu Lugar (Madureira)"; outra para a abertura da novela Malhação, chamada "Vitória pra Comemorar (Meu Lugar)". Em 2016, aconteceu a gravação do DVD Raimundos Acústico em Curitiba, com a participação de vários artistas, como Fred, o baterista da formação original,[62] Ivete Sangalo, Alexandre Carlo e Marcão, que foi lançado no segundo bimestre de 2017 .[64] Em março de 2017, lançaram o vídeo clipe de "Bonita", a primeira música de trabalho do DVD acústico.[65]

Nos aniversário de 25 anos de lançamento do álbum de estreia da banda, foi lançada a turnê comemorativa com a presença do baterista Fred, na qual dividiu a apresentação com Caio, numa inusitada formação com duas baterias no palco.

Em 2019, a banda foi convidada a se apresentar o festival Rock in Rio. Canisso, Digão, Caio e Marquim dividiram o Palco Mundo com a banda CPM 22, sendo uma das apresentações destaques da segunda noite do festival.

Integrantes

Formação atual

Digão - guitarra (1992-hoje), vocal (2002-hoje), bateria (1987-1992);

Canisso - baixo e vocal de apoio (1987-2002, 2007-hoje);

Marquim - guitarra e vocal de apoio (2002-hoje);

Caio - bateria e vocal de apoio (2007-hoje).

Renato e Seus Blue Caps é uma banda brasileira de rock que surgiu no período da Jovem Guarda e se notabilizou por versões de canções internacionais. É considerado o conjunto mais longínquo em período de atividade em todo o mundo.

Biografia

Grupo formado em 1960 pelos irmãos Renato Barros, Ed Wilson e Paulo César Barros, Euclides de Paula (futuro guitarrista-solo e arranjador do grupo instrumental The Pop's) e Gelson, jovens moradores do bairro da Piedade, no Rio de Janeiro, com o nome Bacaninhas do Rock da Piedade.

O primeiro nome foi censurado e o grupo mudou de nome, inspirados num conjunto norte-americano de rock and roll e rockabilly, Gene Vincent and His Blue Caps.[nota 1] Tocaram no rádio e em programas de televisão, como Os Brotos Comandam, da TV Rio, apresentado por Carlos Imperial.

Gravaram o primeiro compacto em 1962 e se notabilizaram principalmente pelas versões que faziam de músicas de língua inglesa (a maioria britânicas), como "Não Te Esquecerei", versão de "California Dreamin'", de The Mamas & The Papas, "Menina Linda", versão de "I Should Have Known Better" e "Até o Fim", versão de "You Won't See Me", dos Beatles

Em 1963, Ed Wilson saiu do grupo e iniciou carreira solo, sendo substituído por Erasmo Carlos, que teve uma participação breve no grupo. Tornaram-se um sucesso se apresentando no programa Jovem Guarda, em shows, festas e bailes. Em 1966 apareceram no filme Rio, Verão & Amor.

Em 28 de julho de 2020, o vocalista, guitarrista e líder da banda, Renato Barros, faleceu aos 76 anos.[6][5]

O grupo era formado por Renato Barros, voz e guitarra; Paulo César Barros, voz e contrabaixo; Erasmo Carlos, substituto de Edson Barros, voz; Carlinhos, guitarra; Tony e mais tarde Gelson, bateria; e Cid, saxofone.[

Os Replicantes é uma banda brasileira de punk rock, formada na cidade de Porto Alegre em 1983.

Origem do nome

O nome da banda Os Replicantes é uma referência aos androides do filme Blade Runner (1982) de Ridley Scott, no qual os replicantes do filme eram muito parecidos com os seres humanos, porém mais fortes e ágeis.

História

Início da carreira

Em 16 de maio de 1984, com Wander Wildner (vocal), Cláudio Heinz (guitarra), Heron Heinz (baixo) e Carlos Gerbase (bateria), a banda se apresentou profissionalmente pela primeira vez, no Bar Ocidente, em Porto Alegre. Em 1984, gravam a música Nicotina num estúdio de jingle, de quatro canais, com a ajuda do produtor musical Carlos Eduardo Miranda. Levaram a música para a recém criada Ipanema FM, que a incluiu na programação. Em 1985 eles passam a fazer mais shows, gravam um videoclipe de "Nicotina", o primeiro da história do rock gaúcho, e resolvem gravar seu primeiro disco: um compacto duplo (vinil) com quatro músicas: "Nicotina", "Rockstar", "O Futuro é Vórtex" e "Surfista Calhorda". O disco é distribuído pelo selo Vórtex, dos próprios Replicantes. De forma independente, o compacto chega em várias cidades brasileiras e vende duas mil cópias. Até 2006, gravaram dez discos, duas fitas de vídeo, um DVD e fizeram duas turnês pela Europa.

Reconhecimento nacional

Na sequência fazem um videoclipe para "Surfista Calhorda" e são convidados a participar da coletânea Rock Garagem, com a música "O Princípio do Nada". Em 1986 assinam contrato com a gravadora RCA (depois BMG), e gravam o LP O Futuro é Vórtex, em São Paulo. As músicas "Surfista Calhorda" e "A Verdadeira Corrida Espacial" saem na coletânea Rock Grande do Sul, que traz as bandas DeFalla, Engenheiros do Hawaii, Garotos da Rua e TNT. "Surfista Calhorda" tem boa aceitação nas rádios de todo país e logo se torna um hit. O segundo disco, lançado em 1987, também pela BMG, é Histórias de Sexo e Violência, outro clássico, e o mais icônico da banda, com "Chernobil", "Sandina", "África do Sul", "Mistérios da Sexualidade Humana", "Adúltera" (censurada), "Sexo & Violência", "Astronauta", "Festa Punk", "Tom & Jerry" e "Mentira" compondo um dos álbuns brasileiros de punk rock mais representativos da história. Nesta época fazem uma série de shows em São Paulo, tocando ao lado de outras bandas do cenário da época, como o Plebe Rude, Cólera, Garotos Podres e 365. Lançam o primeiro vídeo da música brasileira em locadoras, a fita VHS Os Replicantes em Vórtex, com videoclipes e shows da época.

Nova fase

Em 1989, lançam o quarto disco, terceiro pela BMG, o também Papel de Mau, com Luciana Tomasi (produtora da banda desde o início) nos teclados e vocais de apoio. Após dois shows de lançamento, Wander Wildner sai da banda. O baterista Carlos Gerbase torna-se o vocalista dos Replicantes e chamam Cleber Andrade para a vaga na bateria. Em 1991, com o amigo e saxofonista King Jim gravam o quinto disco, o vinil Andróides Sonham com Guitarras Elétricas, lançado pela Vórtex. Seguem fazendo shows e videoclipes. Pouco tempo depois o amigo e na época produtor da banda, Cléber Andrade, também baterista dos Cobaias, assume as baquetas dos Replicantes.

Retorno de Wander Wildner e turnê na Europa

Em 2002, Carlos Gerbase sai dos Replicantes. Wander Wildner reassume os vocais, num show no Bar Ocidente, em maio, no aniversário de dezoito anos da banda. Em abril de 2003, lançam o CD Go Ahead, e em maio vão para a Europa em sua primeira tour internacional, fazendo 24 shows em 27 dias. O registro dessa turnê sai em janeiro de 2006, no DVD Go Ahead: A Primeira Tour na Europa a Gente Nunca Esquece. Em maio de 2006 voltam para a Europa na tour Old School Veterans Braziliasta.

Saída de Wander e fase atual

Na volta da tour, fazem alguns shows no Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Wander decide ficar somente com a sua carreira solo de "punk brega". Junta-se então a vocalista Júlia Barth à banda, que fez seu show de estréia no OX, Porto Alegre.

RPM (sigla de Revoluções por Minuto) é uma banda de rock brasileira, formada em 1983, tendo sido uma das mais populares do país nos anos de 1984 a 1987. Foi uma das bandas mais bem sucedidas da história da música brasileira. Na segunda metade dos anos 80, conseguiram bater todos os recordes de vendagens da indústria fonográfica brasileira.

História

Formação

Tudo começou em 1980, em São Paulo, quando Paulo Ricardo namorava Eloá, que morava em frente à casa onde Luiz Schiavon ensaiava com May East. O casal resolveu um dia visitar os vizinhos, que estavam num ensaio crucial que decidiam entre cantar em inglês ou português. Paulo Ricardo deu seu voto, opinando pelas letras em português e assim conheceu Luiz Schiavon. Neste dia conversaram muito sobre música. Paulo estava começando sua carreira como crítico musical e Schiavon era um pianista clássico, que buscava um novo caminho, mais popular, mas sentiu dificuldade em encontrar alguém. Foi assim que Paulo recebeu o convite para integrar o "Aura", uma banda de jazz-rock que ainda tinha Paulinho Valenza na bateria e o curitibano Edu Coelho na guitarra.

Depois de três anos de ensaios e nenhum show, Luiz encantou-se pela música eletrônica e pela tecnologia de novos sintetizadores, enquanto Paulo decidiu morar na Europa – primeiro na França e depois em Londres, de onde escrevia sobre novidades musicais para a revista Somtrês e se correspondia com frequência com Schiavon. Este choque de personalidades impulsionou a criação do RPM depois que o trabalho da dupla foi retomado em fins de 1983, já em São Paulo.

Juntos, criaram as primeiras canções. As primeiras foram Olhar 43, A Cruz e A Espada e a música que batizaria a banda que ali nascia: Revoluções por Minuto. Gravaram uma fita demo destas canções com uma bateria eletrônica e encaminharam à gravadora CBS, que considerou-as ambíguas e difíceis de tocar nas rádios.

O nome 45 RPM (45 rotações por minuto) foi sugerido inicialmente em uma lista de nomes feita por uma amiga. Schiavon e Paulo gostaram do nome, mas tiraram o 45 e mudaram o "Rotações" por "Revoluções". Convidaram o guitarrista Fernando Deluqui (ex-guitarrista da cantora May East, ex-integrante da Gang 90 e as Absurdettes) e o baterista Junior Moreno, na época com apenas 15 anos. Logo a banda começou a se apresentar em casas noturnas e então Júnior teve de sair, por ainda ser menor de idade (aparentemente ele chegou a tocar em alguns shows, escondendo a idade, mas não daria para continuar assim por muito tempo). Quem se tornou o novo baterista foi Charles Gavin (ex-Ira!, futuro baterista dos Titãs) para completar o grupo. Já batizados de RPM, conseguiram um contrato com a gravadora Sony Music, com o compacto de 1984, que viria com as faixas Louras Geladas (a música virou um hit das danceterias e das paradas de sucesso das rádios) e Revoluções por Minuto (que foi censurada na época). Louras Geladas caiu no gosto do público de todo o país e levou a banda a gravar o seu álbum de estreia, já com o baterista Paulo P.A. Pagni (ex-Patife Band), que entrou para o RPM como convidado, no meio da gravação do LP, o que explica a sua ausência na capa do disco Revoluções Por Minuto. Charles Gavin havia saído do grupo para se integrar aos Titãs.

1985: Revoluções por Minuto

No mês de maio chega às lojas Revoluções Por Minuto, no vácuo de um país ainda perplexo com a morte de Tancredo Neves. O misto de paixão platônica e pretensa declaração de amor de Olhar 43 emplaca nas rádios e abre caminho para que outras faixas, mais politizadas e/ou conceituais (como a dolorosa e inconformista Juvenília), façam o mesmo. As faixas do disco tratam também de temas como política internacional e transformações socioeconômicas. As canções são marcadas pela forte presença da bateria eletrônica e pelo clima soturno dos arranjos de Luiz Schiavon. O sucesso do álbum é tanto que o RPM emplaca rapidamente uma sequência de hits no rádio (oito entre as onze faixas do álbum) e chega à marca de 900.000 cópias vendidas em pouco mais de 1 ano.

1986: Rádio Pirata Ao Vivo

Logo depois dos primeiros shows de divulgação, o RPM fecha contrato com o megaempresário Manoel Poladian, que procurava uma banda em ascensão no rock brasileiro para o seu elenco de artistas platinados de MPB. Os costumeiros palcos das danceterias são trocados por uma megaprodução, com direito a Ney Matogrosso assinando luz e direção, canhões de raio laser e multidões espremidas em ginásios e estádios. A esta altura, Paulo Ricardo já é considerado sex symbol: estampa diversas capas de revistas e enlouquece fãs histéricas.

Sem futuros hits na manga e para manter a banda em alta, Poladian, músicos e gravadora lançam em julho de 1986 um novo álbum, com parte do registro de dois shows da histórica turnê. O repertório de Rádio Pirata Ao Vivo traz quatro gravações inéditas (sendo duas covers) e cinco faixas de Revoluções Por Minuto. Com a ajuda dos preços congelados do Plano Cruzado, 500 mil cópias são vendidas antecipadamente. Rapidamente as vendas de Rádio Pirata Ao Vivo disparam e chegam a 3,7 milhões. O RPM transforma-se na banda de maior vendagem da indústria fonográfica nacional até então. O sucesso foi tanto que no mesmo ano o grupo foi o tema principal de uma edição integral do programa jornalístico Globo Repórter, com reportagem de Pedro Bial.

Porém, o vocalista Paulo Ricardo passou a ser conhecido apenas como sex symbol e procurado e visto por jornalistas e fãs como se fosse modelo, e não músico.

1987: a primeira separação

Mesmo com todo o sucesso no Brasil e em países como França e Portugal, a banda passava por uma situação difícil.

Em junho, houve o lançamento oficial de um disco mix, intitulado RPM & Milton, com a participação do cantor Milton Nascimento.

O fracasso do projeto RPM Discos, um selo próprio do grupo, acabou causando conflitos entre seus integrantes. Chegou-se a produzir um LP com o grupo paulista Cabine C (liderado pelo ex-Titã Ciro Pessoa), que prensado e distribuído pela RCA, foi um grande fracasso comercial. Ainda em 1987, Paulo Ricardo, Fernando, Schiavon e P.A. anunciaram a separação oficial do grupo.

1988: Quatro Coiotes

O grupo retomou as atividades em 1988, com o álbum RPM (mais conhecido como Quatro Coiotes), 250 mil cópias foram vendidas antecipadamente indicando outro grande sucesso a exemplo do disco antecessor, Radio Pirata ao Vivo. Com a crise econômica daquele ano várias brigas internas entre os integrantes do grupo não permitiram que a gravadora divulgasse as músicas em novelas da emissora Rede Globo, amargando vendas consideradas abaixo dos padrões do RPM e fazendo com que o disco atingisse 450.000 cópias. Mesmo assim o álbum entrou naquele ano na lista dos 5 LP's mais vendidos entre todos outros artistas da música brasileira. O RPM tinha destaque, pois chegaram a ultrapassar Roberto Carlos em termos de vendagens, ainda a maior fonte de receita da empresa.

Esse disco teve alto custo para a gravadora exigidos pelo RPM o disco foi gravado em Búzios com toda infraestrutura montada em casa de praia para que podessem estarem completamente isolados a construção de letras e arranjos. A gravadora disponibilizou avião particular para que a banda viajasse aos EUA para acompanhar a mixagem, hospedados em hotéis 5 estrelas, com limusines a disposição em tempo integral. O RPM tinha tratamento oferecido por empresários o que nenhum outro artista brasileiro havia alcançado até então.

Separados há mais de seis meses, a banda ressurgia aparentemente mais amadurecida, com um disco basicamente com base na percussão (do brasileiro Paulinho da Costa, radicado nos EUA). O som é estritamente alto, com o instrumental sobrepondo-se às letras (todas, exceto Ponto de Fuga, de Paulo Ricardo). Destacam-se também o erotismo de A Dália Negra e também a critica social de O Teu Futuro Espelha Essa Grandeza, com participação de Bezerra da Silva, Partnes permaneceu em primeiro lugar nas paradas por algumas semanas.

O disco foi muito elogiado pela crítica considerando uma das obras mais bem construída do Rock nacional, público esperava que RPM manteria o mesmo estilo Tecnopop dos 3,7 milhões de discos vendidos" Rádio Pirata ao Vivo " , criticando novo formato que a banda adotou refletindo na sua comercialização. Críticos musicais do Brasil e outros países consideraram a obra além do seu tempo e não compreendido, por isso é classificado como um ou talvez melhor disco do Rock brasileiro.

O grupo ainda viria a realizar a regravação de "A página do relâmpago elétrico", de Ronaldo Bastos e Beto Guedes, para o disco/tributo ao compositor Ronaldo Bastos, intitulado "Cais", lançado pela Som Livre, em 1989.

1993: Paulo Ricardo & RPM

Apesar de não contar com o tecladista Luiz Schiavon e com o baterista Paulo P.A. Pagni, este disco é considerado por muitos como o terceiro disco de estúdio da banda. Com Paulo Ricardo (voz e baixo), Fernando Deluqui (guitarras), Marquinho Costa (bateria) e Franco Júnior (teclados), este é o disco mais pesado da banda. Sem a influência de Schiavon a banda aposta em guitarras pesadas e solos bem construídos por Deluqui. O disco vem com dominância das guitarras e estilo rock garagem e influência de Peter Frampton e Pink Floyd.

O Disco gravado em português e espanhol com lançamento simultâneo em toda america latina prometia resgatar o Rock nacional que sofria vendo músicas sertanejas e axé dominarem o mercado fonográfico o RPM que resurgia pela terceira vez vinha com uma missão difícel. A música "Pérola" chegou rapidamente em primeiro lugar nas paradas das rádios por todo o Brasil a música "Genese" tema de abertura de novela global foram muito bem aceitas pelo grande público, outros grandes sucessos como "Surfista Prateado" e "Veneno" também tiveram destaques. No próximo ano a banda começou a produzir músicas novas que acabaram não sendo finalizadas mas o que seria as músicas do novo álbum se encontra na internet com o nome de "Noturno". Fernando Deluqui resolve sair do grupo e o grupo ainda faz uns shows com outro guitarrista mas logo encerra as atividades. O Deluqui em 1995 foi convidado a integrar os Engenheiros do Hawaii gravando o disco "Simples de Coração" e entrando em turnê com banda. Paulo Ricardo, por sua vez, trilharia os caminhos da MPB.

2002: MTV RPM 2002

Em 2001, os quatro músicos do RPM se encontraram novamente para ensaiar. Percebendo o entrosamento perfeito e a vontade de todos de estarem juntos novamente nos palcos, deram início ao retorno do RPM, inclusive com o retorno do empresário Manoel Poladian, considerado o "quinto coiote".

Em 2001 é lançado o single "Vida Real", uma versão em português (composta por Paulo Ricardo) da canção "Leef" do holandês Han van Eijk, o tema oficial da primeira edição do mundo do reality show Big Brother, que fora encomendado pela produção da Rede Globo para ser o tema de abertura da edição brasileira do mesmo.

A banda voltou à mídia com o CD e DVD MTV RPM 2002, gravado no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, nos dias 26 e 27 de março de 2002. Além dos grandes sucessos, a banda apresenta canções inéditas, como Fatal, Carbono 14, Rainha, Vem Pra Mim e Onde Está o Meu Amor (gravada em estúdio e incluída na trilha sonora da novela Esperança, da (Rede Globo). Destacam-se também as participações do músico pernambucano Otto, no instrumental Naja (incluído apenas no DVD); de Roberto Frejat, do Barão Vermelho, na regravação de Exagerado, sucesso de Cazuza; e a participação virtual de Renato Russo na canção A Cruz e a Espada. O CD vendeu 300 mil cópias e DVD 50.000 . Levando em consideração que a pirataria dominava todas as esquinas e camelôs daquela época, essa obra foi bem comercializada.

Em 2003, novamente com a MTV, participaram do projeto Luau MTV.

2003: Nova separação

Ao final da tour do MTV RPM 2002 a banda começa a trabalhar um disco de inéditas mas acabam novamente se separando. Especulações dizem que a banda se separou após os outros integrantes descobrirem que Paulo Ricardo havia registrado todos os direitos em seu nome, iniciando uma disputa judicial pela marca RPM. Outros dizem que houve divergências quanto à sonoridade da banda.

Luiz Schiavon e Fernando Deluqui, juntamente com André Lazzarotto, lançaram o álbum LS&D (Viagem na Realidade) (2000 cópias foram lançadas). A canção "Madrigal", que foi tema de abertura da telenovela Cabocla, foi bem executada.

Paulo Ricardo e o baterista Paulo P.A. Pagni formaram a banda PR.5. Mesmo com o fracasso do cd Zum Zum, Paulo Ricardo lançou a canção Eu Quero Te Levar.

2007: A volta

Em 2007, Paulo lança o CD Prisma, com uma pegada pop rock com as faixas "Diz" e "A Chegada", contando com os membros do PR.5 como músicos de apoio, inclusive o baterista Paulo P.A. Pagni e a participação de Luiz Schiavon na canção "O dia D, A hora H".

Ainda em 2007, o grupo RPM tocou junto com todos os seus integrantes em São Paulo, com grande sucesso.

A banda anunciou o lançamento de uma caixa com os 3 primeiros álbuns da banda e mais um CD com remixes, covers e faixas não lançadas, junto com o DVD Rádio Pirata - O Show, contendo o registro de um show realizado em Dezembro de 1986, em São Paulo, filmado pela Rede Globo.

Em 2007 Fernando Deluqui lança o seu segundo disco solo intitulado de DELUX, um disco bem elaborado que conta com participação de Schiavon na composição da canção "Chuva".

Luiz Schiavon foi tecladista, maestro e diretor musical do programa Domingão do Faustão da Rede Globo de 2004 até 2011.

2011: Elektra

No final do ano de 2010, Paulo Ricardo postou em seu Twitter que a banda iria se reunir para gravar um novo álbum em 2011. Schiavon também confirmou a pretensão de retornarem, afirmando estarem vendo possibilidades para a volta aos palcos, já que sua banda no Domingão do Faustão não iria continuar em 2011.

Dias após aos boatos, Schiavon confirma em seu twitter que a banda já estava compondo para o novo álbum. Segundo Paulo Ricardo, a banda queria fazer um som que lembrasse bandas atuais que misturam rock com música eletrônica como Muse, The Killers, Blur, entre outros. Houve alguns boatos em relação ao produtor Liminha, que foi responsável pela produção de grande parte das bandas da década de 80 e 90, como Titãs, Os Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor, Ira!, Kid Abelha, Cidade Negra, Chico Science & Nação Zumbi, O Rappa, entre outros. Mas o álbum foi produzido por Paulo e Schiavon. Além disso, os shows da turnê de divulgação do álbum contaram com a direção de Ulysses Cruz.

A pré-estreia da Tour 2011, aconteceu no honrado evento de São Paulo Virada Cultural. Um mês após esta apresentação, foi divulgado o título do álbum, chamado Elektra e foi disponibilizado quatro músicas para download no site oficial da banda. As canções, "Muito Tudo", "Crepúsculo" e "Ela é demais (pra mim)" apresentavam o tom do disco, mais voltado para a música eletrônica. A quarta canção, "Dois Olhos Verdes" é mais familiar ao som do RPM dos anos 80, e foi escolhida para ser o primeiro single.

Inicialmente a banda liberaria 4 faixas mensalmente no site oficial e lançaria o disco no meio do ano, mas a promessa não foi cumprida, e o álbum (junto com as canções até então desconhecidas) foi lançado apenas no dia 6 de dezembro. O álbum foi lançado pela Building Records em um formato duplo, sendo o segundo CD formado por remixes de algumas das faixas do álbum.

O disco Elektra, além do flerte com a música eletrônica, também se apoia bastante nos arranjos de Luiz Schiavon, que junto com os sintetizadores eletrônicos praticamente monopoliza a condução das canções. As letras são as mais leves de toda a discografia da banda, priorizando temas como amor e diversão - apenas duas canções, "Muito Tudo" e "Problema Seu" carregam um tema mais reflexivo.

A estreia da nova turnê foi no dia 20 de maio de 2011, no Credicard Hall, em São Paulo. No entanto, no dia 15 de maio de 2011 a banda se apresentou no programa Domingão do Faustão.

2014-2017: Deus Ex Machina

No final de 2014, o RPM anuncia a gravação de um novo álbum, intitulado Deus ex Machina, com produção de Lucas Silveira, da banda Fresno. O disco fica pronto no ano seguinte, mas é descartado. No mesmo período, Paulo Ricardo é convidado a ser jurado do talent show Superstar, da Rede Globo e por estar novamente em evidência, lança um disco solo em 2016, alegando que a banda continuaria paralelamente, algo que não aconteceu. Após cumprir a agenda de shows até o início de 2017, a banda anunciou hiato e posteriormente, foi revelado que Paulo não tinha mais interesse em prosseguir com a banda.

2018-atualmente: Nova formação com novas músicas e a morte de P.A.

Após os integrantes tentarem voltar com a banda e Paulo Ricardo declarar que queria seguir em carreira solo, Schiavon, Deluqui e P.A. decidem dar continuidade a banda e chamam o baixista e vocalista Dioy Pallone para substituir Paulo. Na nova formação do grupo, ele está revezando os vocais com Deluqui, com a banda produzindo novas músicas para um vindouro álbum.

No final de 2018, foram disponibilizadas nas plataformas digitais os singles Ah! Onde Está Você? e Escravo da Estrada, interpretadas por Pallone e Deluqui

A nova turnê iniciou-se em 2019, com Schiavon, Deluqui, Dioy e o baterista Kiko Zara, substituindo Paulo P.A. Pagni que já enfrentava sérios problemas de saúde. A banda também realizou um show acústico em abril do mesmo ano em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, sendo esta a última vez que o grupo se apresentou com P.A.

Em 22 de junho, após 34 dias em coma no Hospital São Camilo, localizado em Salto, interior de São Paulo, Pagni faleceu aos 61 anos, vitima de broncopneumonia e complicações decorrentes da fibrose pulmonar, doença que o músico enfrentava nos últimos meses. P.A. foi sepultado ao lado de seus pais, no município de Araçariguama, onde residia desde 2004.

Livro: Revelações Por Minuto

Em dezembro de 2007, o livro "Revelações Por Minuto" foi lançado, contando os detalhes da trajetória da banda, desde seu início (1984) até o seu suposto fim (1989). O livro foi promovido em uma grande coletiva de imprensa em São Paulo, contando com a presença do autor, Marcelo Leite de Moraes, e os quatro integrantes da banda.

Formação

Dioy Pallone - vocais e baixo (2018-atualmente)

Fernando Deluqui - guitarra e vocais (1983-1989, 1993-1994, 2001-2004, 2011-atualmente)

Luiz Schiavon - teclados (1983-1989, 2001-2004, 2011-atualmente)

Músico convidado

Kiko Zara - bateria (2019-atualmente)

Ex-integrantes

Paulo Ricardo

Charles Gavin

Paulo P.A. Pagni

Marquinho Costa

Franco Junior

Sá, Rodrix & Guarabyra foi um trio musical brasileiro formado por Luiz Carlos Sá, Zé Rodrix e Guttemberg Guarabyra. Surgiu em 1971. Se notabilizou pela criação do chamado rock rural[1], em que se mesclavam diversas influências musicais, do rock à música sertaneja. Em 1973, Zé Rodrix se desligou do trio, que passou a ser um duo (Sá e Guarabyra). Em 1999, Zé Rodrix reuniu-se novamente ao duo, até a morte de Rodrix, em 2009.

História

Zé Rodrix, após ter saído do super grupo "Som Imaginário", no ano de 1971, participou do "Festival da Canção de Juiz de Fora", em parceria com o também cantor e compositor Tavito (também ex-Som Imaginário), onde a dupla saiu como a campeã com uma das canções mais famosas de Zé Rodrix, "Casa no Campo", que se tornou posteriormente um grande sucesso na voz de Elis Regina, que tem em sua letra um trecho que cita "compor rocks rurais", criando então o estilo de mesmo nome, recheado de influências regionais, flertando com gêneros como rock, folk, sertanejo; dentre outros.

Antes de se juntar à Zé Rodrix, tanto Sá quanto Guarabyra, já tinham tido canções gravadas e que alcançaram sucesso. O primeiro teve a canção "Giramundo" gravada em 1966 por Peri Ribeiro; enquanto Guarabyra obteve sucesso com a canção "Margarida", interpretada junto ao grupo "Manifesto", vencedora do "Festival Internacional da Canção" do ano de 1967.

No ano de 1971 houve enfim a união que deu origem ao trio. Neste período o trio compôs uma infinidade de canções, incluindo sucessos como "Mestre Jonas", que é um dos grandes destaques de suas carreiras.

Sempre Livre é uma banda brasileira de pop rock criada no Rio de Janeiro e formada só por mulheres. O nome do grupo faz menção a uma marca célebre de absorventes femininos.

O Sempre Livre venceu num território tradicionalmente masculino, o território do rock. Não são raras as intérpretes que incorporam o rock a seus repertório, mas, no Brasil, jamais se havia assistido à consagração de um grupo feminino em que suas integrantes cantam a agenda livre (...). Na matéria "Uma Batucada de Rock", de 1985, a revista Veja comentou sobre o sucesso até então inédito para um grupo feminino no Brasil, ao passo que no exterior já havia bandas similares a algum tempo, tais quais The Runaways e Girlschool.

Em 1984, o Sempre Livre lançou seu primeiro disco, intitulado Avião de Combate e produzido por Ruban, o mesmo produtor do grupo As Frenéticas O vinil logo se tornaria um grande sucesso por causa da música tema "Eu Sou Free". uma parceria de Ruban com Patrícya Travassos, que se tornou um dos grandes sucessos da década de 80. Em 1986, viria outro disco, Sempre Livre.

Em 1991, a banda volta com o disco Vícios de Cidade e uma formação que, da original, só mantinha a baterista. Em 2016 lançaram o novo álbum A Boa Moça.

Anne Duá (voz)

Renata Prieto (guitarra e vocal)

Flávia Cavaca (baixo e vocal)

Leticia Andrade (bateria)

Denise Mastrangelo (teclado e vocal)

Skank é uma banda brasileira de rock formada em 1991, em Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. A banda já vendeu cerca de 6,6 milhões de discos entre CDs e DVDs, Samuel Rosa (guitarra e voz), Henrique Portugal (teclados), Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferretti (bateria) reuniram-se em torno do mesmo interesse: transportar o clima do dancehall jamaicano para a tradição pop brasileira. Em 2019, com 28 anos de carreira ininterrupta, a banda anunciou que iria fazer uma pausa, mas antes iria fazer uma turnê de despedida.

História

O começo (1983-1993)

Em 1983, Samuel Rosa e Henrique Portugal começaram a tocar em uma banda de reggae chamada Pouso Alto do Reggae, junto com os irmãos Dinho (bateria) e Alexandre Mourão (baixo). Em 1991, o Pouso Alto conseguiu um show na casa de concertos AeroAnta, em São Paulo, mas como os irmãos Mourão não estavam em Belo Horizonte, o baixista Lelo Zaneti e o baterista Haroldo Ferretti foram chamados para o show. Antes da apresentação, o grupo mudou seu nome para Skank, inspirado na música de Bob Marley, "Easy Skanking" ("skank é um tipo de dança no ska ou uma técnica de guitarra usada em ska, rocksteady e reggae e "skunk" é o nome de uma variação da cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha). A banda fez sua estreia em 5 de junho de 1991, e devido à final do Campeonato Brasileiro no mesmo dia, o público pagante foi de 37 pessoas. Entre os presentes, estavam Charles Gavin e André Jung, ex-bateristas dos Titãs e do Ira!, respectivamente. Após o show, a banda gostou da performance e resolveu continuar junta. Começou a tocar regularmente na churrascaria belo-horizontina Mister Beef, bem como as casas noturnas Janis, Maxaluna e L'Apogée. A proposta musical era transportar o clima do dancehall jamaicano para a tradição pop brasileira. O primeiro álbum, Skank, foi lançado de forma independente, em 1992. Apesar dos membros nem terem aparelhos de compact disc em casa, fizeram no formato CD, segundo Ferreti, "para chamar a atenção dos jornalistas, das rádios e talvez de uma gravadora. Era uma aposta na qualidade, na inovação." O destaque da banda na cena underground despertou o interesse da gravadora Sony Music que, junto ao Skank, inaugurou no Brasil o selo Chaos e relançou o álbum em abril de 1993.

Até 1993, a gente tocou muito em Minas Gerais. Se íamos longe, era para o Espírito Santo ou Goiás. Até sair o Calango, a gente era anônimo fora daqui.

— Samuel Rosa

Sucesso nacional (1994-1999)

O segundo disco, Calango, foi lançado em 1994 e vendeu mais de 1 milhão de cópias e músicas como "Jackie Tequila" e "Te Ver" tornaram-se hits cantados por todo o país. O disco seguinte, O Samba Poconé (1996), levou o grupo a se apresentar na França, Estados Unidos, Chile, Argentina, Suíça, Portugal, Espanha, Itália e Alemanha, em shows próprios ou em festivais ao lado de bandas como Echo & The Bunnymen, Black Sabbath e Rage Against The Machine. O single "Garota Nacional" foi sucesso no Brasil e liderou a parada espanhola (na versão original) por três meses. A canção foi o único exemplar da música brasileira a integrar a caixa Soundtrack for a Century, lançada para comemorar os 100 anos da Sony Music. Os discos da banda ganharam edições norte-americanas, italianas, japonesas, francesas e em diversos países ao redor do mundo. Enquanto O Samba Poconé chegava a quase 2 milhões de cópias vendidas no Brasil, o Skank foi convidado a representar o Brasil em Allez! Ola! Olé!, disco oficial da Copa do Mundo de Futebol de 1998. Nos próximos álbuns, a música da banda passou a equalizar as origens eletrônicas com novas influências psicodélicas e acústicas, reveladas nos álbuns Siderado (1998) e Maquinarama (2000).

Mudanças de estilo (2000-2019)

Em Siderado, o grupo trabalhou com John Shaw (UB40) e Paul Ralphes. "Resposta", "Mandrake e Os Cubanos" e "Saideira" se tornaram hits. O álbum foi lançado em julho de 1998 e mixado em Abbey Road, estúdio londrino consagrado pelos Beatles; Daúde e o grupo instrumental Uakti foram os convidados especiais, e o álbum vendeu 750 mil cópias Lançado em julho de 2000, Maquinarama teve a produção de Chico Neves e Tom Capone e vendeu 275 mil cópias. Os principais singles deste disco foram "Três Lados", "Balada do Amor Inabalável" e "Canção Noturna". Maquinarama é considerado um divisor de águas na carreira do grupo, que já não mais utilizou metais em suas gravações. Com os novos trabalhos, vieram mais hits radiofônicos, como "Balada do Amor Inabalável" – esta com ecos de Sérgio Mendes em clima cyberpunk. O grupo chegou a gravar com Andreas Kisser (Sepultura), Manu Chao, Uakti e Jorge Ben Jor, além de ter sido elogiada por Stewart Copeland pela versão de "Wrapped Around Your Finger", incluída no tributo latino ao The Police, "Outlandos D'America". Em 2001, a banda registrou seus sucessos no CD e DVD MTV ao Vivo (2001), que vendeu mais de meio milhão de cópias e rendeu a primeira posição nas paradas de sucesso para a balada "Acima do Sol".

Em 2002, Henrique Portugal e Haroldo Ferreti participam do álbum Falange Canibal, do cantor e compositor Lenine.

O início de 2003 foi investido na preparação de Cosmotron, álbum que chegou às lojas em agosto daquele ano. Enquanto o primeiro single, a balada psicodélica "Dois Rios", tocava nas rádios do Brasil (e o prêmio de melhor videoclipe pop no MTV Video Music Brasil 2003, o grupo se fez mais um giro internacional, com passagens por Portugal, Inglaterra e Bélgica, além de uma apresentação no palco principal do festival de Roskilde, na Dinamarca, ao lado de grupos como Blur e Cardigans. A turnê do álbum (com cenário de Gringo Cardia a partir de telas de Beatriz Milhazes e oito novas canções no repertório) estreou em agosto de 2004, no Canecão, no Rio de Janeiro. Com o novo hit, "Vou Deixar" (melhor videoclipe pop no MTV Video Music Brasil (2004), o Skank viveu uma experiência inédita: através dos novos formatos de comercialização, é o ringtone com o maior número de downloads no país. O álbum atingiu a marca de 210 mil cópias vendidas. Em novembro de 2004, a banda lançou a sua primeira coletânea de sucessos, Radiola, com repertório focado nos discos Maquinarama (2000) e Cosmotron (2003). Além de oito hits remasterizados em Nova Iorque, o álbum trouxe quatro novidades para o público: as inéditas "Um Mais Um" e "Onde Estão?" e ainda duas versões também inéditas, "Vamos Fugir", de Gilberto Gil e Liminha (gravada para a campanha de verão das sandálias Rider) e "I Want You", de Bob Dylan (gravada no final de 1999 para um tributo ao cantor norte-americano que nunca chegou a ser lançado; é a versão original de "Tanto", do disco de estreia). Revestindo a capa de Radiola, está o trabalho dos irmãos Rob e Christian Clayton, artistas plásticos americanos, colaboradores das revistas Rolling Stone e Zoetrope (de Francis Ford Coppola) e diretores de arte do clipe "All Around The World", do Oasis. As imagens do material gráfico da primeira compilação do Skank, "Happy All The Day" e "Long Journey", fazem parte de "Six Foot Eleven", exposição dos Clayton Brothers em parceria com a galeria La Luz de Jesus (Los Angeles). Radiola vendeu mais de 210 mil cópias.

Apresentação ao vivo em 2007.

Intitulado Carrossel, o nono álbum do Skank foi gravado no estúdio Máquina, da banda, em Belo Horizonte. Na ocasião, os fãs puderam assistir, ao vivo, a uma parte do processo de criação e produção do álbum. A banda instalou uma câmera exclusiva, que transmitia imagens em tempo real. O disco chegou às lojas pelas mãos da Sony BMG, em agosto de 2006. Produzido por Chico Neves e Carlos Eduardo Miranda e mixado em Nova Iorque, no estúdio Sterling Sound, o disco trouxe 15 faixas inéditas, de Samuel Rosa com Nando Reis, Chico Amaral, César Maurício, Rodrigo F. Leão, Humberto Effe e Arnaldo Antunes, este último inaugurando a parceria com o vocalista do Skank. O primeiro single, "Uma Canção é Para Isso", foi disponibilizado para audição no site da banda quinze dias antes do lançamento oficial do álbum. A capa do CD saiu com projeto gráfico de Marcus Barão, que usou pinturas surrealistas de Glenn Barr, artista plástico de Detroit. Barão foi responsável pela arte de outros discos do Skank, como Skank Ao Vivo MTV, Maquinarama, Siderado e Skank (disco de estreia da banda). Na época do lançamento de Carrossel, o Skank também disponibilizou todo o conteúdo do álbum em um aparelho de telefone celular. Com esta ação, o Skank tornou-se a primeira banda brasileira a fazer esse tipo de ação mobile. O modelo W300 da Sony Ericsson, que vinha com todas as músicas do álbum de 2006, vendeu mais de 75 mil unidades e rendeu para a banda o primeiro Celular de Ouro do Brasil, certificação reconhecida pela Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD).

Dois anos depois do lançamento de Carrossel, em outubro de 2008, o Skank reapareceu com Estandarte, lançado no mercado com uma forte campanha viral. Enquanto o primeiro single do disco, "Ainda Gosto Dela" – com participação de Negra Li – tocava nas rádios do Brasil, a banda promovia mais uma nova ação, o "Vote no Bis", deixando o público de seus shows escolher as canções que queria ouvir no Bis, através do envio de SMS. Em março de 2009, o Skank anunciou o segundo single do álbum, "Sutilmente", canção eleita pelos fãs através de votação que a banda promoveu em seu site oficial. A revista Rolling Stone considerou-o um dos 25 melhores álbuns nacionais lançados em 2008 e a música "Chão" uma das 25 melhores canções. Em agosto de 2009, o Skank ganhou o troféu "Iniciativa de Mercado" na 16ª edição do Prêmio Multishow de Música Brasileira. Na mesma noite, a banda também levou o prêmio de Melhor Clipe por "Ainda Gosto Dela". No Vídeo Music Brasil 2009, o Skank ganhou o prêmio de Melhor Clipe, com a música "Sutilmente" (Samuel Rosa/Nando Reis). Ainda no mesmo ano, o álbum Estandarte foi indicado ao Grammy Latino 2009 na categoria "Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro". No dia 19 de junho de 2010, o Skank gravou, no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, o CD e DVD Multishow Ao Vivo - Skank no Mineirão,[1] projeto da banda em parceria com a Sony Music e o canal Multishow.

O show, que contou com a participação especial da cantora Negra Li, fazendo um dueto com Samuel Rosa na música "Ainda Gosto Dela", recebeu mais de 50 mil pessoas e foi o último evento realizado no estádio, antes de seu fechamento para reformas visando a Copa do Mundo de 2014 O projeto teve lançamento em outubro de 2010. A turnê teve estreia no dia 1º de outubro, no palco do Vivo Rio, no Rio de Janeiro. Nos dias 19 e 20 de novembro, o novo show teve estreia em São Paulo, no Citibank Hall. Ainda em novembro de 2010, o Skank recebeu o 1º Prêmio de Música Digital, na categoria "Artista Mais Engajado Digitalmente", por ser considerada a banda que mais investiu nesse formato de aproximação com o seu público. Também naquele ano, foi lançada uma versão comemorativa dos 15 anos de Calango com faixas bônus. O Samba Poconé recebeu o mesmo tratamento. Em junho de 2011, o Skank se tornou a primeira banda brasileira a ganhar um Leão de Ouro no Cannes Lions, um importante prêmio de publicidade mundial. O prêmio foi dado ao projeto Skankplay, uma plataforma que possibilita que qualquer pessoa simule uma jam session com o Skank e participe do clipe da música "De Repente". O projeto – criado pelo coletivo DonTryThis, em parceria com o Skank -, foi premiado na categoria "Melhor Uso de Mídia Social". Em 2012, a banda lançou um disco com seu primeiro show e com suas primeiras gravações de estúdio, 91.

Em 2014, a banda lançou seu disco Velocia, tendo como primeiro single "Ela Me Deixou", cujo videoclipe teve participação dos fãs, por meio de uma promoção da goma de mascar Trident.

Em 2016, o tecladista Henrique Portugal, o baixista Lelo Zaneti e o DJ e produtor Anderson Noise participaram de um projeto com o cantor Milton Nascimento, que se chama Nie Myer. O grupo mistura jazz e música eletrônica.[20][21]

Em 2017, a banda gravou um cover de "A Hard Day's Night", da banda The Beatles, para a trilha sonora da telenovela Pega Pega, da Rede Globo.[22]

2019 - pausa

Em 3 de novembro de 2019, Samuel Rosa anunciou que a banda vai parar suas atividades, sem previsão de volta. Uma turnê de despedida seria realizada em 2020, mas teve de ser adiada para 2021, devido à pandemia de COVID-19.

Características musicais

Influências e características musicais

Tendo como principais influências da música da Jamaica: reggae, ska, dancehall, raggamuffin e dub, logo depois incluíram elementos de rock, rockabilly, rock latino, forró, soul, funk, surf music e timbres eletrônicos.

A música do grupo tem atmosfera dançante, inteligente e se tornou extremamente popular em discotecas e festas. Bandas que são citadas como influentes no som da banda são Os Paralamas do Sucesso, The Police, The Beatles, UB40, Ira!, Titãs e Led Zeppelin, e outros artistas importantes como Tim Maia, Roberto Carlos, Jorge Ben Jor, Michael Jackson, Gilberto Gil e os artistas que fizeram parte do Clube da Esquina, como Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, entre outros.

Integrantes

Samuel Rosa - vocal, guitarra e violão

Henrique Portugal - teclados, violão e vocal de apoio

Lelo Zaneti - baixo e vocal de apoio

Haroldo Ferretti - bateria

Titãs é uma banda de rock formada na cidade de São Paulo, Brasil em 1982. Embora originalmente tocassem pop-rock alternativo em seus primórdios, o grupo também já utilizou diversos outros gêneros ao longo de quase 40 anos de carreira, como new wave, punk rock, grunge, MPB e música eletrônica.

É uma das bandas de rock mais bem sucedidas no Brasil, tendo vendido mais de 6,3 milhões de álbuns e fazendo parcerias com vários artistas brasileiros de renome e diversos cantores internacionais. Eles receberam um Grammy Latino em 2009 e ganharam o Troféu Imprensa de Melhor Banda por quatro vezes.

A formação inicial contava com um número de integrantes bastante incomum. Eram nove membros, sendo que seis eram vocalistas. Arnaldo Antunes, Branco Mello e Ciro Pessoa cantavam e faziam vocais de apoio. Sérgio Britto, Nando Reis e Paulo Miklos, além de cantarem, se revezavam entre os teclados e o baixo. O restante do grupo era formado por André Jung, na bateria, Marcelo Fromer na guitarra rítmica e Tony Belloto na guitarra solo. Ciro Pessoa rapidamente deixou o grupo, antes mesmo do lançamento do primeiro álbum da banda, em 1984. André Jung era o baterista inicial, mas foi substituído por Charles Gavin no início de 1985, estabelecendo a formação clássica da banda.

Desde então, a banda perdeu outros cinco membros que nunca foram substituídos oficialmente: em 1992, Antunes deixou o grupo para seguir carreira solo. Em 2001, Fromer morreu após ser atropelado por uma motocicleta em São Paulo. No ano seguinte, Nando Reis também deixou a banda para se concentrar em seus projetos solo. As mudanças mais recentes foram as saídas de Charles Gavin, em 2010, e Paulo Miklos, em 2016, ambas por motivos pessoais. Após a morte de Marcelo e a saída de Nando, o grupo passou a se apresentar com alguns guitarristas e baixistas eventuais (Emerson Villani, André Fonseca e Lee Marcucci). A partir do lançamento do álbum Sacos Plásticos (2009), Branco Mello e Sérgio Britto tornaram-se baixistas definitivos (com Britto tocando apenas quando Mello canta) e Miklos como guitarrista até sua saída do grupo. Em 2010, a banda voltou a usar músicos de apoio, com a entrada do baterista Mario Fabre no lugar de Charles Gavin; algo que se repetiria em 2016, após a saída de Paulo Miklos, com a entrada do guitarrista Beto Lee.

História

Formação e primeiros trabalhos

Quase todos os integrantes da banda se conheceram no Colégio Equipe, em São Paulo, no final da década de 1970. As exceções eram o guitarrista Tony Bellotto e o baterista Charles Gavin.Após acompanharem apresentações de Novos Baianos, Alceu Valença e Gilberto Gil no pátio da instituição, e também por influência da Blitz, iniciaram uma banda e gravaram uma fita com cantadas para meninas - àquela altura, o grupo era grande e incluía nomes como Nuno Ramos, que mais tarde viraria artista plástico. A partir de uma apresentação na Biblioteca Mário de Andrade no ano de 1982, na qual Nando Reis atuou como baterista, passaram a fazer shows em várias casas noturnas da cidade, com o nome Titãs do Iê-Iê.

A origem do nome remete aos primeiros ensaios da banda, realizados na biblioteca da casa dos pais de Tony, onde havia livros como Titãs da Ciência, Titãs do Esporte, Titãs da Literatura, entre outros, e isso os inspirou a criar o nome Titãs do Iê Iê.

O ex-vocalista, tecladista, saxofonista e guitarrista Paulo Miklos descreve o início da banda da seguinte forma:

A gente já tinha claro que o barato era a coisa criativa, aquilo que a gente podia criar juntos, e defender essa criação sem preconceitos. A gente tinha toda essa carga de informação, adorava o Arrigo [Barnabé], o Itamar [Assumpção], essa vanguarda paulista. Eu queria fazer umas frases dodecafônicas! A gente tinha uma proximidade também com a poesia concreta do Augusto [de Campos], o Arnaldo [Antunes] é um cara que estudou as coisas. A gente tinha esse conhecimento profundo da música popular brasileira trombada com toda música internacional. A gente era new wave, mas curtia Alceu Valença. (...) A gente sempre gostou do The Clash, por exemplo, que é uma banda que introduziu a música caribenha, o reggae, misturados com um punk rock mais encardido, mais sectário. (...) A gente era uma coisa caleidoscópica.

Antes do surgimento dos "Titãs do iê-iê", os integrantes da banda já tocavam em vários grupos. Arnaldo Antunes e Paulo Miklos eram parte da banda Performática; Nando Reis era percussionista e crooner da banda Sossega Leão; Branco Mello, Marcelo Fromer e Tony Bellotto formavam o Trio Mamão e as Mamonetes, que chegou a se apresentar no programa de televisão da Tv Tupi, de estilo competição musical Olimpop, em que a atriz Deborah Seabra, após a apresentação dos 3 garotos, disse que eles precisavam evoluir e que tinham que estudar, e Wilson Simonal disse que tinham um gosto mais moderno e que gostou do conjunto. Sérgio Britto e Marcelo Fromer também chegaram a se apresentar como calouros no programa do Chacrinha, sendo "gongados" cantando a música "Eu Também Quero Beijar", sucesso de Pepeu Gomes.

Os primeiros shows dos ainda Titãs do Iê-Iê ocorreu nos dias 15 e 16 de outubro de 1982, no Sesc Pompeia, descrito pelo hoje baixista e vocalista da banda Branco Mello como uma "sessão maldita", pois teria começado muito tarde, após a meia-noite. No início, o visual da banda incluída maquiagens e ternos coloridos e gravatas de bolinhas. Além disso, a primeira formação contava com nove integrantes, sendo eles Arnaldo Antunes, Branco Mello, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Bellotto, Ciro Pessoa e André Jung, dos quais seis eram vocalistas. Arnaldo, Branco e Ciro eram apenas vocalistas, Paulo Miklos cantava e se dividia entre o baixo (com Nando Reis) e o teclado (com Sérgio Britto), Sérgio Britto cantava e tocava teclado, Nando Reis tocava baixo e cantava, Tony e Marcelo tocavam guitarra e violão respectivamente e André Jung tocava bateria.

O primeiro álbum

Em 1984, Ciro deixa a banda por não querer trocar os palcos discretos da noite de São Paulo pelos programas televisivos de grande popularidade. Logo depois, a banda assinou com a gravadora WEA e gravou seu primeiro disco, agora com o nome oficial de Titãs, retirando o iê-iê, que causava problemas na fala de apresentadores de rádio e casas de show, pois sempre era confundido com Iê-Iê-Iê, vertente da qual se originou a Jovem Guarda.

Nesse disco homônimo estão sucessos da banda como "Sonífera Ilha", que rendeu à banda diversas apresentações em programas do Raul Gil e Chacrinha. Nesse mesmo disco, os Titãs colocaram nas rádios a música "Toda Cor".

Após o lançamento deste disco, Nando chegou a deixar os Titãs por duas semanas em favor do Sossega Leão, que na época rendia mais financeiramente, mas acabou mudando de ideia e foi aceito de volta.

Sai André Jung, entra Charles Gavin

Após um show no Rio de Janeiro, no final de 1984, os Titãs decidiram substituir o baterista André Jung por Charles Gavin. Há tempos a banda não estava satisfeita com a forma com que André tocava e, conforme a insatisfação com ele aumentava, crescia também a admiração por Charles Gavin, baterista que estava naquele momento ensaiando com o RPM, e que também já tinha feito parte dos grupos Cabine C e Ira!. A notícia de que seria substituído na banda não agradou André, pois ele pretendia passar o ano novo com sua namorada no Rio de Janeiro e celebrar o sucesso da canção "Sonífera Ilha". Com a decisão da banda, André voltou para São Paulo e dois dias depois entrou para o Ira!.

Segunda metade dos anos 1980 e chegada ao estrelato

Os Titãs gravaram seu segundo disco em 1985, Televisão, produzido por Lulu Santos. O disco serviu para colocar a faixa-título nas rádios, além das canções "Insensível", "O Homem Cinza", "Massacre" e "Dona Nenê". Nesse mesmo ano o grupo participa de Areias Escaldantes (1985), cantando e atuando, mas o filme não foi liberado para exibição nacional. O disco, bem como seu antecessor, vendeu abaixo da expectativa.

Em novembro de 1985, Tony Bellotto e Arnaldo Antunes foram presos (o primeiro por porte e o segundo por porte e tráfico de heroína). Bellotto foi libertado sob fiança. Arnaldo Antunes, por sua vez, permaneceu atrás das grades por mais tempo, sendo libertado após um mês. A prisão dos dois membros seria o auge daquilo que o grupo considera sua primeira crise, iniciada pelas vendas ruins dos dois primeiros discos.

Após esses acontecimentos, os Titãs entraram novamente em estúdio, cuja principal mudança veio na parte da produção do disco, que ficou a cargo de Liminha. Liminha foi o primeiro produtor que sugeriu mudanças em algumas faixas, coisa que até aquele momento a banda não aceitava. Em junho de 1986 é lançado o terceiro álbum da banda, Cabeça Dinossauro. Ele abriu várias portas para os Titãs, como o aumento do número de shows e do cachê.

Isso estimulou a banda a entrar em estúdio para gravar seu quarto disco, Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas. O produtor Liminha chegou a ser considerado o "9º titã", devido às participações em shows do grupo paulista. Após algumas apresentações internacionais, a banda gravou ao vivo uma seleção de músicas antigas e lançou o álbum Go Back, em 1988, e o quinto álbum de estúdio, Õ Blésq Blom, em 1989. Ainda em 1988, participaram da música "Tempo" (escrita por Arnaldo e Paulo) no disco Sandra de Sá, da cantora homônima.

Anos 1990: saída de Arnaldo Antunes, projetos paralelos e sucesso de vendas

Lançado em 1991, Tudo ao Mesmo Tempo Agora foi o último álbum com o vocalista Arnaldo Antunes. Insatisfeito com os rumos musicais da banda, que à altura deixava a brasilidade de lado em favor de um som mais pesado e cru, o cantor deixou o então octeto em 15 de dezembro de 1992 e passou a se dedicar a uma carreira solo, mas continuaria a colaborar com sua ex-banda coescrevendo canções.

Durante a turnê do disco, no dia 25 de novembro de 1991, a banda realizou uma apresentação ao vivo na Rádio Cidade transmitida para 22 emissoras da Rede Cidade, alcançando um público total estimado em 10 milhões de pessoas.

Titanomaquia de 1993, trouxe a produção de Jack Endino, produtor de bandas como o Nirvana, Soundgarden e Skunkworks, o terceiro álbum solo de Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden.

Em 1994, a banda entra em férias, mas os integrantes investem em projetos solo. Paulo e Nando lançam seus primeiros discos solo (respectivamente, Paulo Miklos e 12 de Janeiro); Branco e Sérgio formam o Kleiderman; e Tony lança seu primeiro livro, Bellini e a Esfinge. De volta ao aos trabalhos, lançam Domingo em 1995. Em 1997, para comemorar os 15 anos de carreira, a banda aceitou participar do projeto Acústico MTV. O CD e vídeo, gravados no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, chegou ao número de 1,7 milhão de cópias mostrando um lado desconhecido do grupo: os sete integrantes tocando instrumentos desplugados. Entre os vários instrumentistas convidados estavam o produtor Liminha e o percussionista Marcos Suzano, além de um quarteto de cordas, harpa e um naipe de metais e sopros. Como vocalistas convidados, o álbum trazia o cantor argentino Fito Paez e o reggaeman Jimmy Cliff, além das cantoras Marisa Monte, Marina Lima, Rita Lee e o ex-titã Arnaldo Antunes, que participou na canção "O Pulso".

Aproveitando-se do sucesso do disco anterior, a banda lançou em 1998 Volume Dois, uma espécie de continuação do Acústico, com releituras de outros sucessos e faixas inéditas. Chegou a 1 milhão de cópias vendidas.

Em 1999, veio o disco As Dez Mais, o primeiro trabalho inteiramente não autoral. Com dez faixas, sendo regravações de cantores como Tim Maia, Roberto Carlos e Raul Seixas, e bandas como Legião Urbana e Ultraje a Rigor. As Dez Mais também teve sucesso de vendas, com 400 mil cópias,

Anos 2000: Morte de Marcelo Fromer e saída de Nando Reis

Em 2001, os Titãs assinaram com a Abril Music e estavam prestes a iniciar a gravação de mais um trabalho. Porém, no dia 11 de Junho de 2001, aos 39 anos de idade, o guitarrista Marcelo Fromer foi atropelado por uma moto em São Paulo e morreu dois dias depois. Pensou-se na época que a morte de Fromer seria o fim da banda. Porém, eles decidiram seguir em frente.

Com o início das gravações de A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana, houve dúvidas sobre a gravação: Tony Bellotto, guitarrista solo, pensou em gravar todas as guitarras do disco, porém mudou de ideia. Chegou-se a propor que Paulo Miklos e Branco Mello se revezassem no instrumento, porém a decisão final foi convidar o músico Emerson Villani, que já tinha tocado com a banda durante alguns shows e turnês, inclusive substituindo Marcelo no ano de 1998, quando ele foi convidado para comentar a Copa do Mundo FIFA de 1998 pelo canal SporTV. O repertório permaneceu inalterado: as 16 faixas já haviam sido escolhidas antes da morte de Fromer. Seus singles foram as canções "A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana", "O Mundo é Bão, Sebastião!", "Epitáfio" e "Isso".

Em 9 de setembro de 2002, o baixista e vocalista Nando Reis anunciou que estava deixando os Titãs. A saída foi primeiramente informada pela Abril Music, que deu como razão para a saída "motivos pessoais", e depois uma versão mais detalhada foi divulgada pela assessoria de imprensa do músico. Nela, o músico afirma que as mortes de Cássia Eller e Marcelo Fromer o abalaram muito, mas diz que sua saída se deveu unicamente a uma "incompatibilidade de pensamentos":

Minha decisão de deixar o grupo se deve única e exclusivamente a uma incompatibilidade de pensamento em relação ao futuro da preparação do que seria o nosso próximo disco. Por acreditar que um trabalho dessa natureza exige a total dedicação que por razões pessoais não poderia oferecer, achamos melhor nos desligarmos no início da preparação e dos ensaios. Faço isso com profundo pesar no coração pois em nenhum momento imaginei que isso viesse acontecer.

Em 2012, o músico declararia que, na época, não se via em condições de entrar em estúdio devido às mortes e devido ao cansaço pelas turnês, mas que a banda queria gravar um novo disco assim mesmo e, por isso, ele acabou demitido.

Carreira como quinteto

Em 2003, os Titãs lançaram o disco Como estão vocês?, que trazia os singles "Eu Não Sou um Bom Lugar", "Enquanto Houver Sol", "Provas de Amor" e "Vou Duvidar".

Em 2005, é lançado o MTV Ao Vivo, com algumas músicas dos 25 anos de história da banda e com as inéditas "Vossa Excelência" (composta em meio ao Escândalo do Mensalão), "Anjo Exterminador" e "O Inferno São os Outros".

Em 18 de fevereiro de 2006, ao lado do coletivo Afroreggae, a banda abriu o histórico show dos Rolling Stones, realizado na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro. O concerto ficou marcado por ter uma plateia de aproximadamente 1,5 milhões de pessoas, sendo o maior público de todos os tempos em um show de rock.

Em 2007, os Titãs completam 25 anos de carreira, comemorados com uma série de shows junto com Os Paralamas do Sucesso, que também completam 25 anos de carreira. A série de shows, que se estendeu pelo ano de 2008, culminou em um espetáculo realizado na Marina da Glória, Rio de Janeiro, em janeiro de 2008, e lançado em CD e DVD intitulado Paralamas e Titãs Juntos e Ao Vivo.

Em 2009, Branco Mello confirma no site oficial dos Titãs a estreia, em fevereiro, do filme Titãs - A Vida Até Parece Uma Festa, exibido no circuito de São Paulo e dirigido por Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves

Após seis anos sem lançar um disco de estúdio (o mais longo período da carreira da banda), na primeira quinzena de junho de 2009 foi lançado Sacos Plásticos, produzido por Rick Bonadio e lançado por sua gravadora, a Arsenal Music (com distribuição da Universal Music). O disco marca a entrada da banda em um novo selo, depois de seis anos pela Sony BMG. Bonadio ficou conhecido por produzir bandas de sucesso nas décadas de 1990 e 2000, como Mamonas Assassinas, Charlie Brown Jr., Los Hermanos, Tihuana, CPM 22, Hateen, NX Zero, Fresno e Strike. Além disto, também foi produtor do Ira! nos álbuns Acústico MTV e Invisível DJ.

Os dois primeiros singles do disco são "Antes de Você" e "Porque Eu Sei que É Amor", ambos na voz de Paulo Miklos. As canções foram incluídas nas trilhas sonoras de duas telenovelas da Rede Globo: Caras & Bocas (19h) e Cama de Gato (18h), respectivamente. A trama das 18h ainda tem como tema de abertura "Pelo Avesso", do disco Como Estão Vocês? (2003), na voz de Sérgio Britto.

A banda dispensou seus músicos de apoio, tornando-se apenas um quinteto. Branco Mello, vocalista, assume o baixo em definitivo (em outras turnês, Branco tocava apenas em algumas músicas). Sérgio Britto, tecladista e vocalista, também se divide entre o teclado e o baixo. O também vocalista Paulo Miklos, por sua vez, assume a guitarra rítmica. Tony Bellotto e Charles Gavin continuam como, respectivamente, guitarrista solo e baterista.

Saída de Charles Gavin e turnê Sacos Plásticos

No dia 12 de fevereiro de 2010, os Titãs anunciaram em seu site oficial que o baterista Charles Gavin estaria deixando a banda por motivos pessoais. Os outros quatro músicos continuaram com seus compromissos relacionados à turnê do álbum Sacos Plásticos, e o baterista contratado para acompanhar a banda é Mario Fabre. Segundo o guitarrista Tony Bellotto, Charles Gavin saiu da banda porque "É difícil envelhecer num grupo de rock". Perguntado sobre o status de Mario na banda, Tony ironicamente explicou: "Ele é o baterista oficial! É o batera dos Titãs! Mas ele não é um dos Titãs, porque nossa história começou há muito tempo, na mitologia grega..."

Dias após esse comunicado, Charles disse em entrevista, que sua saída já estava acertada desde a pré-produção do álbum Sacos Plásticos e durante a turnê com Os Paralamas do Sucesso. Alguns dos problemas de Charles foram sintomas de pânico e depressão, além do grande desgaste de 25 anos de turnês. Gavin pensou em se licenciar durante a Turnê Sacos Plásticos (2009-2010), mas disse que não dava pra ficar longe dos Titãs com tantos compromissos.

Rock In Rio IV, Futuras Instalações, 30 Anos de Carreira

No dia 23 de Setembro de 2011, ao lado de Os Paralamas do Sucesso, a banda participou do show de abertura da quarta edição do Rock in Rio, no palco principal. O show contou com a abertura de Milton Nascimento, ao lado de Tony Belloto e da Orquestra Sinfônica Brasileira, tocando "Love of My Life", do Queen. O show também contou com a participação de Maria Gadú. No dia 2 de Outubro do mesmo ano, a banda se apresentou no Palco Sunset do festival ao lado da banda portuguesa Xutos & Pontapés, que gerou um DVD distribuído pela MZA Music no ano seguinte.

Logo após essas apresentações, é encerrada a Sacos Plásticos Tour, que durou dois anos e deu lugar ao novo show Futuras Instalações. A nova turnê seria um teste para novas canções que estariam no próximo álbum da banda, então previsto para 2012/2013, além da banda tocar alguns clássicos.

Titãs com sua formação de quarteto (Paulo Miklos, Sérgio Britto, Branco Mello e Tony Bellotto) e o baterista de apoio Mário Fabre

Em 2012, a banda realizou a turnê Cabeça Dinossauro, na qual executou na íntegra o disco lançado em 1986 - a turnê culminou no lançamento do disco Cabeça Dinossauro ao Vivo 2012, que registra uma apresentação realizada no Circo Voador, Rio de Janeiro em junho daquele ano. A banda também relançou os álbuns gravados entre 1984 e 1999 via iTunes e fez dois shows comemorativos de 30 anos de carreira, com a presença dos ex-integrantes Arnaldo Antunes, Nando Reis e Charles Gavin. O show foi confirmado por Paulo Miklos antes de uma apresentação em Manaus, Em São Paulo, cidade natal da banda, o show de celebração dos 30 anos ocorreu no Espaço das Américas, na Barra Funda, na noite de 6 de outubro de 2012 Os sete membros se reuniram na casa de Nando, no décimo aniversário da morte de Marcelo, que havia sido a última ocasião em que eles haviam se reunido.

Titãs Inédito e Nheengatu

Titãs em 2013.

Em 2013 e 2014, a banda tocou algumas músicas novas na turnê Titãs Inédito. Eles começaram a trabalhar um novo disco entre abril e maio de 2014. Miklos disse que o álbum seria "pesado, sujo e malvado". Posteriormente, Britto confirmou que o disco seria lançado no início de maio e que a banda já estava gravando músicas em estúdio, mas o nome do novo trabalho ainda não estava decidido. Em meados de março, a rádio Globo FM informou que o álbum seria lançado em abril pela Som Livre e conteria 14 faixas. Em 16 de abril, a banda anunciou em sua página no Facebook que o álbum estava pronto e que seria lançado em maio.

Em 28 de abril de 2014, a banda divulgou os detalhes do novo trabalho: Nheengatu, lançado em 12 de maio do mesmo ano e sucedido por uma turnê que gerou o CD e DVD Nheengatu ao Vivo, lançado em 2015.

Em fevereiro de 2016, a banda novamente foi o grupo de abertura dos Rolling Stones no Brasil por uma segunda e terceira vez, no Estádio do Morumbi, em São Paulo, em duas noites diferentes.

Saída de Paulo Miklos, nova formação e ópera rock

Em 11 de julho de 2016 o vocalista e guitarrista Paulo Miklos anuncia seu desligamento da banda. Segundo nota oficial publicada nos perfis da banda e do músico no Facebook, Paulo agradece os anos de convivência e diz que a partir de então se dedicará à música de uma forma geral, compondo e cantando, assim como à carreira de ator. Para substituí-lo, os Titãs integram à banda o guitarrista de apoio Beto Lee, filho da cantora Rita Lee, para o prosseguimento da turnê Nheengatu.

A primeira gravação da banda com Beto é uma versão de Pro Dia Nascer Feliz, do Barão Vermelho, para a trilha sonora da 24ª temporada de Malhação, série da Rede Globo. Com a entrada de Beto, a banda passou a integrar em seu repertório ao vivo canções que não tocavam há tempos, como Será Que É Disso Que Eu Necessito? e Nem Sempre se Pode Ser Deus. Passaram também a ter algumas músicas cantadas por Tony.

Ainda em 2016, o grupo revelou estar preparando um disco para 2017. Segundo Tony, o novo álbum será uma ópera rock, e a banda pretende entrar em estúdio até meados de 2017 para que o disco saia no segundo semestre do ano. Tendo como referência os álbuns Quadrophenia, do The Who, e American Idiot, do Green Day, o álbum, com mais de 30 canções, terá sua história escrita com a ajuda de Hugo Possolo e de Marcelo Rubens Paiva. Em abril de 2017, boa parte das faixas já estava pronta, segundo Branco.

Também em abril, a banda iniciou uma turnê intitulada "Uma Noite no Teatro" num show que marcou também a inauguração do teatro Opus, do Shopping Villa-Lobos, em São Paulo. A turnê contém três faixas inéditas: Me Estuprem, sobre assédio sexual e estupro; Doze Flores Amarelas; e A Festa. Na época, foi informado que nenhuma delas constaria no próximo álbum do grupo. Contudo, em 23 de setembro de 2017, a banda tocou as três novamente durante sua apresentação no festival Rock in Rio, e dessa vez disse que todas fariam parte do projeto. Em dezembro de 2017, anunciaram que haviam começado a gravar o álbum e que ele seria lançado pela Universal Music. Em 31 de janeiro, anunciaram que a ópera rock seria lançada no começo de 2018 e que seu título seria Doze Flores Amarelas.

Em maio de 2018, Branco Mello foi diagnosticado com um tumor na laringe, que o deixou afastado da banda por três meses. No período em que esteve afastado, foi substituído por Lee Marcucci, que atuou como músico contratado pela banda entre 2002 e 2009.

Titãs Trio Acústico e retorno à BMG

A partir de 2019, realizaram uma série de shows acústicos para comemorar os 20 anos do Acústico MTV, que não puderam ser celebrados em 2017 por conta da preparação para Doze Flores Amarelas. A turnê recebeu o nome "Trio Acústico" e foi conciliada com a divulgação do Doze Flores Amarelas e a turnê "Enquanto Houver Sol", esta última em formato elétrico e misturando canções de várias épocas do grupo.

Já em 2020, o grupo anunciou que registrou o projeto em estúdio e o resultado seria dividido em três EPs, que receberam o nome Titãs Trio Acústico. Uma regravação da faixa "Sonífera Ilha" foi lançada como single e clipe no dia 20 daquele mês, quando foi também anunciado que os três EPs sairiam a partir de abril pela BMG, gravadora à qual retornaram no final de 2019.

Em outubro de 2020, os integrantes restantes participaram de uma regravação de "Comida" (do Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas) lançada pela cantora Elza Soares. A versão havia sido originalmente planejada para o disco que ela lançara em 2019, Planeta Fome, mas ela acabou optando por usar a canção num outro momento, e decidiu lançá-la no aniversário de um ano do disco, e também para marcar a indicação do mesmo ao Grammy Latino.

Integrantes

Formação atual

Branco Mello - vocal (1982-atualmente), baixo elétrico (2002-atualmente), violão em shows acústicos (2016-atualmente)

Sérgio Britto - vocal e teclado (1982-atualmente), baixo nas faixas cantadas por Branco (2009-atualmente)

Tony Bellotto - guitarra e violão (1982-atualmente), vocal (2016-atualmente)

Tokyo foi uma banda brasileira que surgiu em 1984, com um estilo punk rock e que revelou o cantor punk Supla e o produtor de MPB BiD (na época Bidi, guitarrista). Fizeram sucesso com as canções "Humanos" e "Garota de Berlim"

História

No início, a banda teve como nomes Zig Zag e Metrópolis, mais tarde mudando para Tokyo. O primeiro lançamento da banda foi um compacto simples com a canção "Mão Direita", que foi lançada pela gravadora Som Livre e acabou sendo censurada devido a sua letra que tratava sobre masturbação.

Em seguida mudaram para a gravadora Epic Records, onde lançaram a canção "Humanos", que foi o primeiro sucesso radiofônico da banda. No mesmo ano lançaram Humanos, álbum de estreia da banda. Na época a imprensa rotulou a banda de os "punks de butique". O single seguinte foi "Garota de Berlim", faixa composta pelo pintor Rodrigo Andrade em 1982. "Garota de Berlim" contava com a participação da roqueira alemã Nina Hagen, e foi sucesso em 1986. Neste mesmo disco, Cauby Peixoto participa de uma faixa denominada "Romântica". Após o lançamento do primeiro álbum, Bid deixou a banda e foi substituído por Conde Novaes.

Em 1987 lançaram o álbum O Outro Lado, que não obteve sucesso. Entretanto a canção "Metralhar e Não Morrer" chegou a tocar em algumas rádios A banda encerrou as atividades dois anos depois.

Integrantes

Supla (vocal e, ocasionalmente, guitarra base)

Andrés Etchenique (baixo e backing vocals)

Eduardo Bidlovski "Bidi" (guitarra solo e backing vocals)

Conde (guitarra)

Marcelo Zarvos (teclado)

Rocco Bidlovski (bateria, percussão e backing vocals)

Ultraje a Rigor é uma banda brasileira de rock, criada no início da década de 1980 em São Paulo. Idealizada por Roger Moreira (voz e guitarra base), obteve sucesso em 1983 no Brasil, devido às canções "Inútil" e "Mim Quer Tocar". Em 1985 a banda ficou nacionalmente conhecida pelo álbum Nós Vamos Invadir sua Praia que trouxe o primeiro disco de ouro e platina para o rock nacional.

Sua formação inicial era Roger, Leonardo Galasso (bateria, mais conhecido como Leôspa), Sílvio (baixo) e Edgard Scandurra (guitarra solo). Hoje, apenas Roger, idealizador da banda, continua desde a formação original.

Entre 2011 e 2013, a banda tornou-se a House band do talk show brasileiro Agora É Tarde, da Rede Bandeirantes, apresentado por Danilo Gentili. Após a contratação de Danilo Gentilli pelo SBT, a banda integra o elenco do The Noite com Danilo Gentili

História

Princípio: 1980 - 1988

O grupo Ultraje a Rigor começou como uma banda de covers, principalmente de Beatles, punk rock e new wave. A primeira formação, composta por Roger, Leôspa, Sílvio e Edgard Scandurra, começou fazendo pequenos shows em bares. Em 1982, decidiram que o nome da banda seria Ultraje a Rigor, um trocadilho com a expressão "traje a rigor". Roger, inicialmente, havia pensado em batizar a banda apenas como "Ultraje", mas Edgard, quando perguntado a respeito do nome, ouviu errado e perguntou: "Hã? Como é? Que traje, o traje a rigor?". O trocadilho fez sucesso e o nome Ultraje a Rigor foi adotado.

Em pouco tempo, Silvio deixou a banda e foi substituído por Maurício Defendi. Em abril de 1983, a nova formação participa do primeiro show da banda apenas com composições próprias. Após alguns shows, a banda assina um contrato de gravação com o produtor Pena Schmidt, que fazia parte da WEA e trabalhou também com artistas como o Ira! (do qual Edgard fazia parte) e os Titãs. O Ultraje então grava seu primeiro single, Inútil/Mim Quer Tocar, que, por problemas com a censura, não foi liberado até outubro daquele ano.

Edgard, já membro do Ira!, encontrou-se impossibilitado de continuar a dividir seu tempo entre duas bandas e optou pela segunda. Carlo Bartolini, conhecido como Carlinhos, foi chamado para seu lugar. Em 1984, com a nova formação, o Ultraje grava seu segundo single, Eu Me Amo/Rebelde Sem Causa. A primeira canção teve relativo sucesso, incentivado pela coincidência de seu refrão com o de Egotrip, da Blitz. A segunda música, porém, foi determinante para o sucesso da banda desde que começou a ser executada, em janeiro de 1985.

O primeiro LP da banda, Nós Vamos Invadir Sua Praia, lançado alguns meses mais tarde, fez grande sucesso. Foi o primeiro LP de rock no Brasil a ganhar Disco de Ouro e Disco de Platina. A maior parte das músicas teve grande sucesso, e a banda quebrou recordes de público em diferentes locais em todo o país, como o Canecão, no Rio de Janeiro.

No início de 1986, o Ultraje grava um LP chamado Liberdade Para Marylou, com uma versão remixada de Nós Vamos Invadir Sua Praia, a canção inédita Hino dos Cafajestes e uma versão de Marylou em ritmo de carnaval, que foi bastante tocada nos bailes de carnaval da época. Em 1987, durante as gravações do novo LP, Sexo!!, Carlinhos (com a possibilidade de uma mudança para Los Angeles para formar sua própria banda) deixou a banda e Sérgio Serra o substituiu. O segundo álbum foi tão bem sucedido quanto o primeiro, com a canção Eu Gosto de Mulher atingindo um máximo de 96 no Hot 100 Brasil.

Maturidade e mudanças: 1989 - 1998

Em 1989, mais maduros e um pouco cansados pelas constantes turnês, os integrantes gravam o terceiro disco, Crescendo. O álbum vendeu bem, mas os meios de comunicação social começam a perder o interesse no Ultraje após quatro anos de sucesso. Mesmo assim, o grupo ainda provocou polêmica, ao fazer uma provocação ao anúncio do fim da censura oficial, com a canção Filha da Puta. A canção foi censurada extra-oficialmente, em muitas estações de rádio e programas de TV, o que dificultou a promoção do álbum. Outras canções picantes com temas como "O Chiclete" e "Volta Comigo", uma música que trata de adultério, tiveram suas execuções comprometidas. No mesmo ano o grupo fez participação especial no álbum de 1989 do grupo Trem da Alegria, na música Jandira, que foi a terceira música de trabalho do disco. Em 1990, o Ultraje voltou às suas raízes lançando o "Por Quê Ultraje a Rigor?", um álbum de covers que faziam parte do seu repertório do início da carreira, além de Mauro Bundinha, uma canção inédita da mesma fase. Mauricio, após ter se casado com uma americana, mudou-se para Miami. Sua vaga foi provisoriamente preenchida por Andria Busic, baixista do Dr. Sin, que entregou seu lugar um mês depois para Osvaldo Fagnani. Após quase mais um ano de turnê, Roger percebe que o Ultraje a Rigor já não era a mesma banda. Leôspa, depois de ter casado, já não podia manter o seu entusiasmo para viajar e ensaiar; Sergio aspirava sair para formar a sua própria banda, e Osvaldo preferia trabalhar em seu estúdio profissional. Depois de uma conversa com Leôspa, Roger decidiu procurar novos membros para tentar continuar o Ultraje.

Pesquisando em bares e através de mostras de bandas principiantes, encontrou Flávio Suete, baterista que tocava covers de Frank Zappa. Flávio recomendou Serginho Petroni, baixista que também tocava covers. Juntos, começaram as audições para novos guitarristas. Depois de meses de teste, descobriram Heraldo Paarmann através de um anúncio da Rádio Brasil 2000 FM. Eles continuaram ensaiando e tocaram alguns shows para reforçar os respectivos sons. Em 1992, contra a vontade da banda, a WEA lançou uma coletânea chamada "O Mundo Encantado de Ultraje a Rigor" (a palavra "Encantado" era uma ironia de Roger com relação ao encanto dos primeiros anos e as dificuldades com a gravadora, em relação a novos projetos). Embora essencialmente uma coletânea do material lançado anteriormente, o álbum continha duas novas faixas da nova formação (Vamos Virar Japonês, com a dupla caipira Tonico e Tinoco; e uma versão de Rock das 'Aranha', de Raul Seixas) juntamente com reedições hits lançados anteriormente. Em 1992, ainda em rebelião contra a indiferença da sua empresa discográfica, o grupo grava independentemente Ah, Se Eu Fosse Homem, uma digressão sobre as dificuldades enfrentadas pelos homens no que diz respeito ao novo pós-feminismo. A fita desta música, distribuída para estações de rádio pela própria banda, produziu os resultados esperados.

Em 1993, em meio a uma situação já tensa com a gravadora, lançam Ó!, seu sexto LP - o quarto composto apenas por novos materiais. O disco foi gravado às pressas (dois meses de estúdio) e com orçamento pequeno, condição que foi imposta pela WEA, que mesmo assim, praticamente ignorou o álbum, fazendo com que o contrato fosse rompido em 1994. O clipe de "Acontece Toda Vez Que Eu Fico (Apaixonado)" fez sucesso na MTV, mas a canção era apenas um modesto sucesso na mídia e nas lojas. Em 1995, uma nova coleção de hits, desta vez sem o conhecimento da banda, foi lançado, parte de uma série chamada "Geração Pop". Em 1996, a empresa lança ainda outra coleção-surpresa, um registro denominado O Melhor do Ultraje a Rigor/2 É Demais! - fusão dos dois primeiros álbuns sem as faixas bônus. Ainda sem notificar a banda, a Warner libera mais dois relançamentos: em 1997, Pop Brasil, (na verdade, uma reemissão de Geração Pop com menos músicas), e, em 1998, Ultraje a Rigor Vol. 2/2 É Demais!, outra coletânea-fusão de dois álbuns, sem as faixa-bônus, da banda - o terceiro e quarto discos.

Recomeço: 1999 - 2007

No início de 1999, depois que Serginho deixou a banda e foi substituído por Rinaldo Amaral (conhecido como Mingau), o Ultraje lança 18 Anos sem Tirar!, um disco ao vivo gravado em 1996, de maneira independente, que ganhou quatro faixas inéditas em estúdio. Agora tendo trocado a WEA pela a Deckdisc/Abril Music e tendo como carro-chefe a faixa "Nada a Declarar", alcançam o Disco de Ouro. Em Janeiro de 2001, o Ultraje a Rigor participou da terceira edição do Rock in Rio, numa apresentação conjunta ao lado do Ira! e com direito a Should I Stay Or Should I Go?, cover do The Clash.

Em 2002, outra alteração na formação: Flávio e Heraldo distanciam-se das intenções musicais do resto da banda e resolvem deixá-la. Foram substituídos por Marco Aurélio Mendes, o Bacalhau, ex-baterista do Rumbora, e Sérgio Serra, ex-guitarrista do Ultraje, que voltou de Los Angeles para reintegrar o grupo e participar da gravação de Os Invisíveis.

Em 2005, a banda gravou e lançou, em CD e DVD, o seu Acústico MTV. O álbum inclui grandes sucessos como "Inútil", "Mim Quer Tocar", "Independente Futebol Clube" e "Eu Gosto de Mulher" e faixas inéditas, como "Cada Um Por Si". Destaques também para Eu Não Sei, versão de Can't Explain, do The Who, feita por Roger a pedido do Ira!; Ciúme, gravada numa versão originalmente prevista para o disco Nós Vamos Invadir Sua Praia, com uma parte calma; e Nós Vamos Invadir Sua Praia, com cordas e metais.

Fase independente: 2008 - 2010

No final de 2008, Roger confirmou a saída da gravadora Deckdisc para trabalhar em um álbum independente disponível para download. O projeto recebeu o nome de Música Esquisita a Troco de Nada!, não sendo necessário pagar para ter as músicas em seu computador. No início de 2009, após a gravação de algumas demos, Sérgio Serra abandona novamente a banda. Lançado em 5 de abril de 2009, o EP foi gravado com as participações especiais de Edgard Scandurra nas guitarras, da cantora Klébi Nori na música Amor e foi disponibilizado no site ReverbNation e no My Space da banda.

Após alguns meses como um power-trio, acompanhados pela banda de apoio, através de uma conta no Facebook, Roger anuncia a entrada do guitarrista Marcos Kleine. Com esta formação, a banda continua realizando shows pelas proximidades da região sudeste do Brasil, devido ao medo de avião de Roger, o que leva a banda conseguir agenda em shows que são possíveis a locomoção por ônibus.

2010 - atualmente

Em 2010, foi anunciado o lançamento da biografia Nós Vamos Invadir Sua Praia, que mostra a história da banda. O livro, escrito pela jovem jornalista Andréa Ascenção, autora do agente literário Andrey do Amaral, vem recheado com histórias, fotos, letras de músicas, depoimentos e curiosidades. A biografia foi publicada em abril de 2011 pela Editora Belas Letras. Na época, Roger pretendia gravar um CD e DVD ao vivo, comemorando 30 anos de carreira.

Em junho de 2011, a banda passou a fazer parte do elenco do talk show Agora É Tarde, como banda fixa. Com isso, a banda voltou a ter um maior destaque na grande mídia, se apresentando em grandes festivais, como o SWU, onde tiveram problemas com a produção do cantor britânico Peter Gabriel, e no Reveillon na Paulista.

Em 2012, a banda lançou pela Deckdisc um álbum em parceria com os Raimundos, intitulado O Embate do Século: Ultraje a Rigor vs. Raimundos. A ideia do projeto é de que uma banda regrave da outra, e vice-versa.

No final de 2013, a banda anunciou a saída da Rede Bandeirantes e do Agora É Tarde, se juntando, assim, a Danilo Gentili, Léo Lins, Murilo Couto e Juliana Oliveira no novo late-night talk show brasileiro, The Noite no SBT.

Em 2015, a banda grava o álbum instrumental Por que Ultraje a Rigor?, Vol. 2, sendo uma continuação do álbum de versões, lançado pelo grupo em 1990. O registro, gravado ao vivo no estúdio, conta com 20 regravações e tem a distribuição da EF, selo pertencente à Sony Music. O projeto foi lançado em agosto. No mesmo ano se apresentaram no Palco Sunset da sexta edição do Rock in Rio, ao lado de Erasmo Carlos.[11] Em 2016, abriram o show dos Rolling Stones no Estádio do Maracanã pela turnê América Latina Olé Tour 2016.

Documentário

No dia 31 de janeiro de 2019, estreou o documentário Ultraje. Dirigido por Marc Dourdin, o documentário foi lançado em comemoração aos 35 anos de banda, contando com participação de todos os integrantes que por ela passaram nesse tempo. Segundo informações da Vice Brasil, o documentário foi um fracasso de bilheteria, tendo estreado em 20 salas de cinema e levado 101 pessoas para as sessões, sendo a menor bilheteria entre os filmes nacionais.

Integrantes

Formação atual

Roger Moreira - Voz e Guitarra (1981-hoje)

Mingau - Baixo e Vocais (1999-hoje)

Bacalhau - Bateria e Vocais (2002-hoje)

Marcos Kleine - Guitarra e Vocais (2009-hoje)

Uns e Outros é uma banda de rock alternativo formada em 1983 no Rio de Janeiro.[1] Ficou nacionalmente conhecida pelos singles "Carta aos Missionários" e "Dias Vermelhos", ambos de 1989, do seu segundo álbum (relançado em 2009, pela SONY/BMG).

Depois de um tempo longe do mainstream, a banda carioca passou por mudanças, e lançou o disco Canções de Amor e Morte, que obteve destaque de crítica, principalmente pelos singles "Um Dia De Cada Vez" e "Depois do Temporal". O álbum possui uma regravação de "Dia Branco", clássico da música brasileira, de Geraldo Azevedo.

Em 2014 lançaram seu primeiro CD ao vivo (originalmente um DVD), gravado no Rio de Janeiro, em 19 de novembro de 2010; do qual foi lançado "Perdendo Vida", com a participação de Bruno Gouveia, do Biquini Cavadão.

Integrantes atuais

Marcelo Hayena - Vocais (1983 - atualmente)

Nilo Nunes - Guitarra (1983 - atualmente)

Ronaldo Pereira - Bateria (1988-1993, 2014 - 2018)

Gueu Torres - Baixo (2007 - atualmente)

Bruno Baiano - Bateria (2018 - atualmente)

Violeta de Outono é uma banda brasileira de rock formada em São Paulo. Bastante influenciada pelos Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd, Led Zeppelin e Gong, eram originalmente uma banda de pós-punk com alguns elementos psicodélicos embutidos, mas gradualmente acabariam por abandonar suas influências pós-punk e acrescentar elementos mais progressivos à sua sonoridade com o passar do tempo.

A banda passou por inúmeras mudanças em sua formação desde sua fundação; o único membro fundador remanescente é o vocalista/guitarrista Fabio Golfetti.

História

Fabio Golfetti fundou o Violeta de Outono em 1985 junto a Cláudio Souza; ambos haviam recentemente saído da pioneira banda New Romantic Zero. Angelo Pastorello mais tarde se juntaria a eles, e com esta formação lançaram uma fita demo, Memories, no mesmo ano. A fita chamou a atenção da gravadora independente Wop-Bop Records, que lançou seu primeiro EP, Reflexos da Noite, em 1986.

Em 1987, o primeiro álbum epônimo do Violeta de Outono saiu pela RCA Records. Foi muito bem-recebido; elogios em particular foram ao seu cover da canção dos Beatles "Tomorrow Never Knows".

Em 1988 lançaram um EP de quatro faixas intitulado The Early Years, contendo covers de "Citadel", dos Rolling Stones, "Interstellar Overdrive", do Pink Floyd, "Within You Without You", dos Beatles, e "Blues for Findlay", do Gong. Tais gravações originalmente haviam sido feitas entre 1984 e 1986. No ano seguinte, seu segundo álbum de estúdio, Em Toda Parte, foi lançado pela Ariola Records. Começando com este álbum, o Violeta de Outono abandonou sua sonoridade pós-punk anterior e rumou a uma direção mais experimental, influenciada pelo rock progressivo.

Em 1990, Cláudio Souza deixou a banda, e foi substituído por Cláudio Fontes (Souza voltaria à banda em 1993 porém). De 1993 a 1995 o Violeta de Outono entrou num curto período de hiato; voltaram à ativa com um álbum ao vivo, Eclipse, e com seu terceiro álbum de estúdio, Mulher na Montanha, que começou a ser gravado em 1995 mas não seria concluído até 1999. Em 2000, lançariam seu segundo álbum ao vivo, Live at Rio ArtRock Festival '97, uma gravação de sua performance no Rio ArtRock Festival no Rio de Janeiro em 1997. Durante o hiato do Violeta de Outono, Golfetti lançou três álbuns com o Invisible Opera Company of Tibet (Tropical Version Brazil), um projeto paralelo ao Violeta de Outono que formara em 1988 porém, o projeto não foi tão bem-sucedido e memorável quanto o próprio Violeta de Outono e chegou ao fim em 1995, ressuscitando em 2010.

Também em 2000, o Violeta de Outono mudou sua formação quase completamente, com Gregor Izidro substituindo Cláudio Souza e Sandro Garcia substituindo Pastorello. Porém, ambos retornariam para a gravação do quarto álbum de estúdio da banda em 2003, Ilhas, que foi lançado em 2005.

Violeta de Outono & Orquestra, seu primeiro vídeo, saiu em 2006, gravado durante uma performance em São Paulo dois anos antes, com a participação especial da Orquestra Sinfônica da USP. No mesmo ano, Pastorello deixou a banda e foi substituído por Gabriel Costa, enquanto o novato Fernando Cardoso assumiu a posição de tecladista. Com esta formação lançaram seu quinto álbum de estúdio (e sétima gravação de estúdio como um todo), Volume 7, em 2007.

Em 2009, Cláudio Souza deixou o Violeta de Outono pela terceira vez, mas antes gravaram outro vídeo, Seventh Brings Return, no qual fizeram covers ao vivo de Pink Floyd e Syd Barrett, e também tocaram seu primeiro álbum na íntegra em um show ocorrido no Teatro Municipal de São Paulo. Fred Barley entrou no lugar de Souza — porém, Barley deixou a banda em 2011 para juntar-se ao Terço, e foi substituído pelo ex-A Chave do Sol José Luiz Dinola; desde então, a formação do Violeta de Outono permanece não mudada.

O sexto álbum da banda, Espectro, foi lançado em 2012.

Em 19 de setembro de 2016 a banda anunciou que começou a trabalhar em seu sétimo álbum de estúdio, Spaces, eventualmente lançado a 14 de outubro de 2016. No mesmo ano, a revista Rolling Stone Brasil o elegeu o 25º melhor álbum brasileiro de 2016.

Integrantes

Formação atual

Fabio Golfetti — Vocais, guitarra (1985–)

Gabriel Costa — baixo (2006–)

José Luiz Dinola — bateria (2011–)

Fernando Cardoso — teclado (2006–)

Zero (estilizado ZERØ) é uma banda de rock brasileira formada em 1983 em São Paulo e situada no Rio de Janeiro desde 1998, considerada a maior precursora do movimento New Romantic no Brasil.

História

Primeira formação e "Heróis" (1983–1985)

O Zero surgiu das cinzas do Ultimato (anteriormente conhecido como Lux), uma banda de punk jazz/no wave instrumental formada em São Paulo em 1978 (e rebatizada para Ultimato em 1981) por Fabio Golfetti, Alberto "Beto" Birger, Cláudio Souza, Gilles Eduar e Nelson Coelho. O futuro vocalista Guilherme Isnard, que recentemente havia deixado sua banda anterior, o Voluntários da Pátria, foi introduzido ao Ultimato por seu amigo Luiz Antônio Ribas, dono da extinta gravadora independente Underground Discos e Artes; Isnard então decidiu-se juntar à banda, e conversou com seus integrantes sobre acrescentar letras às suas canções. Seu estilo musical acabou por mudar para um "art rock com pegada pós-punk", nas palavras de Isnar e em 1983 se reorganizaram como Zero. Seu primeiro lançamento foi o single "Heróis", que saiu pela CBS Records em 1985.

Mudanças na formação, Passos no Escuro e Carne Humana (1985–1987)

Em 1985, a banda participou do primeiro álbum da cantora May East, Remota Batucada, na faixa "Caim e Abel" — porém também sofreria uma grande reestruturação em sua formação no mesmo ano, com todos os seus membros menos Isnard saindo. Muitos de seus ex-membros começariam seus próprios projetos: Fabio Golfetti e Cláudio Souza formaram a influente banda de rock psicodélico Violeta de Outono, Beto Birger compôs o Nau com Vange Leonel, Gilles Eduar foi para o Grupo Luni e Nelson Coelho criou o Dialeto.

Juntou-se a Isnard, então, a formação "clássica" da banda: Alfred "Freddy" Haiat (ex-Degradée e irmão do guitarrista do Metrô Alec Haiat) no teclado, Ricardo "Rick" Villas-Boas no baixo, Eduardo Amarante (ex-Agentss e Azul 29) na guitarra e Athos Costa na bateria. Seu primeiro grande lançamento de estúdio foi o extended play Passos no Escuro, pela EMI; foi um sucesso de vendas, ganhando um Disco de Ouro pela ABPD. O EP gerou os sucessos "Formosa" e "Agora Eu Sei", o último contando com uma participação especial do vocalista do RPM Paulo Ricardo providenciando vocais adicionais.

Em 1987, Athos Costa deixou a banda e foi substituído pelo também ex-Azul 29 Malcolm Oakley. A banda então começou a trabalhar em seu primeiro álbum de estúdio, Carne Humana, que gerou os também populares singles "Quimeras" e "A Luta e o Prazer". No mesmo ano abriram shows da turnê Break Every Rule deTina Turner em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Separação (1989)

Citando sua falta de interesse em continuar com a banda, Guilherme Isnard anunciou que o Zero estava chegando ao fim em 1989.[7] Ele então passou a trabalhar em outros projetos, entre eles a banda cover do Roxy Music e de Bryan Ferry Roxy Nights e interpretou standards do Jazz e do Samba Canção como Guillaume Isnard e os Psicofônicos. Após uma apresentação com o cantor Miltinho em 1992, voltou a morar no Rio de Janeiro e parou de cantar até 1997, quando decidiu retomar a carreira.

Rick Villas-Boas mudou-se temporariamente para a Holanda antes de voltar ao Brasil; Eduardo Amarante mudou-se para Salvador; Malcolm Oakley tornou-se publicitário; e Freddy Haiat administra sua empresa de fabricação e importação de instrumentos musicais com seu irmão Alec.

Reunião (1998–)

Isnard reuniu-se à formação clássica do Zero para um show celebrando o 15º aniversário da banda em 1998; seria apenas por um dia, mas a resposta dos fãs foi tão positiva que acabaram por anunciar uma reunião definitiva. Seu primeiro lançamento após o hiato (porém com uma formação levemente diferente — Sérgio Naciffe entrou como baterista, Jorge Pescara no baixo e chapman stick e JP Mendonça como um tecladista adicional) foi a compilação Electro Acústico, que saiu em 2000 pela Sony e continha regravações acústicas de algumas das canções antigas da banda, mais três faixas inéditas. Contou com a participação especial de Andrea Dutra do Arranco de Varsóvia, Philippe Seabra do Plebe Rude e Bruno Gouveia do Biquini Cavadão.

Em 2003, para celebrar o 20º aniversário da banda, a EMI lançou Obra Completa, uma combinação de Passos no Escuro e Carne Humana em apenas um CD.

Em 2004, a Voiceprint Records lançou Dias Melhores, uma compilação de demos até então jamais lançados e outros materiais antigos gravados pela banda entre 1984 e 1985.

Em 2004 o Zero sofreu mais uma mudança em sua formação, com a entrada de Yan França na guitarra, Eliza Schinner no baixo e Fabiano Matos na bateria, substituído por Vitor Vidaut em 2007; em 30 de agosto do mesmo ano, lançaram às próprias custas seu primeiro álbum de inéditas desde 1987, Quinto Elemento, com Jorge Pescara assumindo o baixo. Demos preliminares de cada uma das canções foram disponibilizadas para escuta no perfil oficial do Myspace da banda.

Mais reuniões da formação clássica da banda aconteceriam em 2012, quando tocaram ao vivo seus dois primeiros lançamentos na íntegra, e em 2013, para shows celebrando o 30º aniversário do Zero; à época, Isnard anunciou que um DVD de sua performance em tais shows seria lançado, mas até então o plano não se concretizou.

Em 2017 Guilherme estreou uma nova formação do Zero em Nova Friburgo com Nivaldo Ramos no baixo, Daniel Viana na guitarra, Gustavo Wermelinger na bateria e Caius Marins no teclado. Em 2018, gravaram ao vivo o EP Audioarena Originals - Guilherme Isnard e Zero no especial com exibição no Canal BIS e Multishow. A banda voltou aos grandes palcos como o do Circo Voador, mas desfez-se à véspera do show de comemoração dos 35 anos com participação de Kiko Zambianchi e Paulo Ricardo, pela conveniência logística de organizar uma banda com músicos paulistas.

A partir de 2020, o Zero conta com Fabiano Matos na bateria, Elisio Neto na guitarra, Rigel Romeu no teclado e Nivaldo Ramos que se manteve no baixo. Em outubro de 2020, lançaram Quando Esse Mal Passar, o primeiro single do próximo álbum, composta por Elísio e Isnard durante o confinamento na pandemia de COVID-19.

Formação

Membros atuais

Guilherme Isnard — vocais (1983–)

Fabiano Matos — bateria (2004–2005, 2020–)

Rigel Romeu — teclado (2020–)

Elísio Neto — guitarra (2020–)

Nivaldo Ramos — baixo (2017–)

Kid Abelha (também conhecida como Kid Abelha e os Abóboras Selvagens entre 1982 e 1988) foi uma banda de rock brasileira que fez sucesso no país desde a década de 1980. Era composta por Paula Toller, George Israel e Bruno Fortunato. Eles já venderam 9 milhões de cópias de discos somente no Brasil.

História

Anos 80

Em 1981, Paula Toller conheceu Leoni na faculdade. Ambos estudavam na PUC-Rio e começaram a namorar. Com isso, Paula passou a visitar os ensaios da banda "Chrisma", formada por Leoni (voz e baixo elétrico), Carlos Beni (bateria) e Pedro Farah (guitarra). Os garotos sempre convidavam Paula a ingressar na banda, porém, ela sempre recusava, alegando ser tímida. Suas visitas aos ensaios a motivaram a cantar. George Israel, por sua vez, foi visto tocando saxofone em Búzios, Rio de Janeiro, e convidado por um amigo de Leoni a conhecer a tal banda que este liderava.

George aceitou o convite e se uniu à banda, pouco tempo depois conhecida como Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, nome escolhido durante uma transmissão ao vivo na Rádio Fluminense FM. A primeira demo executada pela extinta rádio foi Distração. O sucesso foi imediato; a banda passou a fazer shows no Circo Voador e, com isso, participam do LP Rock Voador, com duas faixas: Distração e Vida de Cão é Chato pra Cachorro. Pedro Farah foi o primeiro integrante a abandonar a banda, logo no início do sucesso, para morar nos Estados Unidos. Com isso, Bruno Fortunato assumiu a guitarra do Kid em definitivo. Beni, que mais tarde seria produtor da banda carioca Biquini Cavadão, foi o segundo integrante a sair do Kid, sendo substituído por bateristas contratados.

Pintura Íntima

Depois de entrar com duas musicas no LP "Rock Voador", uma coletânea de bandas novas lançada pela Warner, a banda é contratada pela gravadora e grava o primeiro compacto, Pintura íntima, que teve no lado B a canção Por Que Não Eu?. "Fazer amor de madrugada..." foi o primeiro refrão do Kid Abelha a ficar na cabeça dos brasileiros, e primeiro disco de ouro. Em 1984, o maior sucesso da banda entrou como lançamento do segundo compacto, Como Eu Quero, os levou ao segundo disco de ouro. O Lado B era Homem com uma Missão.

Seu Espião, Rock in Rio e Educação Sentimental

O primeiro álbum do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens é lançado também em 1984, Seu Espião. Um LP que carrega consigo grandes sucessos que estouravam nas rádios: Fixação, Nada Tanto assim, Alice (Não Me Escreva Aquela Carta de Amor), e as lançadas anteriormente Pintura Íntima, Por Que Não Eu? e "Como Eu Quero". O álbum conseguiu o terceiro disco de ouro da carreira. Em janeiro de 1985, a banda toca no maior evento de rock do mundo no momento, o Rock in Rio. Na terça-feira, dia 15, tocaram para 50 mil pessoas e na sexta-feira, dia 18, para 250 mil pessoas. Os 7 maiores sucessos do disco Seu Espião foram tocadas ao vivo. Educação Sentimental, segundo LP da banda, é lançado ainda em 1985, trazendo Lágrimas e Chuva, Educação Sentimental I e II e Garotos. A Fórmula do Amor, parceria da banda com o cantor Leo Jaime, foi regravada em versão lenta. O sucesso somou mais um disco de ouro. Para este trabalho é contratado o novo baterista da banda, Claudinho Infante.

Saída de Leoni e o 'Ao Vivo'

Em um show de Leo Jaime no Rio de Janeiro, o cantor chamou a banda para cantar o sucesso A Fórmula do Amor. Entretanto, esqueceu de chamar Leoni. Devido a isso, houve desentendimentos entre Leoni e Paula Toller e seus respectivos namorados, Fabiana Kherlakian (herdeira da grife Zoomp) e Herbert Vianna (líder da banda Os Paralamas do Sucesso). Os desentendimentos culminaram com a saída de Leoni, que, além de baixista, era o principal compositor. Parecia ser o fim dos Abóboras, porém, a banda promoveu o projeto de um LP duplo e VHS ao vivo, intitulado "Kid Abelha Ao Vivo" e gravado no Parque Anhembi para um público de 20 mil pessoas, contendo os maiores sucessos até então e também a inédita Nada Por Mim, parceria de Paula Toller e Herbert Vianna anteriormente gravada pela cantora Marina Lima. Por problemas técnicos com as imagens, o projeto foi reduzido a um LP único, com nove músicas. Aos Abóboras somaram-se Cláudia Niemeyer (baixo elétrico), Marcelo Lima (teclados), Don Harris (trompete) e Julio Gamarra (percussão). Ao Vivo foi mais um disco de ouro.

Tomate

Em 1987, Paula é nomeada a mais nova sex symbol do Brasil e o grupo promove sua maior ousadia, com o disco Tomate. O clipe da canção-título (inspirada no poema de Murilo Mendes, O Tomate (da Crítica de Arte)) foi muito premiado, além de estourarem No Meio da Rua, Me Deixa Falar e Amanhã é 23 (incluída na trilha sonora da novela O Outro, da Rede Globo) todas da primeira safra de canções da parceria Paula Toller e George Israel. Já com a presença do baixista e produtor Nilo Romero, o disco foi mixado em Londres e dedicado a todas as pessoas que trabalham à noite.

Em 1988, Claudinho saiu da banda, reduzida-a à atual formação de Paula, George e Bruno. Mesmo assim, ainda participa do disco Kid, um ano depois. Agora Sei, Todo o Meu Ouro, Dizer Não é Dizer Sim e De Quem é o Poder foram as mais conhecidas. Além do tema de novela Dizer Não é Dizer Sim, a canção Sexo e Dólares foi tema do filme nacional que contava a história de Lili Carabina, Lili, a Estrela do Crime. Nos agradecimentos, nomes bastante conhecidos, como Cazuza (que escreveu o press release do disco), Frejat e Herbert Vianna. Devido à gravidez de Paula Toller, os shows foram reduzidos e a banda decidiu parar por alguns meses.

Anos 90

O início da década de 1990 é brindado com o disco "Greatest Hits 80's", que além de nove sucessos em LP e dez em CD, revela "No Seu Lugar". As músicas foram remasterizadas digitalmente e "Como Eu Quero" e "Fixação" ganharam novo vocal, com a voz de Toller mais afinada do que nunca. Rendeu o primeiro disco de platina da banda. "Tudo É Permitido" trouxe, em 1991, um forte erotismo em letras como "Gosto de Ser Cruel", "Lolita" e "Eletricidade" (estréia de George Israel nos vocais). Trouxe também o sucesso "Grand' Hotel", as regravações de "Fuga Número 2", d'Os Mutantes; e de "Não Vou Ficar", canção de Tim Maia que fez sucesso com Roberto Carlos. "A Indecência", por sua vez, vem inspirada no poema de D.H. Lawrence, "A Indecência Pode Ser Saudável".

"No Seu Lugar" também é incluída no disco, que marca a estréia de Kadu Menezes na bateria. O disco também marcou a redução do nome da banda, que perdeu os "Abóboras Selvagens", passando a se chamar "Kid Abelha". "O Sexo que Fazemos" foi o tema principal do disco "IêIêIê", de 93, pelo fato de este verso iniciar três letras do disco, "Por Uma Noite Inteira", "Mil e Uma Noites" e "Um Segundo a Mais". "Eu Tive um Sonho" (tema da minissérie Sex Appeal), "Deus (Apareça na Televisão)", "Em 92" e "O Beijo" se destacaram. Presente no trabalho também a primeira gravação da banda em inglês, a regravação de "Smoke On The Water", do Deep Purple.

O Zumbido Acústico

Entre março e julho de 1994 foi gravado por George Israel e Kadu Menezes nos shows realizados em BH, Curitiba, Criciúma, Concórdia, Venâncio Aires e Sta. Bárbara o disco "Meio Desligado", que além de grandes sucessos acústicos, traz as regravações Cristina (Tim Maia) e Canário do Reino. A música de trabalho foi "Solidão Que Nada", parceria entre George Israel, Nilo Romero e Cazuza. Após 18 shows no Jazzmania, que foi inclusive especial de TV, a turnê percorre todo o Brasil. Participaram do disco Mauricio Gaetani (piano e acordeon), Odeid (baixo), Serginho Trombone (trompete), Lui Coimbra (cello) e, como convidados, Sérgio Dias (em Deus), Ritchie (Como Eu Quero) e Lulu Santos (Canário do Reino). Como premiação por mais de 500 mil cópias, este é um dos discos duplos de platina da coleção dos abelhas.

Meu mundo Gira em Torno de Você

Em 1996 a música de Hyldon "Na Rua, na Chuva, na Fazenda" lançou o disco Meu Mundo Gira em Torno de Você". No clipe "Te Amo pra Sempre", top na MTV, Paula aparece vestindo um simplório biquíni de bolinhas. Também encontram-se no disco "Como É Que Eu Vou Embora", "Combinação" e "A Moto". Participações nos instrumentos, de Rodrigo Santos (da banda Barão Vermelho) no baixo e a estreia do atual trompetista Jefferson Victor, na faixa "Vou Mergulhar". "Meu Mundo…" é o disco de estúdio mais vendido da banda, tendo 3 diferentes versões, inclusive uma de platina, com CD duplo.

Espanhol e Remix

No ano seguinte, 1997, a banda alçou voos ainda maiores, levando seu trabalho ao exterior, no CD Kid Abelha, divulgado nos EUA, Espanha e países latinos. O álbum traz seus grandes sucessos em espanhol, como "¿Por Qué Me Quedo Tan Sola?", "Como Yo Quiero", "Te Amo Por Siempre", "Dios", "Todo Mi Oro", "En medio de la calle", "Grand Hotel" e outros, tendo a participação de Alejandro Sanz em "Nada por mí". A banda quase teve o nome reduzido para "Kid", devido à difícil pronúncia do nome "Abelha" em espanhol. Devido ao sucesso da banda nas baladas e boates, no mesmo ano, chega às lojas brasileiras "Remix", com sucessos remixados por conceituados DJs. Duplo de platina, com 500 mil cópias vendidas em dois meses.

E o mundo não se acabou

De saia bem acima do joelho, em frente a um avião, "Paula Toller" é o primeiro CD solo da cantora. Com seis grandes músicas da MPB, duas em inglês e duas inéditas, duas que se tornaram temas de novela e uma que se tornou tema de um comercial da Garoto. Paula não fez turnê do disco, divulgando apenas em alguns programas de TV, como Domingão do Faustão e Romance MTV. Podemos destacar "Derretendo Satélites", "Oito Anos" (regravada por Adriana Calcanhoto), "E o Mundo Não Se Acabou", "Patience" (cover do Guns N' Roses), "Cantar" e "1800 Colinas".

Fechando com Disco de Ouro

"Autolove", nome que o trio define como "o amor que se locomove sozinho, cujo combustível somos nós" vem em 1998, com mais um disco de ouro. Considerado um dos melhores e mais maduros discos da banda, emplaca "Eu Só Penso em Você", "Maio…", "Minas - São Paulo", "Tanta Gente" e a homenagem a Renato Russo em "Três Taças". Ainda há a canção "Ouvir Estrelas", adaptada do poema homônimo de Olavo Bilac.

Anos 2000

2000 marcou o lançamento do disco "Coleção". Embalado pelo sucesso "Pare o Casamento" da cantora Wanderléa, o disco vem com diversos sucessos de outros artistas, como "O Telefone Tocou Novamente" e "Mas, Que Nada" (ambas de Jorge Ben), "Pingos de Amor" (Paulo Diniz e Odibar), "Teletema" (Antonio Adolfo e Tibério Gaspar), "Mamãe Natureza" (Rita Lee), "As Curvas da Estrada de Santos (Roberto e Erasmo Carlos), além das inéditas "Deve Ser Amor", "Eu Sei Voar" (gravada originalmente para o disco Autolove) e "Um Momento Só" (gravada originalmente para o disco IêIêIê). O disco encerra o contrato com a gravadora Warner e a entrada do tecladista Humberto Barros, além da presença de Dunga (baixo), Rodrigo Santos (baixo) e Cris Braun (vocais e composições).

Mais uma vez o Kid Abelha participa do evento Rock in Rio. A terceira edição aconteceu em janeiro de 2001, onde a apresentação da banda aconteceu no dia 20, mesma data de Engenheiros do Hawaii, Elba Ramalho, Zé Ramalho e atrações internacionais. Tocaram sucessos como "Fixação", "Pintura Íntima", "Lágrimas e Chuva", "Alice", "No Meio da Rua", "Amanhã É 23", "Pare o Casamento", "Te Amo Pra Sempre", "Como É Que Eu Vou Embora", "Eu Tive Um Sonho", "Desculpe o Auê" (de Rita Lee), entre outras. Surf, foi o primeiro álbum lançado pela Universal Music, em 2001. As três singles, "Eu Contra a Noite", "Eu Não Esqueço Nada" e "O Rei do Salão" apresentam o disco, que contém também, dentre outras, "3 Garotas na Calçada", "Gávea Posto 6" e "Pelas Ruas da Cidade", que falam da vida e cenário dos cariocas e dos brasileiros. Bateria e percussão eletrônica acompanham as canções.

O Maior êxito

Os 20 anos do Kid foram comemorados em grande estilo em 2002: a banda foi convidada para participar do projeto Acústico MTV. Compõem o disco 20 anos de sucesso em versão acústica: "Como Eu Quero", "Lágrimas e Chuva", "Fixação", "Eu Contra a Noite", "Os Outros", "No Seu Lugar" etc. Possui três inéditas: "Nada Sei", "Gilmarley Song" (homenagem a Gilberto Gil, que havia lançado um disco com canções de Bob Marley) e "Meu Vício Agora", além das regravações de "Brasil" (parceria entre George Israel, Nilo Romero e Cazuza), "Mudança de Comportamento" (Ira!), com participação do guitarrista e vocalista Edgard Scandurra, e "Quero Te Encontrar" (da dupla funk Claudinho e Buchecha, numa homenagem a Claudinho, falecido em junho do mesmo ano). O álbum recebeu vários prêmios de grande importância no cenário nacional e foi indicado ao Gramy Latino, em 2003; seus singles permaneceram por tempo prolongado no "Top 10" e suas vendagens ultrapassaram a marca de 1.250.000 cópias vendidas Só no ano de 2006, quase quatro anos após o lançamento, o CD teve vendagem de 250 mil cópias sendo o nono disco mais vendido no Brasil No ano seguinte o disco ficou em sétimo, A turnê, que durou três anos, permitiu shows por todo Brasil e em algumas cidades dos EUA. O DVD, primeiro trabalho audiovisual da banda, teve como premiação o DVD de diamante duplo, marca rara em trabalhos em vídeo.

4 Letras de Israel

Antes de lançar um novo disco com o Kid, George, em 2004, grava seu primeiro CD solo, "4 Letras", titulo de uma música sua com o parceiro Cazuza. Canções inéditas, algumas com Israel como letrista, além de parcerias com Alvin L, Arnaldo Antunes e participações dos Paralamas, Lulu Santos e Sergio Dias estão nesse trabalho produzido por Ramiro Musoto. A canção "Girassóis Azuis" (de George Israel/Dulce Quental) foi inclusive tema da novela América, da rede Globo. Shows no Teatro Ipanema no Rio de janeiro marcaram o lançamento em 2005.

Pega Vida

Pega Vida foi lançado em meados de abril de 2005. O disco trouxe onze faixas inéditas, de autoria de George Israel e Paula Toller, e uma regravação, "Será Que Pus um Grilo na Sua Cabeça?". Logo de cara, a primeira single, "Poligamia", posicionou-se entre as dez mais tocadas do país, chegando ao 3º lugar nas paradas. "Peito Aberto", segundo single, além de chegar ao primeiro lugar em versão original, ficou no topo com as versões acústica e remix. "Eu Tou Tentando" e "Por Que Eu Não Desisto de Você" foram as últimas músicas de trabalho, que também obtiveram grande êxito. Houve divulgação em diversos programas de TV: Altas Horas (três vezes), Domingão do Faustão, Pulso MTV (duas vezes), Fanático MTV (duas vezes), Sem Censura (TV Cultura), Programa do Jô, Programa Hebe (SBT), Especial Oi Noites Cariocas (MTV) e Especial Pega Vida (Multishow). Pega Vida foi também lançado em DVD, sendo o primeiro trabalho de artistas brasileiros em vídeo totalmente com músicas inéditas, que rendeu DVD de ouro.

Os Britos

George Israel lança, em 2006, com Gutto Goffi, Nani Dias e Rodrigo Santos o primeiro CD e DVD de sua banda paralela, Os Britos formada em 1994. A banda toca músicas dos Beatles, no espirito "Cavern Club", ou seja um quarteto de rock sem frescuras e muita energia.

2007, o ano em que o Kid tirou férias

A banda anunciou suas férias em 2007. Paula Toller lança seu segundo CD solo, Só Nós. O trabalho tem catorze canções inéditas, compostas por Caio Márcio e Coringa, Dado Villa-Lobos, Donavon Frankenreiter, Jesse Harris (autor de "Don't Know Why", de Norah Jones), Nenung (do grupo gaúcho Os The Darma Lóvers), Kevin Johansen, Paul Ralphes e Paula Toller. "All over" e "À noite sonhei contigo" seriam de uma vez as canções de divulgação do disco, mas por problemas com selos internacionais o primeiro single foi "Meu amor se mudou pra lua", lançado dia 22 de maio". George Israel também lança seu segundo CD solo, "Distorções do meu jardim", tendo como single "A Noite Perfeita", parceria com Leoni (depois de 20 anos sem comporem juntos) e conta com João Barone (Paralamas do Sucesso) na bateria. Também no disco, "Chão de jardim" parceria com Marcelo Camelo, "Alguém Como Você", feita por George Israel para o acústico MTV da dupla Sandy e Junior e "As Rosas Não Falam", de Cartola. "Curados ao sol de Copacabana" escrita por George fala da chegada dos avós ao Brasil fugidos do holocausto e tem participação de Jorge Mautner

No final de 2008, Paula Toller lança em CD e DVD o trabalho Nosso, gravado ao vivo na turnê SóNós. O disco faz uma mistura entre os dois trabalhos anteriores, trazendo também dois hits do Kid Abelha (Grand' Hotel e Nada por mim), as regravações de Saúde / Só love (Rita Lee / Claudinho e Buchecha) e Mamãe coragem (Caetano Veloso) e a versão original em Espanhol de À noite sonhei contigo, titulada Anoche soñé contigo. Em 2010 George lança o cd "13 parcerias com Cazuza" juntando sua obra com o poeta. Entre as canções: Brasil, Solidão que nada, Burguesia. Tem participações de Elza Soares, D2, Frejat, Sandra de Sá, Ney Matogrosso. Em junho do mesmo ano registra no Canecão o show do cd com convidados e com a banda que o acompanha na tour solo; Guto Goffi, Odeid, Gê Fonseca e Rene Rossano. Os fãs perguntam pelo retorno da banda em contatos virtuais ou pessoais com membros do Kid Abelha, principalmente com Paula Toller e George Israel, mas a resposta é sempre a mesma, de que não sabem do futuro do Kid.

2011, o retorno

Em 2011 a banda retorna com a turnê "Glitter de Principante", comemorando os 30 anos de carreira. A banda é uma das atrações do Maceió Music Festival (MMF), um dos maiores festivais de música do Nordeste, que reuniu mais de 45mil pessoas. Na ocasião, Paula Toller e os companheiros do Kid Abelha dividem a noite com CPM 22, Pitty, Deslucro, Diogo Nogueira, Oxe! e Fernanda Guimarães.

2012 - Show comemorativo no Rio de Janeiro

(Multishow Ao Vivo: Kid Abelha 30 anos)

Em 28 de abril de 2012 a banda gravou um especial para celebrar os 30 anos de carreira que os abelhas completam em 13 de novembro, data do primeiro show profissional da banda, em show na cidade do Rio de Janeiro transmitido ao vivo pelo canal de TV Multishow, com direito a bolo de aniversário no final e a participação da Bateria da Escola de Samba Mangueira. A gravação do show gerou um DVD comemorativo, com registros da turnê "Glitter De Principiante", iniciada em Curitiba em 2011.

2013 - Retorno ao Festival de Verão após 8 anos

Paula Toller e os companheiros do Kid Abelha retornaram ao Festival de Verão, depois de oito anos, e abriram a segunda noite do evento, no Parque de Exposições, em Salvador. A banda subiu ao palco para satisfazer a expectativa dos fãs, antigos e novos, entoando a canção “No seu lugar” logo de primeira.A apresentação foi marcada pela formação de um grande coro em diversos momentos do show. Foi difícil para Paula Toller encerrar a apresentação. O público empolgado pediu bis e foi atendido.Com cachos soltos e de vestido amarelo “ouro”, Paula Toller, acompanhada de George Israel e Bruno Fortunato, celebra três décadas de carreira. “Essa noite é super especial para a gente porque estamos aqui para agradecer a Bahia e ao Brasil. São 15 anos de Festival e 30 de Kid Abelha. O ano de 2012 foi maravilhoso, acabamos de lançar um DVD ao vivo. Muita coisa boa aconteceu e é hora de comemorar”, disse a artista pouco antes de iniciar o show.“Nada tanto assim”, “Educação sentimental 2″ e “Na rua, na chuva, na fazenda” foram tocadas logo no início do show. “Todo meu ouro”, “Em 92″, “Garotos”, “Dizer não é dizer sim” e “Amanhã é 23″ também estiveram entre os tantos sucessos que compuseram o mais recente trabalho do grupo.A apresentação da banda contou ainda com canções como “Eu só penso em você”, “No meio da rua”, “Grand´Hotel”, “Nada sei”, “Lágrimas e chuva”, “Eu tive um sonho”, “Alice”, “Fixação” e “Te amo pra sempre”.Mais cedo, durante a passagem de som, o saxofonista George Israel prometeu um show “bacana” e cheio de surpresas. “Este show é uma parceria com público desse tempo todo e Salvador sempre foi uma cidade em que a banda é muito querida”, disse.Paula agradeceu o carinho dos fãs. “É lindo ver a cara de vocês, aqui de pertinho e lá de longe. Fico imaginando o sorriso de cada um, o que cada um da gente tem a ver com cada um de vocês. Valeu”, disse a vocalista.

Depois de voltarem a se reunir, Paula Toller, George Israel e Bruno Fortunato anunciaram que a banda faria uma nova pausa para que eles pudessem se dedicar a seus projetos pessoais. Paula chegou a usar sua página no Twitter para falar com os fãs: “Queridos, sinto que as reclamações, chororôs e até os xingamentos pelo término da turnê são sinais de amor. As ondas vêm e vão. Lóviu all!”, escreveu ela. Paula Toller anunciou em Abril em uma entrevista à revista Quem, que a banda havia encerrado as atividades após a turnê.

No dia 22 de abril de 2016, o Kid Abelha anunciou que havia encerrado as atividades em 2013 em sua página no Facebook: "A vontade de experimentar outras formas de criar e o desgaste natural de tanto tempo juntos nos levaram a essa decisão. Optamos por um soft-ending, um final suave, evitando o sensacionalismo."

Integrantes

Paula Toller - vocalista

George Israel - saxofone/guitarra/violão/bandolim/flauta transversal

Bruno Fortunato - guitarra/violão

Legião Urbana é uma banda de rock brasileira fundada em 1982 em Brasília, Distrito Federal, por Renato Russo e Marcelo Bonfá. O grupo também contou com Dado Villa-Lobos e Renato Rocha em sua formação mais conhecida. Diante da morte de Renato Russo em 11 de outubro de 1996, o grupo encerrou suas atividades onze dias depois. Possui uma discografia de oito álbuns de estúdio, três compilações e cinco álbuns ao vivo (um deles sem a presença de Renato Russo).

Em 2010, a Legião Urbana havia vendido catorze milhões de cópias (incluindo discos solo de Renato Russo), segundo informações da gravadora EMI cedidas ao jornal O Estado de S. Paulo. No mesmo ano, a revista Veja falava em quinze milhões de cópias (levando em conta a discografia da banda e os dois primeiros discos solo de Renato, The Stonewall Celebration Concert e Equilíbrio Distante); a revista afirmou também na mesma ocasião que eles comercializavam uma média de 250 mil discos por ano. Em 2015, O Estado de S. Paulo afirmou que a banda vendeu 25 milhões de cópias em seus catorze anos de atividade. É o segundo grupo musical brasileiro que mais vendeu discos de catálogo no mundo, além de fazer parte do chamado "quarteto sagrado" do rock brasileiro, juntamente aos grupos musicais Barão Vermelho, Titãs e Os Paralamas do Sucesso.[4]

Entre outubro de 2015 e dezembro de 2016, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, os dois integrantes remanescentes do grupo, apresentaram juntamente a André Frateschi nos vocais principais e diversos músicos convidados a turnê Legião Urbana XXX Anos, que consistiu na comemoração dos trinta anos de seu primeiro álbum de estúdio. Devido à boa aceitação do público, o grupo resolveu retomar o projeto em 2018, desta vez executando o repertório do segundo e do terceiro álbuns do grupo, que continua até os dias atuais.

História

Fundação, início e antecedentes

A banda foi formada em agosto de 1982, pouco menos de um ano após o fim da banda Aborto Elétrico, desencadeado por atritos existentes entre os integrantes Renato Russo e Felipe Lemos. O primeiro atrito foi durante uma execução ao vivo da canção "Veraneio Vascaína" (na ocasião, Renato errou a letra e levou uma baquetada em pleno show). O segundo atrito foi quando Renato Russo apresentou "Química" em um ensaio do Aborto e Felipe Lemos criticou a canção com veemência. O fim da banda foi no final de 1981, quando Renato Russo cortou pacificamente o seu vínculo com seus colegas de grupo, com direito a uma última reunião poucos meses depois motivada pela negligência de Ico Ouro Preto ao assumir uma apresentação do grupo. Com o fim da banda, Felipe e seu irmão Flávio Lemos (baixo), fundaram o Capital Inicial, com sua formação estabelecida juntamente a Dinho Ouro Preto (voz) e Loro Jones (guitarra).

Para compor, Renato Russo teve inspiração em muitas bandas estrangeiras como Joy Division, The Smiths, The Beatles, The Clash, The Cure, Ramones, Joni Mitchell, Gang of Four, Talking Heads, Sex Pistols, The Jesus and Mary Chain, Public Image Ltd, U2, Bob Dylan e nos trabalhos dos filósofos Bertrand Russell e Jean-Jacques Rousseau (dos quais, juntamente ao pintor Henri Rousseau, veio a inspiração para o seu sobrenome artístico). O nome "Legião Urbana" deriva da frase “Urbana Legio Omnia Vincit” (Em Latim, "Legião Urbana a tudo vence"). A sentença é uma referência à frase do imperador romano Júlio César, “Romana Legio Omnia Vincit”, traduzida como “Legionários Romanos a tudo vencem”. O nome também veio pela ideia original de Renato Russo e Marcelo Bonfá na fundação do grupo de revezar guitarristas e tecladistas para completar o grupo. Ou seja, uma "legião" de músicos. A primeira apresentação da Legião Urbana aconteceu em 5 de setembro de 1982 na cidade mineira de Patos de Minas, durante o festival Rock no Parque, que contou com outras oito atrações, entre elas o grupo musical Plebe Rude (banda afiliada e amiga da Legião). Este foi o único concerto em que a banda apareceu com a sua primeira formação: Renato Russo (Voz, Baixo), Marcelo Bonfá (Bateria), Paulo Paulista (Teclado) e Eduardo Paraná (Guitarra), Na verdade, a Cadoro Promoções — empresa responsável pela produção do festival — havia contratado o Aborto Elétrico e impresso centenas de cartazes com o nome da banda formada por Renato Russo, Felipe Lemos, Flávio Lemos, Ico Ouro-Preto e, anteriormente, André Pretorius. Mas como o grupo havia encerrado suas atividades, Renato convenceu o dono da produtora, Carlos Alberto Xaulim, a se apresentar com a banda que tinha acabado de formar com Marcelo Bonfá. Após a apresentação, Paulo Paulista e Eduardo Paraná deixaram a Legião. O próximo guitarrista a participar do grupo seria Ico Ouro Preto (irmão de Dinho Ouro Preto e ex-integrante do Aborto Elétrico), mas, por negligência com o grupo, foi substituído por Dado Villa-Lobos, que assumiu o trabalho de guitarrista da Legião em março de 1983.

Vista de Brasília, cidade do surgimento do grupo.

Brasília era ainda uma ilha cultural em relação ao resto do país. Até 1978, a história curta da nova capital não lhe atribuíra ainda nenhum momento particularmente brilhante nas artes, até porque não havia sido formada a primeira geração de artistas brasilienses. Estes estavam surgindo, justamente ali, com a cara que aquelas duas primeiras décadas tinha tido na cidade. "Química" era um dos hinos do Aborto Elétrico e foi a primeira canção da chamada Turma da Colina a ser gravada em fonograma e lançada em LP e K7 por todo o país. Herbert Vianna (que já havia gravado seu primeiro LP com Os Paralamas do Sucesso pela gravadora britânica EMI) apresentou a Jorge Davidson, agente da gravadora, uma fita cassete com gravações de Renato Russo (correspondentes ao álbum solo O Trovador Solitário), o que interessou ao diretor artístico. A Legião Urbana foi chamada no final do ano de 1983 para gravar três demos, incluindo "Geração Coca-Cola" e "Ainda É Cedo". Logo de início, o som feito pela banda não agradou aos executivos da EMI, que esperavam canções mais próximas ao folk, pois a fita apresentada ao Jorge por Herbert Vianna foi do período em que Renato Russo estava tocando e cantando sozinho (fase esta chamada de O Trovador Solitário). Foi então que o produtor Mayrton Bahia surgiu para intermediar a relação entre a banda e a EMI e favorecer a chegada do grupo à gravadora. Jorge Davidson viria a assinar um contrato com a banda em fevereiro de 1984. O sucesso

No ano de 1984, alguns meses após o Legião assinar um contrato com a EMI, entra, por indicação de Marcelo Bonfá e em virtude de uma tentativa de suicídio de Renato Russo em junho de 1984 na qual ele cortou o pulso esquerdo e ficou impossibilitado de tocar Baixo por um tempo, o baixista Renato Rocha. Em outubro de 1984, começou a gravação de seu primeiro álbum de estúdio. Legião Urbana (1985)

Ver artigo principal: Legião Urbana (álbum)

Legião Urbana, lançado em 2 de janeiro de 1985, possui um forte engajamento político-social, com letras que fazem críticas contundentes a diversos aspectos da sociedade brasileira. Paralelo a isso, possui algumas canções de amor que foram marcantes na história da música brasileira, como "Será", "Ainda É Cedo" e "Por Enquanto" - esta última que é considerada como "a melhor faixa de encerramento de um disco", segundo Arthur Dapieve, crítico e amigo de Renato Russo. "Geração Coca-Cola" é outra canção famosa deste álbum, pois assumia a voz daqueles que tinham crescido sob o regime militar, chamando-os de “Geração Coca-Cola”. Todas as quatro canções já citadas foram, juntamente a "Soldados", promovidas como singles.

A Legião Urbana começou a ganhar notoriedade seis meses após o lançamento do álbum, acelerando o andamento da música jovem brasileira. De toda a geração emergida no "boom" do rock nacional naquela década, a Legião Urbana foi particularmente a mais aclamada por público e crítica. Apesar das letras consideradas sérias, por outro lado, o discurso não caía para a facilidade do tom panfletário.

Dois (1986)

Ver artigo principal: Dois (álbum)

O segundo álbum do grupo, Dois, foi lançado em julho de 1986. Um estilo mais próximo do folk com letras mais líricas aflorou mais. Se o primeiro trabalho tinha toda uma urgência pós-punk, Dois era um contraponto; a visão complementar de um trovador que já não era mais solitário. A intenção era que o disco fosse duplo sob o nome de Mitologia E Intuição, mas o projeto foi negado pela gravadora, obrigando que o disco fosse simples."Daniel Na Cova Dos Leões" abre o disco e no início da gravação, ouve-se uma introdução de um rádio mal sintonizado tocando um trecho de "Será" e alguns trechos do hino da Internacional Socialista. Este álbum é o segundo mais vendido da banda, com mais de 1,8 milhão de cópias (Ver Discografia)."Tempo Perdido", seu primeiro single, fez um grande sucesso e se tornou um dos clássicos da Legião. "Eduardo e Mônica", "Índios" e "Quase Sem Querer" também foram promovidos como singles.

Que País é Este 1978/1987

Ver artigo principal: Que País É Este

O disco seguinte, Que País É Este 1978/1987 foi lançado em dezembro de 1987. O sucesso de Dois fez com que a gravadora pressionasse muito a banda para o lançamento de um novo álbum, sem que houvesse repertório novo para isso. Das nove faixas de Que País É Este, apenas duas foram compostas depois do álbum "Dois" - estas, justamente as duas últimas: Angra dos Reis (em menção à construção de uma usina nuclear na cidade fluminense de mesmo nome) e Mais do Mesmo. A canção Que País É Este foi escrita em 1978, na época em que Renato tinha apenas 18 anos e estava começando seu projeto com o Aborto Elétrico. Faroeste Caboclo, por sua vez, foi composta em 1979, mas nunca foi apresentada para o Aborto Elétrico, Esta, com mais de nove minutos de duração, possui 168 versos sem refrão e conta a história do nordestino João de Santo Cristo. Renato a considerava sua Hurricane (canção de Bob Dylan sobre boxeador que passou anos injustamente atrás das grades), além de se basear inicialmente como um repente com similaridades com as canções de Raul Seixas e com "Domingo No Parque", canção composta por Gilberto Gil. Show no Estádio Mané Garrincha e afastamento dos palcos

Antigo Estádio Mané Garrincha, local de uma série de graves incidentes que marcaram um novo rumo à Legião Urbana.

Por conta da falta de organização nos shows causada muitas vezes pelos fãs, além das complicações internas em especial com Renato Russo, as turnês do grupo nunca foram longas. Os integrantes da banda se sentiam desgastados física e emocionalmente, principalmente Renato, por ser o líder em quem os fãs depositavam suas expectativas.

Mesmo com toda a expectativa e preparação especialmente de Renato Russo, que acreditava que este seria o show de sua vida, a apresentação que marcava o retorno da banda a Brasília, em 18 de junho de 1988 no Estádio Mané Garrincha acabou em tragédia. Antes do início do show, falhas na organização e na atuação da polícia causaram tumulto no lado de fora do estádio, atrasando a entrada do público de mais de 50 mil pessoas, e o show começou com mais de uma hora de atraso e pessoas ainda na fila para entrar. Com a tensão no ar, uma série de confusões se sucederam. Violência policial, discursos inflamados, bombas caseiras e a invasão do palco por um fã alucinado que se agarrou violentamente ao vocalista. O cenário de caos terminou com a suspensão da apresentação e mais confusão. Cerca de 63 pessoas foram presas, mais de 230 ficaram feridas e uma onda de ódio à banda como resultado. Paredes em torno do estádio e próximas a casa da mãe de Renato Russo amanheceram pichadas com palavras de ordem contra a banda. A turnê foi suspensa e, a partir dali, a Legião nunca mais tocou em sua cidade natal e se voltaria ainda mais aos estúdios. As Quatro Estações (1989)

Ver artigo principal: As Quatro Estações (álbum de Legião Urbana)

O álbum As Quatro Estações, do ano de 1989, levou um ano para ser lançado (o preparo começou em agosto de 1988 e o resultado foi publicado em 30 de outubro de 1989). Por conta de toda a meticulosidade dos arranjos e letras construídos ao decorrer deste tempo, o álbum é considerado por fãs o melhor e mais inspirado trabalho do grupo, e inclusive pelos próprios Dado Villa-Lobos e Renato Russo (que, segundo sua entrevista para a MTV em maio de 1994, passou a considerar o álbum seguinte, "V", o melhor do Legião até então). De todas as 11 canções do disco, apenas "1965 (Duas Tribos)" e "Maurício" não foram promovidas como singles. É o álbum mais vendido da Legião, com mais de 2,6 milhões de cópias. O baixista Renato Rocha tocou com os demais integrantes nos três primeiros álbuns de estúdio do grupo e chegou a gravar algumas linhas de baixo deste álbum. Porém, foi expulso do grupo em fevereiro de 1989 por falta de compromisso durante as gravações do álbum. As linhas de baixo originalmente gravadas por Rocha foram descartadas, e novas linhas foram criadas e gravadas tanto por Renato quanto por Dado. A canção "Feedback Song For A Dying Friend" foi composta em homenagem a Cazuza, que, antes de Renato descobrir ser portador da doença, já tinha anunciado ser soropositivo. Uma das canções mais tocadas, "Pais E Filhos", fala sobre o suicídio de uma menina jovem. V (1991)

Ver artigo principal: V (álbum de Legião Urbana)

Lançado em novembro de 1991, V é considerado o disco mais melancólico da banda.[34] Renato estava em um momento complicado de sua vida, por conta da descoberta de que era soropositivo um ano e meio antes; problemas no relacionamento com seu namorado, Robert Scott Hickman; e o seu problema com o alcoolismo. Também houve muita influência do então Governo Collor, que teve muito destaque com o bloqueio da poupança de todos os brasileiros. O álbum apresenta um estilo bem atípico do grupo. "Metal Contra As Nuvens" - a canção mais longa do grupo, com total de exatamente 11 minutos e 24 segundos de duração - e "O Teatro Dos Vampiros" foram as canções mais politizadas do disco. "A Montanha Mágica" também se destacou por se tratar da dependência química de Renato. Somente "O Teatro Dos Vampiros", "Vento No Litoral" e "O Mundo Anda Tão Complicado" foram promovidas como singles. O disco teve vendagens muito fracas se comparado principalmente ao disco anterior, não chegando nem a 500 mil cópias vendidas. O Descobrimento do Brasil (1993) e projetos solo

Ver artigo principal: O Descobrimento do Brasil (álbum)

O álbum O Descobrimento do Brasil (1993) foi lançado na época em que Renato Russo tinha iniciado o tratamento para livrar-se da dependência química e mostrava-se otimista quanto ao seu sucesso. O álbum é dedicado ao músico Tavinho Fialho, baixista que acompanhou a banda na turnê do álbum anterior e que morreu em um acidente. Desta forma, Descobrimento é um álbum com fortes notas de esperança, mas permeado por tristeza e saudosismo. Ainda assim, é considerado por muitos o álbum mais "alegre" e delicado da Legião Urbana. O art rock passa a ser muito experimentado no disco, em comunhão com o rock alternativo. "Perfeição" - única canção de crítica político-social do disco, com fortes traços de pessimismo -, "Giz" - a canção pela qual os integrantes do grupo mais se sentem felizes de terem feito, com diversas referências à infância- e "Vinte e Nove" - referência ao ciclo de 29 anos de Saturno como um recomeço para Renato - foram as canções de maior sucesso.

1993 também marcou o início do envolvimento dos membros em projetos solo. Dado se juntou ao baixista da Plebe Rude, André X, para fundar a RockIt!, uma gravadora independente que revelava artistas novos. Marcelo passou a realizar trabalhos de computação gráfica e Renato planejou seu primeiro disco solo, The Stonewall Celebration Concert, que sairia no ano seguinte.

A Tempestade (1996), morte de Renato Russo e fim das atividades do grupo

Ver artigo principal: A Tempestade ou O Livro dos Dias

O cantor e compositor Renato Russo, líder da Legião Urbana.

A última apresentação da Legião Urbana aconteceu em 14 de janeiro de 1995, na casa de apresentações Reggae Night em Santos, litoral do estado de São Paulo. No mesmo ano, todos os discos de estúdio da banda até 1993 foram remasterizados no Abbey Road Studios, em Londres, conhecido mundialmente pelas suas gravações para o grupo musical The Beatles; e lançados em uma lata, intitulada "Por Enquanto (1984 - 1995)". A lata também incluía um pequeno livro, com um texto escrito pelo antropólogo Hermano Vianna, irmão do músico Herbert Vianna.

A Tempestade ou O Livro dos Dias, lançado em 20 de setembro de 1996, foi o último álbum da banda publicado com Renato Russo em vida. O mesmo foi marcado por canções muito introspectivas e depressivas, alternando entre as sonoridades pesadas de "Natália" e "Dezesseis", o lirismo de "L'Avventura" e "O Livro Dos Dias", o experimentalismo de "Música Ambiente", ao sofrimento de "Aloha" e "Esperando Por Mim" e à leveza de "Soul Parsifal" e "1º De Julho" (canção composta especialmente para a intérprete Cássia Eller, que a lançou em primeira mão em 1994). As letras, em geral, abordam temas como solidão, passado, amor, depressão, soropositividade, intolerância e injustiça, dito como um disco "melodramático" e de alma triste. "A Via Láctea" e "Dezesseis" foram seus principais singles.

Algumas canções do disco sugerem uma despedida antecipada, como diz o trecho "e quando eu for embora, não, não chore por mim", da canção "Música Ambiente". As fotos do encarte foram tiradas próximas à época do lançamento, exceto a de Renato, que foi aproveitada da sessão de fotos do seu álbum solo Equilíbrio Distante (1995), já que o cantor, bastante debilitado, se recusou a ser fotografado para o disco. O álbum A Tempestade foi lançado inicialmente na época com capa de papel e anos depois relançado com capa de plástico. A foto de Dado Villa-Lobos é diferente entre estas duas versões. Com exceção de "A Via Láctea", as demais faixas do álbum possuem apenas a voz-guia de Renato, que não pôde gravar as vozes definitivas. As vozes-guia foram gravadas no início das gravações do álbum, visto que Renato estava perdendo sua capacidade vocal. Também não foram incluídas as frases "Urbana Legio Omnia Vincit" e "Ouça no Volume Máximo", presentes nos discos do grupo. Em seu lugar, uma frase do escritor modernista brasileiro Oswald de Andrade: "O Brasil é uma República Federativa cheia de árvores e gente dizendo adeus". O fim oficial da banda foi anunciado em 22 de outubro de 1996, onze dias após a morte de Renato Russo. Ele morreu 21 dias após o lançamento de A Tempestade, no dia 11 de outubro de 1996. Em 11 dias depois, em 22 de outubro, Dado, Marcelo e o diretor artístico da EMI Music, João Augusto, anunciaram o fim das atividades do grupo que, por contrato, ainda devia três títulos à gravadora. Dado e Marcelo seguiram suas carreiras e lançaram discos solo nos anos seguintes.

Por conta de um processo de recuperação judicial do grupo iniciado em 1985 (pelo qual um oportunista registrou a marca do grupo antes de seus integrantes), quando o processo foi concluído, em 1991, o poder da marca Legião Urbana teria que ser centralizado em apenas um integrante, cujo escolhido foi Renato Russo. Um mês depois da morte dele, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá receberam uma ligação movida pelos pais de Renato, através da qual foi anunciado que os dois perderam o direito de dizerem publicamente que participaram da Legião Urbana. Este direito foi recuperado permanentemente em 27 de março de 2015, dia em que Renato faria 55 anos se estivesse vivo. Após o fim

Uma Outra Estação (1997)

Ver artigo principal: Uma Outra Estação

Uma Outra Estação foi um álbum póstumo. A ideia original era de que A Tempestade fosse um álbum duplo. Mas, visto que o custo de venda e produção seria muito alto, a ideia foi descartada pelos integrantes do grupo e o material não lançado foi retrabalhado e lançado neste álbum. Canções como "Clarisse" ficaram de fora do álbum anterior por desejo do próprio Renato, que a considerava muito pesada. A letra de "Sagrado Coração" consta no encarte, porém, Renato não conseguiu gravá-la porque já estava muito debilitado. O álbum conta com participações como Renato Rocha, ex-baixista da Legião e Bi Ribeiro, baixista dos Paralamas do Sucesso. "Antes das Seis" e "As Flores do Mal" foram seus principais singles. O produtor musical vencedor do Grammy Latino, Tom Capone, trabalhou como coprodutor do álbum e gravou guitarras e efeitos.

Acústico MTV

Ver artigo principal: Acústico MTV (álbum de Legião Urbana)

No ano de 1992, a banda participou da segunda gravação da série Acústico MTV no Brasil. O registro, datado de janeiro de 1992, foi publicado em outubro de 1999 e foi impulsionado por canções como “Hoje A Noite Não Tem Luar” - versão brasileira de “Hoy Me Voy Para México”, dos Menudos - e releituras de Neil Young, The Jesus And Mary Chain e Joni Mitchell. Tributos

Membros vivos do Legião Urbana realizando um show tributo em 2012 com o ator Wagner Moura como vocalista.

Em 5 de setembro de 2009, após rumores sobre um possível retorno às atividades, a família Manfredini, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e a gravadora EMI, alegam que eram infundadas as informações sobre o retorno da banda, esclarecendo que "uma possível volta da banda Legião Urbana é falsa. Não existe possibilidade alguma de uma volta da banda Legião Urbana". Quinze dias após o desmentido, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá fizeram uma participação especial em um concerto do festival Porão do Rock, em Brasília. Em 2011, Dado e Bonfá conduziram, juntamente com a Orquestra Sinfônica Brasileira, um tributo à Legião Urbana durante o Rock in Rio 4. O concerto contou com convidados que cantaram alguns sucessos da banda (entre eles, Rogério Flausino, Pitty e Herbert Vianna), além de um medley especial feito pela Orquestra Sinfônica Brasileira com trechos de canções do grupo. No ano seguinte, a MTV Brasil organizou um novo tributo para a série MTV Ao Vivo, em São Paulo, pelos trinta anos de início das atividades do grupo. A homenagem teve a participação do ator e diretor Wagner Moura como vocalista principal, além de participações dos músicos Fernando Catatau e Clayton Martin (Cidadão Instigado), Bi Ribeiro (Os Paralamas do Sucesso) e Andy Gill (Gang of Four), este último guitarrista de uma das maiores influências da Legião. Legião Urbana XXX Anos

Show da turnê "Legião Urbana XXX anos" na cidade de João Pessoa.

Ao recuperarem permanentemente seus direitos de dizer publicamente que participaram do Legião Urbana em 27 de março de 2015, o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá usaram o nome Legião Urbana algumas vezes. A primeira vez foi na gravação do especial "Rock In Rio 30 Anos", uma compilação de vários artistas do rock brasileiro interpretando clássicos de colegas de cena e de influências brasileiras. Dado e Bonfá gravaram, acompanhados de Lucas Vasconcellos (guitarra solo) e Mauro Berman (contrabaixo elétrico), versões para "Toda Forma de Poder", dos Engenheiros do Hawaii e "Por Você", do Barão Vermelho. Posteriormente, os mesmos músicos citados se uniram a Roberto Pollo (teclados) e André Frateschi (vocal) com o projeto Legião Urbana XXX Anos, que consistiu em uma série de shows para comemorar os pouco mais de 30 anos do lançamento do primeiro disco, reunindo o repertório integral do mesmo e sucessos dos demais álbuns do grupo. Devido a mal-entendidos, Dado e Bonfá esclareceram que o projeto não era uma volta permanente da banda Legião Urbana. A primeira apresentação foi em 23 de outubro na cidade de Santos, SP. Dado e Bonfá também lançaram um box especial do primeiro álbum do grupo, incluindo a remasterização do Legião Urbana, um disco de gravações extras e um encarte de curiosidades e documentos do grupo. O box contém as faixas "Será", "Geração Coca-Cola" e "Soldados", além de sobras de estúdio e versões que o Legião tocou para mostrar à gravadora no início da carreira. Dado e Bonfá tiveram um grande problema com a faixa "1977", gravada e nunca lançada devido à insatisfação de Renato Russo com o resultado. A canção serviu de base para duas composições de Renato Russo, "Fábrica" e "Tempo Perdido". Quando o box estava pronto para lançamento, Dado e Bonfá foram comunicados de que a canção pertencia à Renato Russo com 75% dos direitos e à Legião Urbana Produções Artísticas (em posse do seu filho, Giuliano Manfredini) com 25%, não podendo estar no box sob os seus créditos verídicos (Renato Russo / Dado Villa-Lobos / Marcelo Bonfá). Eles apresentaram um documento oficializado pelo Departamento de Censura de Diversões Públicas (DCDP) do Governo Federal, provando a veracidade dos créditos informados. Ainda assim, descobriram que 1977 foi registrada por Giuliano em 2004 no ECAD. Devido a esse novo impasse, o box foi lançado sem a faixa "1977" em março de 2016. A turnê Legião Urbana XXX Anos, segundo o Facebook oficial da mesma, contou com um total de pouco menos de 100 shows feitos nas 5 regiões do Brasil. O último show da turnê foi em 30 de dezembro de 2016, na cidade de Caraguatatuba. Houve outros dois shows do projeto em 2018: o primeiro no dia 19 de maio, no Campus Festival em João Pessoa, e o segundo no dia 20 de maio, na Virada Cultural de São Paulo. Devido ao grande sucesso de crítica e pedidos dos fãs, a Legião Urbana XXX Anos retornou em setembro de 2018 com uma nova turnê, desta vez para apresentar o segundo e terceiro álbuns de estúdio da banda. A turnê iniciou em 6 de setembro na cidade de Miami e depois voltou ao Brasil para uma série de shows pelo país inteiro.

Acusações de plágio

Há controvérsias de que a canção "Que País É Este" seria plágio de uma canção da banda de punk rock estadunidense Ramones chamada "I Don't Care", notada por muitos fãs e especialistas pela semelhança dos arranjos e melodia (ou riff). Ao ser questionado sobre o vocalista da banda e compositor da canção, Renato Russo ironizou respondendo e citando a tradução do nome da canção da banda estadunidense: "Eu não ligo!". Logo depois, o mesmo confirmou que se inspirou na canção dos Ramones. O fato, segundo os mesmos fãs e especialistas, não teria chegado ao conhecimento dos Ramones.

Outro caso de plágio, dessa vez assumido, do Legião Urbana foi da letra do duo inglês Soft Cell. "Take your hands off me / I don't belong to you", trecho da canção "Say Hello Wave Goodbye", é uma tradução do primeiro verso de "Será", principal single do primeiro álbum da banda de Brasília. Renato Russo disse que realmente se "inspirou" nas palavras do Soft Cell para o trecho "Tire suas mãos de mim / Eu não pertenço a você". Outra canção que supostamente a Legião teria plagiado, foi a versão do grupo escocês The Cartoons para “Love Is The Drug”, do Roxy Music, para criar a sua célebre canção “Ainda É Cedo”. Outros alegam que a canção seria plágio de "A Means To An End", da banda Joy Division. Filmografia

Ver artigos principais: Somos Tão Jovens, Faroeste Caboclo (filme) e Eduardo e Mônica (filme)

Dois filmes relacionados à banda foram lançados nos cinemas brasileiros, em circuito nacional.

Somos Tão Jovens, de Antônio Carlos da Fontoura, com roteiro de Marcos Bernstein e trilha sonora original de Carlos Trilha, retrata a adolescência de Renato Russo (interpretado pelo ator Thiago Mendonça)[70] e o início de seu interesse pela música, abordando a criação e extinção do Aborto Elétrico e também sua fase como O Trovador Solitário e os dois primeiros anos da Legião Urbana. Distribuído pelas empresas Imagem Filmes e Fox Film Brasil, estreou nos cinemas no dia 3 de maio de 2013. Pouco depois, em 30 de maio, foi lançado Faroeste Caboclo, adaptação da canção homônima de Renato, dirigida por René Sampaio e com roteiro de Victor Atherino e Marcos Bernstein a partir da letra original, e com distribuição da Europa Filmes. No elenco, atuaram Fabrício Boliveira (João de Santo Cristo), Ísis Valverde (Maria Lúcia), Felipe Abib (Jeremias) e César Troncoso (Pablo). Em julho de 2018, começaram as gravações para a adaptação cinematográfica de "Eduardo e Mônica". O filme trará Gabriel Leone como Eduardo e Alice Braga como Mônica. A previsão era de que o longa estreasse nos cinemas brasileiros em abril de 2020. Porém, foi adiado por conta da pandemia de COVID-19 ocorrida naquele momento. Integrantes

Dado Villa-Lobos

Marcelo Bonfá

Legião Urbana XXX Anos

Dado Villa-Lobos - voz, guitarra, violão

Marcelo Bonfá - voz, bateria

André Frateschi - voz

Lucas Vasconcellos - guitarra, violão

Mauro Berman - contrabaixo elétrico, teclados

Roberto Pollo - teclados, programações

Lobão, nome artístico de João Luiz Woerdenbag Filho (Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1957), é um cantor, compositor, músico e escritor brasileiro. Sua carreira musical é marcada por grandes parcerias; compôs sucessos como "Me Chama", canção muito famosa na voz de vários intérpretes, que ficou na 47ª posição das maiores músicas brasileiras, segundo a Rolling stone, e "Vida Louca Vida", conhecida na voz de Cazuza. Apesar de ter surgido e conseguido sucesso no ambiente marginal e underground do rock brasileiro nos anos 1980, Lobão vem dialogando com diversos gêneros, como o samba e a MPB, ao longo de sua carreira. Em 1988, por exemplo, o disco Cuidado! contou com a participação da percussão da Estação Primeira de Mangueira. Em 2020, o artista mergulhou em seu estúdio e começou a regravar clássicos da música brasileira, que fizeram parte da sua formação musical. O projeto Canções de Quarentena já tem 13 músicas lançadas nas plataformas digitais, com previsão de vir em versão física em CD e LP.

Biografia

Infância e adolescência

João Luiz Woerdenbag Filho nasceu em 1957, no hospital Casa de Saúde São José na cidade do Rio de Janeiro, filho de João Luiz Woerdenbag, um mecânico de automóveis que trabalhava para a Rede Globo, e de Ruth Araújo de Mattos, uma professora de inglês do Instituto de educação do Rio de janeiro. Pelo lado paterno Lobão é descendente de holandeses. Também tem uma irmã caçula que mora na Holanda. O seu interesse pela música surgiu cedo e aos três anos de idade Lobão começou a tocar bateria aos seis anos ganhou dos pais uma bateria de brinquedo e aos treze sua primeira bateria profissional. Aos quinze começou a tocar violão clássico. Lobão cresceu na Zona Sul do Rio de Janeiro e estudou no Colégio São Vicente de Paulo. Durante sua adolescência na escola recebeu o apelido "Lobão" de outros alunos pelo fato de comer muito na hora do recreio e de se vestir com um macacão de jardineiro preso por uma alça só. Aos dezenove anos de idade foi expulso de casa pelo pai. Levou um cruzado na cara e rebateu com o violão, despedaçando-o inteiro em cima do pai (“...Só sosseguei quando não havia mais violão para continuar batendo.”).

Carreira

Vímana e Blitz

Sua carreira começou aos dezessete anos, depois de sair de casa para se tornar músico profissional. Em seguida, entrou para a banda Vímana, da qual também faziam parte Lulu Santos e Ritchie. Sua primeira apresentação pública com a banda foi realizada em um teatro em São Paulo, no qual acompanharam Marília Pêra. Após outras apresentações, Lobão gravou com o Vímana, em 1975, duas músicas. Em 1977, essas duas composições foram lançadas no compacto simples "Zebra / Masquerade". No mesmo ano, gravaram um LP, que foi não foi lançado pela gravadora. Três anos depois, com o fim do grupo, Lobão seguiu sua carreira de baterista, tocando com Luiz Melodia, Walter Franco, Gang 90 e as Absurdettes e Marina Lima. Fundou a banda Blitz com Evandro Mesquita e Fernanda Abreu e outros, mas por diferenças artísticas, saiu do grupo antes mesmo do sucesso comercial. Foi Lobão quem deu o nome à banda, às vésperas de um show, após uma indecisão do grupo.

Carreira solo

Lobão em entrevista para a TV Cultura.

Lobão já havia se decidido a sair da Blitz. Porém, precisava, de algum modo, abrir caminho pra sua carreira solo. Ficou sabendo que a banda seria entrevistada por uma revista de grande circulação. Então fingiu que continuaria como baterista da Blitz só para sair na capa. A entrevista já estava agendada, ele falou pelos cotovelos, chamou a maior atenção. Em seguida, com a revista debaixo do braço e a fita de "Cena de Cinema" nas mãos, foi bater à porta da gravadora. Vinte minutos depois, já tinha assinado contrato para a carreira solo. Saiu chamuscado da Blitz — e riscado da capa do disco da banda. Em retaliação, desenharam, no lugar dele, a cara do Lobo Mau. Lobão, começa então sua carreira solo com o lançamento de Cena de Cinema, em 1982. Em seguida forma a banda "Lobão e os Ronaldos" (que tinha na sua formação a cantora e tecladista holandesa Alice Pink Pank, ex-Gang 90 e as Absurdettes, além de Guto Barros, guitarrista e um dos fundadores da Blitz), que lança Ronaldo Foi Pra Guerra. Lobão apareceu no cinema atuando e cantando com a banda em Areias Escaldantes (1985), mas o filme foi lançado apenas em alguns poucos cinemas no Rio de Janeiro. Apesar do sucesso de "Me Chama", a banda tem uma vida curta, e após o lançamento do single "Decadence Avec Elegance" (1985) Lobão segue carreira solo mantendo alta rotatividade na mídia e lança o álbum O Rock Errou (1986), do qual "Revanche" se torna o carro-chefe. Logo após seu lançamento, Lobão é preso por porte de drogas em 1987, passando três meses na cadeia. Ali desenvolve o disco Vida Bandida, voltando aos holofotes. Ainda em 87, gravou junto com Nélson Gonçalves a canção "A Deusa do Amor", que está presente no álbum de Nélson Nós. Depois de um flerte com o samba-rock e participações no Hollywood Rock (1990) e no Rock in Rio II (1991) (onde recebeu uma vaia histórica), Lobão passa um período fora da mídia. Retorna ao Hollywood Rock em 1996, como convidado de Gilberto Gil, que anos mais tarde seria um dos seus alvos de crítica. Por volta de 1998 começa a se interessar por música eletrônica, em especial pelas composições de Trent Reznor, do Nine Inch Nails, lançando o disco Noite no mesmo ano.

Suas atitudes polêmicas voltariam a ter evidência em 1999 depois de seu rompimento com as gravadoras e o lançamento de A Vida É Doce num esquema inédito, com distribuição pela Internet, bancas de jornais e lojas de departamento. Após o sucesso da vendagem e de crítica com seus discos independentes A Vida É Doce (1999) e 2001: Uma Odisséia no Universo Paralelo (2001), lançou a revista Outracoisa, através da qual lança bandas e músicos de maneira independente, tais como Cachorro Grande, BNegão, Mombojó e Arnaldo Baptista. Seu penúltimo disco de estúdio, Canções Dentro da Noite Escura, lançado em 2005, foi também lançado pela revista com tiragem inicial de 21 mil cópias. Em abril de 2007 lançou o álbum Acústico MTV, que foi premiado com o prêmio Grammy Latino na categoria melhor disco de rock, e como o próprio Lobão caracterizou, foi uma seleção "parcial" de sucessos do músico, contando, inclusive, com a participação especial do grupo Cachorro Grande, lançado pela Outracoisa.

O ENEM de 2009 utilizou a música "Para o Mano Caetano", do álbum 2001: Uma Odisseia no Universo Paralelo, em uma questão. Nesse mesmo ano Caetano Veloso lançou o álbum Zii e Zie, que contém a faixa "Lobão Tem Razão", feita em resposta a "Para o Mano Caetano", que por sua vez era resposta a "Rock ‘n Raul", lançada em 2000, onde Veloso fez uma leve citação a Lobão.

No final de 2010, o cantor lançou sua biografia, 50 Anos a Mil, com o jornalista Claudio Tognolli. O livro conta histórias inéditas e conhecidas sobre a vida do músico, além das letras de duas canções, Song for Sampa, em homenagem a São Paulo, e Das Tripas, Coração, em homenagem a Júlio Barroso (1953 - 1984), Cazuza (1958 - 1990) e a Ezequiel Neves (1935 - 2010). Junto com seu livro, Lobão, em parceria com a Sony Music, montou um box com três CDs mais o DVD do Acústico MTV, contendo as canções mais significativas dos 10 primeiros anos de sua carreira, todas as músicas escolhidas por ele e remasterizadas pelo produtor americano Roy Cicala, famoso por trabalhar com grandes nomes do rock mundial, como John Lennon e Jimi Hendrix, e com os brasileiros Nasi e Ciro Pessoa. Em meados de 2011, prestes a completar um ano de lançamento, 50 Anos a Mil chegou a marca de 100 mil exemplares vendidos. No mesmo ano, Lobão excursionou com a turnê "Elétrico 2011", que gerou o CD e DVD Lobão Elétrico: Lino, Sexy & Brutal (Ao Vivo em SP), gravado em outubro de 2011, no Citibank Hall, em São Paulo. O registro foi lançado e distribuído pela Deckdisc no final de 2012. Em 2013 participou da Virada Cultural, evento organizado pela Prefeitura de São Paulo, onde levou um bom público. Em 2015, gravou seu primeiro álbum de inéditas em 10 anos, intitulado O Rigor e a Misericórdia. Lançado em janeiro do ano seguinte, Lobão executou todos os instrumentos e produziu o disco. O projeto, realizado via crowdfunding, deu origem ao livro Em Busca do Rigor e da Misericórdia - Reflexões de um Ermitão Urbano, publicado pela Editora Record também em 2015. No final de 2016, o músico anunciou uma turnê de quatros shows ao lado da banda Sepultura, intitulada A Chamada. Em 2018, lançou o álbum Antologia politicamente incorreta dos anos 80 pelo rock – inspirado pelo quase homônimo último livro do artista, Guia politicamente incorreto dos anos 80 pelo rock (2017) – chegou ao mercado fonográfico somente em 2018. O lançamento foiá feito nos formatos de CD duplo, de LP duplo, de pen drive e em edição digital. O artista buscou recursos via financiamento coletivo para finalizar o 18º álbum.

Antologia politicamente incorreta dos anos 80 pelo rock é o primeiro disco de Lobão como intérprete. Diferentemente do anterior O rigor e a misericórdia (2016), álbum gravado de forma solitária pelo cantor, compositor e músico, a antologia roqueira foi formatada em estúdio com a banda Os Eremitas da Montanha, formada pelos músicos Armando Cardoso (bateria), Augusto Passos (baixo e voz), Christian Dias (guitarra) e Felipe Faraco (teclados).

Em 2020, ano da pandemia do Coronavírus, o músico mergulhou em seu estúdio para produzir uma sequencia de músicas que lhe marcaram em sua formação musical. Intitulada Canções de Quarentena, teve lançamento da primeira faixa dia 28 de Agosto com O Trem Azul, de Lô Borges e Ronaldo Bastos, seguida de BR-3, de Antônio Adolfo Maurity Saboia / Tibério Gaspar Rodrigues Pereira. A sequência contará com Pedaço de Mim, de Chico Buarque de Holanda, Canteiros, de Fagner e Cecilia Meirelles, Hoje Ainda É Dia de Rock, de José Rodrigues Trindade, Hora do Almoço, de Belchior, Retalhos de Cetim, Benito di Paula, Eu quero é botar meu bloco na rua, de Sérgio Sampaio e Sérgio Augusto, Azul da Cor do Mar, de Tim Maia, Como Vai Você, de Antônio Marcos além de muitas outras.

Editor

Em 2003, Lobão lançou a revista cultural Outracoisa, com a parceria da L&C Editora. Essa revista reunia participações de músicos e pensadores do Brasil, entre eles José Celso Martinez Corrêa, Angeli, Laerte, Adão Iturrusgarai, Marta Medeiros e outros. Em 2010, lançou sua autobiografia 50 Anos a Mil, que conta desde suas histórias da juventude, até suas mais loucas experiências como músico. O livro é coassinado por Claudio Tognolli. Lobão insiste que sem a "documentação" de Cláudio, as pessoas não acreditariam nas histórias. Em 2012, começou a escrever um novo livro, intitulado Manifesto do Nada na Terra do Nunca, lançado em 2013. Em 2015 publicou Em Busca do Rigor e da Misericórdia - Reflexões de um Ermitão Urbano, pela editora Record e em 2017, lançou o Guia Politicamente Incorreto dos Anos 80 pelo Rock, pela editora LeYa.

Em 2020, Lobão escreve a segunda parte de sua autobiografia, 60 Anos a Mil, narrando todos os detalhes de seu intenso percurso na última década – período em que produziu muito, renovou polêmicas, inspirou ações e provocou reações.

No fim de 2010, o cantor, compositor e multi-instrumentista Lobão publicava sua explosiva autobiografia, o best-seller 50 anos a mil. Agora, dez anos depois, ele brinda os leitores com a segunda parte (e igualmente explosiva) de sua história, incluindo as novas brigas em que se envolveu, suas criações artísticas mais recentes e as turbulências pelas quais o Brasil passou na última década.

Com 60 anos a mil, Lobão se afirma como um “autor rock'n'roll”, nos entregando, nesta quinta obra, uma narrativa intensa e corajosa. Muito pode ser dito sobre ele, mas ele jamais poderá ser acusado de omissão: neste inédito, Lobão se dedica, inclusive, a dividir com o público razões e decepções de suas escolhas, convicções e revisões.

Polêmicas e polêmicas, mas, como na capa, desde 50 anos a mil, Lobão sempre se apresenta de frente – dando a cara a tapa.

Televisão

Lobão se apresentando no Circo Voador no Rio de Janeiro em 2011.

A partir de 2005, Lobão começa a trabalhar com televisão. Nesta época, apresentou o programa Saca Rolha, na PlayTV, junto com Marcelo Tas e a modelo Mariana Weickert. Os três recebiam todos os dias convidados para juntos debaterem temas nacionais e internacionais. Trabalhou de junho de 2007 a dezembro de 2010 como apresentador na MTV Brasil. Apresentou 4 programas, entre eles, o MTV Debate, durante todo seu período como Vj, Código MTV, em 2008, o Lobotomia, em 2010, e Lobão ao Mar durante o verões de 2009 e de 2010. Em 2007 participou do Som Brasil, homenageando Raul Seixas. Fez uma participação como jurado no Astros do SBT, em 2008.

Durante o ano de 2011, ficou afastado da televisão para cuidar de sua carreira musical. Em novembro de 2011, assinou com a Rede Bandeirantes para apresentar o programa A Liga, no lugar do humorista Rafinha Bastos. Três meses após o início das gravações, Lobão deixou a atração por problemas com a produção do programa, além de, na época, estar envolvido com a produção do novo CD e DVD Lobão Elétrico: Lino, Sexy & Brutal (Ao Vivo em SP), que foi lançado em setembro de 2012 pela Deckdisc e o início do livro Manifesto do Nada na Terra do Nunca, que foi lançado em abril de 2013. Já foi entrevistado em programas como o Roda Viva, The Noite, Agora é Tarde, De Frente com Gabi, Programa do Jô, Passando a Limpo, Provocações, Jô Soares Onze e Meia, entre outros. Tocou na década de 80, entre outros, no Globo de Ouro e no Cassino do Chacrinha, importantes programas da Rede Globo.

Em homenagem aos seus 60 anos, a coluna de Nelson Motta, no Jornal da Globo, em 3 de novembro de 2017, foi sobre sua pessoa. Nela, o colunista afirmou o considerar um dos maiores compositores da sua geração. Cinema

Em 1985 atuou no filme Areias Escaldantes, um filme musical brasileiro. Em 2013 o Canal Bis exibiu o documentário Universo Lobão, que conta sobre sua carreira. O livro 50 Anos a Mil iria para as telas de cinema em 2016, porém o cantor cancelou o projeto.

Vida pessoal

Parentes

Sua mãe era doente cardíaco e suicidou-se em 1984. Ela deixou uma carta responsabilizando-o por sua morte. Vinte anos depois, seu pai também cometeu suicídio. Relações e casamentos

Lobão foi casado com a atriz e compositora Daniele Daumerie, que faleceu em 2014, muito tempo depois da separação. Nesse casamento ele teve uma filha, Julia Peres Woerdenbag. O artista carioca mora na cidade de São Paulo desde 2002, com Regina Lopes, com quem é casado desde 1991.

Lobão era um dos melhores amigos do cantor e compositor Cazuza (1958-1990).

Visões políticas

Em 1989, ao voltar de uma temporada nos Estados Unidos, Lobão votou em Lula, pedindo voto ao vivo para ele no Domingão do Faustão, o que, consequentemente, causou o banimento do cantor, por longos anos, de todo e qualquer programa da Rede Globo.[30][31]

Atualmente, é um dos artistas brasileiros de vertente conservadora, tecendo elogios a Olavo de Carvalho, com quem brigou recentemente e ao Instituto Ludwig von Mises Brasil. Foi favorável ao impeachment de Dilma, inclusive tocando em palco de manifestação pró-impeachment. É parceiro de causa do amigo e também roqueiro Roger Rocha Moreira, do Ultraje a Rigor, outro militante da causa conservadora e ferrenho opositor do Partido dos Trabalhadores e seus membros.

Carlos Leoni Rodrigues Siqueira Júnior, mais conhecido apenas como Leoni (Rio de Janeiro, 8 de abril de 1961), é um cantor, compositor, músico e escritor brasileiro.

Carreira

1981–86: Kid Abelha

Começou a tocar baixo aos 16 anos, quando formou com amigos da escola o seu primeiro grupo de rock, chamado "Chrisma".

Em 1981 iniciou como baixista e principal compositor da banda Kid Abelha, juntamente com George Israel, Paula Toller, Alessandro Gonçalves que era baixista que morava na cidade de Peixe, no estado do Tocantins, e mais tarde Bruno Fortunato. Teve um relacionamento amoroso com Paula Toller, porém em 1986, depois de dois discos de ouro, houve um desentendimento entre os dois. Os integrantes do Kid Abelha e os Abóboras selvagens foram convidados para tocar em um show de Leo Jaime a música A fórmula do Amor (parceria de Leo Jaime e Leoni) porém se esqueceram de chamar ao palco na hora da execução da música justamente o Leoni, o que levou a banda a ter uma briga interna que levou o músico a afastar-se ainda mais da banda.

1986–92: Heróis da Resistência

Em 1986, Leoni fundou o Heróis da Resistência, onde era o vocalista e baixista. Com os Heróis lançou três discos, conquistou um disco de ouro e estourou os hits "Só Pro Meu Prazer" e "Double de Corpo". Conforme o tempo ia passando, e os objetivos dos integrantes foram se divergindo, a banda se desfez em 1993.

1993–presente: Carreira solo

Em 1993, partiu para a carreira solo lançando a canção "Garotos II" (num estilo pop/rock), que se manteve seis meses nas paradas de sucesso em todo o país, o que já havia acontecido outras dezesseis vezes, como com "Fixação", "Só pro Meu Prazer", "Como eu Quero", "Exagerado", "Doublé de Corpo" e "A Fórmula do Amor". Ainda no mesmo ano fez sucesso com a música "Carro e Grana", que exaltava o ritmo pop reggae do momento. Teve alguns parceiros de renome como Cazuza, Herbert Vianna, Leo Jaime, Paula Toller, Roberto Frejat, Ney Matogrosso, Vinícius Cantuária, Ivan Lins, Paulinho Moska e Rodrigo Maranhão.

Em 1995, lançou o livro "Letra, Música e Outras Conversas", onde entrevista e conversa com oito artistas consagrados de sua geração (Renato Russo, Herbert Vianna, Lobão, Frejat, Adriana Calcanhotto, Marina Lima, Samuel Rosa e Nando Reis) sobre o processo de criação dos compositores.

Em 2002, depois de oito anos sem lançar um álbum completo, montou o selo Batuque Elegante por onde lançou "Você Sabe o que Eu Quero Dizer", um CD com canções inéditas e ritmo brasileiro. Desse álbum se destacam "Fotografia", "Temporada das Flores", "As Cartas que Eu Não Mando" e "Melhor pra Mim". Começou a fazer shows em Lonas Culturais e em alguns clubes pequenos como o Pop Rock, em Belo Horizonte. Os shows, a princípio pequenos, começaram a ganhar um público cativo. Em 2003, percebendo que nem sempre o público reconhecia suas músicas como sendo de sua autoria, resolveu gravar um CD reunindo seu repertório. Foi um projeto visando informar ao público qual foi sua contribuição para a música brasileira. O disco foi batizado de Áudio-retrato por essa razão, sendo produzido pelo maestro Eduardo Souto Neto, e tendo participações de Leo Jaime em Lágrimas e Chuva, Dinho Ouro Preto em "Garotos II - O Outro Lado", Rodrigo Maranhão em "Falando de Amor" e Herbert Vianna na inédita "Canção pra Quando Você Voltar", feita por Leoni para o amigo após o acidente de avião. Lançado pela Som Livre, logo o CD se tornou um sucesso de vendas e impulsionou a carreira de Leoni, ampliando muito seu público e sua agenda de shows.

Em 2005, devido ao sucesso do álbum anterior, lançou o CD e DVD "Ao Vivo". Tanto o CD como o DVD alcançaram vendas que lhe conferiram disco de ouro. Contam estes com as mesmas participações do Áudio-retrato, além de Herbert Vianna reinterpretando sua primeira parceria com Leoni, "Por Que Não Eu?", que foi parar na trilha sonora na novela A Lua me Disse. Ao todo foram mais de 85 mil CD's e 50 mil DVD's vendidos.

Em 2006, Leoni gravou um disco de inéditas chamado "Outro Futuro", com um show de pré-estreia em Juiz de Fora, no Cine Theatro Central e um show de estreia no Rio de Janeiro, no Canecão. A faixa título, é uma parceria com Daniel Lopes, seu guitarrista e parceiro de outras composições que estão por vir. Após o lançamento seguiu para Paris junto com seis índios Ashaninka (do Acre), para registrar um documentário e um show baseado no seu disco. O DVD "Outro Futuro", foi produzido pela TV Zero de Roberto Berliner, e teve uma boa aceitação entre os fãs.

Em 2007, Leoni resolveu usar a internet para se aproximar dos seus fãs. Sua primeira ferramenta foi uma comunidade no site de relacionamentos Orkut, onde passou a fazer parte e interagir com quem ali estava. Logo após veio a vontade de transportar a sistema usado no Orkut para seu site oficial. Lá, além de divulgar seu trabalho, conseguia ter um contato maior com os fãs. Na metade de 2008, Leoni resolveu transformar seu site também em sua gravadora e distribuidora, disponibilizando para quem estivesse cadastrado em seu site uma música por mês, gratuitamente. Cada música vem com o áudio (em qualidade normal e superior), letra, cifra e um pequeno histórico de como foi composta e gravada. Até agosto de 2009 já foram lançadas dez músicas, sendo uma delas composta em parceria com um fã, ganhador de um concurso proposto por Leoni. Aliás, é com concursos e promoções que o cantor movimenta o site, hoje com mais de 30 mil cadastrados. O último concurso aconteceu em parceria com a MPB FM, onde um fã, eleito pelo público, cantou junto com Leoni a canção "Um Herói que Mata", na gravação do programa Palco MPB, exibido no dia 25 de agosto de 2009.

Em 2011, fez uma participação especial no CD A Sociedade do Espetáculo, da banda O Teatro Mágico, na 15ª canção do álbum, intitulada "Nas Margens de Mim", composta em conjunto com o líder da trupe, Fernando Anitelli. Depois da turnê "A Noite Perfeita", acompanhado do guitarrista Gustavo Corsi, do contrabaixista italiano Andrea Spada e do baterista Lourenço Monteiro. Leoni lançou sua turnê "Como Mudar o Mundo" em 2013, acompanhado da banda Furacão de Bolso. O show "Notícias de Mim" estreou em 2015 no Circo Voador, Rio de Janeiro, para divulgar seu trabalho homônimo, inteiramente bancado pelos fãs em um projeto de financiamento coletivo através do Catarse.

A próxima turnê foi a ‘Multiverso’. O novo espetáculo mistura música, poesia e projeções. Além dos formatos de shows tradicionais – voz/violão e com banda.

Em 2020, com o isolamento por causa da Covid-19, passou a fazer frequentes lives em seu canal no Youtube

Paulo Ricardo Oliveira Nery de Medeiros (Rio de Janeiro, 23 de setembro de 1962) é um baixista, músico, compositor e ator brasileiro.

Biografia

Paulo Ricardo Oliveira Nery de Medeiros ficou conhecido como músico, compositor, cantor, baixista, guitarrista, jornalista e ator. Nasceu no Rio de Janeiro no dia 23 de setembro de 1962, no bairro da Urca. Filho do engenheiro Waldeck Nery de Medeiros e da professora Sônia Oliveira, tem duas irmãs que se chamam, Cristiane e Rosane. Possui quatro filhos: Paola, Isabela, Luís Eduardo e Diana.

A sua relação com a música começou cedo. Aos cinco anos de idade, foi levado por sua professora do jardim de infância para se apresentar no programa de televisão A Hora do Tio Vinícius, da TV Globo, apresentado por Augusto César Vannucci. Depois de morar no Rio de Janeiro, Brasília e Florianópolis, montou sua primeira banda em 1978, em São Paulo, com o amigo Ismael. A banda chamava-se Trilha Sonora.

Cursou Jornalismo na ECA da USP e após conhecer o tecladista Luiz Schiavon, formou uma nova banda, Aura, sem resultados expressivos. Em 1982 foi para Londres onde escrevia a coluna “Via aérea” sobre música europeia para a revista SomTrês e teve contato com as cenas tecnopop, new wave e o pós-punk, além dos expoentes do pop/rock britânico. As constantes correspondências com Luiz Schiavon, no Brasil, mantinham a amizade/parceria iniciada em 1978.

1983 - 1992

Após seis meses na Europa, voltou para o Brasil e com Schiavon montou a banda RPM juntamente com o guitarrista Fernando Deluqui e o baterista Moreno Junior, substituído em seguida por Paulo P. A. Pagni. O RPM começou a se apresentar em várias casas noturnas paulistanas e chamou atenção das gravadoras. Fechou um contrato inédito para cinco álbuns com a CBS. O disco Revoluções por Minuto foi gravado nos Estúdios Transamérica, em São Paulo, entre 1984 e 1985, com produção de Luiz Carlos Maluly. O disco vendeu mais de 600 mil cópias. Em 1986, lançaram o álbum ao vivo Rádio Pirata ao Vivo, dirigido por Ney Matogrosso e que vendeu mais de 2,7 milhões de cópias por todo o país.[4] Em 1988, lançaram o álbum RPM (conhecido como Quatro Coiotes), que embora tenha vendido mais 200 mil cópias, não evitou que a banda acabasse no ano seguinte.

Com o fim do RPM, Paulo Ricardo decidiu seguir em carreira solo. O primeiro trabalho foi produzido e arranjado por ele, juntamente com Fernando Deluqui e Guilherme Canaes. Lançado em 1989 e intitulado Paulo Ricardo, trazia os hits “A um Passo da Eternidade” e “A Fina Poeira do Ar” com participação de Rita Lee. Em 1991, é lançado seu segundo álbum, Psico Trópico, produzido por Liminha.

1993 – 1999

Em 1993, o trabalho seguinte teve o nome do RPM – Paulo Ricardo & RPM. Produzido por Mayrton Bahia e coproduzido por Guilherme Canaes, contava com Marco da Costa na bateria e Franco Jr. nos teclados. Na guitarra estava novamente Fernando Deluqui que participou do álbum e na composição das canções. Destaque para “Ninfa”, música em parceria com Paulo P.A. Pagni. Em 1996, lançou o trabalho Rock Popular Brasileiro, onde fez uma releitura de vários clássicos do rock e do pop nacional. A participação de Renato Russo em “A Cruz e a Espada” se tornou um hit, 10 anos após seu lançamento com o RPM.

A partir daí, a carreira de Paulo Ricardo começou à trilhar o caminho do pop-romântico, mostrando a influência que Roberto Carlos sempre teve em sua adolescência. O álbum O Amor Me Escolheu, de 1997, mostra esta tendência e nele Paulo Ricardo gravou sucessos de Djavan, Jorge Ben Jor e Fagner, apresentando o hit “Dois” em parceria com Michael Sullivan. Esta canção foi incluída na trilha sonora da novela Corpo Dourado, da Rede Globo, em 1998. “Dois” foi eleita a música mais tocada no Brasil naquele ano. A canção “Tudo por nada” - versão em português para “My heart can´t tell you no”, gravada por Rod Stewart em 1988 - foi o tema de abertura da novela Pérola Negra, do SBT, em 1998.

Com Amor de Verdade, de 1999, Paulo Ricardo expôs todo seu lado romântico e fez uma homenagem à Roberto Carlos. O trabalho é permeado por regravações do Rei e com destaque para a inédita "Como se fosse a primeira vez", parceria com Michael Sullivan, onde os compositores utilizaram títulos de músicas de Roberto Carlos para compor a canção. Já a música “Sonho Lindo” foi abertura da novela A Usurpadora, do SBT, em 1999.

2000 – 2009

O álbum Paulo Ricardo, marcado novamente pelo conteúdo romântico, foi lançado pela Universal no ano 2000 e trouxe 13 canções, das quais 11 foram compostas com o parceiro Michael Sullivan. Em 2001, Paulo Ricardo regravou “Imagine”, música de John Lennon, que foi tema da novela Estrela-Guia, da Rede Globo. A regravação e a versão em português foi autorizada pessoalmente à Paulo Ricardo por Yoko Ono, viúva do ex-Beatle. Ainda em 2001, Paulo Ricardo voltou a trabalhar com os parceiros do RPM e lançou o single Vida Real, que é tema de abertura do programa Big Brother Brasil, da Rede Globo. No final do mesmo ano teve início o trabalho com a MTV para lançamento de um especial do RPM com CD e DVD. O álbum "MTV RPM 2002", foi gravado ao vivo no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, nos dias 26 e 27 de março 2002. O trabalho vendeu mais de 300 mil cópias do CD e 50 mil cópias do DVD.

O ano de 2002 foi repleto de realizações. A DreamWorks convidou Paulo Ricardo para fazer a trilha sonora da versão brasileira do filme Spirit: O Corcel Indomável, que teve a versão original em inglês gravada pelo cantor Bryan Adams. Com este trabalho, gravado em São Paulo pelo velho companheiro Guilherme Canaes, Paulo Ricardo recebeu o prêmio da DreamWorks por melhor performance vocal internacional na tradução de Spirit. Em novembro, do mesmo ano, Paulo Ricardo iniciou sua participação, como ator, na novela Esperança, da Rede Globo, no papel de Samuel, par romântico de Camille, interpretada por Ana Paula Arósio. Além disso, compôs e interpretou com o RPM a música “Onde está meu amor?”, música tema da personagem de Nina, interpretada por Maria Fernanda Cândido.

Em 2003, após divergências entre os integrantes, o RPM novamente foi desfeito. Paulo Ricardo retomou o trabalho como cantor e iniciou um novo projeto: o grupo PR.5. A banda foi formada pelo próprio Paulo Ricardo, Paulo P.A. Pagni, Jax Molina (ex-DeFalla), Juninho, Paulinho Pessoa e Yann Laouenan (ex-Metrô). Em 2004, foi lançado o trabalho Zum Zum. Em 2005, com a banda PR.5, lançou o CD e DVD Acoustic Live, onde interpretou sucessos internacionais de bandas e cantores que tiveram alguma influência na fase inicial de sua formação musical. Neste trabalho, destacam-se as interpretações de “Beautiful Girls” do INXS, "Tonight's the Night (Gonna Be Alright)" de Rod Stewart, "Wicked Game" do Chris Isaak, "Is This Love" de Bob Marley, “Your Song” de Elton John, entre outros. Traz ainda a participação especial de Toquinho em "Quiet Nights Of Quiet Stars (Corcovado)", fazendo uma parceira pouco vista entre um cantor da MPB e um astro do BRock.

Em novembro de 2006, Paulo Ricardo lançou o CD Prisma, nome de sua primeira banda. O novo trabalho apresentou canções inéditas de sua autoria e de vários parceiros. O CD também marcou a volta da parceria com Luiz Schiavon na canção “O dia D, a Hora H”. O trabalho foi indicado em 2007 ao prêmio Grammy Latino, na categoria "melhor álbum pop contemporâneo". Em dezembro de 2007, é lançado o livro Revelações Por Minuto, de autoria de Marcelo Leite de Moraes com fotos de Rui Mendes, contando a história do RPM.

Em julho de 2008, foi lançado um box comemorativo dos 25 anos do RPM, contendo os três álbuns da banda, um CD de raridades e um DVD com o show “Rádio Pirata”, de 1986, no Anhembi, em São Paulo, e gravações de programas como Cassino do Chacrinha, Mixto Quente e Globo Repórter.

2010 – 2012

Em 2010, a Rede Globo produziu o especial Por Toda Minha Vida sobre o RPM. O programa apresentou a trajetória da banda do início até o fim em 1989. Com depoimentos dos próprios músicos e de pessoas ligadas à história da banda, o programa foi um estopim para um novo retorno.

No início de 2011, Paulo Ricardo e Luiz Schiavon já estavam compondo novas canções e ensaiando com Fernando Deluqui e Paulo P.A. Pagni. O show que marcou o retorno foi no encerramento da Virada Cultural, em São Paulo, no dia 17 de abril de 2011. O lançamento oficial da nova turnê da banda foi no dia 20 de maio do mesmo ano, no Credicard Hall, em São Paulo, apresentando as novas canções e os clássicos dos anos 80.

Já o lançamento do álbum Elektra ocorreu no dia 18 de novembro de 2011, no Citibank Hall, no Rio de Janeiro. Este trabalho trouxe um CD duplo com 12 canções inéditas, com destaque para “Dois Olhos Verdes”, “Muito Tudo”, “Ela é Demais (Pra mim)” e a regravação de “Ninfa”. O segundo CD é composto por sete, das doze canções inéditas, remixadas pelo DJ Joe K. O álbum foi indicado ao Grammy Latino de 2012.

Carreira como ator

Interpretou o personagem Samuel na telenovela Esperança, exibida pela Rede Globo de 2002 à 2003. Sua participação na novela rendeu à emissora 43 pontos de pico.

2013 fez o personagem Rico na série Surtadas na Yoga do canal GNT.

2014 fez uma participação no filme Apneia, onde foi dirigido por Mauricio Eça.

2017 fez uma participação na novela Rock Story, onde foi dirigido por Dennis Carvalho.

Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza (Rio de Janeiro, 4 de abril de 1958 — Rio de Janeiro, 7 de julho de 1990), foi um cantor, compositor, poeta e letrista brasileiro. Primeiramente conhecido como vocalista e principal letrista da banda Barão Vermelho,[1] na qual fez bem sucedida parceria com Roberto Frejat, Cazuza posteriormente seguiu carreira solo, sendo aclamado pela crítica como um dos principais poetas da música brasileira. Cazuza também ficou conhecido por ser rebelde, boêmio e polêmico, tendo assumido em entrevistas sua bissexualidade. Em 1989 revelou ser soropositivo (termo usado para descrever a presença do vírus HIV, causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), e morreu no ano de 1990, aos 32 anos no Rio de Janeiro.

Biografia

Infância e adolescência

Filho de Lucinha Araújo (1936) e do produtor musical João Araújo (1935-2013), Cazuza recebeu o apelido mesmo antes do nascimento. Agenor, seu verdadeiro nome, foi recebido por insistência da avó paterna. Na infância, Cazuza nem sequer sabia seu nome de batismo, por isso não respondia à chamada na escola. Só mais tarde, quando descobriu que um de seus compositores prediletos, Cartola, também se chamava Agenor (na verdade, Angenor, por um erro do cartório), foi que Cazuza começou a aceitar o nome. Cazuza sempre teve contato com a música. Influenciado desde pequeno pelos grandes nomes da música brasileira, ele tinha preferência pelas canções dramáticas e melancólicas, como as de Cartola, Dolores Duran, Lupicínio Rodrigues, Noel Rosa, Maysa e Dalva de Oliveira. Era também grande fã da roqueira Rita Lee, para quem chegou a compor a letra da canção "Perto do fogo", que Rita musicou. Cazuza cresceu no bairro do Leblon e estudou no Colégio Santo Inácio até mudar para o Colégio Anglo-Americano, para evitar reprovação. Como os pais às vezes saíam à noite, o filho único ficava na companhia da avó materna, Alice. Por volta de 1965 começou a escrever letras e poemas, que mostrava à avó. Graças ao ambiente profissional do pai, Cazuza cresceu em volta dos maiores nomes da música popular brasileira, como Caetano Veloso, Elis Regina, Gal Costa, Gilberto Gil, João Gilberto, Novos Baianos, entre outros. A mãe, Lucinha Araújo, também cantava e gravou três discos.

Em 1972, tirando férias em Londres, Cazuza conheceu as canções de Janis Joplin, Led Zeppelin e Rolling Stones, e logo tornou-se um grande fã. Por causa da promessa do pai, que disse que lhe presentearia com um carro caso ele passasse no vestibular, Cazuza foi aprovado em Comunicação em 1976, mas desistiu do curso três semanas depois. Mais tarde começou a frequentar o Baixo Leblon, onde levou uma vida boêmia, bebendo e fumando, e se relacionando sexualmente com homens e mulheres. Para evitar que o filho continuasse a manter uma atitude rebelde perante a vida, João Araújo criou um emprego para ele na gravadora Som Livre, da qual foi fundador e presidente. Na Som Livre, Cazuza trabalhou no departamento artístico, onde fez triagem de fitas de novos cantores. Logo depois trabalhou na assessoria de imprensa, onde escreveu releases para divulgar os artistas. No final de 1979 fez um curso de fotografia na Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos. Lá, descobriu a literatura da geração beat, os chamados poetas malditos, que mais tarde teria grande influência na carreira. Em 1980 retornou ao Rio de Janeiro, onde ingressou no grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone no Circo Voador. Foi nessa época que Cazuza cantou em público pela primeira vez. O cantor e compositor Leo Jaime, convidado para integrar uma nova banda de rock de garagem que se formava no bairro carioca do Rio Comprido, não aceitou, mas, indicou Cazuza aos vocais. Daqueles ensaios na casa do tecladista Maurício Barros, nasceu o Barão Vermelho.[5] Em 30 de novembro de 2013, seu pai João Araújo, então presidente da Som Livre, morreu depois de uma parada cardíaca aos 78 anos. Carreira

Barão Vermelho

O Barão Vermelho, que até então foi formado por Roberto Frejat (guitarra), Dé Palmeira (baixo), Maurício Barros (teclado) e Guto Goffi (bateria), gostou muito do vocal berrado de Cazuza. Em seguida, Cazuza mostrou à banda letras que havia escrito e passa a compor com Roberto Frejat, formando uma das duplas mais festejadas do rock brasileiro. Dali para frente, a banda que antes só tocava covers passa a criar um repertório próprio. Após ouvir uma fita demo da banda, o produtor Ezequiel Neves convenceu o diretor artístico da Som Livre, Guto Graça Mello, a gravar a banda. Juntos convencem o relutante João Araújo a apostar no Barão.

Com uma produção barata e gravado em apenas dois dias, é lançado em 1982 o primeiro álbum da banda, Barão Vermelho. Das canções mais importantes, destacam-se "Bilhetinho Azul", "Ponto Fraco", "Down Em Mim" e "Todo Amor Que Houver Nessa Vida". Apesar de ser aclamado pela crítica, o disco vendeu apenas sete mil cópias. Depois de alguns shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, a banda voltou ao estúdio e com uma melhor produção gravou o disco Barão Vermelho 2, lançado em 1983. Esse disco vendeu 15 mil cópias. Foi nessa fase que, durante um show no Canecão, Caetano Veloso apontou Cazuza como o maior poeta da geração e criticou as rádios por não tocarem a banda. Na época as rádios só tocavam pop brasileiro e MPB. O rótulo de "banda maldita" só abandonou o Barão Vermelho quando o cantor Ney Matogrosso gravou "Pro Dia Nascer Feliz". Era o empurrão que faltava, e a banda ganhou vida pública própria.

Maior Abandonado e Rock in Rio

A banda foi convidada a compor e gravar o tema do filme Bete Balanço. A canção-título tornou-se um dos grandes clássicos da banda, impulsionando o filme que vira sucesso de bilheteria. A canção também impulsionou as vendas do terceiro disco do Barão, Maior Abandonado, lançado em outubro de 1984, que conquistou disco de ouro, registrando outras composições como "Maior Abandonado" e "Por Que a Gente é Assim?". Em 15 e 20 de janeiro de 1985, o Barão Vermelho se apresentou na primeira edição do Rock in Rio. A apresentação da banda no quinto dia tornou-se antológica por coincidir com a eleição do presidente Tancredo Neves e com o fim da Ditadura Militar. Cazuza anunciou esse fato ao público presente e para comemorar, cantou "Pro Dia Nascer Feliz". "Não divido nada, muito menos o palco"

Cazuza deixou a banda a fim de ter liberdade para compor e se expressar, musical e poeticamente. Em julho de 1985, durante os ensaios do quarto álbum, Cazuza deixou o Barão Vermelho para seguir carreira solo. Suspeita-se que nesse mesmo ano ele começou a ter febre diariamente, indícios da AIDS que se agravaria anos depois. Ezequiel Neves, que trabalhou com o Barão, dividiu-se entre a banda e a carreira solo de Cazuza. "Fui 'salomônico'", declarou em entrevista ao Jornal do Commercio, em 2007, quando Cazuza completaria 49 anos.

Carreira solo

Exagerado e Só se For a Dois

Em outubro de 1985, Cazuza foi internado para ser tratado por uma pneumonia. Cazuza exigiu fazer um teste de HIV, do qual o resultado foi negativo. Em novembro de 1985 foi lançado o primeiro álbum solo, Exagerado. "Exagerado", a faixa-título composta em parceria com Leoni, se torna um dos maiores sucessos e marca registrada do cantor. A canção "Só As Mães São Felizes" foi vetada pela censura. Gravou o segundo álbum no segundo semestre de 1986; como a Som Livre rompeu com seu elenco de artistas, Só Se For A Dois foi lançado pela PolyGram (agora Universal Music Group) em 1987. Logo depois, a PolyGram contratou Cazuza. Só se For a Dois mostrou temas românticos como "Só se For a Dois", "O Nosso Amor a Gente Inventa", "Solidão Que Nada" e "Ritual".

Ideologia e O Tempo Não Para

A AIDS se manifestou em 1987; Cazuza foi internado com pneumonia, e um novo teste revelou que o cantor era portador do vírus HIV. Em outubro, Cazuza foi internado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, para ser tratado por uma nova pneumonia. Em seguida, ele foi levado pelos pais aos Estados Unidos. Lá, foi submetido a um tratamento a base de AZT durante dois meses no New England Hospital, de Boston. Ao voltar ao Brasil no começo de dezembro de 1987, Cazuza inicia as gravações para um novo disco. Ideologia, de 1988, inclui os hits "Ideologia", "Brasil" e "Faz Parte Do Meu Show". "Brasil", em versão de Gal Costa foi tema de abertura da telenovela Vale Tudo, da Rede Globo e ganhou premio Sharp por melhor musica do ano e melhor composição pop-rock do ano (Cazuza, George Israel e Nilo Romero).

Os shows se tornam mais elaborados e a turnê do disco Ideologia, dirigido por Ney Matogrosso, viajou por todo o Brasil. O Tempo Não Para, gravado no Canecão durante esta turnê, foi lançado em 1989. O disco se tornou o maior sucesso comercial superando a marca de 500 mil cópias vendidas. A faixa "O Tempo Não Para" tornou-se um de seus maiores sucessos. Também destacam-se "Todo Amor Que Houver Nessa Vida" com um novo arranjo mais introspectivo, "Codinome Beija-Flor" e "Faz Parte Do Meu Show". "O Tempo Não Para" também foi lançado em VHS pela Globo Filmes. Burguesia

Em fevereiro de 1989 Cazuza declarou publicamente que era soropositivo, ajudando assim a criar consciência em relação à doença e aos efeitos dela. Compareceu na cerimônia do Prêmio Sharp numa cadeira de rodas, e recebeu os prêmios de melhor canção para "Brasil" e de melhor álbum para Ideologia. Burguesia (1989) foi gravado com o cantor numa cadeira de rodas e com a voz nitidamente enfraquecida.[1] É um álbum duplo de conceito dual, sendo o primeiro disco com canções de rock brasileiro e o segundo com canções de MPB. Burguesia foi o último disco gravado por Cazuza e vendeu 250 mil cópias. Cazuza recebeu o Prêmio Sharp póstumo de melhor canção com "Cobaias de Deus".

Morte

Em outubro de 1989, depois de quatro meses a base de um tratamento alternativo em São Paulo, Cazuza partiu novamente para Boston, onde ficou internado até março de 1990 voltando assim para o Rio de Janeiro. No dia 7 de julho de 1990, Cazuza morreu aos 32 anos por um choque séptico causado pela AIDS. No enterro compareceram mais de mil pessoas, entre parentes, amigos e fãs. O caixão, coberto de flores e lacrado, foi levado à sepultura pelos ex-companheiros do Barão Vermelho. Cazuza foi enterrado no cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro. Sobre o tampo de mármore do túmulo aparece o título de seu último grande sucesso, "O Tempo Não Para", e as datas de seu nascimento e morte. Em sua lápide nada consta além de seu famoso codinome. No ano seguinte, foi lançado o álbum póstumo Por Aí.

Legado

Estátua do Cazuza no Leblon, Rio de Janeiro

O estilo, a habilidade vocal e a obra produzida por Cazuza tiveram um impacto significante na música popular brasileira. Isso deu-lhe o título de um dos maiores vocalistas masculinos de música contemporânea. Escrevendo para a coluna Combate Rock no UOL, o critico de música Marcelo Moreira escreveu que "Além da evidente qualidade de seus textos e letras, o que faz dele o melhor cantor do nosso rock era a irreverência e a capacidade de ironizar a todos, inclusive a si próprio" Completando que "Sua própria existência foi o maior legado que deixou, fazendo dele um símbolo daquele pulsante e necessário rock brasileiro dos anos 80. De acordo com a revista Rolling Stone Brasil: "Cazuza vive na memória da música brasileira entre lendas sobre seu temperamento passional. Mas o que lhe garante a posteridade é a obra que transcendeu o universo do rock ao se aproximar da MPB com uma poesia sempre cortante no fio da navalha. Uma obra pautada por um desespero paradoxalmente esperançoso". A cantora e jornalista Mona Gadelha escreveu que Cazuza “fez época com discursos de protesto contra as mazelas do Brasil da época, que são quase as mesmas”, compara. “Ele tinha muita personalidade e colocava isso nas letras, na escolha das temáticas. Cazuza acreditava muito no que escrevia, sem se preocupar em agradar. O rock, além de ser uma música, é um comportamento, uma postura crítica em relação ao mundo. Cazuza cumpriu essa função muito bem com o que escreveu”, avança. A artista chama atenção para a permanência de vários desses versos no linguajar popular do País. ‘Segredos de liquidificador’, ‘um museu de grandes novidades’, ‘o nosso amor a gente inventa’. "Isso, pra mim, é a verdadeira consagração popular, quando a obra transcende o tempo e adentra o cotidiano da língua". O cantor Frejat disse que "Cazuza promoveu uma revolução na música brasileira", por conseguir unir o rock brasileiro à MPB, já que antes dele havia forte resistência por parte da indústria a essa união. Cazuza também é creditado por suas letras criticas e contundentes, que questionavam o sistema político brasileiro; Bruno Ribeiro do Portal do Partido Democrático Trabalhista comentou: "músicas como ‘O Tempo Não Para’ mostravam com suas letras a realidade de um país preconceituoso, problemático e, ao mesmo tempo, revolucionário. Nas entrelinhas, muitas vezes, a mensagem virava discurso". Francisco Fernandes Ladeira, do Observatório da Imprensa, descreveu-o como "O poeta do rock brasileiro" e louvou as canções “O Tempo Não Para”, “Brasil” e “Burguesia”, por "refletirem não apenas as angústias enfrentadas pelo cantor. Mas também de forma fidedigna como era o contexto brasileiro do final da década de 1980, período marcado por grande instabilidade política e econômica". Em outubro de 2008 a revista Rolling Stone promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, cujo resultado colocou Cazuza na 34ª posição. Em apenas dez anos de carreira, Cazuza deixou 126 canções gravadas, 78 inéditas e 34 para outros intérpretes. As canções de Cazuza já foram reinterpretadas pelos mais diversos artistas brasileiros dos mais diversos gêneros musicais. A Som Livre realizou o show Tributo a Cazuza, em 1999, posteriormente lançando em CD e DVD, do qual participaram Ney Matogrosso, Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaii, Kid Abelha, Zélia Duncan, Sandra de Sá, Arnaldo Antunes e Leoni. No ano 2000 foi exibido no Rio de Janeiro e em São Paulo o musical Casas de Cazuza, escrito e dirigido por Rodrigo Pitta, cuja história tem base nas canções de Cazuza. Em 2004 foi lançado o filme biográfico Cazuza - O Tempo Não Para, de Sandra Werneck. Após sua morte, os pais fundaram a Sociedade Viva Cazuza, em 1990. Ela tem como intenção proporcionar uma vida melhor a crianças soropositivas através de assistência à saúde, educação e lazer. Em 1997, a cantora Cássia Eller lançou o álbum Veneno AntiMonotonia, que traz somente composições de Cazuza. Artistas relacionados

Dentre diversos artistas relacionados a Cazuza, estão: Frejat, por ter sido um grande amigo e seu principal parceiro em composições musicais; Simone ("O Tempo Não Para" e "Codinome Beija-Flor"); Leoni (com quem compôs o maior sucesso, "Exagerado"); George Israel (com quem compôs "Brasil", "Solidão que nada" e mais 13 canções); Leo Jaime (que apresentou Cazuza para a banda Barão Vermelho quando esta já estava formada e precisando de um vocalista para completar a banda); Lobão, tanto pela amizade com Cazuza quanto pela influência de um em outro, por ter sido grande inspiração no começo da carreira;[8] Cássia Eller por ter sido a intérprete que mais gravou canções de Cazuza; Arnaldo Antunes pela influência marcante; Bebel Gilberto pela amizade e parceria em algumas canções; Rita Lee, parceira na canção "Perto do Fogo", última que ele escreveu antes de morrer e primeira que ela gravou em seu disco de 1990; Ney Matogrosso, um grande amigo, que lhe dirigiu nos shows "Ideologia" e "O Tempo não Para"; e Renato Russo, por ter homenageado duas vezes o amigo e ex-vocalista do Barão (com a canção em inglês Feedback Song For a Dying Friend e com a regravação de Quando Eu Estiver Cantando no show Viva Cazuza, em 1990).

Capital Inicial é uma banda de rock brasileira formada pelos irmãos Fê Lemos e Flávio Lemos em 1982, após o encerramento das atividades do grupo Aborto Elétrico, de que os irmãos participavam. A banda atualmente é composta por quatro integrantes: Fê Lemos (bateria), Flávio Lemos (baixo), Dinho Ouro Preto (vocal) e Yves Passarell (guitarra), além de Robledo Silva (teclados) e Fabiano Carelli (guitarra), banda de apoio. A banda estreou em 1986, com seu álbum de estreia homônimo.

História

O início

Em 1978, Fê Lemos, voltou de uma estadia na Inglaterra para Brasília, onde seu pai dava aulas na Universidade de Brasília (UnB). Ele se juntou a um grupo de jovens fãs de punk rock do conjunto de quatro prédios, apelidado "Turma da Colina", que incluía Renato Russo. Os dois mais o sul-africano André Pretorius fundaram a banda Aborto Elétrico, com Renato no baixo, André na guitarra e Fê na bateria. A banda não possuía ninguém no vocal. Pretorius teve de voltar para a África do Sul para cumprir o serviço militar, então Renato se tornou guitarrista e cantor, enquanto que o irmão de Fê, Flávio Lemos, assumiu o baixo. A banda logo se tornou uma das mais populares de Brasília, e um dos seus maiores fãs era Dinho Ouro Preto, um velho amigo de Renato que comparecia a todos os shows. Surgimento da banda (1983-1985)

Em 1983, Fê e Renato se desentenderam, causando a saída do cantor e a extinção do Aborto Elétrico. Os irmãos Lemos chamaram o ex-guitarrista da Blitx 64, Loro Jones, e uma cantora, Heloísa, para formar outra banda, o Capital Inicial. Depois de um mês tocando em um teatro da Associação Brasiliense de Odontologia com a Plebe Rude e a nova banda de Renato, a Legião Urbana, por pressão dos pais Heloísa sai da banda. Os Lemos fazem uma audição para um novo cantor, e Dinho Ouro Preto assumiu o cargo. Dinho insistiu para que a banda incluísse canções do Aborto no repertório, e mais tarde chamou Renato para concluir a letra de "Música Urbana", que se tornaria um dos primeiros sucessos do Capital. Dinho e Jones haviam antes tocado juntos na banda Dado e o Reino Animal, que incluía os futuros membros da Legião Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. Três meses depois, em julho de 1983, estreiam com um show na Unb, tocando em seguida em São Paulo (SESC Pompeia) e no Rio de Janeiro (Circo Voador). A banda segue em constantes viagens e apresentações nos principais palcos do underground do rock brasileiro. Em 1984, o ritmo cada vez maior de viagens indica a necessidade de estarem mais próximos do seu principal mercado, as regiões Sudeste e Sul. No final do ano assinam seu primeiro contrato fonográfico, com a CBS (atual Sony), e se mudam para São Paulo no início de 1985. Logo em seguida lançam seu primeiro registro em vinil, o compacto duplo Descendo o Rio Nilo/Leve Desespero. Ainda neste ano integram o elenco da trilha sonora do primeiro "filme-rock" brasileiro, Areias Escaldantes, de Francisco de Paula, ao lado de Ultraje a Rigor, Titãs, Lobão e os Ronaldos, Ira!, Metrô, Lulu Santos e May East.

Primeiros discos

O primeiro LP, Capital Inicial, já pela Polygram, foi lançado em 1986 e recebeu ótimas críticas. "Um rock limpo, vigoroso, dançante e sobretudo competente, a quilômetros de distância da mesmice que assaltou a música pop brasileira nos últimos tempos", assim o jornalista Mário Nery abre a crítica ao disco na Folha de S.Paulo.[6] O álbum trazia faixas como "Música Urbana", "Psicopata", "Fátima", "Veraneio Vascaína", "Leve Desespero" entre outras. Em 1987, contando com o tecladista Bozzo Barretti em sua formação, o Capital Inicial lança seu segundo disco, Independência, emplacando "Prova", "Independência" e a regravação de "Descendo o Rio Nilo".

Nesse ano, é convidado para abrir os shows da turnê do cantor inglês Sting em São Paulo (estacionamento do Anhembi), Rio de Janeiro no Maracanã, Belo Horizonte no Estádio Independência, Brasília no Estádio Mané Garrincha e Porto Alegre no Estádio Olímpico Monumental. Você não Precisa Entender chega as lojas de todo o país em 1988, com "A Portas Fechadas", "Pedra Na Mão" e "Fogo". O ano de 1989 marca o lançamento do álbum Todos os Lados, com as faixas "Todos os Lados", "Mickey Mouse em Moscou" e "Belos e Malditos". Em 1990 participam do festival Hollywood Rock, realizado em São Paulo e no Rio de Janeiro. O álbum Eletricidade, lançado em 1991, marca o início de mudanças no Capital Inicial, começando pela gravadora. O álbum, lançado pela BMG, trazia uma versão para "The Passenger", de Iggy Pop, batizada de "O Passageiro", e composições como "Cai a Noite", "Kamikaze" e "Todas as Noites". Neste mesmo ano, participam da segunda edição do festival Rock in Rio. O clipe "O Passageiro", foi todo gravado utilizando uma câmera PXL-2000 que armazenava imagens em preto e branco em uma fita cassete de áudio.

Divergências

Em 1992, Bozzo Barretti deixa o grupo, e em 1993, divergências musicais e pessoais levam o vocalista Dinho Ouro Preto a seguir carreira solo. Enquanto isso, o Capital Inicial, agora com o santista Murilo Lima (ex-banda Rúcula) nos vocais, lança Rua 47 em 1995. Em 1996 a banda lança Capital Inicial Ao Vivo, o primeiro pela Qualé Cumpadi Records, gravadora independente que a banda monta, e o segundo pela Rede Brasil Discos, atual Alpha Discos.

A volta do Capital Inicial

Em março de 1998 em São Paulo, após o lançamento, pela Polygram, do álbum O Melhor do Capital Inicial, os quatro integrantes originais decidem voltar aos palcos. Dinho Ouro Preto, Loro Jones, Fê Lemos e Flávio Lemos voltam à estrada com um novo show, uma comemoração aos 15 anos da banda e aos 20 anos do nascimento do rock candango. O repertório traz sucessos, faixas pouco conhecidas e composições de bandas que fizeram parte da cena de Brasília nos anos 80, como Plebe Rude e Legião Urbana.

Em julho do mesmo ano a banda assina com a gravadora Abril Music, e em setembro ruma para Nashville no Tennessee, EUA, onde gravam Atrás dos Olhos. Este disco é produzido por David Zá, que entre outros trabalhou com artistas como Prince, Billy Idol e Fine Young Cannibals. Este mesmo ano de 1998 assiste ainda ao lançamento de mais duas coletâneas pela Universal (ex-PolyGram): um álbum da série Millennium, com vinte músicas pinçadas dos quatro primeiros discos, e um álbum de canções do grupo remixadas por produtores e DJs famosos do Brasil.

O ano de 1999 é dedicado à turnê brasileira. Surge a ideia de fazer um disco ao vivo, juntando novos e antigos sucessos. Rapidamente esta ideia se transforma no projeto de um disco acústico, em parceria com a MTV Brasil. O último ano do Século XX começa com a banda se preparando para a gravação do Acústico MTV, que acaba ocorrendo em março com a participação do cantor e compositor Kiko Zambianchi. O disco é lançado no dia 26 de maio. Acústico MTV - Capital Inicial foi um grande sucesso comercial (3× disco de platina pela ABPD), marcando o ressurgimento da banda.Em 2001, ainda com a turnê Acústico MTV, a banda faz um aclamado show no terceiro Rock in Rio diante de uma plateia de 250 mil pessoas.Em fevereiro de 2002, Loro Jones sai da banda. O guitarrista reclamou do excesso de tempo trabalhando, com mais de 150 shows na década recém-iniciadas, e o agravante do fato de que ao contrário dos companheiros de banda Jones ainda residia em Brasília, levando-o a constantes deslocamentos para São Paulo. Yves Passarell, da banda Viper, assumiu o posto.

Recentemente

O álbum Eu Nunca Disse Adeus é lançado em 2007, com o primeiro single "Eu Nunca Disse Adeus". Em 2008, lança o álbum ao vivo Multishow ao Vivo: Capital Inicial em Brasília para comemorar os 25 anos da carreira. O disco foi gravado em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, no dia 21 de abril, aniversário da cidade e que contou com mais de 1 milhão de pessoas na plateia. Participaram do show os músicos convidados Robledo Silva e Fabiano Carelli. A primeira música de trabalho do álbum foi "Algum Dia", e a segunda "Dançando com a Lua".

Show do Capital Inicial em 2015

No sábado do dia 31 de outubro de 2009, a banda estava fazendo um show em Patos de Minas, Minas Gerais, quando Dinho Ouro Preto teve uma queda de três metros de altura do palco. Dinho sofreu traumatismo craniano leve e uma fratura na costela; e após cinco dias de internação, o cantor voltou para a UTI por causa de uma infecção. No dia 30 de novembro, Dinho saiu do hospital, depois de quase um mês internado. Após deixar o hospital Dinho e os integrantes da banda entraram em estúdio para a gravação do décimo quinto álbum do grupo Das Kapital. O disco traz algumas canções que contam um pouco do drama vivido por Dinho. Lançado no dia 2 de junho de 2010, o primeiro single do álbum foi "Depois da Meia Noite", liberado para as rádios de todo Brasil, e depois "Como se Sente", "Vivendo e Aprendendo" e "Vamos Comemorar" a pedido dos fãs. Segundo Dinho, Das Kapital marca o início de uma terceira fase do Capital, depois da inicial e do retorno, "dos discos mais com a nossa cara, com o tipo de som que a gente gosta".A banda também tocou no Rock in Rio 2011, no dia 24 de setembro, abrindo o show para os californianos do Red Hot Chili Peppers.

No dia 10 de dezembro de 2012, lançam um novo álbum, Saturno. O disco teve a produção de David Corcos, e contém 13 faixas, incluindo os singles "O Lado Escuro da Lua" e "Saquear Brasília". No ano seguinte são confirmados no Rock in Rio 2013, no dia 14 de setembro, mesmo dia da banda Muse.

Em 2015, o Capital Inicial decidiu gravar um segundo álbum acústico em Nova York. Acústico NYC teve na maior parte do seu repertório canções gravadas após o Acústico MTV, fora três composições inéditas, uma canção dos anos 80 ("Belos e malditos") e covers de Legião Urbana e Charlie Brown Jr. Lenine e Seu Jorge fizeram participações especiais, e os violões tiveram as adições do produtor Liminha e do ex-Charlie Brown Thiago Castanho.

Em um show em Manaus, no dia 15/04/2016, Dinho comentou a participação do músico Lenine no disco.

"Quando convidamos o Lenine, pensamos que ele fosse querer tocar nossas músicas mais complicadas. Mas foi exatamente o contrário, logo no nosso primeiro encontro ele pediu para cantar algumas das nossas canções mais populares", revelou Dinho, referindo-se a "Não olhe para trás" e "Tempo perdido", da Legião Urbana.

Em 2017 em plena turnê do acústico NYC, a banda preparou um show elétrico com setlist passando por todas as fases das três décadas de carreira, investiu em pirotecnia e arte visual nos telões, para se apresentar na 7ª edição do Rock in Rio, o show teve a participação do Thiago Castanho (Ex Guitarrista do Charlie Brown Jr). A apresentação da banda foi eleita o melhor show nacional do Rock in Rio 2017.

No dia 10 de abril de 2018, a banda entrou em estúdio e está atualmente gravando um novo álbum de inéditas cujo lançamento será "parcelado" onde a banda vai divulgar uma música inédita por mês, totalizando 12 músicas inéditas que terá lançamento digital e posteriormente mídia física. No dia 25 de maio de 2018, a banda lançou em todas rádios do país o mais novo single "Não me olhe assim", primeiro trabalho divulgado do novo álbum intitulado "Sonora" produzido por Lucas Silveira da banda Fresno. Em junho, o Capital Inicial iniciará a nova turnê "Sonora" começando pelo Rio de Janeiro - RJ.

Integrantes

Formação atual

Dinho Ouro Preto - vocal, violão e guitarra (1982-1993, 1998 - presente)

Fê Lemos - bateria (1982 - presente)

Flávio Lemos - baixo (1982 - presente)

Yves Passarell - guitarra e violão (2002 - presente)

Entre muitos artistas também se destacam grandes cantores da musica popular brasileira que tem um grande papel na historia cultural brasileira como a bousa nova e o MPB que estão caracterizados grandes musicos que fazer as melhores canção e letras musicais que vão a seguir os melhores:

Dorival Caymmi (Salvador, 30 de abril de 1914 – Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2008) foi um cantor, compositor, instrumentista, poeta, pintor e ator brasileiro.

Compôs inspirado pelos hábitos, costumes e as tradições do povo baiano. Tendo como forte influência a música negra, desenvolveu um estilo pessoal de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos versos, sensualidade e riqueza melódica.

Poeta popular, compôs obras como Saudade da Bahia, Samba da minha Terra, Doralice, Marina, Modinha para Gabriela, Maracangalha, Saudade de Itapuã, O Dengo que a Nega Tem, A Lenda do Abaeté e Rosa Morena.

Filho de Dorival Henrique Caymmi e Aurelina Soares Caymmi, era casado com Adelaide Tostes, com quem teve seus três filhos: Nana, Dori e Danilo, que também são cantores, assim como suas netas Juliana e Alice.

Faleceu em 16 de agosto de 2008, aos 94 anos, em casa, às seis horas da manhã, por conta de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos, em consequência de um câncer renal que possuía havia nove anos. Permanecia em internação domiciliar desde dezembro de 2007.

Ele era descendente de italianos pelo lado paterno, as gerações da Bahia começaram com o seu bisavô, que chegou ao Brasil para trabalhar no reparo do Elevador Lacerda. Ainda criança, iniciou sua atividade como músico, ouvindo parentes ao piano. Seu pai era funcionário público e músico amador, tocava, além de piano, violão e bandolim. A mãe, dona de casa, mestiça de portugueses e africanos, cantava apenas no lar. Ouvindo o fonógrafo e depois a vitrola, cresceu sua vontade de compor. Cantava, ainda menino, em um coro de igreja, como baixo-cantante. Com treze anos, interrompe os estudos e começa a trabalhar em uma redação de jornal O Imparcial, como auxiliar. Com o fechamento do jornal, em 1929, torna-se vendedor de bebidas. Em 1930 escreveu sua primeira música: "No Sertão", e aos vinte anos estreou como cantor e violonista em programas da Rádio Clube da Bahia. Já em 1935, passou a apresentar o musical Caymmi e Suas Canções Praieiras. Com 22 anos, venceu, como compositor, o concurso de músicas de carnaval com o samba A Bahia também dá. Gilberto Martins, um diretor da Rádio Clube da Bahia, o incentiva a seguir uma carreira no sul do país. Em abril de 1938, aos 23 anos, Dorival, viaja de ita (navio que cruza o norte até o sul do Brasil) para cidade do Rio de Janeiro, para conseguir um emprego como jornalista e realizar o curso preparatório de Direito. Com a ajuda de parentes e amigos, fez alguns pequenos trabalhos na imprensa, exercendo a profissão em O Jornal, do grupo Diários Associados, ainda assim, continuava a compor e a cantar. Conheceu, nessa época, Carlos Lacerda e Samuel Wainer.

Dorival Caymmi, 1956. Arquivo Nacional.

Foi apresentado ao diretor da Rádio Tupi, e, em 24 de junho de 1938, estreou na rádio cantando duas composições, embora ainda sem contrato. Saiu-se bem como calouro e iniciou a cantar dois dias por semana, além de participar do programa Dragão da Rua Larga. Neste programa, interpretou O que é que a Baiana Tem?, composta em 1938. Com a canção, fez com que Carmen Miranda tivesse uma carreira no exterior, a partir do filme Banana da Terra, de 1938. Sua obra invoca principalmente a tragédia de negros e pescadores da Bahia: O Mar, História de Pescadores É Doce Morrer no Mar, A Jangada Voltou Só, Canoeiro, Pescaria, entre outras. Filho de santo de Mãe Menininha do Gantois, para quem escreveu em 1972 a canção em sua homenagem: "Oração de Mãe Menininha", gravado por grandes nomes como Gal Costa e Maria Bethânia.

Nos anos 1970 sua canção "Suíte do Pescador" ficou amplamente conhecida na União Soviética após compor a trilha sonora do filme "Capitães da Areia", baseado na obra de Jorge Amado, e que fez enorme sucesso no país.

Em 1986, a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira apresentou o enredo "Caymmi mostra ao Mundo o que a Bahia e a Mangueira tem". Nesse desfile, com um belo samba a Estação Primeira de Mangueira conquistou o principal título do Carnaval Carioca. Em 2014 foi homenageado pela Escola de Samba Águia de Ouro, que apresentou o enredo: "A Velha Bahia apresenta o centenário do poeta cancioneiro Dorival Caymmi" homenageando o centenário de Dorival Caymmi. A escola finalizou na terceira posição, a mesma posição do ano anterior.

Obras

Dorival Caymmi em foto de 1938.

Nas composições de Caymmi (Maracangalha, 1956; Saudade de Bahia, 1957), a Bahia surge como um local exótico com um discurso típico que estabelecera-se nas primeiras décadas do século XX, com referências à cultura africana, à comida, às danças, à roupa, e, principalmente à religião.

Caymmi na Rádio Nacional, em 1938.

Antecedentes

Com a Primeira Guerra Mundial, um lundu de autoria anônima, com o nome de "A Farofa", trata não tão somente do conflito como também de dendê e vatapá, na canção "O Vatapá". O compositor José Luís alcunhado Caninha, utilizou, ainda em 1921, o vocábulo balangandã, no samba "Quem vem atrás fecha a porta". A culinária baiana foi consagrada no maxixe "Cristo nasceu na Bahia", lançado em 1926. No final da década de 1920, associa à Bahia a mulher que ginga, rebola, requebra, remexe e mexe as cadeiras quando está sambando, o que surpreende na linguística, visto que o autor não era nativo do Brasil.

Sucesso

O primeiro grande sucesso "O que é que a baiana tem?" cantada por Carmen Miranda em 1939 não só marca o começo da carreira internacional da Pequena Notável vestida de baiana, mas influenciou também a música popular dentro do Brasil, tornou-se conhecida a ponto de ser imitada e parodiada, como no choro "O que é que a baiana tem?" de Pedro Caetano e Joel de Almeida ou na canção "A baiana diz que tem" de Felipe Colognezi. Apesar das produções anteriores, as composições de Caymmi são as mais lembradas sobre a cultura baiana.

Morte

Em 16 de agosto de 2008, aos 94 anos, Caymmi morreu em seu apartamento na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, no bairro de Copacabana, por insuficiência renal devido à um câncer que o acompanhava desde o ano de 1999.

Seu corpo foi velado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, no Centro carioca. Caymmi foi enterrado no dia seguinte no Cemitério de São João Batista, no bairro de Botafogo, com a presença de seus filhos e personalidades como Othon Bastos, Gilberto Gil, Gilberto Braga, João Ubaldo Ribeiro, Daniela Mercury, Wagner Tiso, Glória Perez e o prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM).

Em sua homenagem, o Governador da Bahia, Jaques Wagner (PT) e o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), decretaram luto oficial de três dias em seus estados. O então Presidente da República, Lula (PT), escreveu uma nota de pesar em homenagem ao músico: "Dorival Caymmi é um dos fundadores da música popular brasileira, patriarca de uma linhagem de músicos de talento. Suas canções praieiras e seus sambas-canção são patrimônio da cultura nacional. Brilhou e inovou como compositor, músico e cantor. Sua música é uma completa tradução da Bahia. Foi com tristeza que recebi a notícia de sua morte. Meus sinceros pêsames a sua esposa Stella Maris e a seus filhos - Nana, Dori e Danilo. Sua obra permanecerá sempre viva na memória dos brasileiros, iluminando a todos com a graça e a alegria de suas músicas"

Francisco Buarque de Hollanda OMC • ComIH, mais conhecido como Chico Buarque (Rio de Janeiro, 19 de junho de 1944), é um músico, dramaturgo, escritor e ator brasileiro. É conhecido por ser um dos maiores nomes da música popular brasileira (MPB). Sua discografia conta com aproximadamente oitenta discos, entre eles discos-solo, em parceria com outros músicos e compactos.

Escreveu seu primeiro conto aos 18 anos, ganhando destaque como cantor a partir de 1966, quando lançou seu primeiro álbum, Chico Buarque de Hollanda, e venceu o Festival de Música Popular Brasileira com a música A Banda.[5][6][7] Autoexilou-se na Itália em 1969, devido à crescente repressão do regime militar do Brasil nos chamados "anos de chumbo", tornando-se, ao retornar, em 1970, um dos artistas mais ativos na crítica política e na luta pela democratização no país. Em 1971, foi lançado Construção, tido pela crítica como um de seus melhores trabalhos, e em 1976, Meus Caros Amigos - ambos os discos figuram, por exemplo, na lista dos 100 maiores discos da música brasileira organizada pela revista Rolling Stone Brasil.

Além da notabilidade como músico, desenvolveu ao longo dos anos uma carreira literária, sendo autor de peças teatrais e romances. Foi vencedor de três Prêmios Jabuti: o de melhor romance em 1992 com Estorvo e o de Livro do Ano, tanto pelo livro Budapeste, lançado em 2004, como por Leite Derramado, em 2010. Em 2019, foi distinguido com o Prémio Camões, o principal troféu literário da língua portuguesa, pelo conjunto da obra.

Neto de Cristóvão Buarque de Hollanda e filho de Sérgio Buarque de Hollanda e Maria Amélia Cesário Alvim, Chico é irmão das cantoras Miúcha, Ana de Hollanda e Cristina.[9] Foi casado por 33 anos (de 1966 a 1999) com a atriz Marieta Severo, com quem teve três filhas, Sílvia Buarque, Helena e Luísa.

Biografia

Francisco Buarque de Hollanda nasceu em 19 de junho de 1944 na cidade do Rio de Janeiro, filho de Sérgio Buarque de Hollanda (1902–1982), um importante historiador e jornalista brasileiro, e de Maria Amélia Cesário Alvim (1910–2010), pintora e pianista. Casou-se com Marieta Severo no ano de 1966, com quem teve três filhas: Sílvia Buarque, Luísa Buarque e Helena Buarque. O cantor tem, também, cinco netos. Chico é irmão das cantoras Miúcha, Ana de Hollanda e Cristina Buarque. Ao contrário da crença popular, o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda era apenas um primo distante do seu pai. Nos primeiros versos da sua canção "Paratodos", Chico Buarque celebra seus ascendentes familiares: O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano. O "avô pernambucano" ao qual o cantor se refere era paterno: Cristóvão Buarque de Hollanda. Já o "bisavô mineiro", Cesário Alvim, e o "tataravô baiano", Eulálio da Costa Carvalho, eram pelo lado materno.

Em 1946, mudou-se para São Paulo, onde o pai assumiu a direção do Museu do Ipiranga. Chico sempre revelou interesses pela música, tal interesse foi bastante reforçado pela convivência com intelectuais como Vinicius de Moraes e Paulo Vanzolini.

Em 1953, Sérgio Buarque de Hollanda, pai do cantor, foi convidado para lecionar na Universidade de Roma. A família Buarque de Hollanda, então, muda-se para a Itália. Chico aprende dois idiomas estrangeiros, na escola fala inglês, e nas ruas, italiano. Nessa época, compõe as suas primeiras marchinhas de Carnaval.

Chico regressa ao Brasil em 1960. No ano seguinte, produz suas primeiras crônicas no jornal Verbâmidas, do Colégio Santa Cruz de São Paulo, nome criado por ele. Sua primeira aparição na imprensa, porém, não foi em relação ao seu trabalho, mas sim policial. Publicada, no jornal Última Hora, de São Paulo, a notícia de que Chico e um amigo furtaram um carro nas proximidades do estádio do Pacaembu para passear pela madrugada paulista foi anunciada com a manchete "Pivetes furtaram um carro: presos".

A 25 de março de 1996, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, de Portugal.

Em 1998, o artista foi homenageado no Desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, pela GRES Estação Primeira de Mangueira, no enredo "Chico Buarque da Mangueira". A escola verde e rosa dividiu o título de campeã daquele carnaval com a Beija-Flor de Nilópolis.[18][19]

Em 2015, participou da canção "Trono de Estudar", composta por Dani Black em apoio aos estudantes que se articularam contra o projeto de reorganização escolar do governo estadual de São Paulo. A faixa teve a participação de outros 17 artistas brasileiros: Arnaldo Antunes (ex-Titãs), Tiê, Dado Villa-Lobos (Legião Urbana), Paulo Miklos (Titãs), Tiago Iorc, Lucas Silveira (Fresno), Filipe Catto, Zélia Duncan, Pedro Luís (Pedro Luís & A Parede), Fernando Anitelli (O Teatro Mágico), André Whoong, Lucas Santtana, Miranda Kassin, Tetê Espíndola, Helio Flanders (Vanguart), Felipe Roseno e Xuxa Levy.

Início de carreira

Chico Buarque se apresenta na TV Rio, em 1967.

Chico Buarque chegou a ingressar no curso de Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP) em 1963. Cursou dois anos e parou em 1965, quando começou a se dedicar à carreira artística. Nesse ano, lançou Sonho de um Carnaval, inscrita no I Festival Nacional de Música Popular Brasileira, transmitida pela TV Excelsior, além de Pedro Pedreiro, música fundamental para experimentação do modo como viria a trabalhar os versos, com rigoroso trabalho estilístico morfológico e politização, mais significativamente na década de 1970. A primeira composição do Chico foi aos 15 anos de idade, Canção dos Olhos (1959). A primeira gravação foi também uma marchinha, "Marcha para um dia de sol", gravada por Maricene Costa, em 1964.

Conheceu Elis Regina, que havia vencido o Festival de Música Popular Brasileira (1965) com a canção Arrastão, mas a cantora acabou desistindo de gravá-lo devido à impaciência com a timidez do compositor. Chico Buarque revelou-se ao público brasileiro quando ganhou o mesmo Festival, no ano seguinte (1966), transmitido pela TV Record, com A Banda, interpretada por Nara Leão (empatou em primeiro lugar com Disparada, de Geraldo Vandré, interpretada por Jair Rodrigues). No entanto, Zuza Homem de Mello, no livro A Era dos Festivais: Uma Parábola, revelou que "A Banda" venceu o festival. O musicólogo preservou por décadas as folhas de votação do festival. Nelas, consta que a música "A Banda" ganhou a competição por 7 a 5. Chico, ao perceber que ganharia, foi até o presidente da comissão e disse não aceitar a derrota de Disparada. Caso isso acontecesse, iria na mesma hora entregar o prêmio ao concorrente.

No dia 10 de outubro de 1966, data da final, iniciou o processo que designaria Chico Buarque como unanimidade nacional, alcunha criada por Millôr Fernandes.

Canções como Ela e sua Janela, de 1966, começam a demonstrar a face lírica do compositor. Com a observação da sociedade, como nas diversas vezes em que citação do vocábulo janela está presente em suas primeiras canções: Juca, Januária, Carolina, A Banda e Madalena foi pro Mar. As influências de Noel Rosa podem ser notadas em A Rita, 1965, citado na letra, e Ismael Silva, como em marchas-ranchos.

Festivais de MPB na década de 1960

Tom Jobim e Chico Buarque no Festival Internacional da Canção (FIC), 1968.

No festival de 1967, faria sucesso também com Roda Viva, interpretada por ele e pelo grupo MPB-4 — amigos e intérpretes de muitas de suas canções. Em 1968, voltou a vencer outro Festival, o III Festival Internacional da Canção da TV Globo. Como compositor, em parceira com Tom Jobim, com a canção Sabiá. Mas, desta vez, a vitória foi contestada pelo público, que preferiu a canção que ficou em segundo lugar: Pra não dizer que não falei de flores, de Geraldo Vandré.

A participação no Festival, com A Banda, marcou a primeira aparição pública de grande repercussão apresentando um estilo amparado no movimento musical urbano carioca da Bossa nova, surgido em 1957. Ao longo da carreira, o samba e a MPB seriam estilos amplamente explorados.

Trilha-sonora e adaptações de livros

Chico participou como ator e compôs várias canções de sucesso para o filme Quando o Carnaval Chegar e foi diretor musical de Joanna Francesa com Roberto Menescal, com quem compôs a canção-tema, ambos filmes dirigidos por Cacá Diegues. Compôs a canção-tema do longa-metragem Vai trabalhar Vagabundo, de Hugo Carvana — Carvana chegou a modificar o roteiro a fim de usá-la melhor. Faria o mesmo com os filmes seguintes desse diretor: Se segura malandro e Vai trabalhar vagabundo II. Adaptou canções de uma peça infantil para o filme Os Saltimbancos Trapalhões do grupo humorístico Os Trapalhões e com interpretações de Lucinha Lins. Outras adaptações de uma peça homônima de sua autoria foram feitas para o filme Ópera do Malandro, mais um musical cinematográfico. Vários filmes que tiveram canções-temas de sua autoria e que fizeram muito sucesso além dos citados: Bye Bye Brasil, Dona Flor e seus dois maridos e Eu te amo, os dois últimos com Sônia Braga. Recentemente, chegou a ter uma participação especial como ator no filme Ed Mort. Ele escreveu um livro que virou filme, Benjamim, que foi ao ar nos cinemas em 2003, tendo como intérpretes dos personagens principais Cleo Pires, Danton Melo e Paulo José.[25]

Em maio de 2009, é lançado o filme Budapeste com roteiro baseado em livro homônimo de Chico Buarque. No filme, há também a participação especial do escritor.

Teatro e literatura

Chico Buarque se apresenta em 1970.

Musicou as peças Morte e vida severina e o infantil Os Saltimbancos. Escreveu também várias peças de teatro, entre elas Roda Viva (proibida), Gota d'Água, Calabar (proibida), Ópera do malandro e cinco livros: Estorvo, Benjamim, Budapeste, Leite Derramado e O irmão Alemão.

Chico Buarque sempre se destacou como cronista nos tempos de colégio; seu primeiro livro foi publicado em 1966, trazendo os manuscritos das primeiras composições e o conto Ulisses, e ainda uma crônica de Carlos Drummond de Andrade sobre A Banda. Em 1974, escreve a novela pecuária Fazenda modelo e, em 1979, Chapeuzinho Amarelo, um livro-poema para crianças. A bordo do Rui Barbosa foi escrito em 1963 ou 1964 e publicado em 1981. Em 1991, publica o romance Estorvo (vencedor do Prêmio Jabuti de melhor romance em 1992) e, quatro anos depois, escreve o livro Benjamim. Em 2004, o romance Budapeste ganha o Prêmio Jabuti de Livro do Ano Em 2009, lança o livro Leite Derramado, que também recebe o Prêmio Jabuti de Livro do Ano. Em 2016, é anunciada a estreia da versão teatral deste romance pelo Club Noir, estrelada por Helena Ignez e Luiz Päetow. Oficialmente, a vendagem mínima de seus livros é de 500 mil exemplares no Brasil.

Polêmica sobre o Prêmio Jabuti

Tanto Budapeste quanto Leite Derramado venceram o Prêmio Jabuti como Livro do Ano sem terem vencido o mesmo prêmio na categoria Melhor Romance. Budapeste foi o terceiro colocado na premiação de melhor romance de 2004, enquanto Leite Derramado havia sido o segundo colocado em 2010. Após a escolha de 2010, muitas críticas foram feitas à forma de premiação, tendo em vista que, na premiação por categorias, o júri seria composto por especialistas, sendo que na premiação para Livro do Ano, a votação representaria a vontade dos empresários do setor. Os três primeiros colocados de cada categoria concorriam ao prêmio final, de Livro do Ano. Uma petição on line, intitulada "Chico, devolve o Jabuti!", recolheu milhares de assinaturas. A editora Record (que publicara Se Eu Fechar os Olhos Agora, de Edney Silvestre, vencedor na categoria melhor romance e preterido na votação final) criticou o regulamento do prêmio, alegando que favoreceria pessoas com grande penetração na mídia e seria um desrespeito com o júri especializado e com os próprios autores, anunciando que deixaria de inscrever candidatos ao prêmio, Com a polêmica, foi anunciado que em 2011 apenas os vencedores de cada categoria concorreriam à premiação final.

Programas televisivos

Deixou de participar de programas populares de televisão, tendo problemas com a TV Excelsior, durante o ensaio para o programa do Chacrinha, em que um dos produtores teria feito uma piada com a letra da canção Pedro Pedreiro: "Não dá para esse trem chegar mais cedo, não?" - referindo-se à extensão da letra de sessenta versos. Irritado, Chico foi embora e nunca se apresentou no programa. O executivo Boni proibiu qualquer referência a Chico durante a programação da TV Globo, depois que ambos também tiveram um entrevero, mas por pouco tempo, uma vez que ainda durante a década de 1970 (e o começo da de 80) músicas suas constavam das trilhas de várias telenovelas, como Espelho Mágico e Sétimo Sentido. Ao fim da proibição vários anos depois, Chico aceitou fazer um programa com Caetano Veloso, que contou com a participação de outros artistas.

Crítica à Ditadura Militar do Brasil

Parecer da censura da música Mulheres de Atenas pelo Serviço de Censura de Diversões Públicas em 1976.

Parecer da Censura recomendando a proibição da canção "Partido Alto", de Chico Buarque.

Ameaçado pelo regime militar, esteve autoexilado na Itália em 1969, onde chegou a fazer espetáculos com Toquinho. Nessa época, teve suas canções Apesar de você (que dizem ser uma alusão negativa ao presidente Emílio Garrastazu Médici, mas que Chico sustenta ser em referência à situação) e "Cálice" proibidas pela censura brasileira. Adotou o pseudônimo de Julinho da Adelaide, com o qual compôs apenas três canções: Milagre Brasileiro, Acorda amor e Jorge Maravilha. Na Itália, Chico tornou-se amigo do cantor Lucio Dalla, de quem fez a Minha História, versão em português (1970) da canção Gesù Bambino (título verdadeiro 4 marzo 1943), de Lucio Dalla e Paola Palotino.

Ao voltar ao Brasil, continuou com composições que denunciavam aspectos sociais, econômicos e culturais, como a célebre Construção ou a divertida Partido Alto. Apresentou-se com Caetano Veloso (que também foi exilado, mas na Inglaterra) e Maria Bethânia. Teve outra de suas músicas associada a críticas a um presidente do Brasil. Julinho da Adelaide, aliás, não era só um pseudônimo, mas sim a forma que o compositor encontrou para driblar a censura, então implacável ao perceber seu nome nos créditos de uma música. Para completar a farsa e dar-lhe ares de veracidade, Julinho da Adelaide chegou a ter cédula de identidade e até mesmo a conceder entrevista a um jornal da época.

Uma das canções de Chico Buarque que criticam o regime é uma carta em forma de música, uma carta musicada que ele fez em homenagem a Augusto Boal, que vivia no exílio, quando o Brasil ainda vivia sob a regime militar. A canção se chama Meu Caro Amigo e foi dirigida a Boal, que na época estava exilado em Lisboa. A canção foi lançada originalmente num disco de título quase igual, chamado Meus Caros Amigos, do ano de 1976.

Nordeste já

Valendo-se ainda do filão engajado após o regime militar, cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit estadunidense que juntou vozes e levantou fundos para a USA for Africa. O projeto de criação coletiva sobre o poema de Patativa do Assaré, Nordeste já (1985) em apoio à causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto com as canções Chega de mágoa e Seca d'água.

Genealogia e parentesco

O pai de Francisco Buarque de Hollanda, Sérgio Buarque de Hollanda, é primo em primeiro grau da mãe de Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira, Maria Buarque Cavalcanti Accioly Lins, sendo ambos netos de Manuel Buarque de Gusmão Lima. A avó materna de Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira, Luísa Buarque de Hollanda Cavalcanti, é irmã do avô paterno de Francisco Buarque de Hollanda, Cristóvão Buarque de Hollanda. Uma genealogia parcial,

Manuel Buarque de Gusmão Lima c.c. Maria Magdalena Pais de Hollanda Cavalcanti (Pais Barreto)

Luísa Buarque de Hollanda Cavalcanti c.c. Berino Justiniano Accioly Lins

Maria Buarque Cavalcanti Accioly Lins c.c. Manuel Hermelindo Ferreira

Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira

José Luís Pais Barreto Buarque

Cristóvão Buarque de Hollanda c.c. Heloísa de Araújo

Sérgio Buarque de Hollanda

Francisco Buarque de Hollanda

O "eu" feminino

Chico Buarque, Geraldo Azevedo e Elba Ramalho em foto de 1980.

Composições que se notabilizaram pela decantação de um "eu lírico" feminino, retratando temas a partir do ponto de vista das mulheres com notável poesia e beleza: esse estilo é adaptado em Com açúcar, com afeto escrito para Nara Leão; continuou nessa linha com belas canções como Olhos nos Olhos e Teresinha, gravadas por Maria Bethânia, Atrás da Porta, interpretada por Elis Regina, e Folhetim, com Gal Costa, Iolanda (versão adaptada de letra original de Pablo Milanés), num dueto com Simone, Anos Dourados – um clássico feito em parceria com Tom Jobim para a minissérie de mesmo nome e "O Meu Amor" para a peça "Ópera do Malandro" interpretada por Marieta Severo, Cristina Branco e Elba Ramalho sendo que, para essa última, fez também "Palavra de Mulher".

Intérpretes de Chico Buarque

Chico Buarque com o músico Henrique Mann, em meados dos anos 1980.

O cantor nunca se negou a oferecer composições originais a seus amigos cantores. Muitas dessas passaram a ter versões definitivas em outras vozes. Além das citadas canções do "eu" feminino de Chico, temos o exemplo da performance de Elis Regina na canção Atrás da Porta e O cio da terra, com gravações de Milton Nascimento e da dupla rural Pena Branca & Xavantinho. Há também interpretações de Oswaldo Montenegro, que, em 1993, lançou o disco Seu Francisco, produzido por Hermínio Bello de Carvalho, e Ney Matogrosso que, em 1996, lançou Um Brasileiro. Neste mesmo ano, o sambista João Nogueira, em parceria do maestro Marinho Boffa, gravaram o disco "Chico Buarque, Letra & Música", com 14 canções que marcaram a carreira do cantor.

Deve-se mencionar ainda seu êxito em outras composições que fez para cantores populares que não estavam em destaque, como nos casos de Ângela Maria, que gravou Gente Humilde, e Cauby Peixoto com Bastidores. Dentre os artistas que regravaram músicas suas em estilo popular, podem ser citados ainda Rolando Boldrin, que relançou Minha História, e a banda Engenheiros do Hawaii que, no ano 2000, gravou Quando o Carnaval Chegar, no álbum 10 000 Destinos.

Parceiros

Desde muito jovem, Chico conquistou reconhecimento de crítica e público tão logo os primeiros trabalhos foram apresentados. Ao longo da carreira, foi parceiro como compositor e intérprete de vários dos maiores artistas da MPB como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Toquinho, Milton Nascimento, Ruy Guerra e Caetano Veloso. Os parceiros mais constantes são Francis Hime e Edu Lobo.

Obra teatral

O cantor, homenageado pela Mangueira, durante o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro de 1998 no Sambódromo da Marquês de Sapucaí.

Em 1965, a pedido de Roberto Freire, diretor do Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA), na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Chico musicou o poema Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto, para a montagem da peça. Desde então, sua presença no teatro brasileiro tem sido constante:

Roda viva

A peça Roda viva foi escrita por Chico Buarque no final de 1967 e estreou no Rio de Janeiro, no início de 1968, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa, com Marieta Severo, Heleno Pests e Antônio Pedro nos papéis principais. A temporada no Rio foi um sucesso, mas a obra virou um símbolo da resistência contra o regime militar durante a temporada da segunda montagem, com Marília Pêra e Rodrigo Santiago. Um grupo de cerca de 110 pessoas do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) invadiu o Teatro Galpão, em São Paulo, em julho daquele ano, espancou artistas e depredou o cenário. No dia seguinte, Chico Buarque estava na plateia para apoiar o grupo e começava um movimento organizado em defesa de Roda viva e contra a censura nos palcos brasileiros. Chico disse no documentário Bastidores, que pode ter havido um erro, e que a peça que o comando deveria invadir acontecia em outro espaço do teatro.

Calabar

Calabar: o Elogio da Traição, foi escrita no final de 1973, em parceria com o cineasta Ruy Guerra e dirigida por Fernando Peixoto. A peça relativiza a posição de Domingos Fernandes Calabar no episódio histórico em que ele preferiu tomar partido ao lado dos holandeses contra a coroa portuguesa. Era uma das mais caras produções teatrais da época, custou cerca de 30 mil dólares e empregava mais de 80 pessoas. Como sempre, a censura do regime militar deveria aprovar e liberar a obra em um ensaio especialmente dedicado a isso. Depois de toda a montagem pronta e da primeira liberação do texto, veio a espera pela aprovação final. Foram três meses de expectativa e, em 20 de outubro de 1974, o general Antônio Bandeira, da Polícia Federal, sem motivo aparente, proibiu a peça, proibiu o nome "Calabar" e proibiu que a proibição fosse divulgada. O prejuízo para os autores e para o ator Fernando Torres, produtores da montagem, foi enorme. Seis anos mais tarde, uma nova montagem estrearia, desta vez, liberada pela censura.

Gota d'água

Em 1975, Chico escreveu com Paulo Pontes a peça Gota d'Água, a partir de um projeto de Oduvaldo Viana Filho, que já havia feito uma adaptação de Medeia, de Eurípedes, para a televisão. A tragédia urbana, em forma de poema com mais de quatro mil versos, tem como pano de fundo as agruras sofridas pelos moradores de um conjunto habitacional, a Vila do Meio-dia, e, no centro, a relação entre Joana e Jasão, um compositor popular cooptado pelo poderoso empresário Creonte. Jasão termina por largar Joana e os dois filhos para casar-se com Alma, a filha do empresário. A primeira montagem teve Bibi Ferreira no papel de Joana e a direção de Gianni Ratto. Luiz Linhares foi um dos atores daquela primeira montagem.

Ópera do malandro

Ver artigo principal: Ópera do Malandro

O texto da Ópera do malandro é baseado na Ópera dos mendigos (1728), de John Gay, e na Ópera de três vinténs (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill. O trabalho partiu de uma análise dessas duas peças conduzida por Luís Antônio Martinez Corrêa e que contou com a colaboração de Maurício Sette, Marieta Severo, Rita Murtinho e Carlos Gregório. A equipe também cooperou na realização do texto final através de leituras, críticas e sugestões. Nessa etapa do trabalho, muito valeram os filmes Ópera de três vinténs, de Pabst, e Getúlio Vargas, de Ana Carolina, os estudos de Bernard Dort O teatro e sua realidade, as memórias de Madame Satã, bem como a amizade e o testemunho de Grande Otelo. Participou ainda o professor Manuel Maurício de Albuquerque para uma melhor percepção dos diferentes momentos históricos em que se passam as três óperas. O professor Werneck Viana contribuiu posteriormente com observações muito esclarecedoras. E Maurício Arraes juntou-se ao grupo, já na fase de transposição do texto para o palco. A peça é dedicada à lembrança de Paulo Pontes.

O Grande Circo Místico

Ver artigo principal: O Grande Circo Místico

Inspirado no poema do modernista Jorge de Lima, Chico e Edu Lobo compuseram juntos a trilha sonora para este espetáculo especialmente criado para o Balé Teatro Guaíra, de Curitiba, que estreou em 17 de março de 1983. Durante os dois anos seguintes, viajaram o país apresentando este que foi um dos maiores e mais completos espetáculos já realizados. Um disco coletivo foi lançado pela Som Livre para registrar a obra, com interpretações de grandes nomes da MPB.

Djavan Caetano Viana (Maceió, 27 de janeiro de 1949) é um cantor, compositor, arranjador, produtor musical, empresário e violonista brasileiro.

Djavan mescla inúmeros estilos, entre eles o jazz, o blues, o samba e a música flamenca. Dentre suas canções mais conhecidas, destacam-se: "Sina", "Flor de Lis", "Lilás", "Pétala", "Se…", "Nem Um Dia", "Eu Te Devoro", "Oceano", "Açaí", "Samurai" e "Meu Bem Querer".

Biografia

1949-1973: O início

Djavan é filho de uma mãe negra chamada Virginia e de um pai branco que trabalhava como ambulante. Sua mãe, lavadeira, entoava canções de Ângela Maria, Dalva de Oliveira e Orlando Silva.[1] Djavan por pouco não se tornou um jogador de futebol. Entre os 11 e 12 anos, dividia seu tempo e sua paixão entre o jogo de bola nas várzeas de Maceió e o equipamento de som quadrafônico da casa de Dr. Ismar Gatto, pai de um amigo de escola. Da primeira paixão, despontava como meio-campo no time juvenil do CSA (Maceió), onde poderia ter feito até carreira profissional. Aos 23 anos, chega ao Rio de Janeiro para tentar a sorte no mercado musical.Trabalhou como crooner de boates famosas como a Number One e 706. Com a ajuda de Edson Mauro, radialista e conterrâneo, conhece João Araújo, presidente da Som Livre, que o leva para a TV Globo. Passa a cantar trilhas sonoras de novelas, para as quais grava músicas de compositores consagrados como "Alegre Menina" (Dori Caymmi, com letra de Jorge Amado), da novela Gabriela, "Qual é" (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle), da novela Os Ossos do Barão (1973), e "Calmaria e Vendaval" (Toquinho e Vinícius de Moraes).

1975-1976: "Fato Consumado", o abre-alas

Em três anos, nas horas vagas do microfone, compõe mais de 60 músicas, de variados gêneros; com uma delas, "Fato Consumado", tira segundo lugar no Festival Abertura de 1975, idealizado pela Rede Globo, e chega ao estúdio da Som Livre. Lá grava o seu primeiro disco, que contou com a produção de Aloysio de Oliveira, mítico produtor de Carmen Miranda e Tom Jobim. ''A voz, o violão, a música de Djavan'' de 1976 é um disco de samba sacudido, sincopado e diferente de tudo que se fazia na época. Visto hoje, este trabalho não marca apenas a estréia de Djavan. Torna-o figura incontornável na história da música brasileira. O seu primeiro álbum trouxe o "carro-chefe": "Flor de Lis" que se torna um grande hit nas rádios.Além do sucesso ''Fato Consumado", o álbum mostra outras composições que ganharam reconhecimento entre críticos e fãs como: "Maria das Mercedes", "Embola Bola", e "Para-Raio"

1977-1979: "Cara de Índio"

Depois de algum tempo fez shows solo durante três meses para a boate 706, e posteriormente sairia da Som Livre integrando-se à Odeon. Djavan grava seu segundo disco, de título Djavan, lançado em 1978, que posteriormente receberia o subtítulo de "Cara de Índio" (nome da primeira faixa do álbum). Empolgada com seu novo artista, a EMI-Odeon investe pesado no álbum. Com uma orquestra dos melhores músicos da praça de 1978, Djavan, marcado pela descoberta das grandes canções de amor e desamor, consagra-o como um compositor completo.

Além de "Cara de Índio" que retrata a cultura e a visão social dos índios brasileiros, o álbum possui a canção "Álibi" que na mesma época seria gravada por Maria Bethânia, tornando-se um enorme sucesso no país, que foi a faixa-título do álbum de maior sucesso da cantora, Álibi (que foi o primeiro álbum de uma intérprete feminina na história da música brasileira cuja venda ultrapassou 1 milhão de cópias). Outras canções do mesmo álbum também seriam regravadas: "Dupla Traição", por Nana Caymmi, e "Samba Dobrado", por Elis Regina no Montreux Jazz Festival.[1][4] Djavan também grava um videoclipe da canção "Serrado" para o programa Fantástico da Rede Globo e, mesmo não estando mais na Som Livre, torna-a em mais um sucesso do artista. Dentre outras canções importantes do álbum está "Nereci", constando de várias coletâneas internacionais, sendo classificada na maioria como uma "canção dançante".

1980: "Meu Bem Querer"

Dois anos depois, em 1980, Djavan lança o álbum Alumbramento e mostra que, além de completo, dialoga bem com seus pares. O disco inaugura parcerias com Aldir Blanc, Cacaso (em "Triste Baía de Guanabara") e Chico Buarque (em "A Rosa"), agora definitivamente colegas de primeiro time da MPB. A esta altura, talento reconhecido por crítica e público, Djavan vê algumas de suas canções ganharem outras vozes: Maria Bethânia grava "Álibi"; Roberto Carlos grava “A Ilha”; Gal Costa grava "Açaí" e “Faltando um Pedaço”; e Caetano Veloso, retribuindo a homenagem do verbo "caetanear", substitui-o por "djavanear" em sua versão de "Sina". A canção "Meu Bem Querer" foi trilha sonora de três telenovelas da Rede Globo: Coração Alado, como tema da personagem Vívian, interpretada por Vera Fischer, A Indomada, na versão original e ainda foi tema de abertura da novela Meu Bem Querer, em nova versão. A canção se tornou um dos maiores sucessos da carreira do cantor.

1981: Seduzir

Em 1981 e 1982, Djavan leva o prêmio de melhor compositor pela Associação Paulista dos Críticos de Arte. O ciclo vitorioso de lançamentos pela EMI-Odeon encerra-se em 1981, com o albúm Seduzir. Um disco de afirmação, como o próprio Djavan escreveria em seu encarte: ''O pouco que aprendi está aqui. Pleno. Dos pés à cabeça''. Depois de uma viagem de Djavan à cidade de Luanda na Angola, acompanhado de Marieta Severo, Chico Buarque, Zezé Motta, Gonzaguinha, Paulinho Nogueira e Walter Franco surgem as primeiras canções a falar da África e o início das turnês pelo Brasil, guiadas pela produtora Monique Gardenberg e o diretor Paulinho Albuquerque. O álbum Seduzir foi avaliado pela allmusic com nota máxima, onde o crítico Alex Henderson compara as composições e estilo musical de Djavan aos do Beatles e Stevie Wonder, além de citar como significantes faixas como "Seduzir", "Morena de Endoidecer", "Jogral" e "Faltando um Pedaço".Outra herança de Seduzir foi a primeira banda própria, de nome Sururu de Capote, composta por Luiz Avellar no piano, Sizão Machado no baixo, Téo Lima como baterista e Zé Nogueira nos sopros.

1982-1983: Luz e o reconhecimento internacional

Em 1982, "Flor-de-lis", hit instantâneo do disco inaugural, tornou-se o primeiro sucesso de Djavan no disputado mercado norte-americano, na voz da diva Carmen McRae, com o título de "Upside Down". Chega o convite da gravadora CBS, futura Sony Music, e Djavan embarca para Los Angeles para gravar, sob a produção de Ronnie Foster, um dos principais nomes da música soul norte-americana, o disco Luz, que tem a participação de Stevie Wonder na canção "Samurai", além de outros grandes sucessos que se eternizariam como "Sina", "Pétala", "Açaí", "Capim". O trabalho resulta em uma mescla da musicalidade brasileira típica de se exportar com a influência jazzy americana.

Em 1983 participou do hit "Superfantástico", do grupo infantil de grande sucesso Turma do Balão Mágico.

1984-1990: Lilás, Meu Lado, Não é Azul, Mas é Mar e Oceano

Em 1984, em Los Angeles, Djavan grava ainda um segundo disco Lilás, com a faixa título de mesmo nome, que foi executada mais de 1.300 vezes nas rádios brasileiras em seu dia de estréia. O álbum ainda produz outro grande sucesso para as rádios: "Esquinas".

Em 1985, é lançada uma compilação do repertório dos álbuns Luz e Lilás nos EUA.

Seguem-se dois anos de viagens em turnê pelo mundo. Ainda nesta época, Djavan se dedica a carreira de ator, no filme Para Viver um Grande Amor, de Miguel Faria Jr., no qual Djavan interpreta um mendigo apaixonado que se encanta pela moça rica, interpretada por Patrícia Pillar.

Por volta dos anos de 1983-1984 havia rumores de um caso extraconjugal, em que Djavan teria se envolvido com a atriz Glória Pires, este fato foi desmentido pelo próprio cantor em uma entrevista a revista Playboy, tendo afirmado para a revista "(Glória Pires) Tinha esse encantamento por mim...Mas não chegamos a namorar, não." Na mesma publicação, Djavan afirmou que a sua relação extraconjugal envolveu a atriz Patricia Pillar, com a qual se relacionou por onze meses, tendo-se iniciado nas gravações do filme Para Viver um Grande Amor, onde contracenaram, Djavan separou-se de Aparecida, sua mulher, mas não manteve mais contato com Patrícia.

Em 1986, volta a gravar no Brasil. Meu lado, além do retorno, é também um recomeço. Uma volta ao samba, já com estilo musical identificado pelo público, mas também um passeio por baiões, canções e baladas. Este é o Djavan em dez anos de carreira: explorador do som,das palavras, das imagens inusitadas, da variedade rítmica, das brincadeiras com andamentos, melodias fora dos padrões e riqueza harmônica. Presente em outras canções, a ancestralidade africana está impressa em Meu lado, com a "Hino da Juventude Negra da África do Sul" e com ainda maior vigor em "Soweto", sua primeira canção efetivamente de protesto, música que abre Não é azul, mas é mar (1987), gravado novamente em Los Angeles e lançado como Bird of Paradise, com canções em inglês de Djavan: "Stephe's Kingdom" (com participação de Stevie Wonder), "Bird of Paradise"e "Miss Sussana".

O disco seguinte, Djavan (1989), é lembrado como «aquele de "Oceano"», o clássico, uma daquelas raras canções perfeitas em forma, conteúdo, música e letra. A faixa-título, inclusa na trilha sonora da novela Top Model, torna-se um dos maiores sucessos do compositor. O álbum produz ainda outros sucessos como "Cigano", "Avião" e "Mal de Mim", esta inclusa na minissérie da TV Globo O Sorriso do Lagarto . Assim como Bird of Paradise, Oceano também é lançado no exterior em 1990, com o título de Puzzle of Hearts, contendo versões em inglês para as faixas "Avião" ("Being Cool"), "Oceano" ("Puzzle of Hearts") e "Curumim" ("Amazon Farewell").

Anos 1990: diversificação de estilos em Coisa de Acender, Novena, Malásia e Bicho Solto

Djavan inicia os anos 90 com o aclamado álbum Coisa de Acender. Lançado em 1992, é um dos álbuns mais criativos e diversificados do cantor, onde se pode notar uma grande influência de estilos como jazz, soul, blues e funk norte-americano, aliados ao estilo inconfundível de suas composições. Merecem destaque as faixas "Linha do Equador" (parceria de Djavan e Caetano Veloso), "Se", "Boa Noite", "Alivio", "Outono" e "A Rota do Indivíduo (Ferrugem)", uma balada densa e introspectiva, de melodia complexa e muito elaborada. Na fusão de ritmos e harmonias inovadoras de Coisa de Acender, voltam as parcerias, entre elas, com a filha Flávia Virginia, no vocal em várias faixas.

Aos 45 anos de vida e 20 de carreira, em 1994, Djavan lança Novena, obra que marca sua maturidade. Inteiramente composto, produzido e arranjado por ele, o disco consolida o trabalho com sua banda, composta então por Paulo Calazans no teclado, Marcelo Mariano ou Arthur Maia, baixo, Carlos Bala na bateria e Marcelo Martins, sopros.

Com Malásia (1996), a banda se expande e ganha a participação do naipe de metais: Marçalzinho na percussão, Walmir Gil no trompete e François Lima no trombone. O álbum traz raro, três faixas de outros compositores: “Coração Leviano”, de Paulinho da Viola, “Sorri”, versão de Braguinha para “Smile”, de Chaplin e “Correnteza”, de Tom Jobim e Luiz Bonfá. No disco, Djavan está reflexivo e melódico. Duas canções deste álbum, Correnteza e Nem Um Dia, fizeram parte respectivamente das trilhas sonoras das novelas de grande sucesso O Rei do Gado e Por Amor. O álbum Bicho Solto (1998), dois anos depois, já traz o artista festivo e dançante, incendiando pistas ao ritmo do funk.

Ambos os trabalhos comemoram os 20 de carreira, o primeiro com seu estilo pessoal, o segundo, com o rejuvenescimento do artista. Entre as parcerias, a entrada definitiva do guitarrista Max Viana, seu filho, na banda. A marca de dois milhões de cópias vendidas fica a cargo do duplo Ao Vivo (1999). Primeiro gravado fora dos estúdios, o disco traz quase uma antologia de sua obra, com 24 faixas, 22 grandes sucessos. O lançamento leva Djavan a três anos de turnê.

Anos 2000: Milagreiro, Vaidade, Na Pista, etc. e Matizes

A canção "Acelerou" foi escolhida a melhor canção brasileira de 2000 no Grammy Latino.[10] No ano 2000, Djavan recebeu os Prêmios Multishow de melhor cantor, melhor show e melhor CD. Milagreiro, de 2001, é uma dupla volta para casa. O primeiro gravado integralmente em seu estúdio caseiro, com a ajuda dos filhos Max e João Viana e Flávia Virginia, e um retorno à casa original, Alagoas, com a onipresente temática nordestina. Em 2004, o músico comemora independência total, com a criação de sua própria gravadora, a Luanda Records, que viria a lançar seus dois discos seguintes, Vaidade (2004) e Na Pista, etc. (2005), um disco de suas canções remixadas para dançar e Matizes, (2007). É o surgimento do empresário Djavan Caetano Viana.

Anos 2010: Ária, Rua dos Amores e Vidas pra Contar

Djavan durante um show em 2011

Em 2010, Ária é o primeiro em que Djavan exerce exclusivamente a arte de interpretar canções de outros compositores. Sempre rigoroso na condução de sua carreira, ele aguardou o auge da maturidade vocal para se debruçar sobre um repertório escolhido entre a sua memória afetiva e suas antenas sempre ligadas para o que é musical e interessante.

Em 2012 lança Rua dos Amores. Após quatro anos sem deliberadamente compor nada –além do intenso envolvimento com Ária– Djavan nos presenteia com este novo disco. Passeando pelos ritmos e sonoridades brasileiras como quem atravessa a rua onde nasceu, cresceu e se criou, o autor assina letras e melodias das 13 novas canções, fez todos os arranjos e é o produtor do CD. Rua dos amores é um disco de canções de amor, ponto. E canções as mais diversas possíveis, na forma e no conteúdo. Ouvi-las é passear por essa diversidade, sem perda de um estilo único jamais. A música "Vive", em parceria com Maria Bethânia, é tema da novela Salve Jorge.

No ano de 2014 é lançado o CD e DVD Rua dos Amores Ao Vivo. Neste estão presentes sucessos do cantor, além da música inédita "Maledeto".

Em 2015 Djavan recebe um Grammy Latino pelo conjunto da obra. Em 2016, foi indicado ao Grammy Latino de Gravação do Ano e ao Grammy Latino de Melhor Canção em Língua Portuguesa por sua canção "Vidas Pra Contar"; o álbum da faixa homônima, também foi indicado ao Grammy Latino de Álbum do Ano e ao Grammy Latino de Melhor Álbum Cantador.

Em 2018, ganhou um álbum tributo em ritmo de reggae intitulado Jah-Van – Djavan goes Jamaica produzido por BiD e Fernando Nunes. No mesmo ano, seu álbum Vesúvio foi eleito o 35º melhor disco brasileiro de 2018 pela revista Rolling Stone Brasil.

Ancestralidade

Em 2007 submeteu-se a um teste de DNA para verificar sua ancestralidade os resultados do teste de Djavan — ancestral materna africana e paterna europeia revelam um padrão da população brasileira, que nasceu da mistura dos colonizadores portugueses com as índias nativas e com as africanas trazidas como escravas.

O teste que examinou a ancestralidade materna do cantor revelou um conjunto de sequências genéticas (haplogrupo) que é predominantemente encontrado na África Ocidental e atinge frequências máximas (17%) no Senegal.

O exame que rastreou a linhagem paterna identificou um haplogrupo "tipicamente europeu e mais característico dos países do norte"

Caetano Emanoel Viana Teles Veloso OMC (Santo Amaro, 7 de agosto de 1942) é um músico, produtor, arranjador e escritor brasileiro. Com uma carreira que ultrapassa cinco décadas, Caetano construiu uma obra musical marcada pela releitura e renovação e considerada amplamente como possuidora de grande valor intelectual e poético. Embora desde cedo tivesse aprendido a tocar violão em Salvador, escrito entre os anos de 1960 e 1962 críticas de cinema para o Diário de Notícias e conhecido o trabalho dos cantores de rádios e dos músicos de bossa nova (notavelmente João Gilberto, seu "mestre supremo" e com quem dividiria o palco anos mais tarde), Caetano iniciou seu trabalho profissionalmente apenas em 1965, com o compacto "Cavaleiro/Samba em Paz", enquanto acompanhava a irmã mais nova Maria Bethânia por suas apresentações nacionais do espetáculo Opinião, no Rio de Janeiro.

Nessa década, conheceu Gilberto Gil, Gal Costa e Tom Zé, participou dos festivais de música popular da Rede Record e compôs trilhas de filmes. Em 1967, saiu seu primeiro LP, Domingo, com Gal Costa, e, no ano seguinte, liderou o movimento chamado Tropicalismo, que renovou o cenário musical brasileiro e os modos de se apresentar e criar música no Brasil, através do disco Tropicalia ou Panis et Circencis, ao lado de vários músicos. Em 1968, face ao endurecimento do regime militar no Brasil, compôs o hino "É Proibido Proibir", que foi desclassificado e amplamente vaiado durante o III Festival Internacional da Canção. Em 1969, foi preso pelo regime militar e partiu para exílio político em Londres, onde lançou o disco Caetano Veloso (1971), disco com temática melancólica e com canções compostas em inglês e endereçadas aos que ficaram no Brasil. O disco Transa (1972) representou seu retorno ao país e seu experimento com compassos de reggae. Em 1976, uniu-se a Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia para formar os Doces Bárbaros, grupo influenciado pela temática hippie dos anos 1970, lançando um disco, Doces Bárbaros, e saindo em turnê. Na década de 1980, mais sóbrio, apadrinhou e se inspirou nos grupos de rock brasileiros, aventurou-se na produções dos discos Outras Palavras, Cores, Nomes, Uns e Velô, e, em 1986, participou de um programa de televisão com Chico Buarque. Na década de 1990, escreveu o livro Verdade Tropical (1997) e o disco Livro (1998). Ganhou o Prêmio Grammy em 2000, na categoria World Music. Com o disco A Foreign Sound, cantou clássicos norte-americanos. Em 2006, lançou o álbum Cê, fruto de sua experimentação com o rock e o underground. Unindo estes gêneros ao samba, Zii e Zie, de 2009, manteve a parceria com a Banda Cê, que encerrou-se no disco Abraçaço, de 2012.

Caetano Veloso é considerado um dos artistas brasileiros mais influentes desde a década de 1960, tendo já sido chamado de "aedo pós-moderno". Em 2004, foi considerado um dos mais respeitados e produtivos músicos latino-americanos do mundo, tendo mais de cinquenta discos lançados e canções em trilhas sonoras de filmes como Hable con Ella, de Pedro Almodovar e Frida, de Julie Taymor. Ao longo de sua carreira, também se converteu numa das personalidades mais polêmicas no Brasil. É uma das figuras mais importantes da música popular brasileira e considerado internacionalmente um dos melhores compositores do século XX sendo comparado a nomes como Bob Dylan, Bob Marley, John Lennon e Paul McCartney, Foi eleito pela revista Rolling Stone o 4º maior artista da música brasileira de todos os tempos pelo conjunto da obra[8] e pela mesma revista o 8º maior cantor brasileiro de todos os tempos

Biografia

Vida Pessoal

Caetano junto com seus filhos

Caetano Veloso nasceu em 7 de agosto de 1942 em Santo Amaro, na Bahia, como o quinto dos sete filhos de José Teles Velloso (1901-1983), o "Seu Zezinho", funcionário público da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, e Claudionor Viana Teles Velloso, mais conhecida como "Dona Canô" (1907-2012), casados em 7 de janeiro de 1931. Possui ascendência indígena, mais precisamente da etnia pataxó, por parte de uma bisavó paterna, negra afro-brasileira e portuguesa, pela parte de pai.

Desde pequeno, mostrou imenso interesse em arte e pintura. Em 1946, sua irmã mais nova nasceu. Veloso foi fundamental no momento da escolha de seu nome: o garoto de quatro anos de idade que adorava música brasileira, inspirado na valsa "Maria Bethânia" do compositor Capiba e sucesso na voz do cantor Nélson Gonçalves, assim escolheu o nome da irmã, Maria Bethânia. Ambos veriam sua trajetória artística se cruzar por diversos momentos e foram os dois filhos de Dona Canô que mais se destacaram no cenário nacional.

Dois acontecimentos principais o fizeram optar pela música. Aos dezesseis anos, sofreu um impacto que mudou definitivamente os seus planos de trabalhar no cinema: ouviu, num programa da Rádio Mayrink Veiga, a canção "Chega de Saudade" na voz de Marisa Gata Mansa e tomou conhecimento do disco homônimo de 1959 de João Gilberto. "Foi o marco mais nítido que uma canção já me deixou na vida", recordaria anos mais tarde. As maiores influências musicais desta época foram alguns cantores em voga na época, como "o rei do baião" Luiz Gonzaga, e canções de maior apelo regional, como sambas de roda e pontos de candomblé. Em 1956, frequentou o auditório da Rádio Nacional, na cidade do Rio de Janeiro, que contava com apresentações dos maiores ídolos musicais brasileiros.[carece de fontes] Caetano Veloso teve vários relacionamentos sendo o mais polémico com Paula Lavigne, com quem teve a primeira relação sexual, tinha ela treze anos de idade e Caetano Veloso tinha quarenta anos de idade. Paula Lavigne, divulgou o facto em várias revistas nos anos noventa, tendo mesmo admitido que manteve este relacionamento ao longo de toda a sua adolescência.

Trajetória artística

Iniciou a carreira interpretando canções da bossa nova, sob influência de João Gilberto, um dos ícones e fundadores desse tipo de canção. Colaborou com os primórdios de um estilo musical que ficou conhecido como MPB (música popular brasileira), deslocando o melodia pop na direção de um ativismo político e de conscientização social. O nome ficou então associado ao movimento hippie do final dos anos 1960 e às canções do movimento da Tropicália. Trabalhou como crítico cinematográfico no jornal Diário de Notícias, dirigido pelo diretor e conterrâneo Glauber Rocha. A obra adquiriu um contorno pesadamente engajado e intelectualista, o artista firmava-se, sendo respeitado e ouvido pela mídia e pela crítica especializada.

Participou na juventude de espetáculos semiamadores ao lado de Tom Zé, da irmã Maria Bethânia e do parceiro Gilberto Gil, integrando o elenco de "Nós, por exemplo", "Mora na filosofia" e "Nova bossa velha, velha bossa nova" em 1964. O primeiro trabalho musical foi uma trilha sonora para a peça teatral Boca de ouro, do escritor Nelson Rodrigues, do qual Bethânia participou em 1963, e também escreveu a trilha da peça "A exceção e a regra", do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, dirigido por Álvaro Guimarães, na mesma época em que ingressou na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia.

Início da carreira musical

Caetano Veloso no III Festival da Música Popular, 1967. Arquivo Nacional.

Foi lançado no cenário musical nacional pela irmã, a já reconhecida cantora Maria Bethânia, que gravou uma canção de sua autoria no primeiro disco, "Sol negro", um dueto com Gal Costa (as duas foram as cantoras que mais gravaram músicas de sua autoria). Em 1965, lançou o primeiro compacto, com as canções "Cavaleiro" e "Samba em Paz", ambas de sua autoria, pela RCA, que posteriormente transformou-se em BMG (adquirida depois pela Sony Music), participando também do musical "Arena canta Bahia" (ao lado de Gal, Gil, Bethânia e Tom Zé), dirigido por Augusto Boal e apresentado no TBC (São Paulo). Teve músicas incluídas na trilha do curta-metragem "Viramundo", dirigido por Geraldo Sarno.

O primeiro LP gravado, em parceria com Gal Costa, foi Domingo (1967), produzido por Dori Caymmi, lançado pela gravadora Philips, que, posteriormente, transformou-se em Polygram (atualmente, Universal Music), que lançaria quase todos os seus discos. "Domingo" contou com uma sonoridade totalmente bossa-novista e a ele pertence o primeiro êxito popular da carreira, a canção "Coração vagabundo". Mesmo não tendo sido um estrondoso sucesso, garantiu um bom reconhecimento à dupla e foi muito aclamado pelo meio musical da época, como Elis Regina, Wanda Sá, o próprio Dori Caymmi e Edu Lobo, marcando a estreia de ambos nessa gravadora, a convite do então diretor artístico João Araújo. A canção "Um dia", do repertório deste disco, recebeu o prêmio de melhor letra no II Festival de Música Popular Brasileira da TV Record.

Tropicalismo

Ver artigo principal: Tropicalismo

Nesse mesmo ano, foi lançado seu primeiro LP individual, Caetano Veloso, que trouxe canções como "No dia em que vim-me embora", "Tropicália", "Soy loco por ti América", "Superbacana" e a canção Alegria, Alegria - também lançada em compacto simples - que, ao som das guitarras elétricas do grupo argentino Beat Boys, enlouqueceu o terceiro Festival de Música Popular Brasileira (TV Record, outubro de 1967), juntamente com Gilberto Gil, que interpretou Domingo no Parque, classificadas respectivamente em quarto e segundo lugar. Era o início do Tropicalismo, movimento este que representou uma grande efervescência na música popular brasileira.

Este marco foi realizado pelo lançamento do álbum Tropicalia ou Panis et Circencis (julho de 1968), disco coletivo que contou com as participações de outros nomes consagrados do movimento, como Nara Leão, Os Mutantes, Torquato Neto, Rogério Duprat, Capinam, Tom Zé, Gilberto Gil e Gal Costa. Ficou associada a este contexto a canção "É Proibido Proibir", da sua autoria (mesmo compacto que incluía a canção Torno a repetir, de domínio público), que ocasionou um dos muitos episódios antológicos da eliminatória do 3.º Festival Internacional da Canção (TV Globo), no Teatro da Universidade Católica (São Paulo, 15 de setembro de 1968). Vestido com roupa de plástico, acompanhado pelas guitarras distorcidas d'Os Mutantes, ele lança de improviso um histórico discurso contra a plateia e o júri. "Vocês não estão entendendo nada!", gritou. A canção foi desclassificada, mas também foi lançada em compacto simples. Em novembro, Gal defendeu sua canção "Divino maravilhoso", parceria sua com Gil, no mesmo musical onde participou defendendo a canção "Queremos guerra" (de Jorge Benjor). Caetano lançou um compacto duplo que continha a gravação do samba "A voz do morto" que foi censurado, com isso o LP foi recolhido das lojas.

O ímpeto tropicalista logo se viu sintonizado com a criação artística que fervilhava em outras linguagens. "Eu tinha escrito 'Tropicália' havia pouco tempo quando O Rei da Vela [texto de Oswald de Andrade, encenado por José Celso Martinez Corrêa] estreou. Assistir a essa peça representou para mim a revelação de que havia de fato um movimento acontecendo no Brasil. Um movimento que transcendia o âmbito da música popular", lembra o artista.

Naturalmente, o movimento não tardaria a abraçar também a esfera do comportamento. Caetano Veloso e Jorge Mautner foram os primeiros andróginos da música popular brasileira. Em seu primeiro show na volta ao Brasil, em 1972, Caetano encarava o público de brincos de argolas, tamancos, batom e tomara-que-caia. Caetano Veloso foi a maior referência para o artista Ney Matogrosso — que, mais tarde, estrearia no grupo Secos & Molhados.

Regime militar

Desde o início da carreira, Veloso sempre demonstrou uma posição política contestadora, sendo até confundido como um militante de esquerda, ganhando por isso a inimizade do regime militar instituído no Brasil em 1964 e cujos governos perduraram até 1985. Por esse motivo, as canções foram frequentemente censuradas neste período, e algumas até banidas. Em 27 de dezembro de 1968, Veloso e o parceiro Gilberto Gil foram presos, acusados de terem desrespeitado o hino nacional e a bandeira brasileira. Foram levados para o quartel do Exército de Marechal Deodoro, no Rio, e tiveram suas cabeças raspadas.

Ambos foram soltos em 19 de fevereiro de 1969, quarta-feira de cinzas, e seguiram para Salvador, onde tiveram de se manter em regime de confinamento, sem aparecer nem dar declarações em público. Em julho de 1969, após dois shows de despedida no Teatro Castro Alves, nos dias 20 e 21, Caetano e Gil partiram com suas mulheres, respectivamente as irmãs Dedé e Sandra Gadelha, para o exílio na Inglaterra. O espetáculo, precariamente gravado, se transformou no disco "Barra 69", de três anos mais tarde.

Antes de partir para o exílio, em abril e maio de 1969, Caetano gravou as bases de voz e violão do próximo disco, "Caetano Veloso", que foram mandadas para São Paulo, onde o maestro Rogério Duprat faria os arranjos e dirigiria as gravações do disco, lançado em agosto - um dos únicos que não traz uma foto sua na capa. No repertório, destaque para as canções "Atrás do trio elétrico" (lançada em novembro em compacto simples com "Torno a repetir"), "Irene" feita na cadeia em homenagem à irmã, o grande sucesso "Marinheiro só", e regravações de "Carolina", de Chico Buarque (regravada muitos anos depois no CD Prenda minha) e o tango argentino "Cambalache".

A canção "Não identificado", desse mesmo disco, foi lançada em novembro em compacto simples, juntamente com "Charles anjo 45", de Jorge Ben, em dueto com o próprio. Além disso, também trabalhou como produtor musical, com João Gilberto ("João voz e violão"), Jorge Mautner ("Antimaldito"), Gal Costa ("Cantar", cujo espetáculo originado deste também foi dirigido por ele) e a irmã Maria Bethânia ("Drama - Anjo Exterminado", com faixa-título da autoria), caracterizando-se também por numerosas canções gravadas por outros intérpretes.

Década de 1970

Caetano no inicio da década de 1970 em São Paulo

A maior parte das canções do álbum Caetano Veloso, gravado em Londres pelo selo Famous da Paramount Records, foram cantadas em inglês, e Transa mesclou português e inglês nas canções, ambos de 1971. Um dos sucessos deste, London London, acabou por ser regravada pelo grupo RPM quinze anos depois, novamente colocando a canção nas paradas de sucesso, e a regravação de Asa branca (de autoria da dupla Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira).

"Transa", com uma capa inusitada em formato de objeto tridimensional, com destaque para a regravação do samba "Mora na filosofia" (de autoria da dupla Monsueto e Arnaldo Passos) e "Triste Bahia" (feita sobre inspiração de um trecho de soneto do conterrâneo, o poeta barroco Gregório de Matos). "Transa" também iniciou uma trilogia marcada pelo experimentalismo. O segundo trabalho nesse caminho foi o polêmico "Araçá Azul" (1973), que surpreendeu pelo perfil anticomercial, tendo por isso grande número de devoluções, foi retirado de catálogo e relançado somente em 1987.

Em fins de 1971, também lançou o compacto duplo "O Carnaval de Caetano", com destaque para a canção "Chuva, suor e cerveja", que obteve enorme sucesso no ano seguinte. Na época, lançou outros compactos destinados ao mercado carnavalesco: "Piaba", "Um frevo novo", "A filha da Chiquita Bacana", "Massa real" e "Deus e o diabo".

A última obra da trilogia foi "Joia" (1975), lançado juntamente com "Qualquer coisa". A capa original deste primeiro foi censurada por exibir um autorretrato, a então mulher e o filho nus - num desenho de sua autoria, cuja capa só seria reconstituída dezesseis anos depois, quando da reedição em CD. A capa de "Qualquer coisa" foi uma paráfrase ao do álbum Let It Be, do grupo inglês The Beatles, a quem homenageou justamente nesses dois discos, com as canções Lady Madonna, Eleanor Rigby e For No One ("Qualquer coisa") e Help ("Joia").

Em janeiro de 1972, Caetano Veloso retornou definitivamente ao Brasil, após haver visitado o país em agosto de 1971, onde participou de um encontro histórico, ao lado de João Gilberto e Gal Costa, realizado pela extinta TV Tupi. Ao lado deste que fora uma das maiores influências, participou em 1981 do álbum "Brasil", do seu mestre João Gilberto. O disco, que contou também com a presença de Gil e Bethânia, foi lançado pela gravadora WEA, paralelamente à estreia da peça "O percevejo", do poeta russo Vladimir Maiakóvski, com a participação de Dedé Veloso como atriz, e alguns poemas musicados pelo próprio Caetano. Um deles, "O amor", se tornaria sucesso na voz de Gal.

Em 1974, lançou, ao lado de Gil e Gal, o disco "Temporada de verão", gravado no Teatro Castro Alves, em Salvador, com destaque para a regravação de "Felicidade", de Lupicínio Rodrigues, e as inéditas "De noite na cama" (que seria regravada posteriormente por Marisa Monte e Erasmo Carlos, novamente obtendo êxito) e "O conteúdo", ambas de sua autoria.

Em 1973, apresentou-se no evento "Phono 73", série de espetáculos promovidos pela gravadora Philips com todo o elenco desta, no Anhembi, em São Paulo, onde ele cantou a canção "Eu vou tirar você deste lugar", do ícone considerado brega Odair José. Um compacto simples com as musicalizações para "Dias dias dias" (com citação para "Volta", de Lupicínio Rodrigues) e "Pulsar" (Augusto de Campos) saiu encartado em "Caixa preta" ("Edições Invenção"), obra do poeta em parceria com Júlio Plaza; quatro anos depois, também saiu acoplado ao livro "Viva vaia" (editora Duas Cidades), que seria então publicado por Augusto. Participou de um espetáculo com Gilberto Gil na Nigéria (1977), onde passaram cerca de um mês. Em abril, foi publicado pela editora Pedra q ronca o livro "Alegria alegria", com uma série de artigos, manifestos e poemas de Caetano, além de entrevistas com ele, realizada pelo conterrâneo, amigo e poeta Waly Salomão. Em 1977 vieram dois discos: "Muitos carnavais", com canções destinadas ao carnaval, feito a partir de gravações de músicas lançadas anteriormente em compactos, e "Bicho", que simulou uma incursão pela discoteca, gênero muito em voga na época, com destaque para a canção Tigresa, sucesso na voz de Gal Costa que fora composta em homenagem a atriz Sônia Braga (para quem também escreveu "Trem das cores", do disco "Cores e nomes", lançado em 1982). Em 1978, lançou o criticado "Muito", que iniciou a parceria com o grupo "A Outra Banda da Terra" (terminada em "Uns", lançado em 1983 que contou com a participação especial de Marina Lima, Antônio Cícero, a bateria da escola de samba GRES União da Ilha do Governador e a irmã Maria Bethânia na canção "É hoje") e foi um fracasso comercial - vendeu cerca de 30 000 cópias, com destaque para as canções "Terra", uma homenagem à Bahia, mas também ao planeta Terra, e "Sampa", escrita em homenagem à cidade de São Paulo, além de uma homenagem ao futebolista e ex-ministro dos esportes Pelé (Love love love) e a regravação de um sucesso da bossa nova, Eu sei que vou te amar, (de autoria da dupla Tom Jobim e Vinícius de Moraes).

Neste mesmo ano, lançou "Maria Bethânia e Caetano Veloso - ao vivo", que inicialmente seria concebido apenas na cidade natal para levantar fundos para a recuperação da catedral local, mas acabou sendo levado a várias cidades brasileiras. No ano seguinte, lançou o elogiado "Cinema Transcendental", cujo título era extraído da canção "Trilhos urbanos", no repertório. Atingindo a vendagem de cerca de 100 000 cópias, trouxe canções antológicas de sua autoria, como "Menino do Rio" (sucesso na voz de Baby Consuelo, atual Baby do Brasil), "Lua de São Jorge", "Beleza pura" (que se tornou o grande hit do LP), e "Cajuína"', e uma exaltação à religiosidade com "Oração ao tempo".

Em 1979, apresentou-se em um festival na TV Tupi defendendo a canção "Dona culpa ficou solteira", de Jorge Ben, onde foi vaiado e a canção desclassificada.

A década de 1970 foi muito importante para carreira de Caetano, e para toda a música popular brasileira. Entre as canções de Caetano mais representativas desse período, estão, entre outras: "Louco por você", "Cá-já", "A Tua presença morena", "Épico", "It's a long way", "Um índio", "Oração ao tempo", "A little more blue", "Nine out of ten", "Maria Bethânia", "Júlia/Moreno", "Minha Mulher", "Tigresa", "Cajuína", "You don't know me" e "London London".

Doces Bárbaros

Ao lado dos colegas Gilberto Gil e Gal Costa, lançou o disco Doces Bárbaros, do grupo batizado com o mesmo nome e idealizado pela irmã Maria Bethânia, que era um dos vocais da banda. O disco é considerado uma obra-prima; apesar disso, curiosamente na época do lançamento (1976) foi duramente criticado. Ao longo dos anos, o lema "Doces Bárbaros" foi tema de filme com direção de Jom Tob Azulay, DVD e enredo da escola de samba GRES Estação Primeira de Mangueira em 1994, com a canção "Atrás da verde-e-rosa só não vai quem já morreu" (paráfrase do verso de "Atrás do trio elétrico", gravada em 1969), puxadores de trio elétrico no carnaval de Salvador, apresentaram-se na praia de Copacabana e numa apresentação para a então rainha da Inglaterra, Elizabeth II. O quarteto Doces Bárbaros era uma típica banda hippie dos anos 1970.

Inicialmente o disco seria gravado em estúdio, mas por sugestão de Gal e Bethânia, foi o espetáculo que ficou registrado em disco, sendo quatro daquelas canções gravadas pouco tempo antes no compacto duplo de estúdio, com as canções "Esotérico", "Chuckberry Fields Forever", "São João Xangô Menino" e "O seu Amor", todas gravações raras.

Anos 1980

Nos anos 1980, cresceu a popularidade no exterior, principalmente em Israel, Portugal, França e África. Comandou, em 1986, ao lado de outro dos grandes cantores de sua geração, o carioca Chico Buarque, com quem gravou um antológico disco ao vivo em 1972, na apresentação do programa Chico e Caetano (TV Globo). O sucesso deste acabou por originar o álbum Melhores momentos de Chico e Caetano, que contou com a participação especial, dentre outros, de Rita Lee, Jorge Benjor, Astor Piazzolla, Elza Soares, Tom Jobim, Luiz Caldas, o grupo Fundo de Quintal e Paulo Ricardo.

Além deste, neste ano lançou dois discos: Totalmente demais, originado de um espetáculo acústico (outubro de 1985) que fora gravado no hotel carioca Copacabana Palace. Este disco, lançado para o projeto "Luz do Solo" inclusive, foi o primeiro grande sucesso da carreira, que vendeu cerca de 250 000 cópias e que trouxe regravações de canções que fizeram sucesso na voz de outros cantores, com destaque para a faixa-título, proibida pelo regime militar havia três anos, e ainda "Caetano Veloso", também conhecido como "Acústico", pelo selo Nonesuch, que trouxe regravações dos antigos sucessos neste formato. Este disco contou com a participação especial de três músicos: Tony Costa (violão), Marcelo Costa e Armando Marçal (percussão). Lançado inicialmente nos Estados Unidos, onde foi gravado, foi distribuído no Brasil somente quatro anos depois (outubro de 1990) e obteve boa recepção crítica, originando um espetáculo na casa carioca Canecão, que seria reiniciado em abril de 1991. Nesse mesmo mês, no dia 21, dia de Tiradentes, fez uma apresentação em homenagem ao Dia da Terra, que contou com a participação de cerca de 50 000 pessoas, realizado na enseada do Botafogo, no Rio de Janeiro.

Em 1981, o disco "Outras palavras" atingiu a marca de 100 000 cópias vendidas, tornando-se o maior sucesso da sua carreira até então e lhe garantindo o seu primeiro disco de ouro. A vendagem deste disco foi impulsionada pelos sucessos "Lua e estrela" e "Rapte-me camaleoa", esta última composta em homenagem à atriz Regina Casé. Neste disco, também homenageou a também atriz Vera Zimmerman, com a canção "Vera Gata", a língua portuguesa, numa incursão poética vanguardista (com a faixa-título), o estado de São Paulo ("Nu com a minha música"), o poeta Paulo Leminski ("Verdura"), a cultura do candomblé e umbanda ("Sim/não"), o grupo Os Trapalhões ("Jeito de corpo") e o cantor francês Henri Salvador (Dans mon île), a quem também homenagearia na canção "Reconvexo", gravada por Maria Bethânia. Nessa mesma época, causou polêmica ao se desentender com a imprensa especializada (jornalistas e poetas como Décio Pignatari, com quem se reconciliaria em 6 de dezembro de 1986, José Guilherme Merquior - que o acusou de "pseudointelectual que tenta usurpar a área do pensamento", e Paulo Francis).

Participou como ator, em 1982, do filme Tabu, de Júlio Bressane, onde interpretou o compositor Lamartine Babo, e sete anos depois, de "Os Sermões - A História de Antônio Vieira", como Gregório de Matos, também de autoria de Júlio. No ano seguinte, inaugurou o programa Conexão Internacional, da extinta Rede Manchete, numa gravação realizada em Nova Iorque, onde entrevistou Mick Jagger, cantor do grupo Rolling Stones. Em fins de 1988 - dezembro, a editora Lumiar publicou um songbook (livro de canções), produzido por Almir Chediak, desmembrado em dois volumes e com as letras e cifras de 135 músicas.

Em 1984, veio "Velô", acompanhado pelos músicos da Banda Nova, com destaque, dentre outras, para "Podres poderes", "O pulsar", a regravação de "Nine out of ten" (gravada originalmente no álbum "Transa", de 1972), "O quereres", uma homenagem ao pai com "O homem velho", "Comeu", "Shy moon" e "Língua", uma homenagem à língua portuguesa. Estas duas últimas contaram com as participações especiais de Ritchie e Elza Soares.

Valendo-se ainda do filão engajado da pós-regime militar cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit estadunidense que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985), abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções "Chega de Mágoa" e "Seca d´Água". Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.

A década de 1980 foi o momento em que Caetano começou a lançar seus discos e fazer shows maiores no exterior. Dentre as gravações mais representativas deste período na carreira do artista, e para toda a música popular brasileira, estão, entre outras: "Os outros românticos", "O estrangeiro", "José", "Giulieta Massina", "O ciúme", "Eu sou neguinha", "Ele me deu um beijo na boca", "Outras Palavras", "Peter Gast", "Eclipse oculto", "Luz do sol", "Jasper", "Queixa", "O quereres", "O homem velho", "Trem das cores", "Noite de Hotel", "Este amor", "Rapte-me camaleoa", "Língua" e "Podres Poderes". Da vasta discografia, destacou-se também o álbum "Estrangeiro", gravado em Nova Iorque, após uma série de apresentações na Itália em abril, foi gravado em parceria com Arto Lindsay, que obteve ótima recepção crítica da imprensa dos Estados Unidos, rendendo-lhe o extinto Prêmio Sharp (atual "Prêmio Tim") de música (1989), tendo como um dos grandes êxitos a canção "Meia lua inteira" (de um compositor até então novato, Carlinhos Brown), que integrou a trilha sonora da telenovela Tieta de Aguinaldo Silva. Um dos discos mais aclamados pela crítica estrangeira foi o álbum "Estrangeiro", lançado em 1989.

Década de 1990

Caetano em 1996

Em julho de 1990, participou do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça. Merecem destaque também os álbuns "Circuladô" (1991), novamente produzido por Arto Lindsay após ter realizado em setembro alguns espetáculos na casa de espetáculos nova-iorquina Town Hall, cuja faixa-título é inspirada num poema de Haroldo de Campos, colaborador de longa data, que originou um álbum duplo ao vivo e ainda um documentário, como também um especial de cinco programas na TV Manchete, dirigido por Walter Salles. Em outubro, escreveu, no jornal The New York Times, um longo artigo, de profundas implicações culturais, sobre a cantora Carmen Miranda, paralelamente ao lançamento de outro livro: "Caetano, por que não?", de autoria de Gilda Dieguez e Ivo Lucchesi, pela Editora Francisco Alves. Em maio, pela segunda vez, recebeu o Prêmio Sharp de Música. A tropicália seria retomada no álbum "Tropicália 2" (1993), que comemorou os 25 anos do movimento e trinta anos de amizade entre Caetano e Gil, e ainda retomando a parceria entre ambos, contendo algumas doses de experimentalismo ("Rap popcreto", "Aboio", "Dada", "As coisas"), uma crítica à situação política do país ("Haiti" - rap social da dupla), uma homenagem ao cinema (o movimento Cinema novo), ao carnaval baiano ("Nossa gente" - também gravada pela banda Cheiro de amor com sucesso), ao poeta Arnaldo Antunes ("As coisas" - cuja letra foi musicada de um trecho deste livro homônimo), e ainda ao músico Jimi Hendrix, com Wait until tomorrow. Anteriormente, ambos já haviam lançado um compacto simples com as canções "Cada macaco no seu galho" (Riachão), também inclusa no repertório deste, e "Chiclete com banana" (Gordurinha e Almira Castilho).

Em 1993, foi lançado o livro "Caetano - esse cara", de Héber Fonseca, publicado pela editora Revan, que continha depoimentos dados ao longo da carreira em várias publicações, como emissoras de rádio e televisão brasileiras. Também gravou um LP em espanhol, "Fina Estampa" (1994), que trouxe clássicos latino-americanos com arranjos do maestro e violoncelista Jacques Morelenbaum, em estilo de bossa nova, e originou um álbum ao vivo homônimo, com parte daquelas canções entre outras músicas consagradas e pouco conhecidas da música popular brasileira ("O samba e o tango", "Canção de amor", "Suas mãos", "Lábios que beijei", Você esteve com meu bem), regravações dos antigos sucessos ("Haiti", "O pulsar", "Itapuã", Soy loco por ti América) e canções em espanhol fora do disco de estúdio, com Cucurrucucú paloma, La barca e Ay amor. O espetáculo contou com poucas apresentações em território nacional, apresentando-se principalmente na cidade italiana de Nápoles (agosto de 1994, num encontro com o cantor Lucio Dalla). Inclusive a versão em CD do álbum de estúdio trouxe três músicas a mais: Tonada de luna llena, Lamento borincano e Vete de mi.

A 25 de março de 1996, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, de Portugal.

Outro trabalho que obteve relevante sucesso foi Omaggio a Federico e Giulietta (1999), com parte das canções em italiano (Come prima, Gelsomina e Luna rossa, que integrou a trilha sonora da telenovela Terra Nostra, de Benedito Ruy Barbosa), consistindo em uma homenagem ao cineasta italiano Federico Fellini e a esposa, a atriz cinematográfica Giulietta Masina, a quem também homenagearia na canção homônima, incluída neste mesmo disco. Ela também fez parte do repertório do disco "Caetano" (1987), que vendeu 100 000 cópias. Inclusive esta canção foi proibida na época do lançamento. Diferentemente dos lançamentos anteriores, este "Caetano" não foi acompanhado de entrevistas. Caetano, desgostoso com a imprensa, quis cortar relações com ela. O espetáculo realizado em Paris (março de 1988), lhe garantiu uma aparição exclusiva na revista Vogue. Em 1996, foi alvo de criação de outro livro: "O arco da conversa: um ensaio sobre a solidão", de Cláudia Fares (Cada Jorge Editorial). Em 1997, redigiu o texto de "Verdade Tropical" (editora Companhia das Letras - 524 páginas), livro este onde relatou as lembranças do tropicalismo e um relato pessoal sobre a sua visão de mundo. Em 1997, também houve o lançamento do CD "Livro", muito elogiado pela crítica especializada e indicado para o prêmio "Grammy Latino" em setembro de 2000, na categoria World Music. No repertório, a recriação de um trecho do poema O Navio Negreiro, do conterrâneo Castro Alves; algumas canções inéditas ("Os passistas", "Doideca", "Você é minha", "Livro", "Um tom", 'Manhatã" - dedicada a Lulu Santos -, "Não enche", "Alexandre" e "Para ninguém"), regravações de clássicos da música popular brasileira ("Na baixa do sapateiro', de Ary Barroso) e de canções de sua autoria ("Onde o Rio é mais baiano" e "Minha voz, minha vida", feita nos anos 1980, mais precisamente em 1982, para Gal Costa gravar), e "How beautiful could a being be", do filho Moreno Veloso.

Deste disco, foi originado o espetáculo "Prenda minha", que, por sua vez, originou o também elogiado CD homônimo, lançado em fins de 1998, que trouxe regravações dos antigos sucessos entre outras canções consagradas, na ausência total de canções do disco de estúdio. Inclusive este CD foi o primeiro a atingir a marca de 1 000 000 de cópias vendidas na sua carreira, vendagem esta alavancada pelo estrondoso sucesso da regravação da canção "Sozinho" (Peninha), que, incluída na trilha sonora da telenovela Suave Veneno, de Aguinaldo Silva, explodiu nas rádios brasileiras. Exibiu alta produtividade também como compositor, com viés predominantemente poético e intelectual.

Década de 2000

Caetano Veloso no TIM Festival

Lançou ainda o CD "Noites do norte" (2000), que trata das culturas negras e africanas, onde todas as canções são inéditas, e cuja-faixa título foi extraída de um trecho de livro de Joaquim Nabuco, e que também originou um álbum duplo ao vivo e um DVD, contendo a íntegra do espetáculo. Gravou um disco com Jorge Mautner em 2002, Eu não peço desculpa, que inclusive foi indicado ao prêmio "Grammy Latino" no ano seguinte, na categoria melhor álbum de música popular brasileira, na mesma época em que participou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, de um especial realizado pela TV Cultura, em homenagem ao poeta, crítico e tradutor Haroldo de Campos - fundador do movimento de poesia concreta nos anos 1950 -, que havia falecido em 16 de agosto daquele mesmo ano. No super-elogiado e polêmico "Cê" (2006), retomou o repertório pop contido em outros discos, como "Transa" e "Velô". Este disco causou polêmica por conter algumas letras picantes que remetem à sexualidade, como "Outro", "Deusa urbana", "Homem" e "Por quê'.

Caetano Veloso foi designado como perito no processo João Gilberto x EMI, no qual constatou adulterações nas gravações de João causadas pela gravadora. Nas palavras de Caetano, "por essas falhas gritantes da Ré (EMI), João Gilberto sofreu e continua sofrendo incalculáveis prejuízos".

Em 2003, lançou o primeiro DVD-áudio, "Muito mais", que foi bônus da caixa "Todo Caetano', lançada em fins do ano anterior (dezembro) em comemoração aos 35 anos de carreira (foi lançada originalmente em 1996, com trinta álbuns), e cujo repertório apresenta canções consagradas do artista escolhidas pelos fãs através da Internet, rede mundial de computadores. Em 2004, foi considerado um dos mais respeitados e produtivos pop stars latino-americanos no mundo, com mais de cinquenta álbuns lançados, incluindo canções em trilhas sonoras de filmes de longa-metragem como Hable con ella, de Pedro Almodóvar; Frida, uma biografia de Frida Kahlo; S. Bernardo, de Leon Hirszman, com roteiro a partir do romance homônimo de Graciliano Ramos; o documentário Cinema Falado, relançado em 2003 em DVD, cujo título remete ao primeiro verso de um antigo samba de Noel Rosa; Lisbela e o Prisioneiro, de Guel Arraes; Tieta do Agreste, de Cacá Diegues, baseado no romance homônimo do escritor Jorge Amado; A dama do lotação, de Neville de Almeida, baseado no conto homônimo de Nelson Rodrigues; O Quatrilho, de Fábio Barreto; O coronel e o lobisomem; Orfeu; Proezas do Satanás na Terra do Leva-e-Traz, de Paulo Gil Soares; Ó Paí, Ó, de Monique Gardenberg, dentre outros.

Em 2000, Caetano Veloso produziu o disco "João Voz e Violão", de João Gilberto. Em 2001, o disco ganhou o prêmio Grammy de melhor álbum de World Music.

Em 2002, publicou um livro sobre o movimento da tropicália, Tropical Truth: A Story of Music and Revolution in Brazil ("Tropicália: uma história de música e revolução no Brasil"). A primeira produção de um CD totalmente em inglês (já havia lançado o disco "Fina Estampa" totalmente em espanhol) foi A Foreign Sound (2004), no qual interpretou clássicos das músicas estadunidense e inglesa. Em 2007, a Universal Music lançou "Quarenta Anos Caetanos", caixa dividida em quatro partes, contendo toda a discografia oficial, em comemoração aos quarenta anos de parceria entre Caetano e a gravadora.

Em 2008, Caetano e o cantor Roberto Carlos fizeram um show juntos em tributo a Antônio Carlos Jobim, no qual foi registrado o CD e DVD Roberto Carlos e Caetano Veloso e a música de Tom Jobim. Caetano, em maio de 2008, estreou o show "Obra em Progresso", onde canta canções de sua carreira, mas sobretudo canções inéditas. O show só foi apresentado na cidade do Rio de Janeiro, e acabou voltando no mês de agosto à mesma cidade. Entre as canções novas apresentadas ao público que lotou as noites nas casas Vivo Rio e Teatro Casa Grande, estão: "Falso Leblon", "Lobão tem Razão", "Perdeu" e "Base de Guantánamo". As canções inéditas do show "Obra em Progresso" foram gravados em disco, todo produzido em estúdio no segundo semestre de 2008 e lançado em abril de 2009 com o título de "zii e zie" .

Foi feito um blogue para o cantor para este projeto iniciado em 2008 -e que terminou no mesmo mês do lançamento do álbum de estúdio-. A turnê seguiu pelo Brasil e exterior entre 2009 e 2010.

Década de 2010

Caetano Veloso na entrega da medalha de Ordem ao Mérito Cultural, 2015

No ano de 2011, Caetano lançou o CD simples "MTV Ao Vivo - Zii e Zie", e o DVD duplo com a íntegra do show "Zii e Zie", gravado na casa Vivo Rio, mais alguns momentos do show Obra em Progresso, gravado em 2008 no Teatro Oi Casa Grande, também no Rio de Janeiro. Os dois grandes projetos de Caetano para o ano de 2011 são o disco de inéditas de Gal Costa, onde todas as canções serão dele, e o terceiro disco dele com a banda Cê.

Em 2013, veio a público que o cantor faz parte do conselho da Associação Procure Saber, formada por artistas e seus representantes. Presidida pela produtora cultural Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano, a Procure Saber é contra a publicação de biografias não-autorizadas de pessoas públicas. Entre seus membros, estavam também os cantores Roberto Carlos, Djavan e Chico Buarque. A intenção do grupo era impedir que uma ação direta de inconstitucionalidade movida pela Associação Nacional de Editores de Livros (Anel) fosse aceita pelo Supremo Tribunal Federal. Na ação, a Anel questiona a validade dos artigos 20 e 21 do Código Civil, que exigem autorização prévia do biografado para publicação de obras a seu respeito caso elas lhe atinjam a honra, a boa fama ou a respeitabilidade ou se forem feitas para fins comerciais. Segundo a Anel, a Constituição Federal afirma que a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação é livre e independe de censura ou licença, A posição da Procure Saber foi vista por escritores e por diversos setores da sociedade e da mídia como um apoio à censura. Em outubro de 2013, o jornal Folha de S. Paulo revelou a existência de uma biografia do cantor não publicada por falta de autorização. Caetano usou algumas vezes o espaço de sua coluna semanal no jornal O Globo para defender a associação e chegou a criticar Roberto Carlos ao dizer que o cantor havia demorado para vir a público para falar sobre o assunto. Pouco depois, Roberto Carlos anunciou sua saída do grupo. Em sua coluna no jornal, Caetano pediu desculpas. Em 2016 Veloso saiu vencedor no Prêmio da Música Brasileira pelo álbum Dois Amigos, um Século de Música ao lado de Gilberto Gil,na categoria Álbum de MPB e também como vencedor na categoria Cantor de MPB.

Em 5 de agosto de 2016 participou da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, cantando Isso Aqui, o Que É ao lado de Gilberto Gil e Anitta.[31] No final do mesmo ano, saiu o disco novo da banda Fresno que conta com a sua participação na faixa 3, Hoje Sou Trovão.

Em maio de 2017, depois de muita polêmica envolvendo o assunto biografias não-autorizadas, chegou às livrarias o livro "CAETANO - uma biografia (a vida de Caetano Veloso, o mais Doce Bárbaro dos Trópicos), de autoria de Carlos Eduardo Drummond e Marcio Nolasco.

Seu álbum Ofertório (Ao Vivo), gravado com os filhos Moreno, Zeca e Tom, foi eleito o 25.º melhor disco brasileiro de 2018 pela revista Rolling Stone Brasil.

Legado

Considerado também um grande intelectual, Caetano Veloso, em entrevista ao jornal Gazeta de Alagoas, diz que "... entre Merleau-Ponty que defendia a percepção do mundo por meio do corpo, e Sartre, que defendia a tomada de posição intelectual, sempre fui mais Sartre, desde a universidade", sendo retrucado pelo entrevistador que argumenta que sendo Caetano homem de "afirmação erótica" e de "presença intensa", estaria mais para Merleau-Ponty. Ao que Caetano acrescentou: "Pois é. Mas o fato é que líamos Sartre, e não Merleau-Ponty".

Gilberto Passos Gil Moreira, conhecido como Gilberto Gil GCIH (Salvador, 26 de junho de 1942), é um cantor, compositor, multi-instrumentista, produtor musical e político brasileiro, conhecido por sua contribuição na música brasileira e por ser vencedor de prêmios Grammy Awards, Grammy Latino e galardoado pelo governo francês com a Ordem Nacional do Mérito (1997). Em 1999, foi nomeado "Artista pela Paz", pela UNESCO.

Gil foi também embaixador da ONU para agricultura e alimentação, e ministro da Cultura do Brasil, entre 2003 e 2008, durante partes dos dois mandatos do ex-presidente Lula.

Em mais de cinquenta álbuns lançados, ele incorpora a gama eclética de suas influências, incluindo rock, gêneros tipicamente brasileiros, música africana, funk, música disco e reggae.

Biografia

Gilberto Gil nasceu em 26 de junho de 1942, em Salvador, Bahia. É o primogênito de José Gil Moreira (1913-1991), médico formado pela Universidade da Bahia, e de Claudina Passos Gil Moreira (1914-2013), professora primária. No início da década de 1940, a família residia no Tororó, um bairro modesto de Salvador. Devido a dificuldades em trabalhar, o Dr. José Moreira decidiu mudar-se com a esposa para a cidade de Ituaçu. Posteriormente, o casal saiu de Ituaçu, no interior do estado da Bahia, voltando a Salvador, para que a criança nascesse na capital. Três semanas após o nascimento, a família retornou a Ituaçu, onde Gil passou toda a sua infância.

Em agosto de 1943, nasce sua irmã, Gildina Passos Gil Moreira e Tanto Gilberto quanto Gildina foram alfabetizados pela tia-avó Lídia, professora aposentada da tradicional Escola Marquês de Abrantes e mãe de criação do pai de Gilberto. Enquanto a avó preparava as refeições da família, Gil e sua irmã faziam as tarefas. Gil lembra que o "professor [mais] paradigmático da minha vida, sem dúvida, foi a minha avó. Foi ela, lá em casa, quem me apresentou ao mundo dos livros, do conhecimento, das histórias, o mundo de Monteiro Lobato".

Aos três anos de idade, o menino já manifestava seu desejo de ser músico, fascinado com os sons da banda local, do sanfoneiro Cinézio e dos cantadores e violeiros - remanescentes dos trovadores medievais, cantam versos de improviso, fazendo desafios entre si, contando estórias e história nos pontos mais longínquos do interior. Era uma das principais fontes de informação da população nordestina do Brasil. Seus versos eram feitos impressos em cordeis. Além disso, Gil também ouvia grandes sucessos das rádios do Rio de Janeiro e nos gramofones da cidade, os álbuns de Orlando Silva, Bob Nelson e Luiz Gonzaga. Em 1952, aos nove anos de idade, Gilberto e sua irmã mudaram-se para a cidade de Salvador, onde foram admitidos no Colégio Nossa Senhora da Vitória e, no mesmo ano, em uma escola de acordeom, na Academia de Acordeom Regina A partir de então, passou a receber influências da música de Dorival Caymmi, bem como os novos estilos musicais vindos do sul do país, como jazz.

Em 1960 concluiu o ensino médio e prestou vestibular para cursar engenharia, porém, não foi aprovado. Então, decidiu fazer cursinho, com o objetivo de cursar administração de empresas. No ano seguinte, foi aprovado e passa a estudar na Universidade da Bahia. Durante o curso, Gilberto Gil promoveu e participou em eventos de vanguarda, como o Seminário de Música, dirigido pelo professor e compositor Hans-Joachim Koellreutter, que dá ao jovem o contato com a música erudita contemporânea; conheceu e passou a namorar Belina de Aguiar, (nascida em Salvador, em 26 de maio de 1938), bancária que, mais tarde, tornou professora universitária. Em dezembro de 1964 se formou em administração de empresas, e em janeiro do ano seguinte, mudou-se para São Paulo, com o objetivo de prestar um processo seletivo para a Gessy Lever. Em 29 de maio do mesmo ano, Gilberto Gil casou-se com Belina, que passou a ser chamada Belina de Aguiar Gil Moreira, mudou-se para São Paulo, e começou a trabalhar como trainee na Gessy Lever. Depois de um mês de estada em um hotel, e igual período de tempo em Campinas, mudou-se para Cidade Vargas, bairro do subúrbio da capital paulistana. Ele, então, passou a dividir seu tempo com as responsabilidades do escritório e da música Em 1966, em Salvador, nasceu a primeira filha de Gil e Belina, Nara de Aguiar Gil Moreira. Um contrato assinado com a Philips fez com que a família mudasse para a cidade do Rio de Janeiro e, tempos depois, em 3 de fevereiro de 1967 nasceu a segunda filha do casal Marília de Aguiar Gil Moreira. Depois de uma viagem ao Recife, Gil voltou ao Rio de Janeiro influenciado pela cultura popular da região. Em março, separou-se de Belinda e, no mês seguinte, passou a viver com a cantora Nana Caymmi. A essa altura, estava sendo empresariado por Guilherme Araújo.

Gilberto Gil com sua esposa Flora, durante o 26° Prêmio da Música Brasileira, 2015, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em novembro de 1968, em meio à efervescência do movimento Tropicalista, fundado por Gil, ele passou a namorar Sandra Barreira Gadelha, ex-bancária em Salvador. Em dezembro ele e Caetano Veloso foram presos, devido Ato Institucional nº 5, que cerceou a liberdade artística e dos cidadãos. Ali, Gil adotou uma dieta macrobiótica, e estudou o misticismo oriental. Foi solto em fevereiro, ficando até julho em regime de confinamento, até saírem do país. Nesse meio tempo, Gil conviveu com Duate e o músico e filósofo Walter Smetak. Em março, casa-se com Sandra. Devido à pressão política, Gil e sua esposa foram obrigados a abandonar o País, mudando-se para Londres, onde, em 17 de maio de 1970, nasceu o terceiro filho do cantor, Pedro Gadelha Gil Moreira. Gil morava na 16 Redesdale Street, em Chelsea, mudou-se para Hampton Court. Em 14 de janeiro de 1972, Gil recebeu autorização para voltar ao país com sua família. Em 8 de agosto de 1974, nasceu Preta Maria Gadelha Gil Moreira, quarta filha do cantor, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, em 13 de janeiro de 1976, nasceu em Salvador, Maria Gadelha Gil Moreira, filha de Gil e Sandra. Durante uma turnê ao lado de Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia, Gil foi preso em flagrante por consumo de maconha, em Florianópolis, Santa Catarina. O cantor alegou dependência física e psicológica da droga, e o juiz Ernani Palma Ribeiro, decidiu internar o artista no Instituto Psiquiátrico São José, "Gilberto Gil declarou que gostava da maconha e que seu uso não lhe fazia mal e nem lhe levava a fazer o mal" - palavras do juiz. Em julho de 1978, Gil mudou com a sua família para Los Angeles, nos Estados Unidos, para dar início à produção de um novo trabalho. Em Salvador, durante o mês de janeiro de 1979, o cantor conheceu a comerciária Flora Nair Giordano, e no ano seguinte separou-se de Sandra e em setembro passou a viver com Flora Em 13 de janeiro de 1985, nasceu Bem Giordano Gil Moreira, primeiro filho do casal, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, em 1987, Gil tornou-se presidente da Fundação Gregório de Mattos, e mudou-se para Salvador. Sua família se transferiu para a cidade posteriormente, ali, em 3 de janeiro de 1988, nasce Isabela Giordano Gil Moreira, segunda filha dos dois. Gil casou-se no civil com Flora em 10 de junho de 1988. Ela, agora Flora Giordano Gil Moreira, tornou-se administradora das empresas do artista.

Em 25 de janeiro de 1990, aos dezenove anos de idade, Pedro Gil, filho mais velho do cantor com Sandra, sofreu um acidente de carro e ficou em estado de coma. Pedro era baterista do grupo de rock carioca Egotrip, considerado um extraordinário instrumentista. Ao voltar de São Paulo para o Rio de Janeiro, acabou dormindo ao volante e perdeu o controle do automóvel. O carro bateu em uma árvore na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Curva do Calombo, e capotou diversas vezes. Foi resgatado e levado para o Hospital Beneficência Portuguesa, com uma fratura no crânio e traumatismo crânio-encefálico. Em 2 de fevereiro, depois de oito dias internado na Unidade de Tratamento Intensivo em coma profundo, o jovem instrumentista faleceu.

Um ano depois, em 15 de maio de 1991, seu pai, José Gil Moreira, morreu em Vitória da Conquista, aos 78 anos de idade. Pouco depois, em 27 de agosto de 1991, nasce o terceiro filho de Gil e Flora, José Gil Giordano Gil Moreira. Em 17 de setembro de 2008 nasce sua neta, Flor, filha de Isabela (Bela Gil), em Nova York. Em 23 de fevereiro de 2013, falece sua mãe, Claudina Passos Gil, aos 99 anos de idade, por falência múltipla de órgãos, no Hospital Português, em Salvador.

Em 2009, o cantor obteve a cidadania italiana, por ser casado com Flora Giordano, neta de italianos.

O cantor é pai de oito filhos. Do casamento com Belina de Aguiar Gil Moreira teve: Nara de Aguiar Gil Moreira (1966) e Marília de Aguiar Gil Moreira (3 de fevereiro de 1967). Do casamento com Sandra Barreira Gadelha Gil Moreira, teve Pedro Gadelha Gil Moreira (17 de maio de 1970 - 25 de janeiro de 1990), Preta Maria Gadelha Gil Moreira (8 de agosto de 1974) e Maria Gadelha Gil Moreira (13 de janeiro de 1976). Com Flora Nair Giordano Gil Moreira, teve Bem Giordano Gil Moreira (13 de janeiro de 1985), Isabela Giordano Gil Moreira (3 de janeiro de 1988) e José Gil Giordano Gil Moreira (27 de agosto de 1991).

Em 24 de novembro de 2015 nasce Sol de Maria, filha de Francisco Gil e Laura Fernandez e neta de Preta Gil, sendo a primeira bisneta de Gilberto Gil. Em junho de 2016, ao completar sete meses de vida, Sol de Maria recebe uma canção do bisavô, que recentemente havia deixado o hospital onde estivera internado para tratamento de uma insuficiência renal.

Desde fevereiro de 2016, quando foi diagnosticado com um quadro de hipertensão arterial, Gil já estivera internado por várias vezes no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Posteriormente o artista foi diagnosticado com uma síndrome cardiorrenal - uma combinação de insuficiência renal com insuficiência cardíaca, sendo que o tratamento da doença requer internações mensais, até novembro de 2016.

Carreira musical

1959–65: Início da carreira

Aos dezoito anos de idade Gilberto Gil formou com amigos o conjunto "Os Desafinados", conjunto instrumental onde ele revezava no acordeom e vibrafone. O grupo se apresentava em festas de aniversário, escolas e sedes de clubes de Salvador. Gil ficou no grupo até 1961. No final dos anos 1950, aos dezessete anos, quando a bossa nova estava em ascensão, ele escutou o cantor e violonista baiano João Gilberto e, a partir de então, Gilberto abandonou o acordeom e passou a tocar violão. Inicialmente, utilizou o instrumento de sua irmã, até ter o seu - dado por sua mãe, posteriormente. Ele começou a escrever poemas, em sua maioria metrificados e influenciados pelos românticos Castro Alves e Gonçalves Dias, e o parnasiano Olavo Bilac, por exemplo. Oficialmente, sua carreira começou em 1962, compondo e tocando jingles. Tempos depois, "Bem Devagar", primeira canção composta por Gil, foi lançada em um compacto gravado pelo grupo feminino As Três Baianas, e ele participou da gravação tocando acordeom. Nessa época, ele também participava cantando em programas da rede de televisão local, e gravou uma canção feita para a Petrobras, "Povo Petroleiro", onde no lado B, Gil interpretou a marcha carnavalesca "Coça, Coça, Lacerdinha" - sua primeira gravação cantando, lançada pela gravadora JS Discos. No ano seguinte, Gil gravou e lançou o EP Gilberto Gil: Sua Música, Sua Interpretação, que continha quatro faixas composta pelo próprio. Desse, fora extraído o single "Decisão", samba conhecido e rebatizado depois de "Amor de Carnaval". No final do mesmo ano, Gil conheceu Caetano Veloso[34] - que havia conhecido Gil pela TV e o tinha como um ídolo - apresentado pelo produtor musical Roberto Sant'Ana, e logo depois conheceu as cantoras Maria Bethânia e Gal Costa. Em junho de 1964, os quatro, Tom Zé e outros, realizaram o espetáculo "Nós, Por Exemplo...", inaugurando o Teatro Vila Velha, de Salvador, sob a direção geral de João Augusto e musical assinada por Gil e Santana, com repertório composto de canções próprias e de bossas de compositores como Dorival Caymmi. "Individual", primeira apresentação solo de Gil, ocorreu no ano seguinte, no Vila Velha, sob a direção de Caetano, Gil passou a ter vida dupla, de manhã preparava-se para se tornar diretor da empresa, e à noite, frequentava lugares como Galeria Metrópole, onde conheceu e encontrou-se com diversos artistas, tocava e cantava em vários bares, como o Redondo e o Bossinha; no João Sebastian Bar, por exemplo, conheceu Chico Buarque. Passou, então, a fazer parcerias com os letristas Capinan e Torquato Neto, além de participar com Caetano, Gal, Bethânia e Tom Zé, da "Arena canta Bahia", espetáculo dirigido por Augusto Boal, e encenado no Teatro Oficina Gravou sua primeira fita demo e enviou para o escritório de uma editora musical. A fita possuía cerca de 30 minutos de duração, apresentando trechos de dezoito canções. Em outubro, Gil cantou "Iemanjá", com Othon Bastos, no V Festival da Balança, promovido pelo Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, gravado pela RCA, sendo convidado pela gravadora, a lançar o primeiro single de sua carreira por um grande selo, "Procissão". Gilberto Gil ouvia músicas da Jovem Guarda, pois isso ajudou muito na sua carreira musical, mas não entrou pro movimento devido a oposição do Caetano Veloso ao Iê-Iê-Iê.

1966–68: Louvação, os festivais e a Tropicália

Gilberto Gil e Nana Caymmi no III Festival da Música Popular, 1967.

No início de 1966 Gil passou a se destacar no programa O Fino da Bossa, exibido pela Record e apresentado por Elis Regina, a quem mostrou suas composições "Eu Vim da Bahia" e "Louvação". Seu sucesso rendeu um contrato para lançar um álbum pela Philips Records; Gil, então, abandonou o emprego na Gessy Lever e decidiu viver apenas de música, mudando-se para a cidade do Rio de Janeiro com Belinda e sua filha, Nara. "Procissão", primeiro single oficial do cantor, foi lançado em 1965. No ano seguinte, 1966, a gravadora disponibilizou "Ensaio Geral", segunda canção de trabalho de Gil. Então, ele viajou para Recife, apresentando o espetáculo "Individual", autodirigido Ali, ele conheceu tanto a vanguarda local quanto a tradição, como as bandas de pífanos de Caruaru, trazendo consigo, ao voltar ao Rio de Janeiro, essas influências.[38] Em maio de 1967 Gilberto Gil lançou seu primeiro álbum, Louvação. O álbum contém arranjos de Dorival Caymmi Filho (Dori Caymmi), e composições de Caetano Veloso, José Carlos Capinam, Torquato Neto, Geraldo Vandré e João Augusto, com temática regional da Bahia, como "Água de Meninos", por exemplo, que retrata um incêndio ocorrido em um cais do porto, próximo de combustíveis e de moinhos de trigo. Alguns críticos elogiaram o álbum, dizendo que esse possui uma "incrível riqueza melódica", influenciada por Tom Jobim. Apesar de não conter temáticas e estilos tropicalistas, Louvação mostrava que o movimento estava se organizando. O programa de Gil, Ensaio Geral, sai do ar em maio.

Gilberto Gil durante o histórico Festival de Música Popular Brasileira de 1967, defendendo com Os Mutantes a sua canção "Domingo no Parque", que ficou em segundo lugar.

É ali, no Rio de Janeiro, que o cantor ia participar de diversos festivais promovidos pela Record e TV Rio e concorreu, como compositor, em dois deles: I Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Rio, com "Minha Senhora", interpretada por Gal Costa; e II Festival de Música Popular Brasileira, da Record, com "Ensaio Geral" - classificado em quinto lugar -, interpretado por Elis Regina. Essa última canção, tornou-se título de um programa de televisão apresentado por Gil na TV Excelsior. Em outubro de 1967, durante o III Festival de Música Popular Brasileira, realizado no Teatro Paramount, onde Nana foi sua parceira em "Bom Dia", ele apresentou uma das canções que o marcou como compositor. Historicamente, o Brasil passava por uma fase de grande nacionalismo. Dessa maneira, o país rejeitava características de outras culturas como, por exemplo, as guitarras elétricas, que era uma "marca da cultura estadunidense e inglesa, além de representar o comercialismo", como lembra Caetano. Em contrapartida Gil, influenciado pelos Beatles, resolveu incluir o rock e a música brasileira em "Domingo no Parque", interpretado ao lado de Os Mutantes.

A canção ficou classificada em segundo lugar, além de ser premiado devido ao "moderno arranjo", feito por Rogério Duprat. Ao lado de "Alegria, Alegria", de Caetano Veloso, a primeira tornou-se um divisor de águas na música brasileira, pois, a partir de então até o fim de 1968, foi instalado no cenário brasileiro um movimento revolucionário, influenciado por Oswald de Andrade e o movimento antropofágico, batizado como Tropicália - nome de uma exposição de arte criada pelo carioca Hélio Oiticica, durante a mostra Nova Objetividade Brasileira, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, que levou o nome. Porém, foi Nelson Motta, com o artigo chamado "A Cruzada Tropicalista", publicado no jornal Última Hora, em 5 de fevereiro de 1968, que batizou o movimento.

O uso desses instrumentos e esse novo estilo musical, sob a música popular, além de tudo, representava um choque com o governo daquela época. O Brasil sofreu o golpe militar em 31 de março de 1964, as liberdades democráticas conquistadas em décadas anteriores foram suspensas. Os militares instauraram no País um governo regido por atos institucionais, uma espécie de decreto que servia para implementar medidas que poderiam estar acima da ordem constitucional. Durante o governo do marechal Costa e Silva, foi promulgado o Al-5, em 13 de dezembro de 1968, que dava ao Executivo poderes quase absolutos sobre todas as instituições. Dessa maneira, a música popular deveria tornar-se o veículo de dissensão política.

1968: Consolidação do movimento, segundo álbum e repressão

Gilberto Gil, anos 1960.

A partir de 1968, o movimento começou a ser consolidado. Caetano e Gil, ao lado de Os Mutantes, passaram a participar frequentemente de programas de televisão, especialmente por Chacrinha, apresentador que tornou-se ícone do movimento. Gilberto Gil participou do espetáculo Momento 68, patrocinado pela Rhodia, levando o artista para Portugal e Espanha. Nesta época, ele começou a trabalhar com seu novo álbum solo e mais um projeto ao lado de outros tropicalistas, como Caetano, Gal Costa, Tom Zé, Nara Leão, Os Mutantes e Rogério Duprat. Em março, a gravadora lançou o primeiro single do novo álbum de Gilberto Gil, "Pega a Yoga, Cabeludo".Já em maio, sob o título de Gilberto Gil, também conhecido como "Frevo Rasgado", a Philips Records lançou o segundo álbum solo de Gil. Produzido por Manoel Barenbein e com arranjos de Duprat, tornou-se um dos álbuns fundamentais do movimento Tropicália. Em outubro de 2007, o álbum entrou na lista dos 100 maiores discos da música brasileira, feita pela revista Rolling Stone Brasil, ocupando a 78ª colocação. Outros artistas, como Caetano, também lançaram álbuns tropicalistas, recebendo críticas de jornais como O Estado de S. Paulo, escrita por Augusto de Campos. Coordenado por Caetano Veloso, os tropicalistas lançaram um álbum-manifesto coletivo intitulado Tropicalia ou Panis et Circencis, com canções de Gil, Torquato Neto, Capinam, Tom Zé e Veloso. "Miserere Nobis", "Lindoneia", "Parque Industrial" e "Geleia Geral", são canções que retratam o país, ao mesmo tempo, retrógrado e moderno. Em setembro Gil e Caetano concorreram ao Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Globo do Rio. A canção, e segundo single do álbum de Gil, não se classificou e, em meio às vaias, Caetano declamou um discurso violento e improvisado."Divino, Maravilhoso", composta por Gil e Veloso, interpretado por Gal Costa, participou do IV Festival de Música Popular Brasileira, alcançando o terceiro lugar e, posteriormente, dando nome a um programa de televisão dos tropicalistas, exibido pela TV Tupi, de São Paulo, com direção de Fernando Faro. Como a Tropicália representava uma intervenção na cultura do país, como uma crítica a política nacional, o governo resolveu reprimir o movimento, prendendo Caetano Veloso e Gilberto Gil, em São Paulo no dia 13 de dezembro de 1968. Os artistas e líderes do movimento foram levados para o quartel do Exército de Marechal Deodoro, no Rio de Janeiro. Apenas em fevereiro de 1969, os artistas foram soltos, ficando sob regime de confinamento até julho. Até lá, Gil ao lado de Caetano, partiu a gravar material, em abril e maio, para novos álbuns, arranjados por Rogério Duprat, o projeto seria concluído posteriormente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ao saírem do regime de confinamento, se apresentaram em um espetáculo de despedida, no Teatro Castro Alves. Posteriormente, partiram, Gil e Caetano, com suas respectivas esposas para o exílio, passaram por Lisboa e Paris, mas, fixaram-se em Chelsea, Londres. Gil disse que Guilherme, então empresário da dupla, "foi à Europa antes de nós, para verificar onde iríamos ficar. Lisboa e Madrid estavam fora de questão, pois, Portugal e Espanha estavam sob uma ditadura pesada. Paris tinha um ambiente musical entediante. Londres, era o melhor lugar para ser músico".

1969–1971: Exílio, terceiro álbum e retorno ao Brasil

Em agosto, mesmo com Gil fora do País, a gravadora lançou "Aquele Abraço", primeiro single do terceiro álbum de Gil e um dos maiores sucessos do ano no Brasil. Gil disse que a canção representava um "bye bye" ao País. Ele a compôs, após tratar da questão de sua saída do País com o Exército. Ele lembrou que os soldados do quartel o saudavam dizendo: "Aquele abraço, Gil!". Essa foi uma das canções de Gil mais vendidas, chegando ao topo da parada brasileira. Ainda em agosto, a Philips lançou Gilberto Gil, também conhecido como "Cérebro Eletrônico". Algumas resenhas sobre o álbum diz que as canções foram produzidas com um olhar para o ruído, dando à faixa "Volks-Volkswagen Blue" o título de "hino tropicalista". O críticos da allmusic, conclui que o álbum "é muito desarticulado, não tão consistente como o último álbum, mas, definitivamente uma obra-prima para o pop brasileiro no futuro". Já em Londres, Caetano e Gil dividiram o palco do Royal Festival Hall, em março de 1970. Essa foi a primeira de uma série de apresentações em teatros feita por Gil neste ano e no seguinte, na Inglaterra e em outros países da Europa, como França, Suíça, Alemanha, Áustria, Dinamarca e Suécia. O sucesso de "Aquele Abraço", rendeu ao cantor e compositor um "Golfinho de Ouro", pelo Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro. Porém, o próprio artista acabou recusando o prêmio, publicando um artigo n´O Pasquim.

No final do mês, Gil, Caetano e outros músicos brasileiros participaram do Festival da Ilha de Wight, que reuniu cerca de 600 000 pessoas. O jornal The Guardian, um dos principais da Inglaterra, escreveu que "dois brasileiros anônimos", eram a atração principal do segundo dia do evento, que durou cinco, e teve a participação de grandes artistas como The Who, The Doors, Joni Mitchell e Leonard Cohen, bem como a última apresentação de Jimi Hendrix. Os dois subiram ao palco cantando em português, acompanhado de tambores africanos e flauta transversal, mas, minutos depois, passaram a utilizar guitarras e a tocar canções que misturavam rock psicodélico, funk e samba. Nesta época, Gil foi convidado para produzir a trilha sonora do filme Copacabana Mon Amour, de Rogério Sganzerla. Ao lado de músicos como David Gilmour, do Pink Floyd, e Jim Capaldi, do grupo Traffic, entre outros, Gil foi convidado a participar de uma jam session, realizado no clube Revolution. Sua participação, se repetiu no ano seguinte também. Ao se envolver na organização do Festival de Glastonbury, em 1971, teve maior contato com reggae, estilo que estava em efervescência em Londres na época. Bob Marley, Jimmy Cliff e Burning Spear, tornaram-se inspirações para o compositor brasileiro. Além desses dois estilos, Gil também assistiu a apresentações de jazz, com artistas como Miles Davis e Sun Ra. Em meio a tudo isso, Gil assinou um contrato com o selo Famous Music, da Paramount Pictures, e o artista lançou um álbum somente com canções em inglês. Intitulado Gilberto Gil, é também conhecido como "Nêga", o álbum impulsionou a carreira internacional de Gil, levando-o para Nova Iorque, onde realizou uma série de apresentações no Village Vanguard e em teatros universitários. A Philips inglesa contatou Gil com o objetivo de lançar um novo álbum. O cantor chegou a gravar algumas canções, porém, acabou abandonando o projeto, devido a possibilidade de retorno ao Brasil. Caetano já havia retornado ao país, e Gil foi em janeiro de 1972, com a família e, a partir de então, percorreu as principais capitais do País com o espetáculo "Gilberto Gil: Em Concerto", que durou dois anos e continha repertório de álbuns futuros.

1972–76: Expresso 2222, Refazenda e Doces Bárbaros

Em publicação da revista Bondinho foram lançadas quatro canções de Gil, entre elas "Expresso 2222", que dá o nome ao álbum seguinte do cantor. As gravações desse novo projeto começaram em abril, e o primeiro single foi lançado em junho, "Cada Macaco no Seu Galho (Chô Chuá)", e contou com a participação de Caetano Veloso. "Chiclete com Banana" é o b-side do compacto. O lançamento de Expresso 2222 ocorreu em julho. Esse foi o primeiro trabalho de Gil ao voltar ao Brasil. Não é à toa que Gil canta "Back in Bahia", canção que retrata a ferida de uma saudade, enquanto "Pipoca Moderna", traz a presença da Banda de Pífanos de Caruaru e, na faixa-tema, Gil mostra sua habilidade violonística. A turnê do álbum iniciou-se em seguida e, durante esse tempo, o álbum Barra 69: Caetano e Gil ao Vivo na Bahia, gravação do espetáculo pelos dois em 1969, antes da partida para o exílio, foi lançado. Em dezembro, passou uma temporada ao lado de Gal Costa, apresentando-se no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, Gil e Gal foram para França, para realizar um espetáculo no Midem, em Cannes, e no teatro Olympia, em Paris - que seria transmitido pela televisão francesa em novembro do mesmo ano. Ao voltar ao Brasil, deu início à gravação de um novo álbum, Cidade do Salvador, que seria lançado apenas em 1999; a produção do projeto acabou sendo arquivada. Porém, em março, Gil lançou o single "Meio de Campo", que teve destaque devido ao b-side, "Eu Só Quero Um Xodó", canção original de Dominguinhos e Anastácia, e que tornou-se uma das principais músicas de Gilberto Gil. Em abril ele iniciou uma série de apresentações no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro. E, no mês seguinte, durante o evento "Phono 73", promovido pela gravadora Philips Records, no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, Gil e Chico Buarque foram impedidos pela censura do regime ditatorial de interpretar a canção "Cálice", feita pelos dois especialmente para essa ocasião. Quando os dois começaram a cantar a canção, tiveram os microfones desligados. A música já havia sido apresentada à censura, e foi recomendado pela mesma que não fosse interpretada.

Gilberto Gil, em 1972.

No início de 1974, ao lado de Caetano Veloso, Gil apresentou-se no Teatro Vila Velha, em Salvador. Esse espetáculo, foi gravado e, posteriormente, em abril do mesmo ano, lançado como álbum, intitulado Temporada de Verão. "Maracatu Atômico", canção composta por Jorge Mautner e Nélson Jacobina, foi o primeiro single do projeto, a ser lançado em fevereiro. Foi nessa época que Gil passou a administrar a sua própria carreira, deixando de trabalhar com o empresário Guilherme Araújo, e vai a São Paulo, realizando uma série de apresentações no Teatro da Universidade Católica, que, assim como as apresentações no Vila Velha, foi gravada e lançada, em dezembro, com o título de Gilberto Gil: Ao Vivo. No ano seguinte foi lançado Gil & Jorge: Ogum, Xangô, álbum lançado por Gil e Jorge Ben. Nesse, os dois cantam e tocam canções próprias. Porém, em seguida, Gil deu início à produção de um novo álbum, Refazenda. Esse foi lançado em 1975, e contou com uma turnê por 45 municípios brasileiros, com o objetivo de promover o projeto.[16] Esse é um dois principais álbuns de Gil, ao lado de Refavela (1977) - gravado após uma viagem ao continente africano - e Realce (1979).

Em 24 de junho de 1976, Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia, realizaram um espetáculo conhecido como "Doces Bárbaros", nome dado por Bethânia, no Palácio das Convenções do Anhembi. Essa apresentação virou uma turnê que foi até dia 7 de julho, quando Gil e Chiquinho Azevedo - então baterista -, foram presos por porte de maconha, em Florianópolis], Santa Catarina. O juiz decidiu internar ambos no Instituto Psiquiátrico São José, próximo a Florianópolis, de onde saíram no dia 20 para dar início a um tratamento ambulatorial periódico, no Sanatório Botafogo, no Rio de Janeiro. Logo após isso, o quarteto voltou a se apresentar, agora, no Canecão, onde permaneceram em cartaz por dois meses, batendo recorde de bilheteria na época. Essa turnê virou um documentário, Os Doces Bárbaros, de Jom Tob Azulay, e um álbum, Doces Bárbaros: Ao Vivo, lançado pela PolyGram. Hoje, o álbum é considerado uma "obra prima", porém, na época de seu lançamento (1976), foi duramente criticado. Inicialmente, o projeto seria gravado em estúdio, mas, por sugestão de Gal e Bethânia, foi decidido que um registro ao vivo seria melhor, sendo que quatro canções gravadas, foram, anteriormente, gravadas em estúdio e lançadas como singles - "Esotérico", “Chuckberry Fields Forever”, “São João Xangô Menino” e “O Seu Amor”. Em setembro Gil retomou a turnê de Refazenda, que passou por 58 cidades do País.

1977–1980: Refavela, Refestança e Realce

Em janeiro e fevereiro de 1977, Gil foi a Lagos, na Nigéria, para participar, ao lado de Caetano, do II Festival Mundial de Arte e Cultura Negra. A partir de então, passou a trabalhar a temática afro em suas canções. O cantor ficou cerca de um mês no País, tempo que serviria de base para o próximo álbum. Ao voltar ao Brasil, deu-se início a produção desse, e "Sítio do Picapau Amarelo", primeira canção de trabalho do álbum foi lançada em março, mês em que Gil começou a gravar o novo material. Após isso, o cantor realizou uma apresentação polêmica para estudantes de um colégio de São Paulo; os estudantes cobraram do artista uma posição política de esquerda, condizente com a deles, e acabaram vaiando Gil. Em maio, Refavela foi lançado e a primeira fase da turnê do álbum começou no segundo semestre. Em outubro, Gil juntou-se a Rita Lee e deu início a uma série de apresentações conhecidas como "Refestança". Essa foi gravada e lançada pela Som Livre com o mesmo nome. No ano seguinte, o contrato com a Philips terminou, mas, antes disso, o cantor gravou seis faixas para um álbum de Samba de breque, completado por gravações antigas de Germano Mathias. Esse projeto foi lançado em maio com o título de Antologia do Samba-Choro. Em 1978, Gil foi convidado a participar do Festival Internacional de Jazz de Montreux, na Suíça, celebrado em 14 de julho. Foi o primeiro brasileiro a se apresentar no festival, e esteve ao lado de A Cor do Som e Silvinho. Essa apresentação foi gravada e lançada pela Warner Music e suas afiliadas em agosto do mesmo ano. Antes disso, o cantor iniciou uma pequena turnê durante o verão europeu, e posteriormente, mudou-se para os Estados Unidos com a família, morando em Los Angeles e trabalhando no material para um novo álbum, exclusivo para o mercado estrangeiro, sob a produção de Sérgio Mendes. Foi no ano seguinte, precisamente em março e maio, que ele começou uma turnê por várias cidades estadunidenses, principalmente em teatros universitários, para promover seu novo álbum, Nightingale. Gil tornou-se o primeiro negro a integrar o Conselho de Cultura do Estado da Bahia - do qual Maria Bethânia também participou -, isso aconteceu em julho. "Não Chore Mais (No Woman, No Cry)" foi lançado em maio, e virou um grande hit da carreira do cantor, vendendo cerca de 750 mil cópias. Essa canção anunciou o novo projeto que começa a ser gravado nos Estados Unidos e que foi lançado em agosto. Realce, teve turnê com cinquenta e uma apresentações, em trinta cidades brasileiras e, ao lado do jamaicano Jimmy Cliff, apresentaram-se em ginásios e estádios de cinco capitais brasileiras, chegando a gravar um especial transmitido pela Rede Globo. Ainda em 1980, Gil foi eleito vereador em sua cidade natal, Salvador. Além disso, o artista passou a assumir outros cargos administrativos na área cultural, passando a realizar constantes viagens à África Ocidental.

1981–85: Luar, Um Banda Um, Extra e os 20 anos de carreira

Em novembro e dezembro de 1980, começaram as gravações de Luar (A Gente Precisa Ver o Luar), primeiro álbum de muitos produzidos por Liminha, sendo que o primeiro single do projeto foi "Se Eu Quiser Falar com Deus" e o projeto foi disponibilizado em março de 1981, com uma turnê que começou em 31 de março, durou seis meses, foi à Europa, Estados Unidos e Argentina. No início do ano, Gil ganhou da Câmara Municipal de São Paulo, a Medalha Anchieta Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo, e em abril a Rede Globo apresentou um especial sobre o cantor, intitulado Gilberto Passos Gil Moreira. Em setembro de 1981, é lançado o single "Sonho Molhado". Brasil, álbum de João Gilberto, Caetano Veloso e Gil foi lançado em junho pela Warner, e contém a participação de Maria Bethânia em uma das faixas. Durante os dois primeiros meses de 1982, o cantor começou a produção de um novo álbum voltado para o mercado exterior, seria o seu segundo. Porém, o projeto foi arquivado pelo próprio Gil. Ele, então, começou uma série de apresentações, intitulada "voz e violão" em abril e maio, dando início, após isso, a gravação de um novo álbum, Um Banda Um, e durante sua produção, ele realizou uma turnê pela Europa, finalizada em Israel. Em agosto foi lançado Um Banda Um, acompanhado de "Andar com Fé", primeira canção de trabalho desse novo projeto. A turnê brasileira do mesmo, começou ainda em agosto, e em dezembro Gil teve sua casa, um sítio na Estrada dos Bandeirantes, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, assaltada. E nesta época, após tudo isso, a editora Currupio, lançou um livro que contém coletâneas de entrevistas com Gil, textos sobre ele e outros arquivos, organizada, escrita e publicada pelo baiano Antonio Risério. A turnê de Um Banda Um, seguiu em maio e julho de 1982 pelos Estados Unidos, Europa, e depois no México e Colômbia, antes do retorno ao Brasil, onde o cantor já projetava um novo conteúdo para o próximo álbum, a ser lançado em setembro com o título de Extra. Esse novo trabalho contaria com uma turnê que duraria um mês no Palace, em São Paulo, e após passar por diversas cidades do país, chegando no Rio de Janeiro, onde ficou em cartaz no Canecão de dezembro a janeiro, antes de partir para outras apresentações em Salvador e Buenos Aires.

Em 1984, Cacá Diegues dirigiu uma produção cinematográfica franco-brasileira intitulada Quilombo, baseado nos livros Ganga Zumba, de João Felício dos Santos, e Palmares, de Décio de Freitas. Gilberto Gil foi convidado a produzir na trilha sonora do filme, e no mesmo ano o álbum com as canções do filme foi lançada em outubro, na Europa, pela Warner. Neste meio tempo, Gil apresentou-se pela Europa e Estados Unidos, em junho e julho, e, após apresentações em Israel, voltou ao Brasil para produzir mais um álbum, Raça Humana. Com exceção da canção "Vamos Fugir", que foi gravada na Jamaica e contou com a participação do grupo The Wailers e a versão em inglês da faixa foi lançada como single na Europa, o álbum foi produzido no estúdio Nas Nuvens, inaugurado por Gil e Liminha, localizado no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Em setembro as gravações do álbum já estavam concluídas, e o material começou a ser produzido. Gil apresentou-se em Nova Iorque, mas, se retornou ao Rio de Janeiro para o lançamento do álbum e estreia da turnê, no Canecão, em 25 de outubro de 1984. No ano seguinte, 9 a 12 de janeiro de 1985, aconteceu a primeira edição do festival de música Rock in Rio, na qual Gil participou. Em abril, deu-se início a gravação de um novo material para o futuro álbum, finalizado apenas em agosto. Em junho e julho, o cantor realizou uma excursão pela Europa e Estados Unidos, e três meses depois, lançou o álbum Dia Dorim Noite Neon. Em novembro, o artista comemorou os 20 anos de sua carreira com um grande evento em São Paulo, organizado pelo letrista baiano Waly Salomão. Intitulado "Gil: 20 anos-luz", a semana de espetáculos contou com apresentações, debates, filmes, leituras e apresentações de grandes nomes da música brasileira da época. Após isso, Gil começou a turnê de promoção de seu recém-lançado álbum.

1986–1990: Engajamento político e ao vivo em Tóquio

Nélson Pereira dos Santos, produziu em 1987 um filme intitulado Jubiabá, baseado na obra homônima de Jorge Amado, e convidou Gil para fazer a trilha sonora, em 1986. Por volta do mês de abril, Gil apresentou-se em um espetáculo de voz e violão no Golden Room, do Copacabana Palace, através do projeto "Luz do Solo". Seu parceiro de composição Jorge Mautner participou do espetáculo. Mas, foi em 6 de maio, que Gil recebeu das mãos de Tom Jobim o Golfinho de Ouro - que Gil já havia recusado uma vez -, premiação do Governo do Estado do Rio de Janeiro, na época de Leonel Brizola, em cerimônia seguida de uma apresentação, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em junho e julho, Gil foi à Europa para a turnê de Dia Dorim Noite Neon. Lá, foi convidado a participar do movimento francês SOS Racisme, na praça da Bastilha, apresentando-se na mesma noite com artistas franceses e africanos. A partir dai, ele foi para a sua primeira apresentação no oriente, no Japão; a turnê ainda incluiu passagens pelos Estados Unidos, Canadá e Caribe. Em 1987, o artista tornou-se presidente da Fundação Gregório de Matos, instituição voltada para revitalização da cultura afrobrasileira Durante sua gestão, intensificou a relação Bahia-África, tanto que abriu-se em Salvador uma Casa de Benin, e na África, uma Casa da Bahia. Gil esteve por trás de um projeto de recuperação do centro histórico de Salvador arquitetado pela italiana Lina Bo Bardi e sua equipe. Simultâneo a sua carreia política, Gil foi responsável pela trilha sonora do filme Um Trem para as Estrelas, de Carlos Diegues, lançado pela Som Livre. Gilberto Gil: Em Concerto, foi lançado em março. Trata-se da gravação da apresentação do artista no Copacabana Palace, em 1986. Para divulgar esse novo trabalho, o artista se juntou a Jorge Mautner e estreou em São Paulo "O Poeta e o Esfomeado", espetáculo que passaria por vinte cidades do Brasil. Sua apresentação em Tóquio, foi lançada no Japão em maio, e o álbum Soy Loco por Ti, América, começou a ser gravado, especialmente para o mercado internacional. Nos meses seguintes, Gil realizou uma turnê pelos Estados Unidos e Europa e, em agosto, o álbum Soy Loco por Ti, América foi lançado.

Em 2 de março de 1988, Gil lançou-se oficialmente como pré-candidato a prefeitura da cidade de Salvador. Desligando-se em 14 de julho do cargo de presidente da Fundação Gregório de Mattos, devido a campanha política. Antes disso, ele foi à Europa e aos Estados Unidos para uma pequena turnê. Em agosto, decidiu disputar a Câmara dos Vereadores pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), nas eleições de 15 de novembro. Em agosto, a editora Paz e Terra lançou O Poético e o Político, de Gil e Antonio Risério, e o álbum Gilberto Gil: Ao Vivo em Tóquio, e o artista foi ao Japão para uma turnê e foi eleito vereado com o maior número de votos. Voltou ao Rio para uma nova temporada de espetáculos ali. Um novo álbum começou a ser planejado, e em janeiro e fevereiro de 1989, começaram as gravações. Com licença da Câmara, ele iniciou a turnê nacional, em 22 de maio, para divulgar o novo álbum, O Eterno Deus Mu Dança, lançado em junho. Gil foi aos Estados Unidos e à Europa, para promover seu novo trabalho. Em fevereiro de 1990, morreu seu filho mais velho, Pedro, em um acidente de carro, e Gil decidiu viajar para a Europa. E nesse ano, em 5 de junho, recebeu do então Ministro da Cultura da França, Jack Lang, o título de cavaleiro da Ordem das Artes e Letras (Ordre des Arts et des Lettres, em francês), e acabou estendendo a temporada europeia e estadunidense ao Japão. Em novembro a Warner Music, através do selo WEA, começou a relançar no formato de CD todos os álbuns de Gil, anteriormente lançado como disco de vinil pela gravadora. Ainda em novembro o artista foi homenageado pelo X Prêmio Shell de Música Brasileira, pelo conjunto de sua obra.

1991–95: Parabolicamará, homenagens e Unplugged

Em janeiro e fevereiro de 1991 Gil fez uma excursão pela Europa. Porém, meses depois, em 10 de março, ele fez uma pausa e, ao lado de Tom Jobim, Caetano Veloso, Sting e Elton John, apresentou-se no Carnegie Hall, em Nova Iorque. Em seguida, ainda nos Estados Unidos, começou a gravar o material para o álbum do saxofonista estadunidense Ernie Watts, intitulado Afoxé, lançado pela CTI Records. Em junho e julho, retomou a turnê pela Europa e, em novembro, começou a gravar o material para o novo álbum, Parabolicamará, lançado em janeiro de 1992. O lançamento do projeto e início da turnê, foram marcados por um grande espetáculo na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Em março, partiu para a Europa para vinte apresentações acústicas, apenas com voz e violão. Essas apresentações não tinham ligações com a turnê de Parabolicamará - que embarcava para a Europa apenas após as comemorações de 50 anos de idade do cantor. A editora e o selo Lumiar, lançaram em outubro, o primeiro volume do livro Songbook Gilberto Gil, que contém acordes cifrados e letras de 130 canções do compositor. O segundo volume, contém três álbuns, nos quais 38 faixas são interpretadas por diversos nomes da música brasileira, Da Europa, Gil partiu para Nova Iorque, onde ficou um mês inteiro (novembro) apresentando-se no Bowery Ballroom, apenas voz e violão. Ao voltar ao Brasil, em 19 de dezembro, realizou um grande espetáculo no vale do Anhangabaú, em São Paulo.

Com o término de seu mandato como vereador, Gil abandonou a política e, em 1993, gravou ao lado de Caetano Veloso um álbum que comemora os 26 anos do tropicalismo e os 30 anos de amizade. Em julho, foi homenageado na noite brasileira do XXVII Festival Internacional de Jazz de Montreux, com um espetáculo chamado "Gilberto Gil and Friends", do qual participaram Caetano, Gal Costa, Chico Buarque, Dominguinhos e o Trio Esperança. Durante julho e agosto, realizou turnê pela Europa e Estados Unidos, e voltou ao Brasil, após isso, para lançar, através da PolyGram, Tropicália 2, com Caetano. Os dois fizeram uma apresentação do álbum na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, em 25 de setembro, e depois, em 2 de outubro ao Pólo de Arte e Cultura do Anhembi, em São Paulo. Em setembro a PolyGram, começou a relançar todos os álbuns remasterizados de Gil, antes lançados pela Philips como disco de vinil, dentro de uma série "Colecionador". E no mês seguinte, Gil voltou com a turnê de Parabolicamará, indo em novembro para a Alemanha, com Marisa Monte, para diversas apresentações no país.

Em 18 de janeiro de 1994 Gil gravou o programa Acústico, da MTV. Essa apresentação foi gravada e, posteriormente, lançada mundialmente pela Warner Music, como álbum e home video intitulada Gilberto Gil: Unplugged. Enquanto o lançamento do acústico não acontecia, Gil levou a apresentação de promoção do álbum Tropicália 2, para o Parque de Exposições de Salvador, em 28 de janeiro. E durante o carnaval daquele ano, o artista, ao lado de Caetano, Gal e Bethânia, os Doces Bárbaros, foram homenageados pela Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, com o samba-enredo "Atrás do Verde e Rosa, Só não Vai quem Já Morreu". O quarteto realizou uma apresentação na quadra da escola, e participou do desfile no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Em abril, a gravadora disponibiliza o álbum acústico. O lançamento ocorreu na Sala Cecília Meireles, com uma apresentação que percorreria o País, retornado ao Rio em setembro. Durante o VII Prêmio Sharp de Música, realizado em 4 de maio de 1994, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Gil recebeu de Dorival Caymmi uma homenagem por sua importância para a música nacional. Com os Doce Bárbaros, Gil viajou para Londres. Lá, o quarteto apresentou-se no Royal Albert Hall, espetáculo que contou com a participação da bateria da Mangueira. Ali, Gil e Caetano mostraram o espetáculo "Tropicália Duo", transposição das apresentações de Tropicália 2, na Europa e nos Estados Unidos. Ainda em 1994, precisamente em novembro, Gil gravou em Oslo, na Noruega, uma participação no álbum do baixista Rodolfo Stroeter, que também contou com a participação da cantora Marlui Miranda e do percussionista indiano Trilok Gurtu. No final do ano, Gil levou "Tropicália Duo", para o Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Com o objetivo de promover o Unplugged, Gil fez excursão pelos Estados Unidos e Europa em junho e julho de 1995, começando a gravar novo conteúdo para o próximo álbum, nos dois meses seguintes. Em outubro, o Free Jazz Festival, trouxe ao Brasil grandes nomes da música, como Nina Simone, Ray Charles, entre outros. E Gil participou do festival, apresentando-se com Stevie Wonder, no Rio de Janeiro e em São Paulo. No final do ano, Gil foi um dos nomes no espetáculo de ano-novo na praia de Copacabana, ao lado de Gal Costa, Chico Buarque, Milton Nascimento e Paulinho da Viola, interpretando o repertório de Tom Jobim, com a participação da bateria da Mangueira.

1996–2000: Festivais, Quanta, Grammy e Filhos de Gandhy

Em janeiro de 1996, Gil apresentou-se na última edição do festival Hollywood Rock, realizado no Rio de Janeiro e em São Paulo pela empresa de tabacos Souza Cruz, onde recebeu convidados como Fernanda Abreu, Lulu Santos e Lobão Meses depois, a agência Denison Bates, lançou em um álbum a canção "Comunidária", escrita e interpretada pelo cantor, para o projeto Comunidade Solidária. Esse álbum foi distribuído para os clientes-alvo da campanha. No final de março, Gil participou, ao lado do percussionista Naná Vasconcelos, da terceira edição do festival internacional PercPan, realizado em Salvador - esse mesmo festival teria sua próxima edição organizada por Gil e Naná, com a presença de onze artistas de seis países Assim como em anos anteriores, em junho e julho, Gil foi à Europa e aos Estados Unidos, para diversas apresentações e, em novembro, o livro Gilberto Gil: Todas as Letras, organizado por Carlos Rennó, foi lançado através da editora Companhia das Letras. O livro traz comentários do artista sobre a composição de oitenta canções suas. Em 14 de dezembro Gil apresentou-se na sede da Embratel, no Rio de Janeiro. Esse espetáculo foi transmitido em tempo real pela internet, onde Gil lançou o primeiro single do novo álbum, "Pela Internet", disponível a partir de janeiro de 1997. Em abril, o álbum duplo Quanta foi lançado. Sua turnê começou em São Paulo, e seguiu para o Rio, onde ficou por uma temporada inteira no Canecão. Em 25 de maio, o artista foi a São Paulo, onde apresentou-se para 35 mil pessoas na praça da Paz, no Parque do Ibirapuera. Em seguida, voltou a dar sequencia na turnê de Quanta, indo ao interior do estado de São Paulo e percorrendo o resto do ano, outras partes do Brasil, para depois a turnê ir para países da Europa. A turnê, acabou se transformando em álbum ao vivo, sendo que a gravação ocorreu em 13 e 14 de agosto, gravada no Teatro João Caetano, no Rio. O álbum foi lançado em fevereiro de 1998, com o título Quanta Gente Veio Ver, também conhecido como Quanta: Live. Em junho e julho de 1998, Gil lançou a turnê "Twentysummers", que comemora os vinte anos seguidos de apresentações do artista pela Europa no verão. Pelo selo Pau Brasil, o artista lançou mais um álbum, Sol de Oslo - projeto coletivo divido com o baixista e produtor Rodolfo Stroeter, a cantora Marlui Miranda, o percussionista indiano Trilok Gurtu, o tecladista norueguês Bugge Wesseltoft e o acordeonista Toninho Ferragutti. Com uma apresentação de Gilberto Gil, o documentário produzido pelo canal GNT e pela Conspiração Filmes, intitulado Pierre Verger: Mensageiro entre Dois Mundos, sobre o fotógrafo e etnólogo francês radicado na Bahia.

Em 25 de fevereiro de 1999, o álbum ao vivo Quanta Gente Veio Ver, foi eleito o álbum do ano na categoria "música do mundo" do Grammy. Gil receberia a estatueta do Grammy, em uma apresentação realizada no Rio e em São Paulo, em maio do mesmo ano. No mês seguinte, a Universal Music lançou o box Ensaio Geral, composto por treze álbuns produzidos por Marcelo Fróes. Esse material abrange os lançamento do artista pela Philips Records e PolyGram, entre 1966 e 1977, contendo também canções inéditas. No final do mês, aconteceu a quinta edição do PercPan, dirigido por Gil e Naná Vasconcelos. Em junho e julho, Gil realizou mais uma turnê pela Europa e Estados Unidos, mas, voltou ao Brasil em 25 de julho, para uma apresentação ao lado de Ivete Sangalo para 90 mil pessoas, na praça da Paz, no Parque do Ibirapuera. Em setembro, a editora UnB lançou o livro de Bené Fonteles, intitulado GiLuminoso, trazendo um álbum gravado pelo artista especialmente para esse projeto. Ainda em novembro, ao lado de Caetano, Gal Costa, Chico Buarque, Elza Soares e Virgínia Rodrigues, o artista realizou uma apresentação conhecida como "Since Samba Has Been Samba", no Royal Albert Hall, em Londres. Em 27 de fevereiro de 2000, a Conspiração Filmes lança o documentário Filhos de Gandhy, gravado parcialmente na Índia, e apresentado pela primeira vez no canal GNT. O documento foi dirigido por Lula Buarque de Hollanda, sob condução de Gil. Em março, o artista participou do carnaval de Salvador com o seu próprio trio elétrico, chamado "Chame-gente", e começou a gravar um novo trabalho, com Milton Nascimento. A sexta edição do PercPan - assim como as anteriores, dirigidas por Gil e Naná Vasconcelos -, dividiu-se entre Salvador e São Paulo, e em maio segue a Paris. Nesse tempo, Gil foi escolhido para desenvolver a trilha sonora do filme Eu, Tu, Eles. O álbum, intitulado Gilberto Gil e as Canções de Eu, Tu, Eles, contém clássicos de Luiz Gonzaga, e contou com uma turnê nacional homônima. Em outubro, o conteúdo gravado com Milton Nascimento terminou de ser produzido e a Warner Music lançou o álbum Gil & Milton. Os dois deram início a turnê de promoção do projeto em novembro, e essa se estendeu até dezembro. Os dois se apresentaram no 3º Rock in Rio, e Gil sobre um deslocamento da retina do olho direito e foi operado.

2001–05: Eletracústico, "Nobel da música" e premiações

Durante o carnaval de 2001, Gil esteve presente em seu trio elétrico, o Expresso 2222, e em seu camarote. No mês seguinte, o artista voltou a se apresentar, promovendo o álbum lançado por ele e Nascimento. Em abril, o artista começou a gravar material para um álbum especial para as festas dos santos populares. São João Vivo, foi lançado em maio, pela Warner Music, e rendeu ao artista um disco de ouro, no Brasil. Embalado por esse novo trabalho, em junho o cantor realizou o espetáculo "Arraial de Gilberto Gil", no aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, que marcou o início das filmagens do documentário Viva São João!, de Andrucha Waddington, lançado no ano seguinte em 14 de junho - nos cinemas. Antes disso, Gil fez uma apresentação com o pianista japonês Ryuichi Sakamoto e o Quarteto Jobim-Morelenbaum, no Teatro Alfa, em São Paulo. Após isso, iniciou uma turnê pela Europa, e foi à Jamaica, em novembro, para gravar um novo álbum, Kaya N'Gan Daya. A oitava edição do festival PercPan, ocorreu em Recife, Pernambuco, agora, além de Gil, com a direção do percussionista Marcos Suzano. A gravação do disco digital versátil Kaya N'Gan Daya, ocorreu no DirecTV Music Hall, em São Paulo. O álbum foi finalizado no estúdio Palco, instalado nas dependências da produtora de Gil, Gege, na Gávea, zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Esse novo álbum foi lançado em maio, e contou com uma turnê homônima que teve estreia no Canecão.

Toda a discografia de Gilberto Gil lançada pela Warner Music, entre 1975 e 2002, foi lançada em um box em novembro. Sob a produção de Marcelo Fróes, o material possuía vasto material inédito, como demos, sobras de álbuns, e também a trilha sonora do filme Quilombo, por exemplo. Em 7 e 8 de dezembro os Doces Bárbaros se reuniram para duas apresentações: uma na praça da Paz, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo; e outro, no dia seguinte, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Ainda em dezembro, do cantor aceitou o convite do então presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, e tornou-se Ministro da Cultura. Após o natal, o artista gravou um "ao vivo" do Kaya N'Gan Daya, no Teatro João Caetano. Esse, seria lançado em abril de 2003, com apresentações para divulgar o mesmo. Com licença de um mês do MinC, o artista foi à Europa, para diversas apresentações com Maria Bethânia. Em setembro, recebeu o prêmio de personalidade do ano no Grammy Latino, em Miami, Estados Unidos. No ano seguinte, Gil foi atração do segundo Rock in Rio realizado em Lisboa, Portugal. Uma excursão com dez apresentações pela Europa, ocorreu em julho, e de 13 a 15 de agosto o artista foi a São Paulo para apresentar o espetáculo "Eletracústico". Em seguida, ele viajou para Genève, Suíça, para participar do "Piece Concert", na Organização das Nações Unidas, em memória das vítimas do atentado à sede da organização, em Bagdá.

No mês seguinte, Gil foi ao Rio de Janeiro para registro do espetáculo "Eletracústico". O produtor do álbum, Tom Capone, faleceu em 2 de setembro, em um acidente de moto nos Estados Unidos, e Liminha foi chamado para produção o projeto, que foi dirigido por Bernardo Palmeiro. Foi Capone que convencera Gil a registrar o espetáculo, e o artista dedicou o projeto a ele. As gravações do álbum ocorreram de 10 a 12 de setembro, no Canecão. E o Eletracústico foi lançado em 26 de novembro de 2004, pela Warner Music. Gil venceu o prêmio Polar de Música do ano, concedido pela Academia Real Sueca de Música. O prêmio é considerado o "Nobel da Música Popular", e foi dado ao artista devido ao "compromisso criativo de levar ao mundo o coração e a alma da música brasileira", assim como por seu "imenso talento, sua curiosidade e sua firme convicção cultural". No ano seguinte, o artista ganhou o Prêmio Multishow de Música Brasileira, na categoria "Música", por "Vamos Fugir", foi a Paris para apresentar o espetáculo "Viva Brasil", na Praça da Bastilha, reunindo quase 100 mil pessoas. Eletracústico, foi indicado para o VI Grammy Latino, como "melhor álbum de música popular brasileira", mas, perde para Cantando Histórias, de Ivan Lins. Após receber do governo francês a "Légion D'Honneur Grand Officier", recebeu a notícia que Eletracústico, foi indicado para o Grammy na categoria melhor álbum contemporâneo de world music. Em 1 de dezembro, o artista lançou, com uma apresentação no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, o DVD Show da Paz: Gil na ONU, gravado em 2003 na sede da entidade, e teve participação do então secretário-geral Kofi Annan.

2006–10: As "bandas" e Fé na Festa

Gilberto Gil durante a Teia 2007 na Casa do Conde em Belo Horizonte.

Em 8 de fevereiro de 2006, Gil ganhou o segundo Grammy de sua carreira, com Eletracústico. Com dois anos sem compor, Gil escreveu "Balé de Berlim", feita para a seleção brasileira. Essa foi lançada um single promocional, "Ballet de Berlim", uma homenagem a Copa do Mundo FIFA. Em 25 de maio, o artista se apresentou em Berlim, na Alemanha, dando início a "Copa da Cultura", e seguiu em turnê pela Europa, apresentando-se em Bruxelas, Roma, Milão, Istambul, Paris, Montreux, Córsega, Barcelona, Madri e Girona, entre outras. No Brasil, Gil recebeu o título de honra ao mérito dos Afoxés Bisnetos de Gandhy, em Maceió, Alagoas, lançando no início do mês seguinte o álbum Gil Luminoso, pela Biscoito Fino. A turnê internacional de promoção do álbum, recebeu o título de "Banda Larga", e teve início em julho de 2007. E em 8 de agosto, o cantor participou do Festival de Jazz de Marciac, na França. O projeto foi indicado para 50º Grammy na categoria de melhor álbum contemporâneo de world music. Gil, tornou-se o primeiro artista brasileiro a ter um canal exclusivo no site de vídeos YouTube, e em 15 de maio de 2008, lança Banda Larga Cordel, na internet. O álbum conta com uma turnê homônima que passou pelos Estados Unidos e pela Europa durante junho e julho, e pela América Latina em outubro e novembro. Devido a difícil tarefa de conciliar a agenda ministerial com projeto pessoais e artísticos, o cantor pediu demissão da função de ministro da cultura, em 30 de julho de 2008. Anteriormente, porém, o artista já havia pedido demissão, em novembro de 2007, mas, o então presidente convenceu Gil a ficar no cargo. Banda Larga Cordel foi indicado para o Grammy Latino, na categoria de "melhor álbum de cantor-compositor". Em abril de 2009, o artista recebeu o título de Cidadania do Estado do Piauí. Foi para a Europa, para uma turnê de verão chamada "Here and Now". Durante a excursão, recebeu diploma da cidade de Milão, por ser "embaixador da cultura e da consciência critica do Brasil moderno, alma politica de seu próprio pais alem de simbolo universal de empenho social e de apoio a luta contra a miséria e a fome no mundo", segundo a então prefeita, Letizia Moratti. Ao voltar ao Brasil, gravou um novo projeto ao vivo. Intitulado BandaDois, o espetáculo foi gravado no Teatro Bradesco do Shopping Bourbon, em São Paulo, nos dias 28 e 29 de setembro, sob direção do cineasta brasileiro Andrucha Waddington. O espetáculo consiste em uma apresentação com "voz, violão e alguns convidados" apenas. Em novembro, Gil excursionou pela Europa com o projeto "The String Concert", ao lado de seu filho Bem e Jaques Morelembaum. Em dezembro de 2009, chegou às lojas BandaDois, e o cantor continuou com a turnê "The String Concert", agora pelos Estados Unidos.

Em 11 de junho de 2010 Gil lançou seu 57.º álbum, pela Universal Music. Intitulado Fé na Festa, o trabalho foi dedicado totalmente às festas dos santos populares - e também lançado no início das festividades -, com canções de maxixe, baião, xote e forró, consideradas por diversos críticos como um "retorno às origens do baiano" - uma vez que esse recebera, enquanto criança, grande influência de Luiz Gonzaga. Entre as canções do projeto estão "Aprendi com o Rei", homenagem a Gonzaga, "Dança da Moda", "Marmundo", entre outras A turnê de Fé na Festa, foi introduzida no circuito das festas juninas no Nordeste do País, e em diversas regiões do País, promovendo o álbum. Essa sequencia de espetáculos rodou a Europa também, conhecida como "For All", com calorosa recepção. Meses depois, Retirante chegou às lojas do país. Trata-se de um álbum duplo com 32 canções do início da carreira de Gilberto Gil - de 1962 a 1966. Boa parte desse álbum contém faixas feitas apenas com voz e violão, entre as composições estão "Roda", "Me Diga", "Moço", "Ensaio Geral", entre outros. A pesquisa e resgate foi feito pelo pesquisador Marcelo Fróes, acompanhado por Gil. Sobre a direção de Andrucha Waddington, a turnê do álbum Fé na Festa, tornou-se um documentário, com uma apresentação gravada no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro. Fé na Festa: Ao Vivo, foi lançado em 9 de dezembro de 2010, e além da apresentação.

2011–17: A conspiração, 70 anos e outros projetos

Meses depois do lançamento do documentário Fé na Festa, o cineastas Andrucha Waddington e Lula Buarque de Hollanda, sócios da Conspiração Filmes, lançaram um box, contendo sete DVDs lançados/sobre Gilberto Gil e sua carreira. A Conspiração de Gilberto Gil, contém documentário dirigidos por Hollanda (Pierre Verger: Mensageiro entre Dois Mundos - narrado por Gil -, Filhos de Gandhi e Kaya N’gan Daya), ao passo que Waddington assina os músicas (Banda Dois e iva São João!, além do filme Eu, Tu, Eles - cuja trilha sonora é assinada por Gil - e o documentário Tempo Rei, codirigido por Hollanda).[80][81] Gravado no Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em outubro de 2011, Gil +10: O Retrato da Música Brasileira, trata-se de um espetáculo acústico, onde Gil recebeu dez convidados para interpretar canções de seu repertório. O projeto foi promovido pela MPB FM, e fora lançamento pela Go2Music. Foram convidados Ana Carolina, Erasmo Carlos, Lenine, Maria Gadú, Mart'nália, Os Paralamas do Sucesso, Dona Ivone Lara, Milton Nascimento, Zeca Pagodinho e Preta Gil.

Gil se apresentando em São Paulo, novembro de 2018.

Em 10 de setembro de 2011, foi anunciado que o artista seria protagonista de um documentário dirigido pelo suíço Pierre Yves e pelo francês Emmanuel Gétaz e produzido pelo brasileiro Daniel Rodriguez, sobre o cantor e suas viagens para três países do Hemisfério Sul: Brasil, África do Sul e Austrália; retratando as conexões políticas-geográficas que os une. O documentário, ainda deve conter cenas do carnaval de Salvador em terreiros de candomblé, e encontros de Gilberto Gil com pensadores e artistas sul-africanos, poetas e líderes e cantores australianos. Connecting South: The New World, ainda não tem data de lançamento, mas, a previsão é que seja lançada ainda em 2012. Inspirada na canção "Domingo no Parque" (1967), a Companhia de Teatro O Cidadão de Papel, fez uma montagem dirigida por Marcos Oliveira, em Salvador. Segundo o autor Leandro Rocha, "a peça 'Domingo no Parque' é também uma homenagem a Gilberto Gil, que consegue abordar diferentes temas em sua obra musical, muitos deles de maneira cênica”.

Para comemorar os 70 anos de idade, o artista iniciou em 18 de maio de 2012, uma mini-turnê conhecida como "Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo". Apresentou-se em algumas cidades do País, ao lado de orquestras, como a Orquestra Sinfônica da Bahia - que acompanhou o artista em sua estreia no Teatro Castro Alves, em Salvador. Depois da apresentação no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 28 de maio, onde gravou o DVD comemorativo ao lado da Orquestra Petrobras Sinfônica, a série de apresentações foi para a Europa. O projeto, originalmente, surgiu em 2006, na época do lançamento do álbum Gil Luminoso, porém, apenas em 2012 saiu do papel, que agora, conta com a regência do maestros Jaques Morelenbaum e Carlos Prazeres.

Um dia antes do aniversário de Gilberto Gil o site YouTube transmitiu uma hora do espetáculo "Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo", gravado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. No canal oficial do cantor, era possível encontrar depoimentos exclusivos de diversos artistas falando sobre Gil, além de falas do próprio artista.

Em 5 de agosto de 2016 participou da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, cantando Isso Aqui, o Que É ao lado de Caetano Veloso e Anitta.

2018–presente: OK OK OK, GIL e outros projetos

Em janeiro de 2018 fez um show com ritmistas da escola de samba Vai-Vai, cujo enredo para o Carnaval foi inspirado nele.

Em agosto de 2018 Gilberto Gil lança o álbum OK OK OK pela gravadora Biscoito Fino. O álbum foi eleito o 4.º melhor disco brasileiro de 2018 pela revista Rolling Stone Brasil e um dos 25 melhores álbuns brasileiros do segundo semestre de 2018 pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 2019, ele venceu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.

Em agosto de 2019 participou do programa Criança Esperança da Rede Globo, onde cantou uma versão de sua canção Palco com a cantora Anitta. Neste mesmo mês, a trilha sonora do Espetáculo do Grupo Corpo, "GIL", foi lançado. Em novembro do mesmo ano, fez um show com a banda BaianaSystem. Gil também entrou num processo criativo para escrever canções inéditas para o álbum Giro (2019) da cantora Roberta Sá, disco este produzido por Bem Gil.

CEm 1988, mesmo gravando, fazendo shows e se envolvendo em causas sociais, elegeu-se vereador em Salvador, sua cidade natal, pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) com exatos 11.111 votos. Em 21 de março de 1990, filia-se ao Partido Verde (PV), como membro da Comissão Nacional Executiva.

Em janeiro de 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse, nomeou-o para o cargo de ministro da Cultura, nomeação que originou severas críticas de personalidades como Paulo Autran[98] e Marco Nanini em entrevistas à Folha de S.Paulo.

Entretanto, permaneceu no cargo de ministro por cinco anos e meio. Deixou o Ministério em 30 de julho de 2008 para voltar a dedicar-se com maior exclusividade à sua vida artística. Em 28 de agosto, participou da solenidade de posse oficial de seu sucessor no Ministério, Juca Ferreira.

Cargos

Vereador na Câmara Municipal de Salvador: 1989 a 1992 (teve exatos 11 111 votos).

Ministro da Cultura: 1 de janeiro de 2003 a 30 de julho de 2008.

Liberdade digital

Gilberto Gil é um dos principais defensores do Software Livre e da Liberdade Digital. Em 29 de janeiro de 2005, durante um debate sobre Software Livre no Fórum Social Mundial 2005, foi muito aplaudido após defender o Software Livre e a Liberdade Digital. Algumas de suas palavras neste debate:

Todo esse movimento visa uma mudança de comportamento social muito maior que repensa a forma como é tratado o direito autoral hoje.

Lembrando que Gilberto Gil participou recentemente de um disco livre promovido mundialmente pela Creative Commons com a música Oslodum.

Em 11 de março de 2007, o jornal estadunidense The New York Times dedicou uma matéria aos esforços de Gilberto Gil em relação a "flexibilizar direitos autorais". A matéria, intitulada Gilberto Gil Hears the Future, Some Rights Reserved (Gil ouve o futuro, com alguns direitos reservados) elogia o trabalho do ministro da cultura quanto à aliança formada com a Creative Commons em 2003, uma de suas primeiras ações como ministro. "Minha visão pessoal é que a cultura digital traz consigo uma nova ideia de propriedade intelectual, e que esta nova cultura de compartilhamento pode e deve informar políticas governamentais.", disse Gil.

Estilo musical e influências

Gil é tenor, mas canta no registro de barítono ou falsete, com letras e/ou sílabas dispersas. Suas letras são sobre assuntos que vão da filosofia à religião, contos populares e jogo de palavras. O estilo musical de Gil incorpora uma ampla gama de influências. A primeira música a que ele foi exposto incluiu The Beatles e artistas de rua em várias áreas metropolitanas da Bahia. Durante seus primeiros anos como músico, Gil se apresentou principalmente em uma mistura de estilos tradicionais brasileiros com ritmos de duas etapas, como baião e samba. Ele afirma que "Minha primeira fase foi de formas tradicionais. Nada experimental. Caetano [Veloso] e eu seguimos a tradição de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, combinando samba com música nordestina". O crítico de música americano Robert Christgau disse que, juntamente com Jorge Ben, Gil estava "sempre pronto para ir mais longe do que os outros gênios do samba/bossa".

Como um dos pioneiros da tropicália, influências de gêneros como rock e punk têm sido difundidas em suas gravações, assim como nas de outras estrelas do período, incluindo Caetano Veloso e Tom Zé. O interesse de Gil pela música baseada no blues do pioneiro do rock psicodélico Jimi Hendrix, em particular, foi descrito por Veloso como tendo "consequências extremamente importantes para a música brasileira". Veloso também observou a influência do guitarrista e cantor brasileiro Jorge Ben no estilo musical de Gil, juntamente com o da música tradicional. Após o auge da tropicália na década de 1960, Gil tornou-se cada vez mais interessado na cultura negra, particularmente no gênero musical jamaicano reggae. Ele descreveu o gênero como "uma forma de democratizar, internacionalizar, falar uma nova língua, uma forma heideggeriana de transmitir mensagens fundamentais".

Visitando Lagos, na Nigéria, em 1976 para o Festival de Cultura Africana (FESTAC), Gil conheceu os músicos Fela Kuti e Stevie Wonder. Ele se inspirou na música africana e depois integrou alguns dos estilos que ouvira na África, como juju e highlife, em suas próprias gravações. Um dos mais famosos destes registros de influência africana foi de 1977 álbum Refavela, que incluiu "No Norte da Saudade", uma canção fortemente influenciado pelo reggae. Quando Gil voltou ao Brasil após o asilo, ele se concentrou na cultura afro-brasileira, tornando-se membro do grupo Afoxé de Carnaval Filhos de Gandhy.

Por outro lado, seu repertório musical dos anos 80 apresentou um desenvolvimento crescente de tendências de dança, como disco e soul, bem como a incorporação anterior de rock e punk. No entanto, Gil diz que seu álbum de 1994, Acústico MTV, não era uma direção tão nova, como ele já havia se apresentado desconectado de Caetano Veloso. Ele descreve o método de tocar como mais fácil do que outros tipos de apresentação, pois a energia do toque acústico é simples e influenciada por suas raízes. Gil foi criticado por um envolvimento conflitante na música brasileira autêntica e na arena musical mundial. Ele teve que seguir uma linha tênue, permanecendo simultaneamente fiel aos estilos tradicionais da Bahia e se envolvendo com os mercados comerciais. Os ouvintes na Bahia têm aceitado muito mais sua mistura de estilos musicais, enquanto os do sudeste do Brasil se sentem em desacordo com isso.[

Milton Nascimento (Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1942) é um cantor, compositor e multi-instrumentista brasileiro, reconhecido mundialmente como um dos mais influentes e talentosos músicos da Música Popular Brasileira. Carioca de nascimento, mas mineiro de coração, tornou-se conhecido nacionalmente, quando a canção "Travessia", composta por ele e Fernando Brant, ocupou a segunda posição no Festival Internacional da Canção, de 1967. Tem como parceiros e músicos que regravaram suas canções, nomes como: Wayne Shorter, Pat Metheny, Björk, Peter Gabriel, Sarah Vaughan, Chico Buarque, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Fafá de Belém, Simone e Elis Regina. Já recebeu 5 prêmios Grammy, sendo um Grammy Award de Best World Music Album in 1997. Milton já se apresentou na América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia e África.

Até agora, Milton Nascimento já gravou 34 álbuns. Cantou com dúzias de outros artistas, incluindo Maria Bethânia, Elis Regina, Gal Costa, Jorge Ben Jor, Mercedes Sosa, Caetano Veloso, Simone, Chico Buarque, Clementina de Jesus, Gilberto Gil, Lô Borges, Beto Guedes, Paul Simon, Criolo, Angra, Peter Gabriel, Duran Duran (com quem co-escreveu e gravou a faixa "Breath After Breath", de 1993),[2] Wayne Shorter, Herbie Hancock, Quincy Jones.

Biografia

Milton nasceu em uma favela do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Filho da empregada doméstica Maria do Carmo do Nascimento, que fora abandonada grávida por seu primeiro namorado. Maria do Carmo registrou o filho como mãe solteira. Mesmo muito pobre, tentou criar Milton, com ajuda de sua mãe, viúva, também empregada doméstica, mas, ainda muito jovem, entrou em depressão, e morreu de tuberculose antes de Milton completar dois anos. Milton ficou entregue aos cuidados da avó.

Uma das duas filhas do casal para o qual sua avó trabalhava, a professora de música Lília Silva Campos, era recém-casada e não estava conseguindo engravidar. Imediatamente, Lília apegou-se a Milton e propôs adotá-lo. A avó concordou, desde que o trouxessem para ela vê-lo algumas vezes e não tirassem o nome da sua mãe do registro. O casal concordou e Milton foi então adotado por Lília e seu marido Josino Campos, dono de uma estação de rádio. A família mudou-se para Três Pontas, em Minas Gerais. Por alguns anos ele foi filho único. Mesmo fazendo tratamento, Lília não engravidava. O casal, então, passou a visitar orfanatos e adotou um menino e, poucos anos depois, uma menina. O casal só teve uma filha biológica, alguns anos depois. Milton sempre soube ser adotado, assim como seus irmãos.

Foi apelidado de "Bituca" ainda criança, por fazer um bico quando estava contrariado, numa referência aos índios botocudos. Milton começou a gostar de música por influência da mãe, que havia estudado com Villa Lobos. Aos quatro anos, ganhou uma sanfona de dois baixos, e desde cedo explorou sua voz. Aos 13 anos, era crooner do conjunto Continental de Duilio Tiso Cougo, grupo musical de baile de Três Pontas.

Milton casou-se no cartório e na Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca, em 1968, com uma estudante chamada Lurdeca. O casal foi viver em Copacabana, porém o matrimônio durou apenas um mês. Após dois meses separados, veio a anulação do casamento, voltando ao estado civil de solteiro. Teve depois diversas namoradas, uma delas, chamada Kárita, uma socialite paulistana muito rica, que foi sua namorada por mais de cinco anos. Optando por investir seu tempo e dedicação em sua carreira artística, não quis casar e nem ter filhos, apenas mantendo relacionamentos casuais. Vivendo sozinho, Milton, então, decidiu ser pai, e adotou Augusto, seu único filho, que nasceu em 3 de junho de 1993. Milton o conheceu quando o menino tinha 13 anos, em 2005, em Juiz de Fora, cidade em que Augusto residia desde a infância. O filho sempre manteve relação com a mãe, Sandra, mas, desde muito jovem, não tinha qualquer laço com o pai biológico. Milton apegou-se a ele como um pai, e perguntou se ele queria ser seu filho. Augusto aceitou, e passou a se dividir entre Juiz de Fora e Rio de Janeiro. Quando o rapaz completou 23 anos, em 2016, foi oficialmente adotado, passando a assinar Augusto Kesrouani do Nascimento, mantendo o sobrenome da mãe, e incluindo o “Nascimento”, do pai. Em entrevistas, Milton revelou que seu filho foi o maior presente que recebeu.

Trajetória profissional

Milton Nascimento, 1969. Arquivo Nacional.

Gravou a primeira canção, "Barulho de Trem", em 1962. Em Três Pontas, integrava, ao lado de Wagner Tiso, o grupo W's Boys, que tocava em bailes. Mudou-se para Belo Horizonte para cursar Economia, onde, tocando em bares e clubes noturnos, começou a compor com mais frequência; datam dessa época as composições "Novena" e "Gira Girou" (1964), ambas com Márcio Borges.

Em 1966 Milton escreveu, em parceria com César Roldão Vieira, as canções para a peça infantil "Viagem ao Faz de Conta" de Walter Quaglia. Em 1967, segundo o trecho da contracapa do disco Milton e Tamba Trio: "Milton Nascimento entrou no estúdio acompanhado pelo 'Tamba Trio', no Rio de Janeiro, em 1967, para gravar seu primeiro disco. O encontro de 'Milton & Tamba' com os arranjos de Luizinho Eça fazem de 'Travessia' um álbum definitivo e eternamente moderno." No ano anterior,1966, a composição "Canção do Sal" foi gravada por Elis Regina. A convite do músico Eumir Deodato, gravou um LP nos Estados Unidos (Courage), no qual gravaram uma versão de "Travessia" chamada "Bridges". Em 1970 realiza temporadas no Rio de Janeiro e em São Paulo com o conjunto Som Imaginário, destacando-se desse período "Para Lennon e McCartney" (1970, com Fernando Brant, Márcio Borges e Lo Borges) e Clube da Esquina. Participou e compôs a trilha sonora de filmes como Os Deuses e os Mortos (1969, direção de Ruy Guerra), e atuou em Fitzcarraldo (1981, direção de Werner Herzog).

Clube da Esquina

Na pensão onde foi morar na capital mineira, no Edifício Levy, Milton conheceu os irmãos Borges, Marilton, Lô e Márcio. Dos encontros na esquina das ruas Divinópolis com Paraisópolis, no tradicional bairro belorizontino de Santa Tereza, surgiram os acordes e letras de canções como "Cravo e Canela", "Alunar", "Para Lennon e McCartney", "Trem Azul", "Nada Será Como Antes", "Estrelas", "São Vicente" e "Cais". Aos meninos fãs do The Beatles e do The Platters vieram juntar-se Tavinho Moura, Flavio Venturini, Beto Guedes, Fernando Brant, Toninho Horta. Em 1972 a EMI gravou o primeiro LP, Clube da esquina, que era duplo.

Milton Nascimento foi convidado por Wayne Shorter a gravar um disco com ele, em 1975. O disco chamava-se Native Dancer e serviu para projetar Milton no mercado norte-americano.

Milton Nascimento (1979).

Entre outras canções, há "Maria Maria" (1978, com Fernando Brant), e a interpretação de "Coração de Estudante" (Wagner Tiso), que se tornou o hino das Diretas Já (movimento sócio-político de reivindicação por eleições diretas, 1984) e dos funerais de Tancredo Neves (1985). Posteriormente, a "Canção da América" foi o tema de fundo dos funerais de Ayrton Senna (1994).

Diversificação

Originalmente idealizado para a montagem do ballet teatro do Balé Teatro Guaíra (Curitiba, 1982), o espetáculo O Grande Circo Místico foi lançado em 1983. Milton integrou o grupo seleto de intérpretes da MPB que viajaram o país durante dois anos apresentando o projeto. Milton interpretou a canção "Beatriz", composta pela dupla Chico Buarque e Edu Lobo. O espetáculo conta a história de amor entre um aristocrata e uma acrobata e a saga da família suíça proprietária do Circo Knie, que vagava pelo mundo nas primeiras décadas do século.

Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura, participou em 1985 do Nordeste Já, versão brasileira do USA for Africa que criou as canções "Chega de Mágoa" e "Seca D'água".

Em 2010 Milton Nascimento foi o homenageado do Festival Internacional de Corais (FIC) de Belo Horizonte. No encerramento do festival Milton esteve presente e recebeu uma homenagem de mais de mil vozes que cantaram uma composição de Fernando Brant e Leonardo Cunha "A Voz Coral" feita especialmente para o homenageado.

O cantor Milton Nascimento e o ex-governador do Distrito Federal, Rogério Rosso, conversam durante lançamento do selo e da moeda comemorativos dos 50 anos de Brasília (Valter Campanato/ABr).

Além disso, neste mesmo ano, o cantor que também é padrinho da banda Roupa Nova, foi homenageado pelo sexteto carioca em uma participação especial no CD/DVD ao vivo da banda na faixa "Nos Bailes da Vida", de composição de Milton, como forma de agradecimento pelo que ele fez para o grupo durante os 30 anos de carreira, já que ambos vieram de 'bailes'.

O diretor Marcelo Flores está preparando um filme celebrando os 50 anos de carreira do cantor, Milton - A Voz. Híbrido de documentário e ficção, o filme incluirá além de cenas atuais, recriações de passagens da vida de Milton com o músico interpretado por Fabrício Boliveira.

A escola de samba Tom Maior fez de Milton seu enredo para o desfile de 2016 com tema: Travessias de Milton Nascimento, em homenagem aos seus 50 anos de carreira e uma festa com participações do grupo KLB, Sandra de Sá, Fat Family e Erikka Rodrigues.

Em maio de 2015, é convidado pela Berklee College of Music para ser o homenageado do ano na formatura dos graduandos de 2016 e receber o título de Doutor Honoris Causa daquela instituição, por sua vasta contribuição à música.

Agostinho dos Santos

Num documentário sobre sua carreira exibido na TV Cultura em 2008, com depoimentos de inúmeros artistas em vários tempos, Mílton revelou quem foi um grande divulgador de sua arte no Rio de Janeiro em fins da década de 60. Ele seria solicitado a substituir apressadamente um músico num bar, tocando violão e cantando; à vontade, incluiu na programação várias de suas músicas. Foi nesta apresentação que Agostinho dos Santos - ídolo confesso do fã "Bituca" - conheceu-o, interessou-se pelo seu trabalho e se tornou um amigo pessoal, levando-o a tiracolo pelo meio artístico e a sociedade carioca do show business, antes de seu trágico desaparecimento.

Elis Regina

Elegeu Elis Regina como "a grande musa inspiradora" para quem compôs inúmeras canções. A filha de Elis, Maria Rita, teve sua carreira catapultada pelo padrinho Milton Nascimento com a participação no álbum Pietá, cantando as faixas "Voa Bicho", "Vozes do Vento" e "Tristesse". Em seguida a cantora teve entre os sucessos de seu disco de estreia duas composições de Milton, "A Festa" e "Encontros e Despedidas".

Em Portugal

Além da composição de A barca dos amantes em parceria com Sérgio Godinho e apresentações pontuais de álbuns como Pietà en 2003, Milton Nascimento apresentou o álbum 'Novas Bossas' a 18 de julho de 2008 , dançou e cantou no Coliseu dos Recreios.

Toquinho, nome artístico de Antonio Pecci Filho ORB (São Paulo, 6 de julho de 1946), é um cantor, compositor e violonista brasileiro.

Biografia

Antonio Pecci Filho nasceu em 6 de julho de 1946, na cidade de São Paulo. O apelido Toquinho foi dado por sua mãe e já aos quatorze anos ele começou a ter aulas de violão com Paulinho Nogueira. Estudou harmonia com Edgar Janulo, violão clássico com Isaías Sávio, orquestração com Leo Peracchi e Oscar Castro-Neves

Em 1970 compôs, com Jorge Ben Jor, seu primeiro grande sucesso, Que Maravilha. Ainda nesse ano, Vinicius de Moraes o convidou para participar de espetáculos em Buenos Aires, formando uma sólida parceria que durou onze anos (e encerrou-se com a morte de Vinicius de Moraes), 120 canções, 25 discos e mais de mil espetáculos. Entre as composições da parceria destacam-se: O Bem-amado, Como dizia o poeta, Carta ao Tom 74, entre outras.

Toquinho foi muito amigo de Vinicius de Moraes e diz "Aproveitei Vinicius até o fim" porque moravam juntos e estava no momento da morte do eterno parceiro.

Em 1983, lançou seu maior sucesso entre as crianças: Aquarela. E assim ficou para sempre marcado na historia da musica brasileira.

Zé Ramalho, nome artístico de José Ramalho Neto (Brejo do Cruz, 3 de outubro de 1949) é um cantor, compositor e músico brasileiro. Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, cujo resultado colocou Zé Ramalho na 41ª posição. Pelo lado paterno, é primo da também cantora Elba Ramalho.

Juventude

Zé Ramalho, na casa dos vinte anos, e Geraldo Azevedo, em foto dos anos 1970.

José Ramalho Neto nasceu em 3 de outubro de 1949 na cidade de Brejo do Cruz, no sertão da Paraíba, no Brasil, a 380 quilômetros da capital, João Pessoa, filho de Estelita Torres Ramalho, uma professora do ensino fundamental, e Antônio de Pádua Pordeus Ramalho, um seresteiro. Quando tinha dois anos de idade, seu pai se afogou em uma represa do sertão, e passou a ser criado por seu avô. A relação entre os dois seria mais tarde homenageada na canção "Avôhai". Após passar a maior parte da sua infância em Campina Grande, sua família se mudou para João Pessoa. Zé ingressou no curso de medicina da Universidade Federal da Paraíba.

Assim que a família se estabeleceu em João Pessoa, ele participou de algumas apresentações de Jovem Guarda, sendo influenciado por Renato Barros, Leno e Lílian, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Golden Boys, Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd e Bob Dylan.

Em 1974, seu primeiro filho com Ízis, Christian, nasceu.

Antes de compor, ele escrevia versos de cordel.

Carreira

Os primeiros trabalhos: 1974-1975

Zé Ramalho no começo dos anos 1970

Em 1974, ele tocou na trilha sonora do filme Nordeste: Cordel, Repente e Canção, de Tânia Quaresma. Na época, passou a misturar as suas influências: de Rock "n" Roll a forró. Um ano depois, gravou seu primeiro álbum, Paêbirú, com Lula Côrtes na gravadora Rozenblit. Hoje em dia, as cópias desse disco valem muito por serem raras.

Começo da carreira: 1975-1984

Em 1976, deixou o curso de medicina e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde tentou encontrar uma gravadora para lançar seu primeiro disco. Depois de ser dispensado por vários produtores e executivos, encontrou uma oportunidade com Jairo Pires, na época da CBS. Em 1977, gravou seu primeiro álbum solo, Zé Ramalho. No ano seguinte, seu segundo filho, Antônio, nasceu.

Em 1979, veio o terceiro filho, João, fruto de sua relação com a cantora Amelinha, e também o segundo álbum, A Peleja do Diabo com o Dono do Céu. Ainda neste ano, produz o álbum 20 Palavras ao redor do Sol, primeiro trabalho de Cátia de França. Mudou-se para Fortaleza em 1980, onde escreveu seu livro Carne de Pescoço. O terceiro álbum A Terceira Lâmina, foi lançado em 1981, ano em que nasceu sua primeira filha, Maria Maria; logo após, veio o quarto disco, Força Verde, em 1982.

Em 1983, após o lançamento do quinto álbum, Orquídea Negra, terminou sua relação com Amelinha Collares. Depois de gravar Pra Não Dizer que Não Falei de Rock (também conhecido como Por Aquelas que Foram Bem Amadas), no início do ano de 1984, casou com Roberta Ramalho, com quem é casado até hoje.

Acusação de plágio

Zé Ramalho foi acusado na edição da revista Veja de 21 de julho de 1982 de plagiar na letra da canção "Força Verde",um texto de William Butler Yeats utilizado como introdução pelo roteirista Roy Thomas numa revista em quadrinhos do Hulk publicada no Brasil 10 anos antes pela GEA.

Queda na popularidade: 1985-1990

Os anos 80 seriam palco de uma queda no sucesso de Zé Ramalho, com o lançamento dos álbuns De Gosto de Água e de Amigos (1985), Opus Visionário (1986) e Décimas de um Cantador (1987). Uma possível causa dessa fase ruim seria o uso de experimentalismo na música. Em 1990 e 1991, ele tocou nos Estados Unidos para um público brasileiro.

De volta ao sucesso: 1991-2001

Foto retirada no show O Grande Encontro, em 1996.

Em 1991, sua única irmã, Goretti, morreu. Ainda assim, gravou seu décimo primeiro álbum, Brasil Nordeste (que continha regravações de músicas típicas nordestinas) e voltou ao seus tempos de sucesso. A canção "Entre a Serpente e a Estrela" foi utilizada na trilha sonora da novela Pedra Sobre Pedra. Em 1992, teve seu quinto filho, José, (o primeiro com Roberta), fato que foi seguido pelo lançamento do álbum Frevoador. Em 1995, nasceu a segunda filha: Linda.

Em 1996, gravou o álbum ao vivo O Grande Encontro com Elba Ramalho e os famosos nomes da MPB Alceu Valença e Geraldo Azevedo. No mesmo ano, lançou o álbum Cidades e Lendas.

O sucesso de O Grande Encontro foi grande o suficiente pra que Zé Ramalho decidisse gravar uma nova versão de estúdio em 1997, desta vez sem Alceu Valença. O álbum vendeu mais de 300.000 cópias, recebendo os certificados ouro e platina.

Para celebrar seus vinte anos de carreira, lançou o CD Antologia Acústica. A gravadora Sony Music também lançou uma box set com três discos: um de raridades, um de duetos e um de sucessos. A escritora brasileira Luciane Alves lançou o livro Zé Ramalho – um Visionário do século XX.

Antes do fim do milênio, um outro sucesso Admirável Gado Novo (primeiramente lançado no álbum A Peleja do Diabo com o Dono do Céu) foi usado como tema do líder sem terra Regino, personagem emblemático de Jackson Antunes na novela O Rei do Gado. Ele também lançou o álbum Eu Sou Todos Nós, seguido do Nação Nordestina, sendo que nesse último a música nordestina foi novamente explorada. O álbum foi indicado para o Latin GRAMMY Award de Melhor Álbum de Música Regional ou de Origem Brasileira.

O terceiro milênio: 2001-presente

Zé Ramalho na Virada Cultural de São Paulo, em 2008.

Zé Ramalho, retratado em ilustração de 2003.

O primeiro trabalho do século XXI foi o álbum tributo Zé Ramalho Canta Raul Seixas, com regravações de canções do músico baiano. Dividiu o palco com Elba Ramalho no Rock in Rio III. Em 2002, a Som Livre lança um CD de grandes sucessos chamado Perfil, parte da série Perfil. Também em 2002, veio o décimo sétimo álbum, O Gosto da Criação.

Em 2003, Estação Brasil, um álbum com várias regravações de canções brasileiras e uma inédita foi lançado. Fez uma participação especial na faixa "Sinônimos" do álbum Aqui Sistema é Bruto, de Chitãozinho & Xororó.

Em 2005, gravou seu único álbum solo ao vivo, Zé Ramalho ao vivo. Seu mais recente álbum de inéditas Parceria dos Viajantes, foi lançado em 2007 e indicado para o Latin GRAMMY de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.

Em 2008, um álbum de raridades chamado Zé Ramalho da Paraíba foi lançado pela Discoberta, seguido de um novo álbum de covers Zé Ramalho Canta Bob Dylan - Tá Tudo Mudando, homenageando o músico americano.

Em 2009, um novo álbum de covers Zé Ramalho Canta Luiz Gonzaga foi lançado para homenagear o músico pernambucano.

Em 2010, continuou homenageando suas influências com o álbum Zé Ramalho Canta Jackson do Pandeiro.

Seu trabalho mais recente de covers é o álbum Zé Ramalho Canta Beatles, lançado em agosto de 2011, com regravações do Fab Four. É o seu quarto álbum de covers em três anos.

Em 2012, lançou o seu primeiro disco de inéditas em cinco anos, Sinais dos Tempos, por meio de sua nova gravadora própria, Avôhai Music.

No dia 22 de setembro de 2013, tocou ao lado da banda de metal Sepultura no palco Sunset do Rock in Rio 2013, no espetáculo que foi chamado de "Zépultura". O show foi bastante elogiado pela crítica, e agradou ao público presente. Vale lembrar que essa parceria já havia acontecido anteriormente, quando eles gravaram juntos a canção "A Dança das Borboletas" que fez parte da trilha sonora do filme Lisbela e o Prisioneiro (2003).

Em Novembro de 2014, Zé lançou um álbum ao vivo colaborativo com o cantor e violonista Fagner, intitulado Fagner & Zé Ramalho Ao Vivo.

No ano de 2017, lança Atlântida, álbum que recupera um show de 1974, quatro anos antes de Zé Ramalho se tornar um sucesso. Em 2019, edita o CD Cine Show Madureira (1979), em parceria com o selo Discobertas, de Marcelo Froés.

Elba Maria Nunes Ramalho OMC (Conceição, 17 de agosto de 1951) é uma cantora, compositora, multi-instrumentista e atriz brasileira. Sua primeira experiência musical veio em 1968, tocando bateria no conjunto feminino "As Brasas". Posteriormente, o grupo se transformou de musical para teatral. Contudo, Elba continuou a cantar e a participar de festivais pelo Nordeste brasileiro. Em 1979, lançou seu primeiro álbum, "Ave de Prata", e desde então consolidou-se como uma das principais cantoras brasileiras em atividade.

Possui dois Grammy Latino pelos álbuns: Qual o Assunto Que Mais Lhe Interessa?, lançado em 2008 e Balaio de Amor, 2009, na categoria Melhor Álbum de Raízes Brasileiras: Regional e Tropical. Em mais de 35 anos de carreira, Elba Ramalho vendeu mais de 10 milhões de discos.Recebeu da Associação de Críticos de Arte de São Paulo prêmio de "Melhor Show do Ano", em duas ocasiões: em 1989 pelo show Popular Brasileira e em 1996 pelo show Leão do Norte.

Biografia

Elba Ramalho nasceu na zona rural de Conceição, no Vale do Piancó. Em 1962, a família se mudou para a cidade de Campina Grande, também na Paraíba. O pai se tornou proprietário do teatro local. Filha de músico, despertou o que a fez se interessa por música ainda na adolescência.

Em 1966, participou, pela primeira vez, de uma apresentação no palco, no Coral da Fundação Artística e Cultural Manuel Bandeira, do qual fazia parte, com "Evocação do Recife". Os Corais Falados Manuel Bandeira e Cecília Meireles ganharam fama e passaram a ser vistos por todo o Nordeste, e Elba que fez a primeira apresentação nos palcos juntamente com eles, logo se tornou o destaque nas apresentações. Protagonizou as montagens poéticas de Castro Alves, Thiago de Mello, Lindolfo Bell, Carlos Pena Filho e Figueiredo Agra. Participou das montagens das peças "Ministro do Supremo" e "Diálogo das Carmelitas".

Em 1968, enquanto cursava a faculdade de Economia e Sociologia na Universidade Federal da Paraíba, formou o conjunto As Brasas, no qual atuou como baterista, que posteriormente se transformou em grupo teatral. Contudo, Elba não deixou de cantar, e se apresentou em diversos festivais pelo Nordeste.

Carreira

[[Imagem:Elba Ramalho em Vassouras III.jpg|thumb|Encerramento do "Festival Vale do Café 10 anos" com Elba Ramalho em Vassouras]

Década de 1970

Em 1974, Elba, decgidida a procurar melhores oportunidades profissionais, mudou-se para a região sudeste do país, mas precisamente para a cidade do Rio de Janeiro, cidade onde vive até hoje, para ter mais destaque na carreira, a pedido de Roberto Santana, produtor de Chico Buarque e Caetano Veloso, chegando ao Rio com o grupo Quinteto Violado, para apresentar como crooner durante uma temporada na cidade. No mesmo ano, participou da peça Viva o Cordão Encarnado, em parceria com o grupo teatral Chegança, de Luís Mendonça, sendo aclamada pela crítica por conta da hiperatividade no palco, o que se tornaria a principal característica.

Negou-se a voltar para o Nordeste, onde abandonou o curso universitário e, na capital fluminense, se estabeleceu como atriz teatral, sempre interpretando papéis ligados à música. Sem qualquer apoio ou recurso financeiro, passou a frequentar o Baixo Leblon, onde conheceu artistas como Alceu Valença e Carlos Vereza. Em 1977, atuou no filme Morte e Vida Severina, inspirado na obra homônima do autor pernambucano João Cabral de Melo Neto. No ano seguinte pertenceu ao elenco da peça de Chico Buarque, Ópera do Malandro, dirigida por Luís Antônio Martinês Correia, na qual interpretou a prostituta Lúcia. Ainda enquanto atriz, foi vencedora de um prêmio pela interpretação da canção O meu amor, com a atriz Marieta Severo.

A peça Ópera do Malandro foi lançada numa época em que a poética de Chico Buarque estava "afiadíssima". Elba Ramalho foi presença de grande destaque, o que impulsionou a carreira de atriz e cantora. Diante disso, Chico Buarque inseriu uma gravação O Meu Amor, interpretada por Elba e pela então esposa Marieta Severo, para o disco autointitulado, lançado em 1978, e também no álbum duplo da peça, lançado no ano seguinte. A canção foi um grande sucesso, e por isso mesmo, mereceu também um dueto das cantoras Alcione e Maria Bethânia no antológico álbum Álibi, da última, lançado naquele mesmo ano de 1978.

Elba investiu na carreira de cantora e gravou o primeiro álbum, lançado pela extinta CBS (atualmente Sony Music) — numa época em que a gravadora investiu muito em artistas nordestinos, em 1979, intitulado Ave de Prata, com destaque para a faixa-título e as canções Canta coração e Não sonho mais, esta última composta por Chico Buarque para a trilha sonora do filme A República dos Assassinos. O trabalho contou com diversas participações especiais de músicos e compositores consagrados, casos de Dominguinhos, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Novelli, Vinícius Cantuária, Sivuca, Robertinho de Recife, Nivaldo Ornelas e Jackson do Pandeiro — parcerias que perduram até os dias atuais.

Anos 80

A partir de então, o sucesso apareceu de forma gradual, embora ela própria considere que o teatro esteja presente em todos os espetáculos, sendo o grande responsável pela força cênica peculiar. As apresentações também obtiveram relevante sucesso em teatros internacionais, como o Olympia de Paris, o Blue Note de Nova Iorque, o Brixton Academy, de Londres e o Festival de Montreux, na Suíça. O repertório se manteve eclético durante todo esse tempo, trazendo canções típicas do nordeste brasileiro, baladas românticas, rocks, sambas e até o blues norte-americano.

Em 1980 gravou o segundo LP, Capim do vale, que trouxe canções de compositores nordestinos antigos e contemporâneos, apresentando um repertório regional, com destaque para a faixa-título e as canções Banquete dos signos, Porto da saudade, Caldeirão dos mitos e Veja (Margarida), e fez a primeira turnê internacional, na África. No ano seguinte, lançou o disco Elba, o último para a gravadora CBS, com arranjos de Miguel Cidras e José Américo Bastos, que não obteve maior repercussão; destaque para as canções Temporal e Cajuína, e duas faixas somente de voz e violão — O pedido e Eu queria. No mesmo ano, em 4 de julho, apresentou-se no Festival de Montreux, na já tradicional noite brasileira. O show foi gravado e, em seguida, trechos da apresentação foram incluídos no álbum coletivo Brazil Night Montreux 81, (que também tinha trechos dos shows dos cantores Toquinho e Moraes Moreira). Lançado pela gravadora Ariola, contém as músicas Baião, Tudo azul e a primeira gravação — ao vivo — de Bate coração, xote que a colocou definitivamente em evidência. Por não ser um disco de carreira e devido ao grande sucesso, Elba regravou a música em estúdio e a incluiu no trabalho do ano seguinte.

O primeiro time da MPB

Em 1982 transferiu-se para a extinta gravadora Ariola/Barclay (atualmente Universal Music), marcando o início da fase de maior popularidade na carreira, disputando a parada de sucessos daquele ano com outras cantoras como Gal Costa, Simone, Rita Lee, Beth Carvalho, Baby Consuelo, Amelinha e Clara Nunes. O trabalho que marca a estreia nessa gravadora — Alegria, produzido por Aramis Barros com direção artística de Mazzola —, vendeu mais de 300 mil cópias, lhe rendendo o primeiro disco de ouro, emplacando nas paradas de sucesso os forrós Bate coração, Amor com café (ambos de Cecéu) e No som da sanfona, de autoria de Jackson do Pandeiro, que também tocou pandeiro na faixa e viria a falecer em 10 de julho daquele ano; também se apresentou na Suíça, Portugal, Israel e ainda participou da série Grandes Nomes (TV Globo), ao lado de Alceu Valença. Sobre a escolha de Bate coração, lançada por Marinês no ano anterior, Elba comenta: Um primo meu, médico, o Ari Viana, pesquisava muito as músicas da Marinês, que era meu ídolo, e me mandava para eu ouvir. Numa dessas, esbarrei com o Bate coração e resolvi cantar.

O álbum também trouxe arranjos do maestro José Américo Bastos e canções de Lula Queiroga (Essa alegria — Caboclinhos), Alceu Valença (Chego já), Vital Farias (Sete cantigas para voar, com arranjo e violão do próprio) e Geraldo Azevedo (Menina do lírio, gravada em dueto com o autor). A partir deste álbum, que lhe garantiu seus primeiros discos de ouro e platina, o sotaque estava menos carregado, ao contrário dos três primeiros discos. Em seguida, houve o espetáculo homônimo, o primeiro que foi muito elogiado pela imprensa, pois rompeu com a estética do rústico e do sombrio que norteava as apresentações de muitos de seus conterrâneos na música brasileira; neste, já havia um cenário de figurinos exuberantes, combinações de luzes e cores e o clima festivo das ruas nordestinas. Sobre o espetáculo, Elba declarou: Mostro meu lado teatral desde o meu primeiro show, Ave de prata, mas o Alegria foi a afirmação disso. Foi meu primeiro espetáculo muito elogiado pela imprensa. Trata-se também de um show com efeitos teatrais, com Elba interpretando personagens que havia feito anos antes em peças de teatro, como Mateus e Catarina. No repertório deste, destaque para a canção Deixa escorrer, de Caetano Veloso sobre poema de Mayawowski, que a censura vetara a inclusão no LP.

Em 1983 lança o elogiadíssimo álbum Coração Brasileiro, que contou com a produção de Mazzola e arranjos de Lincoln Olivetti (Banho de cheiro e Vida e carnaval), Luiz Avellar (Toque de fole e Batida de trem), César Camargo Mariano (Ave cigana, Canção da despedida e A volta dos trovões), Francis Hime (Se eu fosse o teu patrão), o grupo A Cor do Som (Chororô), Severo (Roendo unha) e Zé Américo (Ai que saudade d'ocê).

Os maiores êxitos do repertório foram as canções: Banho de cheiro (frevo de Carlos Fernando e faixa de abertura do álbum), o xaxado Toque de fole (Bastinho Calixto e Ana Paula) — primeira faixa a estourar nas rádios —, a toada Canção da despedida (parceria bissexta de Geraldo Azevedo e Geraldo Vandré, censurada durante a ditadura militar) e o xote Ai que saudade d'ocê (Vital Farias). O disco contou com as participações especiais de Chico Buarque, os grupos Céu da Boca e Roupa Nova, e o guitarrista Robertinho de Recife nas faixas Se eu fosse o teu patrão — composta por Chico para a peça A Ópera do Malandro —, A volta dos trovões (Bráulio Tavares e Fuba) e Vida e carnaval (Moraes Moreira e Aroldo), respectivamente. Na faixa Toque de fole inclusive, contou com a participação especial dos sanfoneiros Sivuca, Severo e Zé Américo. A faixa-título, de autoria do mineiro Celso Adolfo, aparecia apenas como uma vinheta de 15 segundos; apesar de constar no encarte com a letra completa, somente os primeiros versos eram cantados, à capela: No meu coração brasileiro / Plantei um terreiro / Colhi um caminho / Armei arapuca / Fui pra tocaia / Fui guerrear.

O trabalho consagrou definitivamente a cantora e conquistou discos de ouro e platina, e originou o espetáculo homônimo aclamado pela crítica especializada, realizado na casa carioca de espetáculos Canecão, bateu pela primeira vez os recordes de público ali registrados nos shows de Roberto Carlos; foram 97 mil pessoas em dez semanas, traduzidas em 44 apresentações, com ingressos esgotados duas semanas antes do término da temporada. Elba foi capa da Veja na edição de 30 de novembro, sendo considerada pela revista a maior estrela da música brasileira em 1983, cuja manchete de capa era O brilho da estrela, que dizia: Depois do sucesso no Canecão e da semana de seu especial na TV Globo, Elba Ramalho se reafirma como figura única no mundo do espetáculo. A cantora foi também tema do especial de fim de ano da Rede Globo, exibido na sexta-feira, 2 de dezembro de 1983.

Em relação às fotos teatrais da contracapa, foi uma ideia do diretor Naum Alves de Souza, de rebobinar personagens que Elba havia interpretado em espetáculos ao longo da carreira; o anjinho e o leque da capa, presentes da amiga Marieta Severo, que por sinal lhe apresentou ao diretor. No ano seguinte, a Polygram alemã decidiu que seria o primeiro trabalho solo de um artista brasileiro a ser lançado internacionalmente em CD - três anos antes de o formato começar a ser comercializado no Brasil com artistas nacionais, por meio da série Personalidade.

Prosseguiu com o álbum Do jeito que a gente gosta (1984), produzido por Mazzola e lançado num momento em que a cantora estava no auge do sucesso. O repertório deste, escolhido a quatro mãos com o produtor, apresentou grande versatilidade de ritmos, com destaque para dois forrós nordestinos, puxados a sanfona e zabumba: a faixa-título (Severo e Jaguar) e Forró do poeirão (Cecéu); da cultura pernambucana, dois frevos — Moreno de ouro (Carlos Fernando e Geraldo Amaral) e Energia (Lula Queiroga) e um maracatu (Toque de amor de João Lira e José Rocha); baladas românticas, como Calmaria (do maestro Zé Américo, com Salgado Maranhão) e Amor eterno (de Tadeu Mathias e Ana Amélia, inspirada em um soneto de Shakespeare), que integrou a trilha sonora da novela global Livre para Voar, de Walther Negrão, uma toada mineira, a faixa de abertura Azedo e mascavo (Celso Adolfo) e, encerrando o disco em tom de protesto, a provocativa Nordeste Independente (Imagine o Brasil) (Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova), gravada ao vivo no espetáculo inspirado no trabalho anterior, e um dos momentos de maior sucesso do espetáculo, mas que não havia entrado no disco Coração brasileiro. Esta canção teve a execução pública proibida à época de lançamento do disco, e o LP foi vendido com um lacre vermelho, escrito que era proibida a radiodifusão dessa música. Elba comenta: Foi um fato que chamou a atenção, pois eu estava no auge e aquilo causou muita notícia e curiosidade do público. Os arranjos ficaram a cargo de José Américo Bastos, César Camargo Mariano (Azedo e mascavo e Amor eterno) e Lincoln Olivetti (nos frevos).

O trabalho seguinte, Fogo na mistura (1985), produzido por Mazzola e o último da fase de maior popularidade da carreira, nasceu num período de efervescência política no Brasil, graças à campanha pelas Diretas Já, processo iniciado no ano anterior, e que atingiu o clímax quando Tancredo Neves foi eleito para presidente no Colégio Eleitoral. Elba se engajou nessa campanha e participou de diversos atos em prol da liberdade política e artística. Isto se reflete em letras politizadas como a da faixa-título e o frevo Pátria amada, a faixa de encerramento, que integrou a trilha sonora do filme homônimo de Tizuka Yamazaki. Sobre essa época, Elba revelou em entrevista a Rodrigo Faour: Tive uma vivência política quando era universitária. Fui presidente do diretório de estudantes, depois vivi bem de perto o final da ditadura, vi 'amigos sumindo assim', como dizem os versos de Gilberto Gil. Em meu trabalho, independente de ideologia — nunca gostei nem de comunistas —, sempre tive uma preocupação em tocar na questão social. Acho importante. Por isso, também participei da campanha das eleições diretas e cheguei a ser amiga de Tancredo Neves.

Depois de uma turnê a Cuba, e influenciada por cantores como Silvio Rodrigues e Pablo Milanés — chegou a fazer a apresentação de um disco que este último lançou naquele mesmo ano em solo brasileiro —, três faixas deste álbum foram gravadas em Miami com arranjos e execução de músicos cubanos residentes ali: a faixa-título, de Tunai e Sérgio Natureza — que aparece na abertura do LP —, mas a temática caribenha apareceu com maior intensidade nas faixas Como se fosse a primavera (Canción) (versão de Chico Buarque para tema de Pablo Milanés com Batista Nicolas Guillen, gravada por Chico no ano anterior) e No caminho de Cuba (Jaime Alem, atualmente maestro da cantora Maria Bethânia, mas que à época pertencia à banda de Elba), se revelando também nas temáticas e mesmo no gênero rítmico, com uma acentuada latinidade; ao longo da carreira, Elba voltaria várias vezes à estética musical caribenha — em números dos discos seguintes, como Remexer, Elba e Popular brasileira, e principalmente em 1993 quando gravou o álbum Devora-me totalmente voltado para esta sonoridade.

Além disso, o álbum trouxe um forró (Mexe mexe funga funga, de Severo e Jaguar), primeira faixa de trabalho, samba de pegada pop (Anjo do prazer, de Tadeu Mathias e Jaguar) e fusões rítmicas (Sambaiãozar, de Pinto do Acordeon). Mas também trouxe o maior sucesso da carreira até hoje, a toada romântica De volta pro aconchego (de Dominguinhos e Nando Cordel). A música foi popularizada devido à sua inclusão na trilha da novela global Roque Santeiro de Dias Gomes, censurada havia dez anos e somente liberada em 1985, trazendo no elenco atores veteranos e novatos, contando com uma audiência maciça, e poucas vezes vista na televisão brasileira.

A música chegou às mãos da cantora no ritmo do baião; foi dela a ideia de romantizar o tema, ganhando arranjo de Dori Caymmi. Curiosidade: o cantor e compositor Caetano Veloso homenageou essa interpretação da cantora na música Pra ninguém, gravada por ele em 1997 no álbum Livro, em que homenageia e cita suas interpretações preferidas; quando chega na vez de Elba, é dito: Elba cantando De volta pro aconchego.

Trabalhos diversos

No ano seguinte, veio o álbum Remexer, o último a ser produzido por Mazzola, simulando uma incursão por novos ritmos e tendências. O arranjo da faixa-título de abertura, de Luiz Caldas e Carlinhos Brown, evoca a lambada que dois anos depois, estouraria no Brasil; o repertório explorou uma variedade de ritmos, sons e os tons agudos, passando por João Bosco (Odilê odilá, com participação especial do próprio, que escreveu a música em parceria com Martinho da Vila), baladas românticas (Sonho de uma noite de verão e Chorando e cantando - esta última, bastante executada no Nordeste, também lhe rendeu um clipe para o programa global Fantástico, juntamente com o ator e cantor Maurício Mattar), o compositor Cazuza (Só se for a dois), forró (Forró temperado e Neném mulher - cujo trecho da gravação foi mostrado no programa Globo Repórter da Rede Globo, onde Elba era tida naquele ano como a cantora mais popular do país), a faixa Boca do balão e dois frevos de encerramento - Caia na real de Carlos Fernando (as duas últimas, com arranjo e teclados de Lincoln Olivetti), e o engajado Sai da frente, de Gonzaguinha, que marca o fim da ditadura militar no Brasil, marcando conquistas políticas e culturais do povo brasileiro. Detalhe curioso: pouco antes do lançamento, a gravadora lançou um single contendo a faixa Boca do balão, com duas versões, uma das quais era remixada - no lado B

Já o disco Elba (1987) trouxe, dentre outras, as músicas Folia brasileira - forró que rendeu um clipe para o programa global Fantástico -, baladas românticas (Vem ficar comigo, Lembrando você e Corcel na tempestade) e Da mesa para a cama.

O trabalho Fruto de 1988 trouxe a canção dedicada ao filho Luã, nascido no ano anterior (25 de junho), a faixa de encerramento do álbum, de autoria de Maurício Mattar e Geraldo Azevedo, e também a regravação da canção Palavra de mulher - composta por Chico Buarque em 1985 para a peça A Ópera do Malandro, gravada por Elba no disco da peça (1985), sendo outra versão em Fruto de 1988. Entre outras canções, há ainda a Estrela grande (Caetano Veloso) e a faixa de abertura Doida, de Nando Cordel, gravada no estilo da lambada. No álbum Popular brasileira (1989), lançado no primeiro semestre daquele ano, gravou duas canções de Nando Cordel - no caso, o forró Jogo de cintura, a faixa de abertura e a lambada Vê estrelas -, além da faixa-título e a música A roda do tempo. O espetáculo calcado na divulgação deste disco acabou por originar o primeiro álbum ao vivo, Elba ao vivo (gravado no Palace), trazendo os melhores momentos do espetáculo, em meio a turnês pela Europa e EUA, com repertório e arranjos um pouco menos regionais, cujo maior hit pega carona na moda das lambadas, Ouro puro, que foi inserida na trilha sonora da novela Rainha da Sucata de Sílvio de Abreu. A música, que foi bem executada, originou um clipe para o programa Fantástico, juntamente com o dançarino Carlinhos de Jesus na avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro. Em fevereiro de 1989, aos 37 anos, fez um ensaio comedido para a revista Playboy.

Anos 1990

Em 1991 lançou o álbum Felicidade urgente, que contou com a produção de Nelson Motta, arranjos do maestro e pianista Eduardo Souto Neto e as participações especiais de Lulu Santos na faixa Vida, Cláudio Zoli na faixa-título, Djavan em Ventos do norte, Sandra de Sá na música Maré dendê e Oswaldinho do Acordeon na faixa de encerramento - a célebre La vie en rose, gravada originalmente pela cantora francesa Edith Piaf; o trabalho misturou canções inéditas e regravações (Vida, Morena de Angola, Pisa na fulô, É d'Oxum e La vie en rose); no ano seguinte foi a vez de Encanto, produzido pela própria cantora, cujo repertório mostrou um bom equilíbrio entre forrós e canções românticas e contou com a participação especial de Margareth Menezes na faixa Cidadão.

Em 1993 o disco Devora-me simulou uma incursão pela sonoridade latina, tendo sido gravado em Porto Rico e produzido por Glenn Monroig; em entrevistas da época, Elba declarou que apesar de ter nascido em solo brasileiro, Elba tinha a intenção de ampliar sua música para outros públicos na América do Sul. O maior sucesso do álbum foi a faixa de encerramento Coração da gente, tema de abertura da novela da Rede Globo Tropicaliente, de Walther Negrão. A versão internacional deste trabalho trouxe uma faixa-bônus - no caso, a referida faixa Coração da gente vertida para o espanhol, mas trouxe também versões de canções caribenhas (Cora coração, Devora-me outra vez, Força interior e Desesperada). Anteriormente a esse trabalho, no mesmo ano foi lançada a coletânea O Grande Forró de Elba Ramalho, uma seleção de canções pertencentes a discos anteriores da cantora, com duas faixas inéditas: Chegadinho e Eu quero meu amor - esta última também fez parte do repertório de Devora-me e da trilha sonora da novela global Renascer, de Benedito Ruy Barbosa.

O trabalho que marca a saída da gravadora Polygram é Paisagem (1995), cujo maior destaque foi a regravação de Paisagem na janela, que integrou a trilha sonora do remake da novela Irmãos Coragem. Desde então é tida como uma das principais intérpretes da música brasileira, com expressivas vendagens, graças à presença de palco e voz inconfundível. Na festa de São João, realizada anualmente em Campina Grande, a presença de Elba já é tradicional, como o show mais esperado.

Em 1996 lança o elogiado e bem-sucedido CD Leão do Norte, que marcou a estreia na gravadora BMG e vendeu mais de 300 mil cópias, exaltando a cultura nordestina e pernambucana (com a faixa-título de Lenine e Paulo César Pinheiro). O espetáculo homônimo foi dirigido por Jorge Fernando e obteve relevante sucesso no Brasil inteiro, arrematando o prêmio de Melhor show do ano, pela Associação de Críticos de Arte de São Paulo e também originou um VHS contendo os melhores momentos do espetáculo. Naquele mesmo ano, excursiona com o espetáculo O grande encontro, juntamente com Alceu Valença, Zé Ramalho e Geraldo Azevedo. O primeiro disco da trilogia vende mais de um milhão de cópias, trazendo clássicos da MPB e da música nordestina. Ainda em 1996 a cantora foi homenageada pela escola de samba Vizinha Faladeira no carnaval carioca, com o enredo Elba popular brasileira.

Em 1997 chegou às lojas o disco Baioque, composto basicamente de regravações de músicas urbanas de autores nordestinos, como Raul Seixas (S. O. S.), Belchior (Paralelas), Ednardo (Pavão misterioso), Zé Ramalho (Vila do sossego), Caetano Veloso (Os argonautas), Gilberto Gil (Vamos Fugir), Lenine (Relampiano), Alceu Valença (Ciranda da rosa vermelha), dentre outros; assim como o trabalho anterior, este também foi produzido pelo músicos Robertinho do Recife que também foi responsável por alguns arranjos e regência. O espetáculo bisou a parceria com Jorge Fernando e o sucesso do espetáculo baseado no disco anterior e a reedição deste CD trouxe a faixa-bônus Paris, que não constava da versão original. Graças ao sucesso do projeto O grande encontro, foi lançado um segundo volume do álbum, mas desta vez só não contou com a participação de Alceu Valença, além de excursionar pelo Brasil inteiro; o repertório deste trouxe sucessos dos três artistas.

Em 1998 lança o CD Flor da Paraíba, o último da trilogia produzida por Robertinho de Recife, trazendo algumas regravações e canções inéditas de compositores nordestinos, priorizando canções no estilo do forró. O título do álbum é inspirado em uma dedicatória feita, há muitos anos, pelo cantor e compositor Caetano Veloso, quando a cantora acabara de chegar ao Rio de Janeiro para despontar no meio musical.

Vinte anos

Em 1999, Elba Ramalho comemorou vinte anos de carreira com o álbum duplo Solar, sendo um gravado ao vivo, durante os festejos juninos na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, e outro em estúdio, com arranjos do pianista Wagner Tiso (Canção da despedida e Imaculada) e do violoncelista Jaques Morelenbaum (Palavra de mulher). O repertório trouxe regravações dos antigos sucessos entre outros clássicos e canções inéditas.

O disco contou com as participações especiais de Chico Buarque (Não sonho mais, o sucesso inicial), o primo Zé Ramalho (Ave de prata), Lenine (Nó Cego), Nana Caymmi (Imaculada), Geraldo Azevedo (Kukukaya), Margareth Menezes (Quem é muito querido a mim), Dominguinhos (Retrato da vida), Renata Arruda (Sete cantigas para voar) e Alceu Valença (na inédita Trem das ilusões) - todas do primeiro CD, gravado em estúdio; já o segundo CD contou com a participação especial de Gerônimo na faixa É D'Oxum.

O álbum duplo Solar, em agosto de 2000, contabilizava mais de 150 mil cópias vendidas, rendendo à cantora um disco de ouro.

O show de divulgação do álbum Solar, foi lançado em outubro de 1999 no Canecão, no Rio de Janeiro. Já em 2000, teve uma turnê não somente pelo Brasil, tendo passado quase dois meses pela Europa (Itália, Alemanha, Suíça, Portugal e França), bem como fez show em setembro do mesmo ano nos Estados Unidos, retornando novamente à França.

Grandes encontros

[[Ficheiro:O Grande Encontro 1 (Alceu Valença, Zé Ramalho, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo).jpg|miniaturadaimagem|Alceu Valença, Zé Ramalho, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo.]] Em 2000 a cantora se reencontrou com os parceiros Geraldo Azevedo e Zé Ramalho para gravar o CD e DVD O grande encontro III – Ao vivo, no Rio de Janeiro, e contou com as participações especiais de Lenine, Belchior e Moraes Moreira.

Em seguida, seguiu com Geraldo Azevedo para Los Angeles - EUA, onde gravaram um disco ao vivo, destinado ao mercado norte-americano. No repertório estão músicas que fizeram sucesso na voz dos dois artistas. Retornando ao Brasil, Elba recebeu o convite para participar do evento Rock In Rio III, juntamente com Zé Ramalho. Elba também é a única artista brasileira a participar de todas as edições do Rock In Rio no Brasil.

No ano seguinte, lançou o álbum Cirandeira, contendo forrós, xotes e baiões; o trabalho contou com as participações especiais de Lenine (na faixa-título de abertura), Geraldo Azevedo (nas canções Se eu tivesse asa e Estrela soberana, esta última, além de ser a faixa de encerramento, é também uma homenagem a Nossa Senhora) e Zeca Baleiro (nas músicas Alma nua e Sem ganzá não é coco), e trouxe duas regravações: a clássica Patativa (Vicente Celestino) e a pouco conhecida Forró de Surubim, de Antônio Barros, mas a primeira música de trabalho foi a romântica Entre o céu e o mar, que integrou a trilha sonora da novela Porto dos Milagres, de Aguinaldo Silva.

No álbum Elba canta Luís (2002) homenageou Luís Gonzaga, O Rei do Baião, compositor do qual recebeu grande influência e que já havia gravado canções no trabalhos anteriores. Luís foi o principal nome responsável pela popularização dos gêneros nordestinos no eixo Rio-São Paulo. O álbum, que trouxe canções consagradas e pouco conhecidas do Mestre Lua, contou com as participações especiais de Dominguinhos (Canta Luís), Fubá de Taperoá e Dió de Araújo (Calango da Lacraia) e Zeca Pagodinho (O Xamego da Guiomar), e também originou um espetáculo calcado na divulgação deste, do qual saiu um CD ao vivo e um DVD, ambos gravados no Rio de Janeiro - Elba ao vivo (2003) que também trouxe o clássico Luar do Sertão, de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense. O trabalho que marca a saída da gravadora BMG é Baião de dois (2005), gravado com Dominguinhos e priorizando canções deste, além de músicas do grupo Falamansa (Chama) e Zezum (Onde está você).

De maneira independente, lançou em 2007 o elogiado CD Qual o assunto que mais lhe interessa? que contou com a produção de Lula, Yuri e Tostão Queiroga. O CD coloca em discussão temas que ocupam os noticiários e questionam a contemporaneidade; dos nordestinos habituais - frevo, boi maranhense, ciranda, xote - ao samba. O álbum lhe valeu o prêmio Grammy Latino em 2008 na categoria regional contemporâneo e inspirou o DVD Raízes e antenas, lançado no mesmo ano, um misto de documentário e registro ao vivo.

O ano de 2009 marca as três décadas de carreira, com o mais recente álbum Balaio de amor, lançado pela gravadora independente Biscoito Fino, cujo repertório é composto por baladas românticas com canções da nova safra de compositores nordestinos. No mesmo ano, os CDs antigos - LPs originais que haviam sido relançados anteriormente em CD - da fase de maior popularidade da carreira, Alegria, Coração brasileiro, Do jeito que a gente gosta e Fogo na mistura (lançados entre 1982 e 1985), que estavam fora de catálogo há muito tempo, voltaram às lojas, com capas, contracapas e encartes originais completos - na reedição anterior ele havia sido suprimido ou reduzido -, letras de todas as músicas, nova remasterização e texto interno com a história do álbum no encarte, redigido pelo jornalista e crítico musical Rodrigo Faour, que também idealizou a coleção. O mesmo aconteceu em 2010 com o álbum Elba (1981), na série Caçadores de música da Sony Music, o único que ainda permanecia inédito no formato digital.

Polêmica

Em 2001, um jornalista da revista Veja afirmou em uma matéria que Elba tinha dito em um congresso de ufologia em Curitiba que havia sido chipada por extraterrestres. A afirmação rendeu um processo por danos morais contra a revista, mas o veredito anunciado em 2006 não deu ganho à cantora.

Musicalidade

Em sua versão em CD, o álbum Elba ao Vivo, de 1990, trouxe uma versão editada da canção Doida e duas músicas a mais — no caso, Tango de Nanci (Chico Buarque) e o pot-pourri Nordeste independente / Asa Branca. Isto também ocorreu com os álbuns Encanto (1992), com a faixa-bônus Eu vou te amar, e Paisagem (1995) — este, o último a ter versão em vinil, com uma música a menos, que é Eu quero é botar meu bloco na rua (Forró/frevo). Estas não haviam entrado nos respectivos LP originais por limitação de espaço.

O DVD O Grande Encontro 3 trouxe três músicas a mais em relação à edição em CD; são elas: Barcarola do São Francisco, Canção agalopada e A vida do viajante.

Vida Pessoal

Em 1973, aos vinte e dois anos, Elba foi abandonada grávida por seu primeiro namorado, um rapaz de vinte e três anos. Era a sua primeira gravidez. Elba, que ainda vivia em Campina Grande na época, ficou desesperada, estava com medo da reação dos seus pais em ter uma filha mãe solteira, além de dificuldades financeiras para criar um filho sozinha. Elba então viajou até Recife, a capital de Pernambuco, onde procurou uma clínica clandestina, e lá realizou um aborto, aos dois meses de gestação. A artista escondeu esse assunto de sua família, e só o revelou em 1997 à Revista Veja, onde informou que teve fortes dores e hemorragia durante o procedimento, o que gerou posteriormente sua dificuldade de engravidar e que não tomaria essa atitude novamente, mesmo se não quisesse o filho.

Em 1983 iniciou um namoro com o ator e cantor Maurício Mattar, treze anos mais jovem. Em 1985 casaram-se em uma cerimônia civil. Elba queria engravidar, mas não estava conseguindo. Após dois anos realizando tratamentos hormonais, conseguiu ter um filho, a quem batizou de Luã Ramalho Mattar. Após sofrer algumas hemorragias em sua gravidez, necessitando ficar de repouso, seu filho nasceu prematuro aos 8 meses de gestação, em 24 de junho de 1987, na clínica Santa Clara, em Campina Grande, Paraíba, na noite de Festa de São João, em que Elba cantou para uma multidão de pessoas, junto com Luiz Gonzaga e Dominguinhos.. O médico responsável pelo parto normal de Elba foi o Dr. João Figueiredo do Amaral. Após o nascimento de Luã, e o término das festas juninas, Elba foi se apresentar na Europa e depois voltou ao Rio com Maurício e o filho. O casal divorciou-se em 1990, e até hoje mantém uma relação amigável.

Foi casada com o modelo Gaetano Lopes, vinte e cinco anos mais novo, de 1996 a 2008. Eles foram apresentados por um amigo em comum, Sérgio Matos, em 1996, e após dois meses de amizade, se apaixonaram, e terminaram seus outros relacionamentos e foram morar juntos nesse mesmo ano. O casal oficializou a união em uma cerimônia civil em 2003, e em 2008, Elba, por ser bem católica, realizou o sonho de casar-se vestida de noiva, com as bênçãos de um padre: Casaram-se no religioso, na Igreja São Batista, em Trancoso, na Bahia, cidade onde ela possui uma mansão desde 1980, e até hoje faz festas nessa residência, reunindo amigos e familiares. Elba e Gaetano têm duas filhas: Maria Clara, adotada em 2002, e Maria Esperança, adotada em 2007. Elba, apesar de já ter filho biológico, sempre teve o sonho de adotar e também não conseguiu engravidar novamente após o nascimento do filho e sonhava ter uma menina; seu marido Gaetano era estéril, e também queria ser pai. Oito meses após o casamento religioso, Elba e Gaetano divorciaram-se.

Já divorciada de Gaetano, Elba adotou outra menina, Maria Paula, em 2008. Ela já conhecia a família da menina antes de a criança nascer. O processo de adoção foi mais difícil, por estar solteira e já ter adotado outras duas filhas, mas ela conseguiu dar mais uma irmã a suas outras Marias. A artista colocou o nome de Maria em todas as filhas como homenagem a Maria, mãe de Jesus, de quem é muito devota.

Após o divórcio, começou a namorar o sanfoneiro Cezinha, trinta e três anos mais jovem. O relacionamento durou dois anos, terminando em 2010. Logo após o fim do relacionamento, a artista foi diagnosticada com câncer de mama, e após realizar quimioterapia e radioterapia, curou-se em 2012. Em entrevistas revelou que era constantemente agredida por seu ex-namorado Cezinha, que era alcoólatra e muito ciumento, revelando que foi perseguida por ele durante mais de um ano, pois o mesmo não aceitava a separação.

Desde o término de seu namoro, mantêm relacionamentos casuais com homens anônimos e famosos, mas não assumiu nenhum relacionamento sério para a mídia.

Elba Ramalho tornou-se avó de Esmeralda Mezkta Ramalho Mattar em 16 de abril de 2020, filha de Luã, cantor e compositor, com Amanda, modelo. A menina nasceu prematura de oito meses, vinda ao mundo de parto normal, no Rio de Janeiro.

Elba é prima paterna do cantor Zé Ramalho.

Em entrevistas revelou que desde 1990 faz exercícios físicos diariamente, onde tornou-se vegetariana e praticante de ioga e meditação, informando que estas práticas mantém sua alegria de viver, equilíbrio e beleza.[

Raimundo Fagner Cândido Lopes, mais conhecido apenas como Fagner (Orós, 13 de outubro de 1949), é um cantor, compositor, instrumentista, ator e produtor brasileiro, e um dos integrantes do chamado Pessoal do Ceará

O nome de Fagner vem sendo incluído na lista dos maiores cantores de música latina, principalmente pela sua filiação com outros músicos latinos não-brasileiros, como Mercedes Sos

Infância e família

Nascido em Fortaleza, capital do estado do Ceará, foi registrado e se considera nascido no município de Orós, onde cresceu, passou a infância e ainda visita regularmente.

É o mais jovem dos cinco filhos de José Fares Haddad Lupus, imigrante libanês, e Francisca Cândido Lopes.

Carreira

Primeiros anos

Raimundo Fagner nasceu em 13 de outubro de 1949 foi registrado na cidade de Orós, no interior do estado do Ceará e batizado em 27 de dezembro na Igreja do Carmo em Fortaleza. Aos seis anos ganhou um concurso infantil na rádio local, cantando uma canção em homenagem ao dia das mães. Na adolescência, formou grupos musicais vocais e instrumentais e começou a compor suas próprias músicas. Venceu em 1968 o IV Festival de Música Popular do Ceará com a música "Nada Sou", parceria sua com Marcus Francisco. Tornou-se popular no estado em 1969, após comparecer em programas televisivos de auditório na TV Ceará, e juntou-se a outros compositores cearenses como Belchior, Jorge Mello, Rodger Rogério, Ednardo e Ricardo Bezerra, o grupo ficou conhecido como "o pessoal do Ceará". Também no ano de 1969, após ganhar o 'I Festival de Música Popular do Ceará - Aqui no Canto', Fagner saiu em excursão junto com o grupo de música e teatro do Capela Cistina, foram para Buenos Aires de ônibus, a viagem durou 45 dias de estrada.

A carreira nacional de Fagner começou de forma bastante imprevisível. Mudou-se para Brasília em 1970 para estudar arquitetura na Universidade de Brasília, participou do Festival de Música Popular do Centro de Estudos Universitários de Brasília com "Mucuripe" (parceria com Belchior), e classificou-se em primeiro lugar. No mesmo festival, recebeu menção honrosa e prêmio de melhor intérprete com "Cavalo Ferro" (parceria com Ricardo Bezerra) e sexto lugar com a música "Manera Fru Fru, Manera" (também com Ricardo Bezerra). A partir de então, Fagner conseguiu despertar a atenção da imprensa do Sudeste, sendo suas canções intensamente executadas em bares.

Anos 1970

Fagner (1973)

Fagner, Ronaldo Bôscoli, Luís Carlos Miele e Elis Regina, 1972.

Em 1971 gravou seu primeiro compacto simples em parceria com outro cearense, Wilson Cirino. Foi lançado pela gravadora RGE, e não fez grande sucesso. O Objetivo da gravadora era bater o sucesso de cantores como Antônio Carlos e Jocafi. Ainda em 71 foi para o Rio de Janeiro, onde Elis Regina gravou "Mucuripe", que se tornou o primeiro sucesso de Fagner como compositor e também como cantor, pois gravou a mesma música em um compacto da série Disco de Bolso, do Pasquim, que tinha, do outro lado, Caetano Veloso interpretando "A Volta da Asa Branca".

O primeiro LP, Manera Fru Fru, Manera, veio em 1973 pela gravadora Philips, incluindo "Canteiros", um de seus maiores sucessos, música sobre poesia de Cecília Meireles. O disco teve participação de Bruce Henri – contra-baixista nascido em Nova Iorque e radicado no Brasil, tendo integrado a banda de Gilberto Gil– Naná Vasconcelos e Nara Leão. Apesar de tudo, o Disco vendeu apenas 5 mil cópias, e foi retirado de catálogo, e só foi relançado em 1976. O cantor fez, também em 1973, a trilha sonora do filme "Joana, a Francesa", que o levou à França, onde teve aulas de violão flamenco e canto.

De volta ao Brasil, gravou no ano de 1975 seu segundo álbum de estúdio, titulado "Ave Noturna", e foi lançado pela gravadora Continental. O disco atingiu um sucesso considerável de vendas, e pela primeira vez, Fagner teve uma de suas canções na trilha sonora de uma novela, "Beco dos Baleiros", de Petrúcio Maia e Brandão, na novela "Ovelha Negra" da TV Tupi. Ainda pela gravadora Continental, gravou um compacto simples ao lado de Ney Matogrosso.

Em seu terceiro disco, pela gravadora CBS (Raimundo Fagner), que foi um sucesso em vendas (na primeira semana foram vendidos mais de 40 mil exemplares. Seu quarto disco, Orós de 1977, teve arranjos e direção musical de Hermeto Pascoal. Fechando a década de 1970, lançou mais dois discos: Eu Canto (1978) com outro poema de Cecília Meireles – "Motivo", musicado por Fagner e mesmo tendo os créditos da poetisa o LP teve problemas com os herdeiros e teve de ser relançado com a música "Quem me levará sou eu" no lugar de "Motivo"; e Beleza (1979). Eu Canto foi seu primeiro sucesso comercial e continha também "Revelação", com um solo de guitarra tocado por Robertinho de Recife. Ela foi escrita após Roberto Carlos o perguntar em um show seu quando ele iria começar a cantar para o "povão".

Ao assinar com a CBS, Fagner exigiu ser contratado também como produtor, e assim ele ajudou a lançar vários nomes do Nordeste brasileiro, incluindo Zé Ramalho, Elba Ramalho, Amelinha e o próprio Robertinho de Recife. A gravadora passou a conter tantos artistas nordestinos e, principalmente, cearenses, que foi apelidada de "Cearenses Bem-Sucedidos".

Anos 1980

O primeiro LP dos anos 1980 foi Eternas Ondas, que teve na parte instrumental Zé Ramalho, Dominguinhos, Naná Vasconcelos, e muitos outros. Neste mesmo disco, Fagner fez uma versão, com ajuda de Frederico Mendes, do clássico de John Lennon e Yoko Ono "Oh My Love", do álbum Imagine de 1971. Aproveitando o auge de Fagner em sua carreira, a gravadora Continental lançou o disco Juntos - Fagner e Belchior, uma compilação que continha faixas do disco Ave Noturna, o único de Fagner lançado pela Continental.

A Polydor, por sua vez, recolocou para venda o disco Manera Fru Fru Manera. Em 1981, Fagner gravou o álbum Traduzir-se, um grande marco em sua carreira. O disco foi lançado em toda a Europa e América Latina. Também em 1981 lançou um álbum em espanhol, um antigo sonho de carreira. Em 1982, lançou Sorriso Novo, que tinha como canções poemas de Fernando Pessoa e Florbela Espanca musicados por Fagner. Em 1983, gravou Palavra de Amor, que teve participação do grupo Roupa Nova e de Chico Buarque. Nos anos seguintes, gravou os discos A Mesma Pessoa e Semente, os últimos com a gravadora CBS. Ao lado da banda Blitz, Gonzaguinha e outros, Fagner participou do 12º Festival Mundial da Juventude, realizado entre julho e agosto de 1985, em Moscou.

Em 1986 lançou seu primeiro disco pela gravadora RCA, com o nome de Fagner - A lua do Leblon. Em 1987, Fagner lançou mais um disco: Romance no Deserto (título em português de uma canção composta e gravada por Bob Dylan no álbum Desire). Este disco superou a marca de 1 milhão de cópias vendidas, e foi lançado também nos Estados Unidos, importado pela BMG Music/Nova Iorque; as canções "Deslizes", "À Sombra de um Vulcão" e a faixa-título ficaram por mais de 700 dias entre as mais tocadas do Brasil. O último disco da década, O Quinze, décimo quinto disco da carreira de Fagner, recebeu o Prêmio Sharp de melhor álbum do ano.

Anos 1990

O primeiro álbum da década, Pedras Que Cantam de 1991 teve como primeira canção de trabalho "Borbulhas de Amor", esta que é uma versão adaptada da música homônima, em espanhol, do cantor dominicano Juan Luis Guerra. Fagner passou dois anos sem lançar um disco novo. Foram vinte meses de preparo até que o disco Demais fosse lançado em maio de 1993. O disco revive os principais temas da Bossa Nova, com versões de canções de Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Dorival Caymmi. No ano seguinte lançou o disco Caboclo Sonhador, desta vez com clássicos do forró, com versões de canções de Dominguinhos, Luiz Gonzaga e vários outros.

O disco não possui nenhuma canção de sua autoria. Em 1995 fixou moradia em Fortaleza, e lançou mais um álbum: Retratos. O álbum recuperou canções do fim dos anos 1970, ainda não gravadas por Fagner. O vigésimo álbum de sua carreira foi lançado em 1996 com o título de Pecado Verde. neste mesmo ano, Fagner completava 23 anos de carreira artística. O último disco da década de 1990 foi Terral, que não possuía nenhuma canção de sua autoria.

Anos 2000

Em 2001, gravou o álbum que tem o título apenas de Fagner. Tem canções em parceria com Zeca Baleiro, Fausto Nilo, Abel Silva e Cazuza. A parceria de Fagner e Zeca Baleiro rendeu em 2003 um álbum de estúdio e um DVD ao vivo com o título "Raimundo Fagner & Zeca Baleiro" além de uma série de shows pelo Brasil. Em 2004, pela Indie Records, Fagner lançou o álbum Donos do Brasil. O Penúltimo disco lançado por Fagner foi Fortaleza, em 2007.Posteriormente lançou "Uma canção no Rádio" contendo nova parceria com Zeca Baleiro em 2009.

2007

Em 2007 em entrevista a revista QUEM, Fagner assume que já teve relacionamentos com homens. Questionado quanto a ser bissexual ele deixa claro que não gosta de rótulos.

Fagner na TV Brasil, 2014

2011

Em 2011 Fagner foi considerado um dos 30 cearenses mais influentes do ano, de acordo com uma enquete realizada pela revista Fale!

2014

Em 2014 lançou o primeiro disco de inéditas, Pássaros Urbanos, depois de 5 anos e retornando a parceria com a Sony Music. Em Novembro de 2014, Fagner lançou um álbum ao vivo colaborativo com o cantor e violonista Zé Ramalho, intitulado Fagner & Zé Ramalho Ao Vivo, também pela Sony Music.

2020

Em 2020 lança, em formato digital, junto com Zeca Baleiro através da Saravá Discos o disco Raimundo Fagner e Zeca Baleiro - Ao vivo em Brasília, 2002. A apresentação em Brasília (DF) foi descoberta por acaso e gerou o álbum ao vivo com 10 números do show e duas faixas-bônus gravadas em estúdio.

Em dezembro de 2020 inaugura parceria com a gravadora Biscoito Fino e lança o disco Serenata, uma seleção de serestas e clássicos da música popular gravados originalmente por grandes vozes da Era do Rádio. A música título revelou a colaboração especialíssima de Fagner com Nelson Gonçalves, feita com ajuda da tecnologia, tendo como base a voz original da gravação que Nelson lançou em 1991

Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1927 — Nova Iorque, 8 de dezembro de 1994), mais conhecido pelo seu nome artístico, Tom Jobim, foi um compositor de Pop, maestro, pianista, cantor-pop, arranjador e violonista brasileiro. É considerado o maior expoente de todos os tempos da música popular brasileira pela revista Rolling Stone e um dos criadores do movimento da bossa nova, com sua música e melodia, ao lado da letra e poesia de Vinicius de Moraes e da voz e violão de João Gilberto.

Biografia

Filho do diplomata gaúcho Jorge de Oliveira Jobim e da dona de casa fluminense Nilza Brasileiro de Almeida, Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu na rua Conde de Bonfim, n.º 634, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro (na época Distrito Federal). Mudou-se com a família no ano seguinte para Ipanema, onde foi criado. A ausência do pai durante a infância e adolescência lhe impôs um contido ressentimento, desenvolvendo no maestro uma profunda relação com a tristeza e o romantismo melódico, transferido peculiarmente para as construções harmônicas e melódicas. Aprendeu a tocar violão e piano em aulas, entre outros, com o professor alemão Hans-Joachim Koellreutter, introdutor da técnica dodecafônica no Brasil.

O trisavô paterno do compositor, José Martins da Cruz Jobim, era natural de Jovim, Gondomar, Portugal. O sobrenome de Jobim alude a essa localidade. A bisavó do compositor, Maria Joaquina, era meia-irmã do barão de Cambaí, Antônio Martins da Cruz Jobim. Era descendente, também, do bandeirante Fernão Dias Pais.

Vida pessoal

No dia 15 de outubro de 1949, Antonio Carlos Jobim casou-se com Thereza de Otero Hermanny (1930), com quem teve dois filhos, Paulo (1950) e Elizabeth (1957).

Em 1976, Tom conheceu a fotógrafa Ana Beatriz Lontra, então com 19 anos, mesma idade de sua filha Elizabeth. Em 30 de abril de 1986,[4] eles se casaram.[5] Tom e sua segunda esposa tiveram dois filhos juntos, João Francisco (1979-1998) e Maria Luiza Jobim (1987).

Trajetória profissional

Pensou em trabalhar com arquitetura, chegando a cursar o primeiro ano da faculdade e até a se empregar em um escritório, mas logo desistiu e decidiu ser pianista. Tocava em bares e boates em Copacabana, como no Beco das Garrafas no início dos anos 1950, até que em 1952 foi contratado como arranjador pela gravadora Continental, onde trabalhou com Sávio Silveira. Além dos arranjos, também tinha a função de transcrever para a pauta as melodias de compositores que não dominavam a escrita musical. Datam dessa época as primeiras composições, sendo a primeira gravada “Incerteza”, uma parceria com Newton Mendonça, na voz de Mauricy Moura.

Tom Jobim, 1965.

Depois da Continental, foi para a Odeon. Entretanto, não tinha tanto tempo para se dedicar à composição, que lhe interessava mais. É nessa época que compôs alguns sambas, em parceria de Billy Blanco: Tereza da Praia, gravada por Lúcio Alves e Dick Farney pela Continental (1954), Solidão e a Sinfonia do Rio de Janeiro. Tereza da Praia foi o primeiro sucesso. Depois disso, ocorreram outras parcerias, como com a cantora e compositora Dolores Duran, na canção Se é por Falta de Adeus.

No ano de 1953, as canções Faz uma Semana e Pensando em Você foram gravadas por Ernani Filho. Ainda nos anos 50, com Vinicius de Moraes, Tom Jobim produziu as canções para a peça Orfeu da Conceição e, posteriormente, para o filme Orfeu do Carnaval ou Orfeu Negro, dirigido por Marcel Camus, ao lado de Luiz Bonfá e Antônio Maria.

Dessa peça fez bastante sucesso a canção antológica Se Todos Fossem Iguais a Você, gravada diversas vezes. Tom Jobim fez parte do núcleo embrionário da bossa nova. O LP Canção do Amor Demais (1958), em parceria com Vinícius e interpretação de Elizeth Cardoso, foi acompanhado pelo violão de um baiano até então desconhecido, João Gilberto. A orquestração é considerada um marco inaugural da bossa nova, pela originalidade das melodias e harmonias. Inclui, entre outras, Canção do Amor Demais, Chega de Saudade e Eu Não Existo sem Você. A consolidação da bossa nova como estilo musical veio logo em seguida com o 78 rotações Chega de Saudade, interpretado por João Gilberto, lançado em 1959, com arranjos e direção musical de Tom, que selou os rumos que a música popular brasileira tomaria dali para frente. No mesmo ano foi a vez de Sílvia Telles gravar Amor de Gente Moça, um disco com doze canções de Tom, entre elas Só em Teus Braços, Dindi (com Aloysio de Oliveira) e A Felicidade (com Vinícius).

Tom foi um dos destaques do Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall, em Nova Iorque, em 1962. No ano seguinte compôs, com Vinícius, um dos maiores sucessos e possivelmente a canção brasileira mais executada no exterior: Garota de Ipanema. Nos anos de 1962 e 1963 a quantidade de “clássicos” produzidos por Tom é impressionante: Samba do Avião, Só Danço Samba (com Vinícius), Ela é Carioca (com Vinícius), O Morro Não Tem Vez, Inútil Paisagem (com Aloysio), Vivo Sonhando. Nos Estados Unidos gravou discos (o primeiro individual foi The Composer of Desafinado, Plays, de 1965), participou de espetáculos e fundou sua própria editora, a Corcovado Music. Em 1964, competindo com os Beatles, os Rolling Stones e Elvis Presley, Tom Jobim ganhou o Grammy de Música do Ano com a "Garota de Ipanema".

Tom Jobim e Chico Buarque no Festival Internacional da Canção (FIC), 1968. Arquivo Nacional.

O sucesso fora do Brasil o fez voltar aos EUA em 1967 para gravar com um dos grandes mitos americanos, Frank Sinatra. O disco Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, com arranjos de Claus Ogerman, incluiu versões em inglês das canções de Tom (The Girl From Ipanema, How Insensitive, Dindi, Quiet Night of Quiet Stars) e composições americanas, como I Concentrate On You, de Cole Porter. No fim dos anos 1960, depois de lançar o disco Wave (com a faixa-título, Triste, Lamento, entre outras instrumentais), participou de festivais no Brasil, conquistando o primeiro lugar no III Festival Internacional da Canção (Rede Globo), com Sabiá, em parceria com Chico Buarque, interpretado por Cynara e Cybele, do Quarteto em Cy. Sabiá conquistou o júri, mas não todo o público, que em grande parte preferia que a vencedora fosse "Pra não Dizer que não Falei das Flores" (ou, como ficou mais conhecida popularmente, "Caminhando"), composta e interpretada por Geraldo Vandré, por seu conteúdo de confrontação à ditadura política por que passava o país. Assim, uma grande parte do público vaiou ostensivamente tanto a divulgação do resultado quanto toda a interpretação da vencedora, para constrangimento de seus compositores.

Ao apresentar-se como segundo colocado, Vandré, sentindo o clima pesado do ambiente, até tentou defender os vencedores, dizendo:

"Antônio Carlos Jobim e Chico Buarque de Hollanda merecem o nosso respeito. A nossa função é fazer canções; a função de julgar, nesse instante, é do Júri, que ali está" (e ao afrontar assim o público, foi vaiado estrondosamente, também. Ao que ele reagiu esperando o final dos apupos, para deixar uma alerta e lição ao público) (...). Tem mais uma coisa só: pra vocês, que continuam pensando que me apoiam vaiando... (o público inicia um coro de "é marmelada!") (...). Olha, tem uma coisa só: a Vida não se resume em Festivais!"

A influência impressionista

É reconhecida a influência de Debussy e Ravel na música do maestro Antônio Carlos Jobim, que utilizou motivos impressionistas e estruturas harmônicas semelhantes às desses compositores em suas músicas populares como nas eruditas, o caso de A Sinfonia da Alvorada.

Uma das marcas de Tom era a incrível capacidade de dotar de leveza e elegância a complexidade e a densidade elevadas de suas composições.

Admirador e influenciado por Villa Lobos e Ary Barroso, Jobim também estudou de modo aprofundado as obras de eruditos como Radamés Gnatalli e Guerra Peixe.

Tom Jobim, Vinicius e o estilo mais intimista da Bossa Nova abriram espaço para os compositores gravarem seus sucessos de modo frequente, pois tornou-se importante conhecer a carga emocional pensada ou desejada pelos compositores para suas composições.

Tom Jobim, 1972. Arquivo Nacional.

Tom desejava intensamente que sua música fosse cantada pelo povo no cotidiano.

Aprofundando seus estudos musicais, adquirindo influências de compositores eruditos, principalmente Villa-Lobos e Debussy, Tom Jobim prosseguiu gravando e compondo músicas vocais e instrumentais de rara inspiração, juntando harmonias do jazz (Stone Flower) e elementos tipicamente brasileiros, fruto de suas pesquisas sobre a cultura brasileira. É o caso de Matita Perê e Urubu, lançados na década de 1970, que marcam a aliança entre sua sofisticação harmônica e sua qualidade de letrista. São desses dois discos Águas de Março, Ana Luiza, Lígia, Correnteza, O Boto, Ângela. Também nessa época gravou discos com outros artistas, como Elis & Tom, com Elis Regina, Miúcha e Tom Jobim e Edu e Tom, com Edu Lobo.

Valendo-se ainda do filão engajado do pós-regime militar, cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We are the world, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985) abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de mágoa e Seca d´água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.

Túmulo de Tom Jobim no Cemitério São João Batista, Rio de Janeiro.

Em 1987, lançou Passarim, obra de um compositor já consagrado, que pode desenvolver seu trabalho sem qualquer receio, acompanhado por uma banda grande, a Banda Nova. Além da faixa-título, Gabriela, Luiza, Chansong, Borzeguim e Anos Dourados (com Chico Buarque) são os destaques. Em 1992 foi enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Seu último álbum, Antônio Brasileiro, foi lançado em 1994, pouco antes da sua morte, em dezembro, de parada cardíaca, quando estava se recuperando de um câncer de bexiga no Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque.

Algumas biografias foram publicadas, entre elas Antônio Carlos Jobim, um Homem Iluminado, de sua irmã Helena Jobim, Antônio Carlos Jobim - Uma Biografia, de Sérgio Cabral, Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tárik de Souza e Tessy Callado, e Tom Jobim - Histórias de Canções, de Wagner Homem e Luiz Roberto Oliveira.

Antônio Carlos Jobim era doutor honoris causa pela Universidade Nova de Lisboa / Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, por volta de 1991.

O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro foi renomeado Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antônio Carlos Jobim junto ao Congresso Nacional por uma comissão de notáveis, formada por Chico Buarque, Oscar Niemeyer, João Ubaldo Ribeiro, Antônio Cândido, Antônio Houaiss e Edu Lobo, criada e pessoalmente coordenada pelo crítico Ricardo Cravo Albin.

Em 25 de janeiro de 2011, dia em que Jobim completaria 84 anos, o Google alterou o logo da sua página inicial em sua homenagem.

Grandes nomes da música internacional tocaram e cantaram as músicas de Tom Jobim, como Stan Getz, Dizzy Gillespie, Ella Fitzgerald, Count Basie, Oscar Peterson, Sarah Vaughan, além de Frank Sinatra, a Voz do Século XX, simbolizando a consagração internacional de sua produção musical. Essa admiração fez com que Tom Jobim fosse chamado por músicos do jazz de o George Gershwin do Brasil, uma grande honraria.

Com a obra de Antônio Carlos Jobim, a música brasileira experimentou uma projeção internacional inédita, rigorosamente sem precedentes e definitiva. Até o movimento da Bossa Nova, a presença brasileira, ainda que marcada pela excelência, como nas obras de Ary Barroso, Dorival Caymmi, Zequinha de Abreu e Waldir Azevedo, era eventual; com Jobim, contudo, ela se tornou permanente, estrutural e influenciou a produção posterior.

Uma vertente musical que nasceu do samba-canção se abriu ao diálogo com as tendências internacionais da música, marcou gerações e exibiu a riqueza que nasce da disposição ativa para conhecer a diversidade cultural dos povos, articulando o popular e o erudito, sem nenhum preconceito, reverenciando os clássicos, oferecendo uma nova leitura da música popular, superando estereótipos, expressando, assim, uma marca indelével de sua produção musical, constituída de obras de rara beleza com amplo reconhecimento internacional pela critica especializada e o grande público.

João Gilberto Prado Pereira de Oliveira OMC (Juazeiro, 10 de junho de 1931 — Rio de Janeiro, 6 de julho de 2019) foi um cantor, violonista e compositor brasileiro.[2] Considerado um artista genial por musicólogos e jornalistas especializados, revolucionou a música brasileira ao criar uma nova batida de violão para tocar samba: a "bossa nova". O seu jeito suave de cantar também influenciou muitos dos cantores da MPB.[3][4] Para a revista Rolling Stone Brasil, foi um dos 30 maiores ícones brasileiros da guitarra e do violão[5] e também o segundo maior artista brasileiro de todos os tempos, seguindo Tom Jobim (também músico e o compositor e arranjador dos maiores sucessos da carreira de João Gilberto).

Desde o lançamento do compacto que continha Chega de Saudade e Bim Bom, munido apenas da voz e do violão, começou uma revolução na música mundial. Dono de uma sonoridade original e moderna, João Gilberto levou a música popular brasileira ao mundo, principalmente para os Estados Unidos, Europa e Japão. Tido como um dos músicos mais influentes no jazz americano do século XX, ganhou prêmios importantes nos Estados Unidos e na Europa, como o Grammy, em meio à beatlemania.

Biografia

Infância e juventude

Filho de Joviniano Domingos de Oliveira, um próspero comerciante, e Martinha do Prado Pereira de Oliveira, João, conhecido na época como Joãozinho da Patu, nasceu em Juazeiro, sertão da Bahia, nas margens do rio São Francisco. Lá, viveu até 1942, quando passou a estudar em Aracaju, Sergipe, sempre tocando na banda escolar. Em 1946, voltou a Juazeiro, onde teve a oportunidade de escutar de Orlando Silva, Dorival Caymmi e Carmen Miranda a Duke Ellington, Tommy Dorsey e Charles Trenet nos alto-falantes da cidade. Teve também contato com música em casa, já que seu Joviniano tocava cavaquinho e saxofone como amador, além de incentivar financeiramente a Banda de Música 22 de Março. Nessa época, João costumava formar conjuntos vocais com os colegas de escola.

Aos sete anos, percebeu um erro na execução da organista da igreja em meio às dezenas de vozes do coro, mostrando, desde a infância, o ouvido privilegiado que possuía. Aos 14 anos, ganhou seu primeiro violão do pai. Ainda em Juazeiro, formou um conjunto vocal chamado Enamorados do Ritmo. Seu maior ídolo na época era Orlando Silva, em quem se espelhava para cantar. Mudou-se para Salvador em 1947. Durante os três anos vividos na capital baiana, abandonou os estudos para se dedicar exclusivamente à música e iniciou, aos 18 anos, sua carreira artística no cast da Rádio Sociedade da Bahia.

Início da carreira

João Gilberto e Stan Getz em Nova York (1972).

Convidado para integrar o conjunto vocal Garotos da Lua, em 1950, João Gilberto partiu para o Rio de Janeiro. No ano seguinte, com o destaque na rádio, os Garotos da Lua gravaram dois discos de 78 rpm. Entretanto, com um início de carreira turbulento, marcado por atrasos, João acabou despedido do grupo. Pouco depois, em 1952, teve oportunidade de gravar um disco solo para a gravadora Copacabana, marcado pela semelhança do canto de João com o de Orlando Silva em seu auge, com vozeirão e uso de artifícios técnicos como vibratos, a mesma divisão de palavras e o mesmo “sentimento”. Curiosamente, João cantou sem violão, que viria a se tornar tão ligado à imagem de João no futuro. O disco, no entanto, não alcançou nenhum sucesso, Orlando era antiquado e modernos eram Dick Farney e Lúcio Alves.

Na época, João namorava a futura cantora Sylvia Telles. Nessa época, dividia o quarto da pensão com Luiz Carlos Paraná.

Oportunidades surgiram e Lúcio Alves sugeriu à Rádio Nacional que João gravasse um acetato contendo "Just one more chance", de Sam Coslow e Arthur Johnson em versão de Haroldo Barbosa chamada "Um minuto só".

Em 1953, teve sua primeira composição gravada, "Você esteve com meu bem", parceria com Russo do Pandeiro, na voz de Marisa Gata Mansa, sua namorada à época. A gravação contou com acompanhamento de João ao violão, ainda sem a famosa batida da bossa nova.

Durante esses anos, João Gilberto chegou a gravar alguns jingles no estúdio de Russo do Pandeiro, como um para a Toddy, de letra "Eu era um garoto magricelo/ Muito feio e amarelo.// Toddy todo dia ele tomou/ Engordou e melhorou/ Forte ficou.// As garotas agora me chamam bonitão/ No esporte eu sou campeão". Tocava também em festas da sociedade, com cachês irrisórios.

Em 1954, João conheceu Carlos Machado, o Rei da Noite, e com ele conseguiu participar do show Esta Vida É um Carnaval, na boate Casablanca, com participação de Grande Otelo, Ataulfo Alves, a bateria da Império Serrano, entre outros artistas. João cantava em coro em uma cena e em outra cantava como solista um samba de Sinhô, "Recordar é viver", além de fazer pequenas aparições teatrais. O espetáculo foi um sucesso de crítica e público. Nesse mesmo ano, se juntara ao conjunto Quitandinha Serenaders. No grupo, conheceu Luiz Bonfá, Alberto Ruschel e Luís Telles, que se tornou um grande amigo de João. Chegou a integrar o conjunto Anjos do Inferno, em uma curta temporada paulista.

A consagração, no entanto, não viria a João ainda nesses anos.

Em 1955, João dirigiu-se a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com seu amigo Luís Telles. Lá, conheceu Armando Albuquerque, compositor, pianista, violinista, professor, musicólogo e amigo de Radamés Gnatalli, com quem passou horas estudando música, principalmente harmonia. Depois de oito meses, João decidiu se dirigir a Diamantina, Minas Gerais, para viver com a irmã Dadainha, recém-casada e com uma filha recém-nascida. Durante os estudos, João percebeu que, se cantasse mais baixo, sem vibrato, poderia adiantar ou atrasar o canto em relação ao ritmo, desde que a batida fosse constante, criando assim seu próprio tempo. Depois de sete meses em Diamantina, João partiu para Juazeiro, onde passou dois meses com a família. Lá, compôs "Bim Bom", confiante de que havia encontrado a batida que queria. Foi a Salvador, capital do estado, e por lá permaneceu por alguns dias. No início de 1957, João Gilberto partiu para o Rio de Janeiro, para sua consagração.

A apresentação da batida

Chegando ao Rio de Janeiro em 1957, João, com 26 anos, procurou mostrar sua nova técnica aos músicos e, quem sabe, conseguir gravar. Apresentou-se para vários músicos, intrigando alguns, entre eles Tito Madi e Edinho, do Trio Irakitan, mas encontrou seu caminho ao se apresentar para Roberto Menescal, em história já conhecida e consagrada. Em meio a uma grande festa, Menescal abriu a porta para um sujeito que pedia um violão. Surpreso com o pedido e diante de insistência, Roberto Menescal acabou por levar aquele que era João Gilberto para o quarto. Lá, João apresentou "Bim Bom" e encantou o jovem Menescal, que fugiu da festa dos pais e partiu para uma pequena turnê pelo Rio de Janeiro, apresentando a nova batida para gente como Ronaldo Bôscoli e em lugares como o apartamento de Nara Leão. João explicou algumas de suas novas técnicas a Menescal e Bôscoli: a mão direita tocava acordes, e não notas, produzindo harmonia e ritmo ao mesmo tempo. Além disso, utilizava-se de técnicas de respiração de ioga, o que lhe permitia alongar frases melódicas sem perder o fôlego.

Nessa época, João se apresentou na casa de Chico Pereira, que gravou a apresentação em um gravador Grundig. Essa gravação, adquirida de japoneses por um fã sueco e remasterizada por um engenheiro de som francês, caiu na internet em 2009, causando grande reboliço em blogs dedicados à música e em fãs de bossa nova. Chico ainda ajudou João a se aproximar de Tom Jobim, que trabalhava na gravadora Odeon, para gravar um disco. Ele se encantou principalmente com o violão de João, vendo ali uma oportunidade de modernização do samba, através da simplificação do ritmo e da inclusão de novas harmonias, principalmente algo mais funcional, modalismo, criando liberdade para os arranjos. Entusiasmado, Tom apresentou a João uma nova composição que fizera há um ano com o poeta Vinicius de Moraes, mas que estava encostada, chamada Chega de Saudade.

Existem registros de fitas gravadas de forma amadora também pelo cantor Luís Cláudio.

João passou a ficar conhecido no meio musical carioca. Chegou a tocar junto de Severino Filho e Badeco, dos Cariocas, Chaim e João Donato, com quem compôs Minha Saudade, que logo se tornou um standard do período. João tocava regularmente na boate do hotel Plaza, que começou a ser ponto de encontro de músicos. Lá, João tocava junto de Milton Banana, que adequou sua bateria ao estilo de João, tocando baixo, com uma escova e a baqueta no aro da caixa. Tom Jobim era assíduo frequentador da boate, aonde ia para escutar João Gilberto.

O disco que mudou tudo

O ano de 1958 foi um marco para a música popular brasileira. Em julho, Elizete Cardoso lançou o famoso LP Canção do Amor Demais, contendo músicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. O disco, entretanto, entraria na história da música popular brasileira por outro motivo: João Gilberto acompanhava Elizete ao violão nas faixas Chega de Saudade e Outra Vez, sendo essas as primeiras gravações da chamada "batida da bossa nova". Em agosto, João lançou um disco de 78 rpm contendo "Chega de Saudade" e "Bim Bom", gravado na Odeon, com apoio de Tom Jobim, Dorival Caymmi e Aloysio de Oliveira. Este disco inaugurou o gênero da bossa nova, e logo se tornou um sucesso comercial. Sua gravação teve arranjos de Tom Jobim, participação de orquestra e de Milton Banana, entre outros artistas. João inovou ao pedir dois microfones para gravar, um para a voz e outro para o violão. Desse modo, a harmonia passou a ser mais claramente ouvida. O disco estourou primeiro em São Paulo, o principal mercado do país na época. Foi um sucesso de vendas e primeiro lugar nas rádios. João participou, então, de programas de rádio e TV, deu entrevistas, fez shows. Logo o sucesso partiu para o Rio. Em 1959, João lançou mais um 78 rpm, dessa vez contendo Desafinado, de Tom Jobim e Newton Mendonça, e Hô-bá-lá-lá, composição própria. Em março, lançou o LP Chega de Saudade, que virou um sucesso de vendas. Diz-se que após conhecer João, Ary Barroso aconselhou-o: "Faça exatamente o que você quer!".

A importância deste primeiro disco de João Gilberto é mostrada por Tom Jobim já no texto de contracapa do LP: "Em pouquíssimo tempo, (João) influenciou toda uma geração de arranjadores, guitarristas, músicos e cantores".

1959-1962

Chega de Saudade

Após o lançamento do LP Chega de Saudade, a nova batida do violão tornou-se moda entre os jovens secundaristas e universitários, encantados com o violão de João Gilberto. Esse disco influenciou a geração de João e a geração seguinte de jovens que, depois de ouvir Chega de Saudade, decidiram-se pela carreira de músico. Entre os jovens estavam Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Edu Lobo, Francis Hime, Roberto Carlos, Jorge Ben Jor, Paulinho da Viola, entre outros. Esse disco criou a mais completa reviravolta na música popular brasileira. João sintetizou a MPB em seus termos fundamentais: ritmo, harmonia, batida de violão e técnica de canto. Além disso, seu estilo, apesar de revolucionário, não rompeu com a música do passado, vez que gravou em seus discos velhas composições de Ary Barroso, Geraldo Pereira, Dorival Caymmi e sucessos de Orlando Silva. Chamado de recompositor pelo músico Luiz Tatit, João transformou velhas canções em novas, segundo sua concepção. Jobim definiu o estilo de João como uma forma leve extensível a qualquer música brasileira. João Gilberto definiu, como marca harmônica inédita, a economia. Os arranjos de Tom Jobim, por exemplo, usam como guia o violão de João, que concentrava a fluidez rítmica e melódica. Introduziu-se, nesse LP, o uso de acordes invertidos executados em bloco. A canção Chega de Saudade, inicialmente, era um chorinho, e João a transformou num samba enxuto, com o violão deixando de ser mero acompanhamento e dividindo o primeiro plano com a voz.

Com esse disco, João Gilberto deixou para trás o João pré-bossa do Rio e partiu para sua consagração. Participou do programa "Noite de Gala", da TV Rio, dirigido por Luís Carlos Miele. Ainda em 1959, João gravou uma participação no 78 rpm de Luiz Cláudio, acompanhando-o ao violão, na primeira gravação da canção Este Seu Olhar, de Tom Jobim, que tocou piano e fez o arranjo para a gravação, reeditada em 2005 na coletânea "Este Seu Olhar", CD lançado pelo selo Revivendo do pesquisador Leon Barg. Gravou três canções da trilha sonora do filme Orfeu de Carnaval, ou Orfeu Negro, lançadas em um compacto duplo pela Odeon. Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, João Gilberto não teve participação alguma na trilha sonora original do filme. Fez, também, shows na boate Meia Noite do Copacabana Palace e no Country Club do Rio de Janeiro. Em 1960, com a febre da batida de João, realizaram-se vários festivais de bossa nova pelo Rio, como no Grupo Universitário Hebraico, na Escola Naval, na Rádio Globo - transmitido ao vivo -, e no Teatro de Arena da Faculdade Nacional de Arquitetura, este último com participação de João Gilberto e Chico Pereira, que gravou o espetáculo, além de presença de Vinicius de Moraes e Tom Jobim e ampla cobertura da mídia. Participou do programa "Brasil 60", na TV Excelsior, onde contracenava e fazia dueto com Orlando Silva, seu antigo ídolo, e teve um programa próprio, chamado Musical Três Leões, na TV Tupi, em São Paulo. João ainda participou do show de inauguração da TV Excelsior. Infelizmente, não há registro de gravações de vídeo ou áudio dessas apresentações. Todos os novos músicos ligados ao movimento da bossa nova copiavam o modo de tocar e cantar de João. João ainda se apresentou em Minas Gerais, Salvador (com presença de Vinicius de Moraes), fez temporada na boate Arpège, no Leme, Rio de Janeiro e gravou um jingle para a Lever, atual Unilever.

O amor, o sorriso e a flor (1960) e João Gilberto (1961)

Ainda em 1960, João Gilberto gravou seu segundo LP, O Amor, o Sorriso e a Flor, que no ano de 1962 chegou aos Estados Unidos. Começava a exportação da moderna música brasileira. Esse LP trouxe outra inovação: a contracapa trazia as letras das músicas, que passou a ser característica dos discos brasileiros. Vale o destaque da composição de Tom Jobim e Newton Mendonça, o Samba de Uma Nota Só, síntese da bossa nova nos fundamentais elementos de letra, melodia, ritmo e harmonia.

Em 1961, gravou seu terceiro álbum, João Gilberto. Seu terceiro LP foi gravado em duas fases: a primeira com Walter Wanderley e seu conjunto; a segunda, com orquestra sob regência de Tom Jobim. Os velhos sambas voltaram, mas alterados de tal forma, rítmica e harmonicamente, que soavam como novos sambas. Entre os efeitos usados por João, está o rubato, no qual se apressam ou encurtam frases, cantando em tempo ligeiramente diferente do acompanhamento, "roubando" algum tempo das notas, para depois aguardar com o violão e seguir normalmente. Foi neste disco também que João, pela primeira vez, gravou sozinho, apenas com o violão. Aparentemente, existem duas faixas gravadas e não lançadas no disco, segundo o músico Bebeto, ex-Tamba Trio. Ele afirmou que uma das gravações é Falseta, de Johnny Alf. Com a gravação desse terceiro LP, João se eternizou na música popular brasileira, em tão pouco tempo influenciando tanto. A edição americana desse disco teve uma nova gravação de Este Seu Olhar, com a melodia modificada, aparentemente por problemas de direito autoral.

Nesse ano, em uma série de apresentações em São Paulo, João mostrou que era unanimidade na capital paulista. Apresentou-se para 1 500 pessoas na Universidade Mackenzie, lotou o teatro do clube Harmonia e do clube Pinheiros.

A batida chegou aos Estados Unidos. Lena Horne cantou "Bim Bom" em português no Copacabana Palace, dizendo-se fã de João Gilberto. Em Washington, na rádio WMAL, o disc jockey Felix Grant programou para tocar diariamente os discos de João, fato que provocou impacto nos músicos e aficionados de jazz. João foi considerado um fenômeno pelos jazzistas. Herbie Mann declarou que João Gilberto atraiu a atenção dos americanos sobre a música brasileira. A revista Life en Español, em ampla matéria de Joaquín Segura, do dia 29 de outubro de 1962, apresentou a bossa nova de João Gilberto aos Estados Unidos, "Nota de Actualidad BOSSA NOVA - Del Brasil llega a los EE.UU. una música contagiosa". O jornalista descreveu viagens ao Brasil de astros do jazz como Dizzy Gillespie, Charlie Byrd, Herbie Mann que voltaram tentando imitar o violão e a voz de João Gilberto, descrito pelo jornalista como expoente máximo da bossa nova. Bim bom, Ho Ba La La e Um Abraço no Bonfá, composições de João, começaram a chegar à França. Durante esses anos, João chegou a se apresentar no Uruguai e na Argentina, suas primeiras apresentações no exterior.

O Encontro no Au Bon Gourmet

Em 1962, fez o histórico show O Encontro no restaurante Au Bon Gourmet, localizado em Copacabana, ao lado de Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Os Cariocas, Milton Banana e Otávio Bailly, sob direção de Aloysio de Oliveira. Foi a única vez em que Vinicius, João e Tom se apresentaram no mesmo palco. A temporada durou um mês, estendido por duas semanas devido ao sucesso. O público se constituía da alta sociedade carioca e círculos de artistas. O show foi marcante pelo fato de ter sido a estreia de grandes sucessos da bossa nova. Entre eles, Só Danço Samba, Samba da Bênção, O Astronauta, Samba do Avião e Garota de Ipanema, que nessa ocasião especial teve um introdução inédita escrita por Tom, Vinicius e João. João inovou na canção Corcovado, composição de Tom Jobim, ao trocar o verso "um cigarro, um violão" por "um cantinho, um violão". como ficou consagrado. A repercussão na mídia da época foi grande, com várias capas de revista e elogios em jornais.

João Gilberto fez uma pequena participação no LP "José Vasconcelos conta histórias de bichos", da ODEON, na canção A Roupa do Leão.

Primeiro casamento e internacionalização da carreira

Casamento com Astrud Evangelina Weiner

Ainda em 1959, casou-se com Astrud Evangelina Weinert, que ficou conhecida como Astrud Gilberto e se tornou uma das cantoras mais importantes da história da música brasileira, sendo, até hoje, a única artista feminina do país a disputar as principais categorias da principal premiação da indústria da música mundial, o Grammy Awards. Em 1964, a cantora foi candidata nas categorias Melhor Performance Vocal Feminina de Música Pop, Melhor Artista Revelação e Gravação do Ano. Venceu nesta última categoria, para a qual foi indicada pela música The Girl from Ipanema, gravada em parceria com o saxofonista norte-americano Stan Getz. Em 1966, Astrud foi nomeada novamente para a categoria Melhor Performance Vocal Feminina de Música Pop do Grammy Award, que foi vencida, tal como no ano anterior, pela cantora Barbra Streisand.[40]

O casal se conheceu por intermédio da grande amiga de Astrud, a também cantora Nara Leão.[41] Com Astrud, João teve um filho, João Marcelo, em 1960.

Concerto no Carnegie Hall

Em 1962, João participou de concerto no Carnegie Hall, em Nova Iorque, produzido pela Audio Fidelity Records e patrocinado pelo Itamaraty, com o objetivo de promover a bossa nova nos Estados Unidos. Além de João, participaram Luiz Bonfá, o conjunto de Oscar Castro Neves, Agostinho dos Santos, Carlos Lyra, Sérgio Mendes e Tom Jobim, entre outros.

No dia 21 de novembro de 1962, três mil pessoas lotavam o Carnegie Hall, esperando ouvir, principalmente, Tom Jobim e João Gilberto. Entre os espectadores estavam Tony Bennett, Peggy Lee, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Gerry Mulligan, Erroll Garner e Herbie Mann. Havia grande presença da imprensa americana, estimada em trezentos repórteres, fotógrafos cinegrafistas e críticos especializados do mundo inteiro, além de uma rádio que transmitia para Moscou e da Rádio Bandeirantes, que transmitia para o Brasil. O show também foi filmado por uma TV americana, e posteriormente pôde ser exibido na TV Continental e na TV Tupi, no Brasil. A performance de João foi elogiada pela mídia americana, em reportagens de veículos como The New Yorker, Newsweek, Time, The New York Times e Down Beat. Apesar de ser um cantor e violonista brasileiro, cantando em português músicas desconhecidas para um exigente público formado por músicos e críticos, João conquistou os Estados Unidos.

Apesar de alguns problemas de organização e com os equipamentos de som e com o excesso de apresentações, João Gilberto, Luiz Bonfá e Tom Jobim foram os destaques da noite.

Depois do episódio, João fez uma temporada na boate Blue Angel, apresentou-se no Village Gate de Nova Iorque e no Lisner Auditorium de Washington. A partir daí, João passou a residir no exterior e começou a difundir a moderna música brasileira pelo mundo.

Seara Vermelha

No Brasil, foi lançado o filme Seara Vermelha, que incluía, na trilha sonora, uma composição de João em parceria com Jorge Amado, composta nos anos 1950, de nome Lamento da Morte de Dalva na Beira do Rio São Francisco, em Juazeiro Quando estavam compondo, João cantou infinitamente a melodia na casa de Jorge Amado. A mulher de Jorge, Zélia Gattai, diz que, de tanto ouvir, o sofrê do casal aprendeu a melodia e começou a cantar. João acabou fazendo um dueto com o pássaro.

A letra da música permaneceu inédita durante anos, sem nunca ter sido gravada.

Getz/Gilberto

Nos dias 18 e 19 de março de 1963, na A&R Studios, em Nova Iorque, João se juntou a Stan Getz, Astrud Gilberto, Tom Jobim, Milton Banana e Tião Neto para gravar o disco Getz/Gilberto, produzido por Creed Taylor para a gravadora Verve, tendo, como engenheiro de som, Phil Ramone, que entrou para a história da música mundial por gravações como "Corcovado" e "Garota de Ipanema". O disco, entretanto, ficou um ano esperando para ser lançado, devido à saturação de lançamentos de bossa nova nos Estados Unidos.

Tião Neto chegou a dizer, antes do lançamento, que esse seria o melhor disco de bossa nova gravado até então.

Ainda nesse ano, João foi homenageado por diversos jazzistas e pelo cantor Jon Hendricks, que gravou o disco Salud! João Gilberto – Originator of the Bossa Nova e, ao escutar as gravações de João, teve uma grande lição de canto. Também apresentou-se com Getz no Canadá.

Um ano depois da gravação, 1964, foi lançado Getz/Gilberto no mercado. O sucesso foi imediato. Logo começou a ser louvado por críticos, músicos de jazz e aclamado pelo público, que fez dele o segundo álbum mais vendido do ano. Em 1965, o disco concorreu em nove categorias e venceu 4 prêmios Grammy. Os troféus recebidos foram: Melhor Álbum do Ano (com as estatuetas concedidas a Stan Getz, João Gilberto e ao produtor Creed Taylor); Melhor Gravação do Ano, concedido a Astrud Gilberto e Stan Getz pela gravação da música The Girl from Ipanema; Melhor Solista de Jazz (Stan Getz) e Melhor Engenharia de Som (para Phil Ramone), com Garota de Ipanema.

Foi aclamado como bossa nova verdadeira e foi best-seller durante anos, nos Estados Unidos e mundialmente. Atingiu as paradas de sucesso na Itália, onde João recebeu o mais importante prêmio da crítica musical italiana, por unanimidade.

A gravação de Garota de Ipanema chegou a ser o single mais tocado nas rádios americanas.

Atualidade do disco

Hoje, o disco é um clássico da discografia mundial e mantém-se influente e atual. Gerações de jazzistas americanos foram influenciadas por ele.

Em 1999, a National Academy of Recording Arts & Sciences concedeu ao disco o prêmio Grammy Hall of Fame.

Em 1993, o disco foi relançado em CD na Europa pela gravadora CTI, distribuída pela empresa alemã Zyx Music, dentro da série "Grammy Award Winners", com a remasterização realizada a partir de fitas do acervo do produtor Creed Taylor que se encontravam em melhor estado de conservação. Por questões jurídicas, o CD teve sua capa modificada e seu nome alterado para "The Girl From Ipanema" (número de catálogo PDCTI 1105-2).

Em 2004, a gravação de Garota de Ipanema do disco foi escolhida pelo Congresso Americano para integrar um acervo da Biblioteca do Congresso Americano por ser cultural, histórica e esteticamente significante para as gerações futuras. A música foi escolhida por ter uma melodia facilmente reconhecível em qualquer parte dos Estados Unidos e por ser, portanto, muito popular.

Turnê pela Europa

Ainda em 1963, João partiu com João Donato, Tião Neto e Milton Banana para a Europa. Primeiro, na Itália, apresentaram-se em Roma, no Foro Italiano. Lá, gravaram também uma série de TV. Partiu, depois, para Viareggio, ainda na Itália, para fazer uma temporada na boate Bussola. Nessa boate, João conheceu o bolero Estate, que anos depois gravaria em disco e transformaria em standard do jazz.

João começou a sentir espasmos musculares na mão direita. A temporada na Itália foi encerrada pelo fato e o grupo recusou apresentações na Tunísia. João partiu para Paris para se tratar com um famoso médico acupunturista. Lá, já separado de Astrud, João conheceu Miúcha, na época estudante. Voltou, então, para Nova Iorque.

Estados Unidos

De volta para Nova Iorque, João tratou os espasmos com médicos americanos em um longo tratamento fisioterápico. João recebeu críticas positivas sobre Getz/Gilberto na revista LIFE. O crítico americano Chris Welles citou o violão sincopado e a voz macia e sensual de João como a verdadeira beleza do álbum. Miles Davis disse que João Gilberto podia ler um jornal que soaria bem.

No fim do ano, João voltou ao Carnegie Hall, desta vez com Stan Getz, num concerto que resultou no disco Getz/Gilberto #2. Além disso, João se apresentou em diversos clubes de Nova Iorque, como o Village Vanguard, o Village Gate, Town Hall e o Bottom Line, além de excursionar em cidades como Washington, Boston e Los Angeles. Apresentou-se também na Califórnia, em temporada na boate El Matador e no Teatro Santa Monica. O The San Francisco Chronicle de 10 de setembro de 1964 publicou um artigo do crítico Ralph J. Gleason, no qual chamava João de extraordinário cantor e violonista, sobrevivente do show business da música americana e centro de gravidade da bossa nova, grande expoente de arte e talento.

Brasil

Em 1965, João e Miúcha se casaram. Nesse ano, ainda passou rapidamente pelo Brasil, onde se tratou com um foniatra, por causa de um problema de voz.

Em 1966, apresentou-se três vezes no programa O fino da Bossa, comandado por Elis Regina, na TV Record. Apresentado como astro internacional por Elis, João foi ovacionado por uma platéia admirada. Entretanto, ele percebeu a ausência de retorno do palco, o recurso usado para o artista se ouvir ao tocar, e parou na terceira música.

Nessa rápida passagem pelo Brasil, João reclamou da nova produção musical que estava sendo feita nacionalmente.

Estados Unidos

Ainda nesse ano, nasceu, em Nova Iorque, sua filha Isabel, conhecida como Bebel Gilberto. Foi lançado o disco Getz/Gilberto, que possui um verbete no Encyclopedia of Jazz in the Sixties, famosa enciclopédia sobre jazz, de Leonard Feather, na qual João é apresentado como um músico que influenciou profundamente o jazz desde sua chegada aos Estados Unidos. A revista DownBeat citou João como o músico mais influente no jazz dos últimos quarenta anos.

Em 1967, João participou de um programa de TV alemão dedicado a Gilbert Bécaud, sendo o único convidado não europeu. Apresentou-se também no Village Vanguard de Nova Iorque e no Hollywood Bowl de Los Angeles.

Em 1968, apresentou-se no Central Park de Nova Iorque e no Bird's Nest de Washington.

João ganhou um verbete na enciclopédia italiana Il Jazz, que o trata como uma das mais belas vozes do último decênio e grande artífice da afirmação de uma linguagem musical julgada como uma das mais originais e válidas daqueles tempos.

Voltou a Nova Iorque, onde se apresentou no Rainbow Grill. Na ocasião, declarou ao crítico John S. Wilson, do New York Times, que quando cantava, pensava num espaço claro e aberto, onde se colocam os sons, como se fosse desenhar num papel em branco. Para isso, segundo João, era necessário completo silêncio.

México

Em 1969, João participou de festivais de jazz em Guadalajara, Guanajuato, Cidade do México e Puebla. João passou, então, a morar na Cidade do México. Durante a estadia, apresentou-se na boate Forum, onde fez temporada, e no Museu da Cidade do México, onde recebeu um prêmio, o Troféu Chimal.

Em 1970, lançou o disco En Mexico, recheado de boleros como "Besame Mucho" e "Farolito" e com arranjos de Oscar Castro Neves. Deste disco, Caetano Veloso cita a canção "O Astronauta" como a descoberta de uma obra-prima que João trouxe à tona.

1971 - 1979

Em 1971, fez passagem pelo Brasil, quando gravou na TV Tupi um especial com Caetano Veloso e Gal Costa, organizado por Fernando Faro. João cantou sentado no chão e chegou até a jogar pingue-pongue, esporte em que era mestre. As imagens desse especial se perderam num incêndio na sede da TV Tupi, mas aparentemente os fonogramas foram salvos.

Retorno a Nova Iorque

João Gilberto voltou a residir em Nova Iorque em 1972. Fez outra temporada no Rainbow Grill, desta vez com Stan Getz, que foi um sucesso.

Em 1973, lançou o álbum João Gilberto, conhecido como o álbum branco, gravado apenas com voz, violão e uma leve bateria de Sonny Carr. Nesse álbum, João gravou sua composição com Jorge Amado. Desta vez, entretanto, retirou a letra de Jorge e repetiu hipnótica e incessantemente o neologismo "undiú", que dá nome a música. João interpretou a canção com solfejos e violão. Em "Baixa do Sapateiro", composição de Ary Barroso, João solou a canção ao violão apenas com acordes, descritos por Guinga como um solo ao avesso, de dentro do braço do violão, um passo adiante na história. É curiosa a história em que o baterista Sonny Carr toca as vassourinhas sobre um cesto de lixo de vime.

Em 1976, lançou o álbum The Best of Two Worlds, com Stan Getz e participação de Miúcha. Fez temporada no Keystone Korner, em San Francisco, com Stan Getz.

Em 1977, lançou Amoroso e foi indicado ao Grammy na categoria Melhor Performance Vocal de Jazz. Lançou, pela primeira vez, a canção Estate, do italiano Bruno Martino, que, após a gravação de João Gilberto, tornou-se um standard da música mundial, sendo regravado por diversos artistas, como Chet Baker, Toots Thielemans e Michel Petrucciani. O álbum, com arranjos de Claus Ogerman, virou um clássico, marcado pela volta de João às paradas de sucesso do Brasil. João, na época do lançamento, estava encantado com o disco. A captação de som da voz e do violão, o equilíbrio com a orquestra e os arranjos de Claus Ogerman foram muito elogiados.

Fez uma temporada de shows no Bottom Line de Nova Iorque. Os shows foram um sucesso de público e crítica. Uma das espectadoras foi Jacqueline Onassis, que declarou para João ser admiradora atenta e antiga.

Nesse mesmo ano, João se apresentou no Great American Music Hall, de San Francisco, e numa série de shows na boate Roxy, de Los Angeles.

Em 1978, gravou um especial televisivo para uma TV holandesa e voltou ao Brasil, trazido pela TV Tupi. Causou furor na imprensa com sua chegada em São Paulo. Fez show no Teatro Castro Alves, Salvador, e no Teatro Municipal de São Paulo, onde gravou um especial de TV. Voltou novamente ao Carnegie Hall, desta vez com Charlie Byrd e Stan Getz, para o Newport Festival in New York.

Volta definitiva ao Brasil

Chegou ao Rio de Janeiro em 1979, para um temporada de shows, que acabou cancelada por problemas técnicos da casa de espetáculos Canecão. A última vez em que João havia feito um show no Rio foi no show O Encontro, de 1962. João declarou que apenas procurava o som mais integrado e que estava ansioso para tocar no Brasil.

Desta vez, voltou a residir no Brasil em definitivo.

Em 1980, João gravou um especial para a TV Globo chamado João Gilberto Prado Pereira de Oliveira, que virou disco mais tarde. Gravado ao vivo no Teatro Fênix, do Rio de Janeiro, para a Série Grandes Nomes, batizado sempre com o nome completo do artista. No repertório apresentado, de Ary Barroso e George Gershwin a clássicos da bossa nova, com a surpresa da participação especial de Rita Lee em Jou Jou Balangandãs, de Lamartine Babo. O show teve acompanhamento da Orquestra da Rede Globo, com arranjos de João Donato, Dori Caymmi, Guto Graça Mello e Claus Ogerman.

João gravou também uma participação especial no disco de Miúcha.

Álbum Brasil

Em 1981, João lançou o disco Brasil, com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia. O disco tinha João Gilberto como guia, "mestre" - como colocou Sérgio Vaz em uma coluna no Jornal da Tarde. - sua voz era seguida pelas de Gilberto Gil e Caetano Veloso, em uníssono, parecendo três vozes de João. Maria Bethânia, quando aparecia, cantava de uma forma que jamais cantou: não há gritos, gemidos ou drama, apenas havia o canto. O disco foi bem recebido pela crítica.

Em 1982, João gravou "Brazil com S", uma participação especial no disco de Rita Lee, "Rita Lee e Roberto de Carvalho".

Fez concertos no Teatro Castro Alves e gravou um especial na TV Bandeirantes chamado "João Gilberto: A arte e o ofício de cantar", com participação de Ney Matogrosso.

Em 1983, João se apresentou no Festival de Águas Claras, em São Paulo.

Fez concerto em Roma, para o Festival Bahia de Todos os Sambas, exibido pela TV RAI.

Em 1984, João fez uma temporada no Coliseu dos Recreios, de Lisboa.

Em 1985, participou do 19° Festival de Jazz de Montreux, na Suíça.

Em 1986, chegou ao Brasil a gravação em disco da participação no Festival de Jazz de Montreux. João gravou Me Chama, de Lobão, para integrar a trilha sonora da novela Hipertensão. Lobão diz que recebeu ligações de João para a aprovação da execução, além de ter de explicar o estado emocional quando da composição. Lobão inicialmente se irritou com a supressão do verso "nem sempre se vê mágica no absurdo", mas achou a execução maravilhosa.

Em 1987, João foi agraciado com a comenda da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, no grau de comendador, pelo Tribunal Superior do Trabalho.

Processo contra a EMI

No mesmo ano de 1987, a EMI, detentora do acervo da antiga gravadora Odeon, lançou, sem autorização de João Gilberto, uma coletânea (um LP duplo e um CD simples) que reunia os três primeiros LPs de João (Chega de Saudade, O Amor, o Sorriso e a Flor e João Gilberto) e o compacto João Gilberto Cantando as Músicas do Filme Orfeu do Carnaval, conhecido também como um único álbum, batizado de O Mito no Brasil e de The Legendary João Gilberto. Além da falta de autorização, a EMI, segundo João, adulterou a sonoridade das gravações e alterou a ordem das faixas. Em 1992, o artista entrou com uma ação por danos morais e materiais contra a multinacional britânica, alegando "fim da sequência harmônica" das faixas e defeitos na remasterização. Desde então, seus primeiros discos, considerados de importância impar para a história da música popular brasileira, passaram a não se encontrar mais nas prateleiras das lojas, a não ser em cópias piratas. Em 1999, Paulo Jobim foi designado pela 28ª Vara Cível do Rio de Janeiro como perito para a comprovação das alegadas mixagens de som feitas pela EMI. Em seu laudo técnico, Paulo afirmou que a EMI "mutilou" e "deformou" a voz de João Gilberto, "amesquinhou" a obra e "literalmente cortou" parte de faixas. Houve ainda adição de reverberação, adição de eco estéreo nas faixas que originalmente eram mono e equalização para realçar as frequências agudas da bateria e da orquestra em todas as faixas, dado fornecido pelo próprio perito indicado pela gravadora. Paulo Jobim ainda afirmou que as matrizes originais dos discos possuíam excelente estado de conservação, não havendo a necessidade de qualquer alteração no som. Aderbal Duarte, estudioso da obra de João Gilberto, testemunha do músico no processo, disse que João já pensava nas alturas da voz e do violão ao gravar, fazendo o som já sair mixado.

Em 2000, Caetano Veloso foi indicado pela defesa para apresentar um laudo crítico. Ele afirmou que as adulterações causaram prejuízo à obra de João Gilberto, que teve radical preocupação pela excelência da qualidade do som e com rigoroso e delicado acabamento nas gravações, provocando claramente dano moral. Além disso, ao trazer três discos em um só CD, a gravadora contribuiu para a redução de um terço do valor comercial do produto oferecido, o que provocara dano patrimonial. Caetano ainda mostrou como a própria EMI declarou que não poderia fazer as equalizações sem a permissão de João. Nas palavras de Caetano, "por essas falhas gritantes da ré (EMI), João Gilberto sofreu e continua sofrendo incalculáveis prejuízos". Por outro lado, a remasterização da EMI recebeu prêmios internacionais e teve boa aceitação da crítica especializada, o que, supostamente, atestaria sua qualidade.

Em decisão de primeira instância em 2007, a juíza Maria Helena Pinto Machado Martins negou o pedido da defesa de danos morais e rejeitou o fim da comercialização dos discos, apontando que João Gilberto tinha uma "sensibilidade extremada". "Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral", afirmou a juíza. Ela, por outro lado, condenou a EMI a pagar royalties sobre a obra de João, além de indenização por uso da música Coisa Mais Linda em um comercial do O Boticário. Os advogados de defesa recorreram da decisão, que acabou indo para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Em 2008, houve um início de conversa entre as partes. A EMI trouxe um técnico dos Estados Unidos para acompanhar o músico na audição das masters, ou matrizes dos discos. João Gilberto, no entanto, não reconheceu essas masters como as originais, culminando no fim das conversas. Claudia Faissol, então companheira do músico, pediu em 2011 a ajuda do Ministério da Cultura, à presidente Dilma Roussef e ao Itamaraty, por meio de um documento denominado "Memorial João Gilberto", assinado pelo próprio músico, mas, oficialmente, o governo brasileiro preferiu se manter distante da questão. Naquele mesmo ano, o STJ decidiu, por maioria de votos, que a EMI deveria pagar uma indenização por danos morais a João Gilberto. O ministro relator Sidnei Beneti, concluiu que "direito moral do autor, inalienável e passível de indenização, recusar modificações em sua obra independentemente de esta vir a receber láureas". À época do julgamento, o ministro Beneti lamentou a falta de acordo no caso e a ausência de circulação para o público dos discos clássicos da música brasileira. Em entrevista, a advogada da EMI no Brasil, Ana Tranjan, afirmou que as tentativas de acordo não passaram de fases embrionárias de conversa e que, pela proximidade do desfecho do caso na justiça, não houve prolongamento das conversas.

O processo teve grande importância para o direito autoral no Brasil, com consequências em vários processos ainda em tramitação e em milhares de discos produzidos no país, pois discutiu-se a possibilidade de modificação da obra para relançamento. Colocou-se na balança o direito da humanidade em ter acesso à produção cultural e o direito do autor de preservar sua obra, definiu-se o alcance do direito moral do autor sobre sua obra. O ministro Sidnei Beneti lembrou que o processo era inédito no Brasil.

Em 2013, a 2ª Vara Civil do Rio de Janeiro decidiu conceder uma liminar obrigando a EMI a devolver a João Gilberto as matrizes dos LPs e do compacto do processo. A juíza Simone Dalila Nacif Lopes, em sua decisão, mostrou a urgência em se dar a oportunidade do músico de 81 anos poder se debruçar sobre essas obras e atualizá-las. Logo após essa decisão, Ruy Castro, em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo, demonstrou empolgação com um possível relançamento, apesar de prever uma derrubada da liminar da justiça. Poucos dias depois, o juiz Sérgio Wajzenberg, da 2ª Vara Cível do TJ-RJ, decidiu que a liminar seria mantida, assim como a obrigação de devolução das matrizes para João. Dias depois, em decisão de segunda instância, o desembargador André Gustavo Correa de Andrade, do TJ-RJ, mostrou-se preocupado com o fato de João Gilberto não ter apresentado garantias de conservação adequada das masters, deixando novamente o material em posse da EMI. Uma semana depois, os advogados de João apresentaram as condições técnicas necessárias para manter as matrizes das gravações, levando o desembargador a mudar a decisão, tendo sido devolvidas as masters para o músico.

Marcelo Gilberto, primeiro filho do músico, afirmou que a EMI não teria cumprido a decisão, e que as supostas masters entregues a João Gilberto eram, na verdade, cópias das verdadeiras, sendo que apenas o disco Chega de Saudade poderia ser verdadeiro. Acredita-se que a gravadora EMI pode ter perdido as fitas originais. O advogado da EMI, por outro lado, afirmou ser original todo o material entregue a João.[91

Em 2015, o Superior Tribunal de Justiça determinou que a EMI não poderia mais vender os discos de João Gilberto sem sua autorização. Em 2018, a defesa do artista protocolou um pedido de revisão da indenização pela EMI Records, cujo controle passou a ser da Universal Music.

Final dos anos 80

Em 1988, João cancelou shows no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Sofreu com a incompreensão da imprensa.

Em 1989, João recebeu uma indicação ao Grammy na categoria Melhor Performance Vocal de Jazz, pelo disco "Live in Montreux".

Anos 90

Em 1990, gravou um especial no disco de Maria Bethania, dividindo, apenas com voz e violão, a faixa Maria/Linda Flor.

Foi lançado, nos Estados Unidos, o CD The legendary João Gilberto, coletânea dos três primeiros LPs de João gravados na Odeon, que resultou num processo contra a EMI.

Álbum João

Em 1991, é foi lançado o CD João. No repertório, velhos sambas como Ave Maria no Morro, de Herivelto Martins, Palpite Infeliz, de Noel Rosa, e Rosinha, composição do amigo Jonas Silva, ex-crooner dos Garotos da Lua, que saiu para dar lugar a João no início dos anos 50. O disco marcou a gravação de canções em outras línguas: inglês (You Do Something for Me, de Cole Porter), italiano (o bolero Malaga, de Fred Bongusto) e francês (Que Reste-t-il de Nos Amours de Charles Trenet). O disco foi gravado apenas com voz e violão, para a posterior adição dos arranjos de orquestra feitos por Clare Fischer. João ainda gravou o primeiro videoclipe da carreira: Sampa, de Caetano Veloso. Gravado em locações como o Estádio do Pacaembu, bairro da Liberdade, Jóquei Clube de São Paulo e o Viaduto do Chá, o clipe mostra o carinho que João tinha pela cidade de São Paulo.

Comercial da Brahma

Nesse mesmo ano, João gravou um jingle chamado Bossa Nova nº 1, para a Brahma. Com produção sofisticada, o comercial foi gravado no Teatro Municipal de São Paulo, com direção de Walter Salles e foi acompanhado por uma série de eventos da Brahma. João recebeu acompanhamento de orquestra, sob regência de Eduardo Souto Neto.

Em 1992, João se apresentou no Parque Ibirapuera, em São Paulo, junto com Caetano Veloso, Paulinho da Viola e Rita Lee, por ocasião do aniversário da cidade.

Reencontro com Tom Jobim

Desde 1962, no show no restaurante Au Bon Gourmet, "O Encontro", Tom e João não faziam um show juntos. Quando foi anunciado um show com os dois maiores expoentes da música popular brasileira na época, o fato foi colocado como o evento cultural do ano de 1992 pela mídia.

Chamado de Show Número 1, ainda ligado à série de eventos patrocinados pela Brahma, como o comercial produzido no ano anterior. João fez show no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com participação especial de Tom, e João participou como convidado do show de Tom no Palace, de São Paulo.

No Teatro Municipal carioca, João fez um show recheado de velhos sambas como Sem Compromisso, Morena Boca de Ouro e Ave Maria no Morro. Ao entrar no palco, João foi ovacionado por dois mil convidados da Brahma, patrocinadora do show.

O show foi um grande sucesso, e virou um especial de fim de ano na TV Globo, com direção de Walter Salles Jr. e recuperação de imagens históricas dos anos 50 e 60, como do famoso concerto no Carnegie Hall em 1962.

Várias edições deste especial de TV, exibido pela Rede Globo em 29 de dezembro de 1992, foram lançadas em DVD na Europa e no Japão com os títulos de "O Grande Encontro" e "João & Antonio - Show Nº1".

Trechos do especial de TV também foram utilizados no documentário "Bossa Nova - Music & Reminiscences", dirigido por Walter Salles Jr.

O especial "João & Antonio" também serviu como inspiração para a série "Minuto da Bossa", exibida pela Rede Globo em 1992, com direção de Walter Salles Jr. e narração de Caetano Veloso, incluindo material não aproveitado no especial por questões de limitação de tempo.

Em 1993, João Gilberto fez concerto no Teatro Castro Alves, Salvador, com Gal Costa e Maria Bethânia como convidadas.

Em 1994, apresentou-se no Palace, São Paulo, que resultou no disco “Eu Sei que Vou te Amar”, gravado ao vivo, e no especial para a TV Cultura, Especial João Gilberto.

Em 1995, João, junto a Caetano Veloso, Gal Costa, Astrud Gilberto, família Caymmi, Herbie Hancock, Sting e outros artistas, participou de homenagem a Tom Jobim no Avery Fisher Hall, localizado no Lincoln Center de Nova Iorque. O tributo teve presença do então presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso. Os ingressos do show acabaram em apenas um dia de vendas, e consta que, no mercado negro, comprava-se o ingresso por três mil dólares.

Em 1996, participou do Festival de Jazz de Umbria, em Perugia, Itália, e apresentou-se em Veneza.

Em 1997, fez um especial para a TV Bandeirantes em uma temporada no Tom Brasil, São Paulo. Apresentou-se em Buenos Aires, onde recebeu as chaves da cidade e o título de cidadão ilustre.

Em 1998, voltou a se apresentar no Carnegie Hall, por ocasião da 26ª edição do JVC Festival.

João Gilberto é o homem mais cool do mundo

Jon Pareles, crítico do New York Times, em ocasião da apresentação de João no Carnegie Hall

Apresentou-se na Europa, onde fez shows em Turim, Roma, Ferrara e participou, como convidado especial, das apresentações de Tony Bennett e Caetano Veloso no Festival de Jazz de Umbria.

Em 1999, fez três concertos em Buenos Aires, pela primeira vez apresentando-se com Caetano Veloso.

Ainda esse ano, João Gilberto se apresentou no Credicard Hall, de São Paulo, inaugurando-o. O show teve grande repercussão negativa, com problemas de som, reclamações de João e vaias.

João Voz e Violão

Em 2000, João Gilberto lançou João Voz e Violão. Ao ouvir o resultado, João, que preferiu o disco sem mixagem, chegou a dizer que teve a alma gravada ali. Percebe-se o arranhar das cordas do violão, a percussão sutil da pronúncia dos fonemas e a controladíssima respiração. O disco, tratado já como clássico à época do lançamento, apresentava novas harmonias para Desafinado e Chega de Saudade, tratados como superiores em relação às antigas gravações, segundo Nelson Motta, entre resgates de antigos sambas e composições recentes dos amigos Caetano Veloso e Gilberto Gil, sugeridas por Caetano, entre outras canções, num clima intimista de voz e violão. Em sua eterna busca pela perfeição, João mostrou neste disco, mesmo aos 68 anos na época da gravação, que ainda tinha muito a ensinar sobre a exploração da célula rítmica da música, técnica vocal, controle de respiração e exercício interpretativo. Na foto de capa, está a atriz Camila Pitanga. O disco teve arranjos feitos pelo maestro Jaques Morelenbaum, mas as orquestrações acabaram fora do disco, permanecendo somente a voz e o violão. A crítica americana declarou ser este disco como uma joia.

À época da gravação, discutiu-se outro projeto: regravar os três primeiros discos - Chega de Saudade, O Amor, o Sorriso e a Flor e João Gilberto (1961) - com os mesmos arranjos de Tom Jobim. A Universal havia concordado com o projeto e João já tinha escolhido uma série de convidados para as gravações, como Ivete Sangalo.

Voltou ao Carnegie Hall, a São Paulo, Barcelona, Londres, Milão e Recife. Chega de Saudade (78rpm) entrou no Grammy Hall of Fame.

Em 2001, João recebeu outro prêmio Grammy, na categoria Melhor Álbum de World Music, pelo disco João Voz e Violão. A imprensa brasileira achou injusto o prêmio, dizendo que João merecia participar de indicações mais nobres.

Apresentou-se em Paris, em duas performances no Olympia, lotados, principalmente de jovens. A França vivia mais uma explosão de bossa nova, desta vez fruto da música eletrônica. Enlouqueceu o público ao tocar Que Reste-t-il de nos Amours. Com frequência, em seus shows, João Gilberto homenageava a cidade em que se apresentava. Em São Paulo, sempre tocava Saudosa Maloca, de Adoniran Barbosa; em Portugal, para delírio do público, apresentou Casa Portuguesa; em Recife, tocava Recife, Cidade Lendária.

Na ocasião do seu aniversário de setenta anos, João recebeu homenagem de vários veículos de comunicação do Brasil.

Apresentou-se na 22ª edição do Festival Internacional de Jazz de Montreal, no Canadá.

João recebeu do Itamaraty a Ordem de Rio Branco, no grau de comendador.

Em 2002, lançou o CD “Live at Umbria Jazz, gravado em 1996.

Em 2003, recebeu o Premio della Critica Heineken na Itália.

Conquista do Japão

Primeira turnê – 2003

Em setembro de 2003, pela primeira vez, João fez shows no Japão, passando por Tóquio e Yokohama, totalizando quatro performances com quase vinte mil ingressos à disposição do público, que se esgotaram três meses antes das apresentações. Em sua primeira apresentação, no Tokyo International Hall, João relatou que tocar para o público japonês foi uma experiências que ele procurava fazia décadas. No seu último concerto, no dia 16 de setembro, João recebeu uma sessão de aplausos de 25 minutos ininterruptos do público japonês. Nesse dia, um fato curioso: ao final do show, João abaixou a cabeça e fechou seus olhos durante 20 minutos. Ao final, levantou-se e agradeceu à plateia, dizendo ter beijado cada mão, cada coração presente ali. O sucesso da turnê japonesa foi comemorado com entusiasmo pelo próprio João.

As apresentações de João Gilberto provocaram um boom de bossa nova no Japão. As gravadoras relançaram diversos discos de João especialmente para o mercado japonês, como Getz/Gilberto, João Voz e Violão e o gravado no México, além de diversas coletâneas. Artistas populares japoneses gravaram CDs em homenagem a João. Todas as revistas especializadas em música reservaram páginas elogiosas a João Gilberto, tratado como lenda viva da música universal, criador da bossa nova, o mestre brasileiro mais respeitado no mundo todo, prestígio que João não desfrutava no Brasil.

Em 2004, foi lançado, pela Verve Records, o CD João Gilberto in Tokyo, gravado ao vivo durante a segunda apresentação no Japão. O disco foi bem recebido pela crítica brasileira, num álbum recheado de regravações, mas que nunca são apresentadas iguais, isto é, são redesenhadas, num processo de desenvolvimento e busca infinita.

Nesse ano, nasceu sua terceira filha, Luiza Carolina, com Claudia Faissol.

Segunda e terceira turnês ao Japão

Em 2004, fez mais uma turnê pelo Japão. Desta vez, recebeu trinta e oito minutos de aplausos ininterruptos em seu show em Osaka.

Em 2005, João recebeu a Ordem do Mérito Cultural, do Ministério da Cultura.

Em 2006, fez nova turnê pelo Japão, onde homenageou o país com uma composição "Je Vous Aime, Japão". Mais uma vez, os shows têm os ingressos esgotados. Nessa turnê, anunciou-se o lançamento de um DVD ao vivo da performance de João no Japão. Entretanto, o DVD foi vetado por vontade do artista, que não achou o show bom para ser gravado.

Em 2007, em votação popular da revista DownBeat, João foi escolhido um dos melhores cantores de jazz.

50 anos da bossa nova

Em 2008, por ocasião dos cinquenta anos da bossa nova, uma série de comemorações começou. João se apresentou em São Paulo, no Rio, em Salvador e no Carnegie Hall. Seus shows tiveram a venda de ingressos esgotada em poucas horas. Seus shows foram reverenciados pelo público e elogiados pela crítica, mostrando que, aos 77 anos, João ainda era moderno. Em seu show no Rio de Janeiro, contrariando as lendas que o entornam, João, de muito bom humor, cantou acompanhado da plateia.

João Gilberto gravou em 2005 um comercial para a Companhia Vale do Rio Doce em parceria com a agência África, exibido no segundo semestre do ano de 2008, em caráter nacional, nos intervalos do Jornal Nacional, da TV Globo. Com narração de Fernanda Montenegro e composição de Nizan Guanaes, a propaganda propunha uma homenagem ao povo brasileiro.

Em 2009, a revista DownBeat, tratada como uma das publicações de jazz mais respeitadas do mundo, elegeu João como um dos 75 melhores guitarristas da história do jazz e como um dos cinco maiores cantores de jazz.

Em 2011, Claudia Faissol, produtora e mãe da filha mais nova de João, perdeu algumas imagens que fez do músico durante doze anos. O Ministério da Cultura (MinC) da época foi acionado para ajudar na conservação das imagens, tendo prometido um técnico da Cinemateca Brasileira, mas as trocas de ministros atrapalharam o processo.

Ainda nesse ano, foi lançada, sem autorização, na Inglaterra, a trilogia sagrada da bossa nova – os três primeiros discos de João –, que estão fora de circulação devido ao processo com a EMI. Uma gravadora inglesa, amparada pela legislação europeia, vem lançando os discos.

Morte

João Gilberto morreu em 6 de julho de 2019, aos 88 anos de idade, em sua casa no Rio de Janeiro. O músico vinha apresentando problemas de saúde havia alguns anos. O velório aconteceu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e seu corpo foi sepultado no Cemitério Parque da Colina, em Niterói.

Técnica

Inovações

Antes de João Gilberto, o violão era o complemento para o voz. Na música do mestre da bossa, voz e violão se tornam uma única entidade. Aparentemente simples, na verdade a técnica de João exibe uma precisão matemática.

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Em sua estreia no 78 rpm Chega de Saudade, João Gilberto começou uma revolução na música popular brasileira. Munido apenas de voz, violão e da canção Chega de Saudade, mudou o rumo da música brasileira e fincou seu nome na história cultural do Brasil e do mundo.

Com a introdução do microfone e do amplificador no Brasil, João Gilberto percebeu que a fonte sonora não precisaria emitir o som intensamente, no âmbito da voz e do instrumento, o que favorece as interpretações sutis e interiorizadas Por outro lado, na época das primeiras gravações da bossa nova, o Brasil ainda não possuía um equipamento de fidelidade suficiente para a reprodução de sonoridades mais complexas. Por esse motivo, João e Tom Jobim, seu primeiro arranjador, elaboraram harmonias complexas, sob influência da música norte-americana, e, ao mesmo tempo, simplificaram a sonoridade geral, por causa da limitação dos equipamentos. Os gestos, tão antagônicos, entretanto, se aliam, para buscar o núcleo vital da canção.

João inovou na gravação do Chega de Saudade ao pedir dois microfones, um para a voz e outro para o violão. O motivo é óbvio, apesar do choque que causou nos produtores do disco. Até então, gravava-se com apenas um microfone, com destaque para a voz em detrimento do violão. Além disso, é da própria natureza acústica do violão ficar restrito, em termos de volume de som, com qualquer instrumento de orquestra ou com o piano. Com a voz, o violão pode concorrer de igual, se a voz se mantiver numa intensidade natural, pois com qualquer elevação de volume da voz já há um encobrimento do violão. Desse modo, é necessária a emissão da voz num volume próximo à da fala comum. Com João Gilberto, voz e violão se mantém em igual intensidade de volume, com os microfones captando por igual ambas fontes sonoras e, em caso de necessidade, a alteração de volume de ambas seria em igual proporção.

Para Caetano Veloso, João inovou ao sugerir uma linha mestra do desenvolvimento do samba com origem no samba-de-roda do recôncavo baiano e maturação no samba urbano carioca.

Harmonia

O tratamento harmônico da música de João Gilberto foi concebido exclusivamente para o violão. No LP Chega de Saudade, por exemplo, a participação da orquestra aconteceu apenas em termos de pontuações ou fraseados breves, em algumas ocasiões. Nos encadeamentos, ou ligações, harmônicos, João criou as dissonâncias tonais na sua mão esquerda, sobre o braço do violão, na construção dos acordes.

Em regravações de antigos sucessos, João Gilberto se caracterizou pela completa alteração da harmonia original, refazendo-a.

Ritmo

Quanto ao ritmo, que está ligado à mão direita de João, a batida tem influência tradicional do samba. Ao tocar em acordes, e não em arpejos, João dava ritmo ao violão, de forma que colocava uma bateria de escola de samba em miniatura nas seis cordas de seu violão. Entretanto, João Gilberto retirou a obviedade da marcação do tempo forte, caracterizado no samba pela marcação periódica do surdo,num processo chamado por Walter Garcia como o "esfriamento" do samba. Por outro lado, João a deixou subentendida nos impulsos de toque médio, isto é, nos dedos indicador, médio e anelar. Essa síncope, ou acentuação do tempo fraco do samba, criou tensão à música, um impulso rítmico maior. João Gilberto possuía domínio absoluto sobre o ritmo e sempre fugia da obviedade, da regularidade. Essa batida rompeu com a cadência do samba "quadrado", criando possibilidades harmônicas, antes impossíveis. Desse modo, João podia atrasar ou adiantar o ritmo com sua batida compacta, forma que modernizou o samba. A voz também tinha um função rítmica. Ela colaborava com a percussão, atraindo ou retardando, sublinhando o ritmo pela ausência, ou com técnicas vocais. No pulso do João, a oposição entre tempo forte e fraco era relativizada pelo bordão. João também mudou a forma de o baterista tocar, trocando as duas vassourinhas ou duas baquetas por uma vassourinha e uma baqueta, cada mão com divisão diferente.

Texto

João Gilberto se caracterizava por priorizar a sonoridade do texto, em detrimento da sua semântica. A ausência de tensões semânticas é percebida na sua escolha de repertório, com canções lírico-amorosas sem tensividade passional, como Chega de Saudade, canções quase infantis, como O Pato e Lobo Bobo, e suas próprias composições, como Bim Bom. João se preocupava (preocupação esta tão comum no meio erudito) de tal forma com os detalhes do texto das canções que cantava, valorizando excessivamente as unidades musicais da canção, que ele mexia, alterava, traduzia idiossincraticamente os detalhes de duração, frequência, intensidade e texto, quando omitia, acrescentava ou mudava trechos ou palavras das canções, mudando o efeito, mas não a essência e a identidade da canção. Tanto isto é verdade que era muito comum o compositor se sentir lisonjeado por uma gravação de João, como Caetano Veloso com Sampa, que João alterou para gravar. João Gilberto era um recompositor, um cancionista-intérprete, sendo aquele que não executava o que o compositor criou, mas o que executava o que o compositor deixou de criar. Para João, a letra tinha a mesma importância da melodia e do ritmo, deslocando-se do senso comum que valoriza a letra, por isso que, se a letra exercesse um papel extramusical na canção, era logo rejeitada, alterada ou suprimida por João.

Ele pode até ler jornal que soa bem.

Essencial para o estilo criado por João, seu canto era outra marca da batida da bossa nova. Como já mencionado, João, com o uso do microfone, dispensava o excesso e criava um estilo apropriado para o uso do violão, com a emissão de voz próxima à da fala corriqueira. limpa e enxuta, como a voz de Dorival Caymmi. Sua dicção era impecável e sem um resquício de sotaque baiano. A integração voz e violão formavam um todo, um único. Por vezes, João usava a voz como instrumento, adiantando ou atrasando o fraseado em relação ao violão em uma decidida e precisa imprecisão, caindo em várias posições rítmicas, mas nunca prejudicando o balanço da canção. Em uma entrevista a Tárik de Souza, João declarou ser fã de Orlando Silva pelo fato de ele "falar as frases com naturalidade e não exagerar em nenhum ponto da música", mostrando a essência do canto joãogilbertiano: o saber falar e a naturalidade da emissão, fugindo dos excessos em qualquer ponto da música.[É importante frisar que, retirando excessos, João permitia que a letra da canção criasse emoção a partir da sua própria construção, fugindo da emoção criada por artífices vocais, enriquecendo, naturalmente, a canção. Entre as várias técnicas que usava, estão a ausência de vibratos, que conferem peso emocional à interpretação, mas que muito raramente são utilizados de modo muito discreto; a retirada do forte e do fortíssimo da dinâmica; o complemento harmônico da voz e do violão, ou seja, a voz emite uma nota que não se apresenta no acorde do violão, complementando-o; o rubato, retardando sílabas e frases, deixando o violão seguir adiante para, depois, alcançá-lo, ou então antecipa-se, emendando versos, para depois aguardar a chegada do violão; o legato, como Orlando Silva, derrubando assim o mito de que ele cantava como Mário Reis, que, apesar de cantar suavemente, não utilizava o legato, mas o staccato, que é a "quebra" do fraseado, ou seja, cantava as sílabas em separado, com um silêncio entre os fonemas, em células de tamanho quase igual; João, por outro lado, estendia ou diminuía, juntava as notas, em longas frases que sustentava graças às técnicas de respiração iogue. Sua afinação era absolutamente precisa, mas nem sempre foi considerado assim, visto do estranhamento revolucionário causado pelo seu canto à época da apresentação do novo estilo. João Gilberto também se utilizava da voz para criar ritmo à música. Com técnicas comuns nos conjuntos vocais dos anos 1940 e outras criadas pelo próprio João, sua música se enriquecia. O objetivo de João era encontrar o ponto em que se conseguia falar com perfeição para que a melodia brotasse naturalmente da palavra, através da adequada inflexão e "cor" exata de cada sílaba.

Criação

“Não se pode machucar o silêncio, que é sagrado.”

João Gilberto era um artesão diletante de suas músicas, em eterno "estado febril" de criação, que operava dentro de rigorosos limites autoimpostos, sem ostentação de voz, velocidade, enfeites. Passava horas, dias ou meses recompondo - em termos de ritmo, harmonia e melodia - uma canção que ouviu durante a vida, indo de sambas a boleros, em português, inglês, italiano ou francês. Considerado um recompositor,João justificava sua diminuta obra autoral dizendo que "há tanta coisa bonita a ser consertada".

Nesse processo de maturação da canção, João Gilberto buscava todas as possibilidades harmônicas e rítmicas da música em que estava trabalhando. Subtraía notas, alterava o andamento, introduzia silêncios, juntava versos e mudava palavras, resultando em algo distante do original. João tornava a canção mais direta e clara. Um exemplo é a canção Lígia, de Tom Jobim, em que João simplesmente retirou o nome da musa inspiradora da canção, evitando assim um derramamento, uma tensão emocional que haveria se a chamasse em altos brados. Existia, por isso, grande entusiasmo ao ouvir João cantando uma música conhecida pela primeira vez: não se sabia o que viria. João se preocupava obsessivamente com um nível de acabamento muito maior que o exigido pelo mercado, o que o tornou mais que profissional.

Desde o início de sua carreira, João buscou o passado da música popular para sensibilizar o presente. Retrabalhou, logo no primeiro disco, Rosa Morena, de Dorival Caymmi, e É Luxo Só e Morena Boca de Ouro, antigos sucessos de Ary Barroso. Essa busca pelo passado se notabilizou durante toda sua carreira, em canções de compositores como Janet de Almeida, Herivelto Martins, Noel Rosa, Bororó, Geraldo Pereira, Wilson Batista, Lamartine Babo, etc.. Essa busca caracterizava-se pelo critério existencial do próprio João: a maioria dessas canções ele ouviu durante a infância em Juazeiro, Aracaju ou na juventude em Salvador e no começo de carreira no Rio.

Percebe-se na arte de João Gilberto em projeto nacional, uma aspiração do que o Brasil poderia ser. Utilizando-se do samba, rompeu com toda a estrutura da canção brasileira.

Influências

No canto, em sua divisão rítmica, João Gilberto declarou publicamente a influência que teve de Orlando Silva, que considerava o maior cantor do mundo. O uso de acordes soltos remetia à mão esquerda de Johnny Alf ao piano. O violão de Dorival Caymmi também influenciou a criação de João, que ainda buscou juntar o samba, a tradição musical nordestina e o jazz.

Segundo Jon Pareles, os vocais suaves de Chet Baker e os acordes de Barney Kessel estava presentes no estilo de João. O cool jazz também estava presente nas harmonias da bossa nova.

Legado

Monumento dedicado a João Gilberto em sua cidade natal, Juazeiro da Bahia

Quaisquer que sejam as novas direções de nossa música nova, não nos esqueçamos da lição de João.

É difícil encontrar na história da música algum movimento que seja atribuído a um nome. João Gilberto fez isso com a bossa nova. Apesar da grande importância de Tom Jobim no movimento, João deu a forma, a possibilidade. Tom Jobim já era um grande compositor e arranjador antes da invenção joãogilbertiana. Entretanto, João também desmontou e reconstruiu Jobim, que assimilou a técnica de João e mudou o jeito de compor e de arranjar, tendo as mais diversas possibilidades criadas, tornando-se um ícone da música mundial, junto com João Ainda se discute se a bossa nova é um movimento ou um estilo, um momento do jazz ou um capítulo da música popular brasileira. Sabe-se, somente, que João Gilberto é seu pai.

Jobim definiu o peso de João na música popular na contracapa do seu primeiro LP, Chega de Saudade, “Em pouquíssimo tempo, João Gilberto influenciou toda uma geração de arranjadores, guitarristas, músicos e cantores.”. A revolução de João Gilberto tornou possível o desenvolvimento do trabalho dos músicos modernos, como Jobim, abriu caminho para a nova geração, como Roberto Menescal e Baden Powell, e deu sentido aos músicos talentosos da década de 40 e início de 50, que tentavam encontrar uma forma de modernizar o samba através da imitação da música americana, como Johnny Alf e Dick Farney.

No âmbito nacional, qualquer músico brasileiro pós-1958 foi reinventado por João Gilberto. Isto é, João alterou, de forma irreversível, o DNA da música popular brasileira. Muitos se lembram do impacto que tiveram ao escutar João Gilberto pela primeira vez. Gilberto Gil diz que o ouviu no rádio, na Bahia, e que ficou assustado ao ouvir aquele som novo, que causou estranheza nele, mas que logo se tornou paixão absoluta. Caetano Veloso diz que ouviu João pela primeira vez aos dezessete anos, num bar em Santo Amaro, Bahia, por sugestão de um colega de ginásio, que classificou a música como "louca", de um "sujeito que cantava desafinado", mas que logo arrebatou Caetano. Para Gal Costa, ao ouvir pela primeira vez na rádio a gravação de Chega de Saudade de João, foi um "impacto profundo e uma atração imediata", que, apesar de ser, à época, totalmente diferente, estranho e novo, Gal abraçou com paixão. Ela diz que a partir de João reaprendeu a cantar, estudando a emissão vocal de João Gilberto. Roberto Carlos, ao ouvir pela primeira vez João Gilberto, ficou tão fascinado com a música que ficou estático, como em uma revelação. Chico Buarque passava tardes inteiras ouvindo e ouvindo o LP Chega de Saudade, tentando decifrar a batida e as harmonias do violão. João ainda influenciou artistas como Rita Lee, com sua "Bossa'n'Roll", Novos Baianos, que tiveram João como padrinho musical e mentor na produção do disco Acabou Chorare, Jorge Ben Jor, Cazuza, na canção Faz Parte do meu Show. Atualmente, João é reverenciado por artistas como Fernanda Takai, Max de Castro, Zizi Possi, Fernanda Porto.

Internacionalmente, João primeiro conquistou os músicos, e, depois, o público. Junto de Jobim, fez a bossa nova ser escutada nos quatro cantos do mundo.

A criação original de João Gilberto para o samba, que se internacionalizou com o nome de bossa nova, e que é, até hoje, a contribuição brasileira mais importante à cultura mundial, corre na veia de boa parte da música popular que se faz no mundo. Esse trabalho de transformação do samba e sua consolidação, é obra de uma personalidade artística genial, dessas que surgem de tempos em tempos com uma missão civilizadora heroica. Não é à toa que é qualificado de Mito. Sua trajetória repete a do herói mítico, no combate à banalidade e procura da pureza.

Edinha Diniz

Entre os grandes jazzistas fãs declarados de João estão Miles Davis, Stan Getz, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Dizzy Gillespie, Tony Bennett, Jon Hendricks, entre outros. A influência de João Gilberto no jazz é consenso entre críticos de música. Atualmente, percebe-se a influência de João em artistas como Stacey Kent e Diana Krall, que teve João como sua primeira referência musical e diz que não se pode ser jazzista sem aprender bossa nova. Fora do jazz, João recebeu elogios de famosos como Madonna, Jacqueline Kennedy, Eric Clapton, Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre. Bob Dylan, Beck, David Byrne, entre outros, chegando a influenciar movimentos como o indie rock e a dance music. Na Europa, João desfrutou de grande sucesso, sobretudo na Itália, onde fez inúmeros shows e, inclusive, especiais para a TV. Passou também por Holanda, Inglaterra (que, nos anos 1980, teve um movimento chamado new bossa com bandas como Matt Bianco, Style Council e Everything But the Girl), França, Portugal, Espanha, Alemanha e Bélgica. João chegou até o Japão, em uma série de shows, onde lotou casas de espetáculos e recebeu aplausos de até 40 minutos ininterruptos do povo japonês.

São vários os gêneros musicais influenciados pelo estilo de João. No Brasil, a Tropicália, a moderna MPB. Em âmbito internacional, a New Bossa, o Acid Jazz, o Drum'n'Bass.

Entre os acadêmicos, João é unanimidade, sendo objeto de estudo de grandes intelectuais como José Miguel Wisnik, Luiz Tatit, Aderbal Duarte, Walter Garcia, Lorenzo Mammi, Edinha Diniz. Para Garcia, João está para a música assim como Guimarães Rosa está para a literatura, Oscar Niemeyer está para a arquitetura e Pelé está para o futebol.

Na cultura popular, João Gilberto é um ícone. Recebeu diversas homenagens na música, tanto em âmbito nacional quanto internacional. Tony Bennett se disse um grande fã seu. Foi requisitado para trilhas sonoras de filmes e produções de tv nacionais e internacionais. Recentemente, um autor alemão publicou um livro tendo João como personagem. É tema de um documentário sobre o processo com a EMI Sua figura era tão misteriosa que um perfil fake criado no Facebook conseguiu enganar até mesmo artistas e jornalistas famosos, fato desmentido pelo site oficial do artista.

Vida pessoal

De 1995 até o fim da vida, João morou em um apartamento na rua Carlos Góes, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro e em 2015 passou a ocupar também uma suíte no Copacabana Palace. Dificilmente saiu de casa e não recebia visitas, exceto da sua filha Bebel e de sua empresária, Cláudia Faissol, mãe de Luísa, a filha mais nova. Mesmo morando no hotel, ele continuou fiel a antigos hábitos. "Pelo menos três vezes por semana ainda pede comida aqui", disse certa vez Sebastião Alves, há 40 anos gerente do restaurante Degrau, no Leblon.

Eu quero agradecer simplesmente ao meu país de sempre que é guerreiro e trabalhador

Como é bonito o Brasil!

E dizer que existe algo diferente quando existe vida na alma do homem que semea o amor por tudo na vida que realmente ele nunca seria tão belo e extraordinario quanto muito que daqui já se foram e dixaram belas historias como livros, musicas e cinemas que ficara lembrado na existencia que sempre da consistencia a vida que nos libera a extraordinaria lição de se viver sob um mundo de sonhos e fantasias que poderam nascer hoje ou talvez amanhã e que são apenas jovens ainda e são livres do pecado quando se haja amor entre as noitres e os dias sempre vivenciaremos euforia que nos dê paz e amor por todos os dias e assim sempre seremos eternos liões eternos que sempre tiraremos uma centelha de luz que nos faisca do corpo sereno, rico, forte e moreno para mostra o nosso melhor veneno de luz branda e vitalina que nos faz viver e apreender com a vida sob btodos os seus ditados que nos clarea os olhos da alma e nos faz feliz pela maneira de ser e sempre aqui somos mais que um porque no mundo é preciso conher as sementes da vida entre ao calor da alma há um gesto ao prazer de viver que nos predomina e nos faz dizer que somos infinitos pela nobresa da pobresa que nos faz ricos e pela nobreza da riquesa que nos fez conquistarmos o mundo com gesto, amor e alma e assim se tornamos mais Brasileiros e a vida e a morte nos ensina a conhecer os ditados para nunca esquecer o quanto vale viver para nunca mais morrer. Obrigado!

Por: Roberto Barros

ROBERTO BARROS XXI
Enviado por ROBERTO BARROS XXI em 26/10/2021
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