As estranhas cartas

Dormindo em meu quarto fedido com meus 5 irmãos estou, com frio e fome, é assim que vivemos ao redor da família real, um bando de esnobes filhos da puta que vivem bem enquanto nosso povo morre de fome.

Minha casa se é que posso chamar assim, fica em uma grande colina longe do castelo real, e toda sua frescura.

Durmo porque tenho fome, e sei que meus pais tentaram o melhor para nós, mas infelizmente não conseguiram.

Meus pais são pessoas simples do campo e temente a história de Deus, eles não sabem ler, eu aprendi com um amigo meu que estudava para ser padre.

Minha vida já era complicada quando estranhas cartas começaram a entrar por debaixo da porta.

Era uma noite muito fria, e eu tinha muita fome quando alguém caminhou até a porta e colocou um envelope, quando vi, pois, eu dormia ali mesmo encostado na parede fria de frente com a velha porta.

Com muito esforço me levantei e fui até o envelope, com minhas pernas bambas e o estomago roncando, aqui estou eu do lado de dentro da casa, olhando para mesma porta que o estranho olha.

Posso sentir a respiração dele, e ele a minha, o envelope está em meus pês.

Então eu o pego e abro para ler o que de tão importante há nele, para minha surpresa estava escrito que 300 cabeças de gado do fazendeiro mais rico do reino iriam morrem na Lua cheia.

Meu coração se animou enfim, seria verdade?

A burguesia da cidade se dando mal?

Minha mãe diz que isso é coisa de algum Demônio que está vindo para cá, segundo ela só ele teria tanto poder.

Na noite de lua cheia escutei sussurros em minha janela, e para minha surpresa, todo gado do burguês estava morto.

Eu estava estranhamente feliz com a desgraça dele, ao comparar com o povo podre não era nada.

Mas senti um vento frio passar no meu lado e logo descobri que os demônios que minha mãe sempre falava eram verdadeiros.

Algo sussurrava ao meu ouvido e outra carta chegou, tão misteriosa na neblina com um cavalo galopando.

A carta dizia sobre um furacão que passaria na cidade grande e deixaria tudo destruído, mais uma vez senti um arrepio na espinha e gostei da sensação.

Afinal eles levaram os pobres cavalos do meu velho pai, dívida é dívida eu sei, mas tem limites.

E tudo foi destruído, as cartas estranhas estão certas, estão vingando minha família.

Eles dizem para rezar, mas isso não impediu minha doce irmã de morrer de tuberculose, pois meus pais são analfabetos, mas sabem rezar...

Então senti um grande ódio dentro dessa carcaça pobre que chamo de corpo, pois estou desnutrido como minha família.

A última carta era a melhor, pois havia destruição e sofrimento para o reino, estou feliz pois todos camponeses pobres como eu já estamos mortos, estamos aqui exclusivamente para ver o fim da maldita família real.

Onde seu ouro não pode comprar nada, sua dor será maior que a nossa em vida.

E eles queimam tão rápido...

cristiano siqueira
Enviado por cristiano siqueira em 22/02/2020
Código do texto: T6871719
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