A Guardiã
Ela assistiu, indefesa, enquanto a porta se fechava atrás dela; não tinha outro remédio a não ser seguir em frente. O corredor, longo e estreito, estava mergulhado na escuridão, mas um ponto de luz surgiu lá na frente. Logo percebeu que não era a luz do dia, mas uma lâmpada incandescente acesa no teto de uma ampla cavidade escavada na rocha.
O local estava deserto, e no chão coberto de pó não havia outras marcas de pegadas. Era como se fosse a primeira pessoa a entrar ali em eras.
A lâmpada mal iluminava todos os recônditos do recinto, mas subitamente, em um canto escuro, pressentiu que havia algo a espreita.
- Quem está aí? - Perguntou, cheia de pavor.
Não houve resposta, mas ouviu passos que se aproximavam. Pouco depois, uma figura surgiu na fraca luz do ambiente: era uma velha de rosto enrugado e expressão severa.
- Por que você está aqui? - Indagou.
- Eu não vim porque quis - replicou, assustada. - Eles me obrigaram a entrar!
- Quem entra aqui, deve me substituir - disse a velha. - Você está pronta para isso?
- Não sei o que você faz - teve que admitir.
- Eu controlo a passagem entre os mundos - disse a velha. - Você será a responsável por abrir e fechar os portais.
- Como farei isso? - Questionou apreensiva.
A velha lançou-lhe um olhar que pareceu atravessar-lhe o cérebro e a fez cerrar os olhos.
- Você terá que aprender comigo.
E foi então que ela soube.
Quando abriu novamente os olhos, ela era a velha.
- [12-08-2020]