Uma decisão inexperada (diário 2)
Depois de todos os acontecimentos dos últimos séculos, é preciso recomeçar, esquecer as dores e tudo mais que dava sentido a minha antiga vida.
Então decidi seguir realmente as terras do norte, dessa vez sem interrupções na viagem, nem mudancas de rumo.
Para renascer é preciso morrer e nesse caso preciso realmente matar o que resta de bom em mim, mas não sei se isso é possível.
Nas terras do norte, residem um dos últimos clans que conheço, talvez eles possam me ajudar.
Infelizmente não tenho mais ninguém que possa me ajudar, terei de confiar neles, apenas neles.
Dilan me disse que seguiria pra lá, a muitas décadas, talvez, se encontre entre eles e esse seja meu único elo, nessas terras.
Mas preciso estar pronta, porque segredos serão revelados, e talvez não aprovem tudo o que fiz.
Mas não vejo mais problema nisso, assumo meus erros, as mortes que causei, a dor da minha alma, latente em mim.
Serão dias de viagem, ao fim do mundo, eu sei disso, espero realmente conseguir o que almejo nessa jornada, só assim será possível recomeçar, sem memórias, sem lembranças, sem sentimentos.
Não pude salvar muitos que iam em meu coração, ainda sinto o cheiro do sangue e da morte em meu ser, mortes estás, por minha culpa, seres que não mereciam o fim que tiveram, apenas sofreram por serem fiéis a mim, essa é minha maior culpa, clamo todos os dias pelo perdão dessas almas que um dia confiaram em mim.
Minhas dores não mais controlo, a fúria quase sempre me controla, o que não é normal para os da minha espécie, hoje sou mais vampira que loba, eu sei disso, mas não deixo de ser híbrida de sempre, apenas aprendi a esconder a docilidade e o encanto de minha alma, mas penso ainda, e se deixar de ser quem sou? Isso já não importa, entre tantos erros, é mesmo melhor esse eu, não mais existir.