V E R T I G E M

  A rua deserta deixou Pedro apreensivo, há poucos minutos transitara por ela e estava bastante movimentada e com o trânsito fluindo. Olhou o relógio, mas o mesmo estava embaçado, não conseguindo ver a hora, mas deduziu que podia ser mais ou menos seis da noite. Ficou parado e estarrecido com o que via, não poderia estar sonhando, as luzes das lojas iam se apagando aos poucos e a iluminação pública também. Sentiu medo e resolveu voltar para a lanchonete onde acabara de fazer um lanche, não deu dois passos e verificou que estava fechada e suas luzes acabavam de ser apagadas. Ficou confuso, o tempo foi muito curto entre o momento que entrou na loja e o momento que percebeu a rua deserta depois que saiu. Permaneceu ali sem entender o que estava acontecendo. Que fazer? Ir para casa? Foi o que fez, ou melhor, tentou fazer.

Enquanto caminhava cismado, melhor dizendo, preocupado, viu o caminho aos poucos ficar mal iluminado, a medida que andava rumo a sua casa a noite parecia um breu, não via estrelas, lua, nada. O que restava de luzes acesas iam se apagando e o local mais escuro ficava. Já não percorria uma rua e sim um caminho estreito e com mato dos dois lados. Sentiu medo. Mas tinha que seguir, afinal era o caminho de casa. Caminho de casa? Não! Não lembrava desse caminho, nunca havia passado por ele. O pânico tomou conta dele, sozinho, naquele lugar ermo e escuro, tinha que continuar seguindo, não tinha outra opção. Pedro então teve uma ideia, fingiu ter coragem, mesmo com as pernas bambas, e gritou: tem alguém aí? Se tiver responda! Silêncio total, escuridão total. De repente teve a impressão de que ia perder os sentidos, já não enxergava um palmo a sua frente, mas continuava andando, até que caiu devido a um tropeção. Nada mais aconteceu com ele. Aos poucos foi recobrando os sentidos e percebeu que estava na frente da lanchonete e o proprietário lhe perguntou se estava passando bem. Apenas disse que tinha sido uma vertigem.