Yamânu
Então Tá, Vamos Conversar

 
Chovia barbaridade no fim da tarde, entrei no primeiro bar a minha direita aberto pois a água já passava dos meus tornozelos, caso subisse mais e inundasse o bar sempre tem mesas e cadeiras pra gente trepar. É horrível sentar com a roupa ensopada, mas o que mais me irritava eram os pés encharcados dentro das meias e sapatos.

Ditos alguns impropérios silenciosos sentei-me, e só então reparei que não era um bar era um boteco muquirana pra caramba totalmente vazio, todas as mesas vazias e ninguém atrás do balcão de madeira suja com vidros quebrados. A iluminação era péssima, franzia as sobrancelhas e serrava os olhos para enxergar o fundo do pé sujo -como são conhecidos esse tipo de buteco aqui na cidade.

Levantei e fui ao balcão. Se lá fora não estivesse chovendo ou se pelo menos a rua tivesse aparência de rua e não de rio eu caía fora assim que vi a procissão de baratas no balcão. Mas entre enfiar meus pés de novo naquela água e enfrentar as nojentas, optei por elas.

Inflei os pulmões para chamar alguém que estivesse atrás da cortina toda rasgada que fazia papel de porta, mas antes da minha ouvi outra voz que disse assim:
-Ei você, sente-se aqui.

Virei a cabeça no sentido donde veio a voz, não vi ninguém. Girei o corpo no mesmo sentido e dei alguns passos em direção da gutural voz, afinal eu não gosto de molhar meus pés calçados mas fora isso sou macho, e já comprovei ao encarar as baratas.

Segui em direção ao fundo do salão desviando das mesas e coisas gosmentas no chão e nada via, mas a voz insistia:
-Ei você, sente-se aqui.

Perdi a paciência e mandei:
-Porra! Onde você está?
-Estou aqui bem ao seu lado
Olhei para a mesa ao lado não tinha ninguém
-Do outro lado o cegueta
Esbravejou a voz. Aí eu olhei para a mesa do meu outro lado que estava encostada na minha perna daquele lado. Pensei comigo mesmo: Que que é isso?

As pernas tremiam, não sei se sentei ou se caí com a bunda na cadeira tamanha a tremedeira. Era ele sobre a mesa, sim era ele, nunca vi tantas pernas ou braços numa criatura só. Não consegui falar nem um sílaba, a boca estava travada de medo. Sou macho, mas quem tem angu tem medo. Ele disse assim:
-Saiu de casa sem necesidade, apenas para passear e encontrar alguém pra conversar, não é? Então tá vamos conversar. Muito prazer te conhecer, tenho alguns nomes mas pode me chamar de Corona, apenas corona.
Si fu rniquei 

 
Yamãnu_1
Enviado por Yamãnu_1 em 27/03/2020
Reeditado em 28/03/2020
Código do texto: T6899014
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