O Arrebol
O final da tarde bateu na janela, com o Mordomo do Tempo e uma solicitação da minha atenção, para observar o convidado que chegaria logo mais.
Quem seria o convidado? Na solicitação requeria minha atenção por um tempo pequeno, mas de intenso significado.
Entreguei ao Mordomo minha aceitação e curiosa corri para preparar os detalhes da espera. Afinal toda espera se acerca de infinitos detalhes.
Em primeiro abrir bem a janela olhando para o horizonte.
Deixei meu gato Apolo dividir a poltrona comigo já que não foi falado, sobre estar acompanhada ou não.
No ar um aroma de lavanda se inteirou da situação e se misturou com a cena confortavelmente.
Com a janela tendo na tela o horizonte o meu ser se ajustou na delicadeza. E assim fui notando as mudanças que ocorriam paulatinamente no céu.
O Sol deslizava sutilmente atrás da cortina, me olhava sabendo que eu estava ligada na sua esfera.
O sol alaranjou mais...
Eu até desequilibrei com as nuances que infiltravam na janela, caindo no meu colo despreocupadamente.
Logo depois o Sol também perdeu seu equilíbrio, caiu atrás da montanha e não voltou...
O relógio avisa, a chegada do vespertino, quando o sol se esconde e seus raios seguem para o outro lado da terra que é a hora do Convidado.
No inesperado do horizonte acontece o ocaso nas venturas da estrada.
No ato a surpresa é a dispersão da claridade o céu se tinge todo de azul mesclado com lilás.
O Mordomo tinha dado um aviso sucinto para ser cautelosa, já que o convidado era rápido e silente.
Olhei a janela sorrindo para o Convidado, com sua cor gradiente, que sem uma só palavra tingiu a cortina de azulado e meus cabelos de lilás.
Um assombro, fiquei pronta para gritar de alegria, quando meu vestido se aquarelo em azul...
As minhas mãos se perderam nas cores, no céu se mesclavam e ali se fundiram nos flocos dos meus sonhos.
Na estória então levantei a inspiração e incrivelmente toda a razão.
O Convidado era o Crepúsculo.
O lusco-fusco veio banhar-me com uma pincelada da Arte Divina.
O Crepúsculo me transportou para sentir a exuberância da natureza nos especiais minutos.
No final encantada ainda com o céu, o noturno me pegou em seus braços para sonhar, o vento minha janela fechou...
E o Apolo, nem acordou...