Fendas na realidade

Juliana adormeceu sobre Eric, o que não era uma das posições mais confortáveis. No meio da madrugada, acordou de supetão, caída ao lado da cama.

- Eric? - Indagou no escuro, apoiando-se nos cotovelos.

- O que houve? - Indagou ele aturdido, acendendo o abajur sobre a mesa de cabeceira ao lado da cama.

- Eu caí... acho que foi um terremoto.

- Você está bem? - Indagou ele, sentando-se no leito.

- Sim, não me machuquei - redarguiu ela, sentando-se.

- Mas por que acha que foi um terremoto? - Questionou Eric, olhando ao redor. - Não há nada caído dentro do quarto, nem mesmo o abajur.

- Sonhei que estava no meio de um terremoto, e acordei no chão - afirmou Juliana.

- O terremoto era dentro desse quarto? - Inquiriu Eric.

- Eu não sei... não me lembro dos detalhes, só do terremoto - afirmou Juliana.

- Melhor voltar pra cama - deliberou Eric. - E, de preferência, deite do lado da parede; se houver outro... terremoto... você não vai rolar por cima de mim.

- Tem certeza de que quer dormir na beira? - Indagou Juliana, subindo no leito.

- Tenho - afirmou Eric, apagando o abajur.

* * *

- Eric?

Eric acordou no escuro, estremunhando. Sentiu que o colchão estava molhado, e que havia água ao seu redor.

- Que diabos! - Exclamou, sentando-se no leito encharcado.

- Eric, - declarou Juliana, em tom de desculpas - sonhei que estava no meio de um maremoto...

- Se você sonhar que está caindo de um avião, provavelmente não chegaremos vivos até a manhã - avaliou Eric, acendendo o abajur.

O leito estava seco, nenhum sinal de água. Eric ergueu-se, pegou travesseiro e lençol.

- Onde você vai? - Indagou Juliana, apreensiva.

- Dormir no sofá - deliberou Eric.

E saiu do quarto.

- [07-03-2021]