Contos do inconsciente. N° 3 (Vida longa a Esparta)
-Eu chamei vocês aqui para lembrar-vos que estamos em uma guerra e que não há espaço para reclamações como a qual chegou ao meu ouvido de que determinada pessoa não deu um "bom dia" para uma outra quando se cruzaram aqui pelo pátio. Se vivêssemos em uma outra época do futuro onde as convenções e os protocolos referentes às boas maneiras são essenciais no convívio entre os cidadãos, tudo bem, mas vivemos em um lugar onde estamos sujeitos a qualquer momento sermos atacados por inimigos sanguinários e, eu, como líder, não posso perder tempo ouvindo esse tipo de reivindicação da parte de algum de vocês. Espero ter tido a total compreensão de todos. Vida longa a Esparta!!!
Essa última parte do discurso fora proferida por Greg da maneira mais enérgica e viril possível. Greg tinha pego sua pesada espada e apontado para o céu no momento final da fala. Deve ter passado despercebido para as cerca de vinte pessoas que estavam sentadas em cadeiras escolares na frente de Greg que embora ele estivesse dando esse sermão em prol da segurança do povo espartano, ele estivesse vestido não como Leônidas, mas sim com a armadura dos soldados troianos e muito mais parecido com Aquiles, o que não era de se espantar, já que em vez de trezentos bravos soldados espartanos, Greg estava falando para um pequeno grupo de pessoas, sendo que a pessoa que realmente deveria estar ali ouvindo essa magnânima explanação não estava, fazendo com que Greg baixasse a espada depois de ter percebido essa ausência. Milésimos de segundos se passaram e Greg estava caminhando pela calçada quando avistou vindo em sua direção uma moça de capuz sobre a cabeça, bermuda, chinelo e com um cachorrinho na coleira.
-Amiga, teu namorado está passando por mim agora. Tu tinha que ter visto o discurso fantástico que ele fez.
Ao passar pela amiga de sua namorada, Greg olhou para trás e percebeu que estava saindo pelo portão da sua casa; quando estava prestes a seguir seu caminho rua a fora, ouviu alguém despedir-se de uma terceira pessoa dentro de sua casa, e quando voltou a olhar para trás viu sua ex-namorada sair com mochila nas costas e o cabelo ensopado.
-Vai me esperar ou não vai?!
Mas antes mesmo de Greg poder dizer alguma coisa, ele já se encontrava agarrado no trem de pouso do avião que estava prestes a decolar. Constatou que seria muito perigoso viajar daquela maneira, ainda mais que em suas mãos tinha algo que estava dificultando uma melhor maneira de se agarrar com segurança e seguir viagem, parecia ser uma folha de papel, quem sabe uma carta. No exato momento em que o avião decolou, Greg largou no chão o objeto que segurava e subiu em direção ao céu azul que se encontrava diante dos seus olhos, aquele mesmo céu azul no qual ele tinha apontado sua espada, mas não sem antes dizer que iria voltar em breve para buscar o pertence que tinha deixado ali no chão.