A caixa
A caixa dava tudo. Tudo mesmo. Tudo o que alguém quisesse.
Um dia, a caixa decidiu dar tudo a um alguém.
Esse alguém não tinha nada de especial ou diferente de ninguém. Mas a caixa tinha suas próprias vontades e critérios, e o escolheu.
O alguém adorou a caixa, pois ela era capaz de dar-lhe tudo. Ficou tão extasiado com a ideia que a levou embora para sua casa.
Chegado lá, foi à caixa. Pensou em inúmeras coisas e a caixa dava-lhe tudo, generosamente.
O alguém ficou mais e mais extasiado. Não parava de tirar coisas da caixa, que não lhe recusava nada.
E assim foi; foi-se o dia, veio a noite trazendo os desejos mais recônditos. E todos eles saíram da caixa direto para as mãos daquele alguém.
Que noite! Quantos excessos, aquilo era uma loucura, uma festa.
Por fim, tudo que aquele alguém quis, a caixa lhe deu. Pela manhã, exausto de tantos excessos, adormeceu.
Quando acordou, a caixa não estava mais lá. Ficou atormentado; ela não lhe daria tudo que quisesse? E como assim, ela não estava mais lá?
Coitadinho. Em tudo o que queria, não estava a sabedoria. Com ela, saberia que a caixa já havia lhe dado tudo, não restando nada mais para dar.