A caixa

A caixa dava tudo. Tudo mesmo. Tudo o que alguém quisesse.

Um dia, a caixa decidiu dar tudo a um alguém.

Esse alguém não tinha nada de especial ou diferente de ninguém. Mas a caixa tinha suas próprias vontades e critérios, e o escolheu.

O alguém adorou a caixa, pois ela era capaz de dar-lhe tudo. Ficou tão extasiado com a ideia que a levou embora para sua casa.

Chegado lá, foi à caixa. Pensou em inúmeras coisas e a caixa dava-lhe tudo, generosamente.

O alguém ficou mais e mais extasiado. Não parava de tirar coisas da caixa, que não lhe recusava nada.

E assim foi; foi-se o dia, veio a noite trazendo os desejos mais recônditos. E todos eles saíram da caixa direto para as mãos daquele alguém.

Que noite! Quantos excessos, aquilo era uma loucura, uma festa.

Por fim, tudo que aquele alguém quis, a caixa lhe deu. Pela manhã, exausto de tantos excessos, adormeceu.

Quando acordou, a caixa não estava mais lá. Ficou atormentado; ela não lhe daria tudo que quisesse? E como assim, ela não estava mais lá?

Coitadinho. Em tudo o que queria, não estava a sabedoria. Com ela, saberia que a caixa já havia lhe dado tudo, não restando nada mais para dar.

Eudes de Pádua Colodino
Enviado por Eudes de Pádua Colodino em 21/03/2021
Código do texto: T7212606
Classificação de conteúdo: seguro