A santa dos loucos
Franklin ligou para me dar uma notícia que eu aguardava há muito tempo.
- Resolvi seguir seu conselho; vou me internar num sanatório.
- Parabéns, Franklin! Você sabe o que eu penso: somente numa instituição séria terá apoio para enfrentar os problemas de saúde mental que o afligem. Quando você vai?
- Na sexta-feira à tarde. A instituição me ligou de volta, confirmando minha admissão.
- E você precisa de alguém para te acompanhar até lá? - Indaguei.
- Não, eles vão mandar um automóvel me buscar; um veículo descaracterizado, não uma ambulância. Não quero que meus vizinhos pensem que fiquei louco.
- Naturalmente, Franklin. E como se chama esta instituição, que busca evitar constrangimentos aos seus futuros pacientes?
- Sanatório Santa Dimpna. Talvez nunca tenha ouvido falar, fica na zona rural.
- Vou procurar o endereço no catálogo telefônico. Irei visitá-lo tão logo me dêem autorização - prometi.
Despedimo-nos cordialmente, e só no sábado seguinte comentei o acontecido com meu irmão psiquiatra.
- Sanatório Santa Dimpna? - Repetiu ele, incrédulo. - Não é possível, essa instituição fechou faz uns 30 anos!
No domingo fui até o apartamento de Franklin, já que ele não retornava minhas ligações. Alguns vizinhos me confirmaram que ele realmente não estava em casa e que fora visto pela última vez na sexta-feira, quando dois homens num automóvel preto de modelo antigo haviam vindo buscá-lo. Ele partira com eles, levando duas malas.
E desde então, seu paradeiro é desconhecido.
- [24-07-2021]