Resumão futurístico do correr sem parar
O ano é amanhã. Acordou-se desejando um café. Pela manhã, um maço de cigarros. Devorou o café e os cigarros em tempo surreal. Abriu a porta de sua casa para andar pelas ruas. Correu. Perdeu-se na chuva, não observou a sua volta, não viu nenhum guarda-chuva. Olhou para o céu acima. Em cima, cinza. Assistiu a mais um filme que tem a duração de um curta. Filmes longos cansam, os mais saudosistas contam. Músicas são feitas para durar um minuto, pouco mais que isso é tomar tempo demais e é dedicar-se a um modo de absorção cansativo, estapafúrdio. Redes nada sociais deixaram de ser passatempo, tudo precisa correr. A engrenagem trabalha com velocidade alta, e o contrário está errado. Os livros se resumem a pequenos contos, muitas páginas não servem. Poucas páginas agora valem e parecem fazer mais sentido. Jornais não existem, notícias são poucas palavras. Tragédias são números, que ficaram nos versos dos jornais, que não tem mais nenhuma página. Resumimos tudo, para facilitar. Corremos muito, e o que queremos alcançar?