O disfarce
Ela novamente se sentiu flutuando, voltou àquela varanda. Na varanda onde tudo começou. Sentou na cadeira solitária, de onde estava dava pra ver a rua deserta e ao mesmo tempo avistava a cama, a cama onde o corpo daquele homem dormia, descansava, parecia exausto, mas tinha um sorriso na face, parecia sorrir enquanto dormia, talvez por culpa da covinha que ele tinha no rosto. Ela se aproximou, ele estava gelado, ela sentia só de tocá-lo bem suavemente para que ele não despertasse. Ela o cobriu, ele se virou lentamente e ficou de peito pra cima, dava pra ver os pelos de seu peito, ela queria cobrir todo o seu corpo, mas ao mesmo tempo queria ficar olhando para ele. E ficou em pé ao seu lado, imaginando sua cabeça deitando naquele peito nu, queria deitar ao seu lado, embaixo da mesma coberta, mas não tinha esse direito. Voltou para a varanda e ficou observando os movimentos involuntários daquele corpo que ela queria tocar. Pegou a taça de vinho ainda com um restinho no fundo do copo, sentiu seu cheiro, bebeu, e fechou os olhos. Ela imaginava suas mãos percorrendo o corpo dele bem lentamente, e foi quando ele movimentou parecendo sentir o carinho. Será que ele sonhava com ela? Será que ele sonhava com outra? Não importava, o que importava na realidade era que ela estava lá. Ela é que sentia aquilo tudo. Fazia tempo que seu corpo não desejava outro corpo no seu. Fazia tempo que ela não sentia o frio delicioso do desejo invadindo seus poros. Ela ficou lá até ele acordar. Quando ele se levantou esticou seu corpo se alongando ao pé da cama. Quando ele se levantou para fechar a janela, o frio estava congelante, ela desapareceu e voltou a ser brisa. Era isso que ela era, uma brisa, nada mais que isso, só uma brisa que se disfarçou de mulher.
Bela interação poética de meu amigo Vitório
"Acariciei-te como brisa,
sucumbindo ao meu desejo,
porém, você não precisa
agradecer o meu beijo..."
Grata amigo querido.