ESPÍRITO BRINCALHÃO

   A sala estava em perfeita desordem quando d. Carmem entrou em casa, tinha voltado de um sepultamento numa tarde de sábado e deixara Marcelinho, seu filho, com a empregada. O marido tinha viajado a serviço e só retornaria no dia seguinte. Estranhou toda aquela bagunça mas preferiu ir logo tomar um banho e trocar de roupa. Durante o banho escutou um barulho de copo se espatifando no chão.

- O que foi isso, Marcelinho?

- Não fui eu, mamãe, foi ele!

   A empregada que lavava alguns pratos na cozinha foi até a sala, momento em que a dona da casa saía do banheiro. Outro copo foi ao chão.

- Marcelinho, você quebrou outro copo?

- Não, mamãe, foi ele!

   O menino apontou para o canto da parede onde existia um abajur.

- Ele quem, meu filho?

- Ele ali, tá vendo não, é?

   D. Carmem não vislumbrava ninguém no lugar indicado pelo menino.

  

   Marcelinho tentou ir até lá mas se deteve no caminho, o suposto autor do mal feito o fez parar ao sinal de u'a mão espalmada levantada. A mãe perguntou:

- O que foi, Marcelinho?  Que houve?

- Nelsinho. Ele passou a tarde brincando comigo.

   A mãe, assustada, não entendeu bem o que o filho quiz dizer, ela havia voltado do enterro do coleguinha dele, o Nelsinho, que foi vitimado por uma doença grave. Como Marcelnho estava um pouco gripado d. Carmem o deixou com a empregada.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 15/03/2020
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