O ADEUS DE EDLA

   Elson viu aquela mãozinha lhe dando adeus e um rostinho triste que lhe olhava com carinho, um pequeno sorriso, porém mais para despedida do que para outra coisa qualquer. O rapaz não acreditava no que estava vendo, era impossível que isso pudesse estar acontecendo, a sua amada descendo ribanceira abaixo, apesar de lentamente, ele tentando a todo custo segurar sua mão, aquela mão que não parava de lhe dar adeus, fazendo seu coração estremecer de tanta dor.

   Foi há dois anos que eles se conheceram, em suas concepções foram feitos um para o outro, um eterno amor foi anunciado, prometido para a vida toda, nada poderia abalar esse amor. Tinham tudo para uma felicidade completa, se amavam intensamente, eram jovens e tinham muito tempo para planejarem essa convivência nos mínimos detalhes.

   A manhã estava linda, o sol brilhava com seus raios fracos, Edla convidou o namorado para conhecerem o desfiladeiro, a vista era lindíssima, Elson aceitou com muito prazer e logo estavam a se deslumbrar com esse visual exuberante da natureza. Sentaram na ponta do precipício, era arriscado, mas aparentemente seguro. Trocaram carícias e beijos ao sabor do vento que os tocava levente, os cabelos da moça esvoaçavam, ela sorria, imaginava mil coisas no decorrer desse relacionamento feliz. Em dado momento Elson a envolveu em seus braços na tentativa de puxá-la para si, queria protegê-la de uma cobra que se aproximava dela sem que percebesse, ele não queria que Edla se assustasse. No entanto ela virou-se instintivamente e viu o animal que já se preparava para um bote, foi o suficiente para uma tentativa de se esquivar, isso levou-a a escorregar e perder o equilíbrio. Seu corpo tombou de lado e ela escorregou lentamente pela encosta do desfiladeiro. Elson apavorou-se, tentou segurar sua mão mas não conseguiu, Edla descia bem devagar imaginando seu corpo parar em algum momento. Talvez ela tenha percebido que seria impossível voltar e seu semblante se tornou triste. Sua mão esquerda tentava segurar uns arbustos na rocha enquanto a outra simplesmente dava um adeus melancólico para o amado, que se desesperou. O adeus agora era prá valer, a moça não tinha como ser salva, seu corpo começou a descer com mais velocidade e seu único gesto foi aquele adeus desesperado.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 01/03/2020
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