O IMPASSE, digo, EMPATE !

O IMPASSE, digo, EMPATE !

O "Bacalhau" andava "meio assado", o time vascaíno vinha perdendo partidas seguidas em seu campo oficial, alguma "zica" tinha, já andavam pensando em alugar o campo do São Cristóvão, ali perto. O Diretor de Esportes ouviu "fofocas" de uma servente que fazia a limpeza do escritório. O roupeiro era também "macumbeiro" e podia fazer um "trabalho" para mudar a situação naquele campo. Chamado aos local, o "negão" retrucou ressabiado:

-- "Olha, doutor, com essas coisas não se brinca" !

-- "Uai, você não é vascaíno ? Não torces pelo Clube, não quer o bem dele ? Se você pode mudar a nossa situação, então faça alguma coisa" ?

O símbolo do Vasco era um bacalhau, que vinha do mar, "reino de Yemanjá". Resolveu fazer um "despacho" embaixo de uma das traves, aquela ficava "fechada", ninguém faria "goal" ali. Confidenciou ao diretor esportivo, pediu sigilo e deu as coordenadas.

A coisa chegou "no Olimpo" dos Deuses africanos, cada um com sua preferência... mulher, nem Deusa, se metia nesses assuntos. As poucas Deusas, ofendidas com o machismo celeste, decidiram apoiar a Deus solicitada. Era jogo contra o Flamengo, quem vencesse ía para a Final contra o Botafogo, "preto e branco" como o Vasco. Em caso de empate "subia" o 'Urubu" rubronegro, time sob a proteção do orixá Exu, desprestigiado por "pai Santana", aquele macumbeiro do início da estória. Os deuses todos lhe deram tapinhas nas costas, "estou contigo e não abro", diziam solidários enquanto as Deusas, de mãos dadas, entoavam irritadas... "Mulheres unidas jamais serão vencidas" e "puseram mãos (e poderes) à obra" ! O tempo fechou... não, não foi briga nas arquibancadas nem entre os times. O céu escureceu e nuvens ameaçadoras pairaram sobre o campo.

Entra em campo o time do Flamengo, debaixo de "chuva" de vaias... os repórteres noticiaram o fato estranho: chovia só sobre o gramado, nem 1 gota sequer nas arquibancadas, raios faiscando sobre a cabeça dos atletas de vermelho e preto. No vestuário do Vasco o pessoal ouvia a preleção, o "pai Santana" insistindo a todo momento para que fizessem "goals" logo, NO PRIMEIRO TEMPO, não podiam esquecer isso. O técnico -- sem saber da "tramóia" -- olhava de cara feia as intromissões. do massagista.

Com o Vasco em campo, sob delírio da torcida, galega na maioria, a chuvarada cessou instantaneamente. Os jogadores vascaínos tentaram de tudo, chutaram de todas as formas a pelota, a "gorducnhinha" e, já no finalzinho do tempo inicial, por descuido de Exu, o "Bacalhau" "balançou a rede", fez seu gol. A torcida "veio abaixo"... eis que um bandeirinha, meias vermelhas, calção preto, camisa branca, levanta a bandeirola.

-- "ÓFFI-SÁIDI", relata o juiz, temeroso.

-- "Impedimento... como ?! Todo mundo estava atrás da barreira" ?, reclamam os vascaínos, que sofreram falta.

-- "Todos, MENOS ÊLE"!, diz "o juiz de linha" ( o tal bandeirinha), apontando um velho bode, o Jerônimo, "que aparava" a grama do estádio.

-- "'Tá no campo É JOGADOR, diz a Regra... e traz as cores da agremiação" !

"GOAL NULO", decide o juiz central e finda o primeiro tempo, para deleite dos orixás e revolta das deusas. "Fechou o tempo" no Olimpo... elas "abriram as baterias" e sobre o campo, arquibancadas, o bairro inteiro" desceu um toró" de dar inveja ao Dilúvio. O juiz encerrou a partida, dando EMPATE e o "Framengo" foi para a final. Dizem que o bode era "espião" botafoguense, fôra levado pra lá "pra secar o Bacalhau", AZARAR o Clube ! "Pai Santana" foi proibido de voltar a "fazer macumba" e o Vasco "virou saco de pancada" até a chegada de Roberto "DINAMITE" !

"NATO" AZEVEDO (em 16/junho 2021,21hs