E O ALIEN QUASE LEVOU/ PARTE 5/ UM NOVO HOMEM?

As seis e meia ele já estava retirando da garagem o carro fúnebre que usaria para buscar o corpo. Deixou-o estacionado em frente e entrou novamente para pegar mais um copo de café na recepção não sem ser observado outra vez pelo olhar espantado do plantonista da noite que ainda não havia deixado seu turno e que nunca havia imaginado ver o velho Nico por ali tão cedo, nem nos seus antigos e melhores dias.

Nicanor sorriu levemente para ele enquanto se servia de café , não era apenas a questão de ele ter comparecido ao trabalho tão cedo, era o fato de que não só estava completamente sóbrio como bem vestido. Usava um terno completo preto com gravata escura e sapatos bem lustrados, uniforme padrão da funerária principalmente para trabalhos importantes, não chegava a ser novo o terno apenas estava pouco usado pois nos últimos anos seu dono havia andado mais ébrio do que trabalhara de verdade.

Após sorver o café Nicanor foi até o balcão falar com o plantonista

- O chefe deve ter deixado os documentos e ordens que preciso no escritório né?

- Ele falou que deixaria algo para você na mesa dele Nico- respondeu o rapaz tentando não parecer incrédulo.

- Bem se você não se importa vou até la pegar e depois cair logo na estrada.

O rapaz assentiu com a cabeça mas em verdade Nicanor não chegou a ver isso simplesmente por que não esperou a resposta. Ele entrou na sala do chefe e viu logo sobre a mesa um envelope pardo grande , estava escrito Nico em um canto com a letra feia de Everaldo. No entanto assim que pegou o envelope da mesa Nicanor viu que havia também preso ao envelope na parte posterior um post-it com uma anotação simples mas dura:

Se ele não aparecer ate as sete e meia ligar para o Antônio e me avisar.

Nicanor sabia que não podia culpar o chefe por esta precaução baseado em todo o descredito que ele mesmo construíra em relação ao chefe nos últimos anos.

Mesmo assim não foi sem uma pontada de magoa que tirou o bilhete do envelope e o deixou sobre a mesa. Sai da sala e passou novamente pelo rapaz da recepção sem desta vez lhe dizer nada, limitou-se a fazer um gesto significativo com o envelope.

Quando entrou no carro deu uma ultima olhada, parecia tudo em ordem, seus documentos e habilitação estavam no porta luvas onde os colocara o envelope colocou sobre o painel, afivelou o sinto de segurança deu uma ultima ajustada nos bancos e espelhos...

- Não vou falhar- murmurou para o reflexo dos olhos ainda um pouco vermelhos no espelhinho retrovisor.

Ele trouxera de casa uma garrafa térmica com café, talvez inconscientemente estivesse tentando substituir esta bebida pelas outras. Mas se era isso Nicanor não saberia dizer nem se importava. Manobrou o grande veiculo para a estrada e saiu rumo a capital.

A cidade ainda estava semiadormecida , poucas pessoas nas ruas, nenhum comercio aberto nem mesmo uma padaria.

No céu ainda estavam lá as estrelas da noite... E algumas ainda pareciam se mover.